quarta-feira, maio 31, 2006

Proposta visual

Uma imagem vale mais que mil palavras.

terça-feira, maio 30, 2006

I'm Not There



Com “No Direction Home”, Martin Scorsese seguiu a estranha evolução de Bob Dylan entre 1961 e 1966, desde cantor folk a cantor protestante e de «voz de uma geração» até estrela rock. Todd Haynes (“Velvet Goldmine”), propõe uma abordagem pelas ruminações existenciais de Dylan, enquanto diversas personagens representam um aspecto particular da vida e trabalho do músico. O filme chama-se “I’m Not There”, tem estreia marcada para o próximo ano e conta no elenco com estes nomes: Christian Bale, Heath Legder, Richard Gere, Cate Blanchett, Michelle Williams, Julianne Moore e Charlotte Gainsbourg. Se ainda não captei a vossa atenção, pois fiquem sabendo que, por exemplo, Cate Blanchett irá interpretar o compositor andrógino Jude, uma configuração específica da personalidade de Dylan.

segunda-feira, maio 29, 2006

"Youth Without Youth" - actualização



Chegou a surgir o rumor que o filme iria estrear em Cannes, mas segundo a Variety, o novo filme de Francis Ford Coppola, “Youth Without Youth”, apenas completou agora a fotografia principal na Roménia. O filme marca o regresso de Coppola à cadeira de realização após “The Rainmaker” (1997) e irá seguir Bruno Ganz como o professor Stanciulescu, um docente forçado a tornar-se fugitivo. O drama assente na Bucareste de 1930 teve um orçamento de 5 milhões de dólares e será baseado no romance de Mircea Eliade. O filme iniciou as filmagens em Outubro passado e a sua estreia está prevista para o próximo ano.

domingo, maio 28, 2006

A ferramenta cénica


Sexta-Feira, 26 de Maio de 2006.
Este representou o segundo dia do Act 1 da 12ª Edição do Festival Super Bock Super Rock e um dos mais consistentes ao nível de qualidade de actuações que tive o privilégio de assistir. As próximas linhas de texto reflectem uma breve apreciação sobre este dia glorioso, nas quais irei lavrar sucintamente os sentimentos que as bandas do palco principal me injectaram. Os portugueses Primitive Reason iniciaram a programação do dia com o intuito de aquecer os motores da plateia, para uma noite que se esperava bem mais engrenada que a anterior. O culto que a banda formou desde o lançamento de “Seven Fingered Friend” é justíssimo e o seu talento musical é inquestionável, mas ultimamente a banda tende para extravios experimentais que atrofiam a qualidade muscular dos seus concertos. O resultado foi uma actuação disforme. A banda que se seguiu foram os míticos Alice in Chains. Regressando ao activo após a morte do carismático vocalista Layne Staley, a conexão com o público foi imediata. Foi absolutamente maravilhoso estar imerso no público cantando nostalgias grunge como “Rooster”, “Would?”, “Down in a Hole” ou “Angry Chair” ao som da inimitável guitarra de Jerry Cantrell, mas a banda aparenta desarticulação temporal e de identidade. O novo vocalista William Duval (da banda “Comes with the Fall”) foi de uma extrema simpatia, falando imenso num português tremido e agradecendo numa atitude nobre «…o facto de me deixarem tocar com Alice in Chains». O seu timbre de voz é praticamente idêntico ao do Staley, mas a sua irrequieta energia contrastando com a inerte, sombria e depressiva postura do falecido líder, remete-nos por vezes, para a sensação de um karaoke. Mesmo assim, foi uma coesa actuação musical. Deftones foram os terceiros da noite a entrar em palco, mas protagonizaram o segundo melhor concerto. "Korea" abriu as hostilidades e esses primeiros acordes foram o suficiente para encetar o ininterrupto pular da plateia. Sempre colocado à boca do palco, o líder Chino Moreno ainda exibe a peculiar androgenia vocal. A brandura melódica depressa deflagrava em labaredas de raiva que facilmente transpunham o Tejo em direcção a Almada. A mescla de instrumentais etéreas e vocalização enfurecida, suspenderam num limbo musical durante a cover de SadeNo Ordinary Love”. Depois desta ambiência de sonho, a banda finalizou a actuação com uma brutalidade inolvidável, enlouquecendo o público com um medley final que inicia e conclui com “7 Words”, englobando pelo meio “Root” e “Engine nº9”. O resultado foi uma euforia global. Placebo foram a penúltima banda a entrar em palco. O som é maravilhoso e a banda toca de forma exímia, mas Molko e companhia foram parcos na comunicação com a plateia. Iniciaram discretos, elevando gradualmente a ripa emotiva, mas o resultado final foi uma exibição que subverte a qualidade da comunhão que a banda já conseguiu proporcionar em terras lusas. Ao menos, fica a satisfação por não ter assistido novamente ao beijo entre Brian Molko e o baixista Stefan Olsdal.

Para o melhor concerto da noite e certamente um dos melhores do ano festivaleiro nacional, reservo um parágrafo especial. Os Tool são formados por Maynard James Keenan (voz), Adam Jones (guitarra), Justin Chancellor (baixo) e Danny Carey (bateria). Depois do desgaste provocado por seis horas de calor infernal e ataques de mosquitos olisiponenses, os Tool voltaram a pasmar o país de Camões, depois de arrebatarem em 2002 o Ozzfest que se realizou no Restelo. Fenomenais criadores de música transcendental e hábeis na concepção Stop-Motion dos fenomenais videoclips, Tool surgiram numa altura em que o grunge estava a atingir o ponto de ebulição e no horizonte pairava a sombra desse radio-punk-pop rock. Os quatro elementos recusam protagonismo pessoal, escavando os limites da música. Eles reforçaram o estatuto do metal injectando-lhe arte, e evidenciando que este género musical tinha finalmente algo digno para dizer. As teorias de ciências alternativas, a profunda espiritualidade, o assalto sónico, o instigar do pensamento próprio ("think for yourself"), a magnífica técnica, a complexidade musical, os overtones agressivos complementados com uma vocalização superior e perfeita. Eles mostraram que o metal pode ser simultaneamente agressivo, EMOCIONAL e acima de tudo... INTELIGENTE! Quatro ecrãs gigantes foram estrategicamente colocados em palco, além dos dois ecrãs laterais da organização. Um concerto de Tool é uma trancendental (desculpem, mas não existe outra palavra) experiência audiovisual. Enquanto nos concertos anteriores se assistia a filmagens das actuações nos ecrãs laterais, Tool recusam ser filmados proporcionando um portentoso espectáculo cénico. Iniciam ao som de “Stinkfist” e logo aí, muitos dos jovens partidários de Placebo que se encaminhavam para casa estacaram. As ondas sonoras eram de um poder avassalador, de uma magnitude que jamais encontrei ao vivo. E à medida que escutávamos a inigualável perfeição da voz de Keenan e visionávamos o seu vulto envolto numa bruma luminosa, assistíamos nos ecrãs as psicadélicas criações Stop-Motion de Adam Jones e lampejos da arte conceptual do génio visionário de Alex Grey. Os elementos de Tool costumam ser pouco comunicativos e quando nas entrevistas lhes confrontam com questões sobre o significado das letras, revoltam-se entrando em estado de ebulição, porque para estes fenomenais criadores a música deverá ser interpretada, sentida e edificada individualmente. Mas este não era um dia qualquer: Maynard estava animado, comunicativo e a actuação foi sublime. Tudo e todos ficaram arrebatados. Escutavam-se frases como «Se morresse agora, morria feliz», ou «Já não sinto vontade de assistir a outras bandas em concerto... depois disto tudo é mediano», ou ainda «Belisquem-me, será que estive em contacto com Deus nas portas do paraíso?». “Aenema” concluiu de forma soberba o concerto mais hipnótico e avassalador que assisti até hoje. No final, parecíamos um grupo de zombies encaminhando-se lentamente e de forma estupefacta para a saída, assimilando lentamente os sentimentos provocados pela divina fusão de som e imagem. Acreditem, nada disto é fabricação ou intrujice. Investiguem crónicas jornalísticas, sites ou blogs. Um concerto de Tool é uma autêntica experiência de vida. Perto do final Keenan disse: «See you in the Fall». Era bom era… já sinto saudades de flutuar pelos jardins do Éden.

sexta-feira, maio 26, 2006

"The Da Vinci Code", de Ron Howard

Class.:



O código do Acólito Cinematográfico

Para aqueles que acabaram de regressar de um retiro espiritual de três anos, fiquem sabendo que “The Da Vinci Code” é baseado no mega bestseller de Dan Brown e segue uma guerra silenciosa entre dois grupos secretos, sobre uma informação que poderia destruir as fundações da Igreja Católica. Para adensar o enredo, pistas sobre esta conspiração encontram-se simbolicamente derramadas em pinturas de Leonardo da Vinci. Será que vem aí algo arriscado e excitante? Depende… se pertencerem ao género de pessoas que fica entusiasmada com a picada de uma mosca tsé-tsé, então este é o filme da vossa vida.
Como será possível que as pessoas recorram à pirataria (quando muito) em detrimento da sala de cinema para visionarem, por exemplo, “Requiem for a Dream” e quando uma mediocridade como “The Da Vinci Code” entra em exibição, parecem enxames a invadir uma sala de Cinema? Este filme assemelha-se a um audiobook ao ser meramente recitado em detrimento do poder interpretativo do seu conceituado elenco. Uma das regras de um sólido filme de suspense, é pura e simplesmente esta: Mostrar, sem pregações. Mesmo quando não coloca os seus actores a declamar o livro, Howard giza os acontecimentos com pinceladas medíocres. Exceptuando a poderosa reprodução do acidente de viação dos pais de Sophie, Howard concebe flashbacks com as vibrações letárgicas de um colóquio académico, debatendo numa técnica moribunda os enigmas que se atravessam no caminho dos protagonistas. As revelações ditas chocantes, representam no filme simplórias palestras doutrinais. As descobertas deveriam deixar o público sem fôlego, mas o resultado são bocejos monumentais.



Um dos grandes responsáveis pela indigência é Akiva Goldsman. Ele é o responsável pelo argumento miserável que relembra o facto de ter participado nas paupérrimas sequelas de Joel Schumacher para a saga “Batman”. Goldsman mortifica a narrativa com a intensidade das auto-flagelações de Silas. É um feito quase inédito conseguir de uma só penada erradicar todos os indícios de suspense, misticismo e fogo erótico do romance-base. As personagens são tão descoloradas como o próprio Silas, comportando-se como peças de um presépio colocadas em posições predeterminadas. A exposição de figuras históricas é tratada como um breve parágrafo da Wikipedia e quando os protagonistas param para explicar algo, assemelham-se a notas de rodapé. É um autêntico crime cinematográfico, possuir no elenco um divino leque de actores e presenteá-los com um argumento sem qualquer matéria dramática para ser trabalhada. Fora do seu habitat natural, Tom Hanks (Robert Langdon) vagueia completamente à deriva num dos desempenhos mais desinteressantes da sua carreira. Graças ao receio de ofender, o filme torna-se sisudo e até dispara pela boca de Hanks discursos solenes para amansar o criticismo. A ausência de química entre Hanks e Tautou expõe de forma lancinante a nula diversão. Audrey Tautou (Sophie Neveu) chega mesmo a conspurcar a imagem melíflua que edificou em filmes predecessores. Ian McKellen (Sir Leigh Teabing) e Paul Bettany (Silas) são os únicos que aparentam paixão pelo material. Bettany escava na complexidade da personagem, conectando a mortificação da carne com os atrofio da respectiva alma. Imerso no material e divertindo-se cabalmente, McKellen jorra luz na tonalidade macambúzia do filme, declamando entusiasticamente as suas linhas como se tivessem sido redigidas por Shakespeare.
Ao favorecer a exposição sobre as ideias, o filme asfixia os fascinantes créditos conspirativos da sua história, ou seja, que a religião possui origens e que ao acolhê-la de forma dogmática, o Homem afasta-se inconscientemente da perseguição das verdades da humanidade. O filme necessitava de uma mentalidade visionária, mas a solenidade vigente acentua a ausência de um comprometimento sério. Em modo auto-piloto, Howard vagueia pelas noções do romance sem o intuito de provocar muitas ondas e torna-se mais provável o espectador responder às espirais melódicas de Hans Zimmer que apossam o final, do que às imagens em si. Nem o movimento da câmara consegue disfarçar a inércia dramática.

O realizador Ron Howard é um infeliz Acólito Cinematográfico, subserviente de arquétipos convencionais do meio, subserviente tarefeiro e subserviente dos fãs do livro. Ensopado pelo receio de ser crucificado pelos fãs por deixar uma linha de texto fora do filme, o reverente Howard olvida a inclusão de ingredientes cinematográficos estimulantes. Ao invés de gerar uma ode à Divindade Feminina, o mediano cineasta nunca acciona as paixões vívidas que residem nas entrelinhas, nem domina as particularidades que elevaram o romance ao estatuto de fenómeno. Com o suporte de uma matéria inquietante que impele a revisitação de referências icónicas e poderia ecoar de forma exímia num mundo cada vez mais sisudo e apático em termos de crença religiosa, Howard age como um mero tarefeiro, despachando o serviço com uma lancinante ausência de sensibilidade, vivacidade, arrojo e engenho. Supostamente um filme deste género deveria fluir com a velocidade de um Ferrari, mas “The Da Vinci Code” move-se com o ritmo de uma procissão Papal.

quinta-feira, maio 25, 2006

Assombrosamente magnífico

Enquanto por estas bandas me encontro em estágio para a salutar efervescência do dia de amanhã no Super Bock Super Rock (ah magnos Tool e Deftones… como aguardo os vossos concertos!), a busca por notícias encontra-se em lume brando. Vi o paupérrimo “The Da Vinci Code” (para o qual publico o meu parecer amanhã de manhã) e descobri um poster absolutamente genial. “The Descent” foi um dos meus filmes preferidos no ano de 2005. Realizado por Neil Marshall, o filme é uma tremenda experiência na escura caverna da Sala de Cinema. Num verdadeiro recital de cinema de horror, Marshall injecta qualidade e lufadas de ar fresco num género que descambou num moribundo pop-show que assusta tanto como um episódio da série animada “Ursinhos Carinhosos”. Fugindo à regra geral, o filme apenas estreará nos Estados Unidos em Agosto deste ano (e esta, hein?), sendo que foi preparado um poster tão fantástico que já enveredei todos os meus esforços para adquirir um exemplar no mais curto espaço de tempo. Apreciem o excelso trabalho na imagem acima exposta.

quarta-feira, maio 24, 2006

My Blueberry Nights

O mestre chinês Wong Kar-wai (“Chungking Express”, “In the Mood for Love”, “2046”) inicia em Junho a rodagem do seu primeiro projecto em língua inglesa: “My Blueberry Nights”. No elenco constam nomes bem interessantes, como a cantora Norah Jones, Rachel Weisz (“The Constant Gardener”), Jude Law (“A.I.”) e Natalie Portman (“Léon”). O presidente do Júri da presente edição do Festival de Cannes descreve o filme como «a história de uma mulher que escolhe o longo trajecto em detrimento do curto, para se unir ao seu amado». Será que a sua sublime marca autoral conseguirá sobreviver imaculada aos mecanismos industriais dos grandes estúdios?

terça-feira, maio 23, 2006

"Babel" – primeiro clip

Hoje estreia em Cannes um dos filmes mais aguardados pelo chefe de redacção deste blog. “Babel” é o novo filme de Alejandro González Iñárritu (“Amores Perros”, “21 Grams”), cujo elenco será composto por Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael Garcia Bernal, entre outros. O filme enlaça três storylines aparentemente divergentes. Pitt e Blanchett desempenham um casal que sofre um trágico acidente durante as suas férias em Marrocos, intersectando as suas vidas com uma adolescente japonesa e Bernal, um mexicano que rapta duas crianças americanas. Finalmente e após tanto secretismo, surge o primeiro clip que representa apenas breves segundos de um diálogo entre Pitt e Blanchett. O extraordinário é verificar como a fabulosa Cate Blanchett consegue inundar a face com um turbilhão de emoções, apesar dos breves segundos de aparição.

Para acederem ao clip, cliquem na imagem acima exposta.

segunda-feira, maio 22, 2006

A ressurreição de "Grind House"

Depois da turbulência que despontou no projecto de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, “Grind House”, a Dimension Films coloca alguma água na fervura anunciando a sua estreia para a Páscoa de 2007. Tarantino e Rodriguez escrevem e realizam, cada um, um filme de terror com 75 minutos de duração. O objectivo é homenagear as salas que se dedicavam a exibir filmes de terror há décadas atrás (grindhouses). Assim como na programação das grindhouses, o filme também vai incluir trailers preparados por realizadores convidados. Estes serão visionados no intervalo entre os dois segmentos principais, “Planet Terror” (Rodriguez) e “Death Proof” (Tarantino).

sábado, maio 20, 2006

Momento Zen

sexta-feira, maio 19, 2006

Sublime tirada deste início de Cannes



O actor Ian McKellen teve uma reacção prodigiosa quando confrontado em Cannes com a celeuma que “The Da Vinci Code” provocou junto da Igreja Católica. McKellen, que assumiu em 1988 a sua homossexualidade (pobres mutantes e hobbits), respondeu neste humor mordaz: «Fico muito feliz por acreditar que Jesus foi casado. Bem sei como a Igreja Católica tem os seus problemas com os homossexuais e julguei que isto seria a prova absoluta que Jesus não era homossexual. Não será esta razão mais que suficiente para a satisfação católica?».
É caso para dizer: Touché, senhor Gandalf!

quinta-feira, maio 18, 2006

Cogitação pessoal partilhada



Serei o único que julga Michael Mann o homem absolutamente indicado para realizar um exemplar “Mission: Impossible”?

quarta-feira, maio 17, 2006

Assobios descodificados



O Festival Internacional de Cinema de Cannes abre esta quarta-feira com a estreia mundial de “The Da Vinci Code”, o novo filme de Ron Howard, adaptado do bestseller de Dan Brown. Contudo, ontem à noite o filme foi projectado para cerca de dois mil jornalistas na sala Debussy do Palácio dos Festivais. A reacção foi um glacial misto de risos, assobios e silêncio em detrimento de aplausos. Para hoje, é aguardada uma reacção tradicionalmente menos crítica, na noite de gala de um festival que terá a duração de doze dias (até 28 de Maio), a projecção de 900 filmes e a afluência prevista de 200 mil espectadores. Resta-me desejar muitas felicidades para o nosso Pedro Costa e o seu “Juventude em Marcha”.

Quanto à reacção que “The Da Vinci Code” acolheu na véspera da sua estreia, resta-me especular sobre duas possibilidades: ou Ron Howard continua igual a si mesmo, ou então… existia um vasto rol de bispos infiltrados na plateia.

terça-feira, maio 16, 2006

Um Ano de Pasmos



“Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te.”
(Pitágoras)

segunda-feira, maio 15, 2006

"Lady in the Water" – novo poster

Directamente do site Sci-Fi Wire, chega-nos o novo poster para “Lady in the Water” de M. Night Shyamalan. Pessoalmente, tal como havia preferido o teaser trailer sobre o trailer recente, também apreciei mais o teaser poster. Normalmente estimo bem mais os trabalhos de teasing, graças ao factor enigmático que costuma pairar nessas amostras do que se encontra em preparação. Todavia, esta nova imagem encontra-se bem mais adornada, embebendo uma série de detalhes enigmáticos numa aura aquática. Belíssimo!

sábado, maio 13, 2006

Top 5: Momentos sensuais

5.
“Secretary”, de Steven Shainberg

Nada como abrir um top sobre cenas libidinosas com um belo momento kinky, repleto de humor subtil e travesso. A referência reporta ao filme “Secretary” de Steven Shainberg, no qual Lee (Maggie Gyllenhaal) recebe umas palmadinhas do seu chefe Edward (James Spader elevando as suas personalidades de “Crash” e “Sex, Lies, and Videotape” a um novo nível). Após esta sessão de terapia excêntrica, ambos constatam o facto de terem tropeçado num taboo afrodisíaco que de certa forma os preenche emocionalmente. Este foi um filme que levantou bastante controvérsia, mas recebe a minha sólida admiração. Todos procuramos compatibilidade passional à nossa maneira e ninguém possui o direito para julgar a demanda de uns quantos, lá porque se julgam moralmente superiores. As duas personagens existem unicamente uma para a outra e à medida que tomam as decisões cruciais das suas vidas, questionando as suas experiências como uma estrambólica forma de amor, compreendemos como estas fases transitórias equivalem de certa forma, às etapas de qualquer relação amorosa.


4.
“American Beauty”, de Sam Mendes

Sam Mendes é um dos realizadores contemporâneos com um dos primores estéticos mais avassaladores do meio. Se Hitchcock abriu a janela para um ecossistema vívido de vizinhança em “Rear Window” e Lynch entreabriu as cortinas para o aspecto sombrio dos subúrbios americanos em “Blue Velvet”, então Mendes escancarou essas respectivas redondezas na sua estreia cinematográfica, fazendo-nos atravessar o relvado frontal, penetrando no lar de uma família que vivia o sonho americano materialmente, gerando um assustador vácuo emocional. Como diria Lester Burnham (sublime Kevin Spacey): «Em menos de um ano estarei morto. Obviamente ainda não o sei, mas de certa forma, já estou morto». Com “American Beauty”, Mendes recebeu as merecidas alvíssaras, gerando vários momentos de arrebatamento numa história que seguia o desespero mudo de um homem em plena Idade do Lobo. O delicioso devaneio de Lester, para o qual invoco a memória cinéfila, diz respeito ao deslumbrante banho de pétalas de rosa, no qual Angela (Mena Suvari) lhe efectua o seguinte convite: "I was hoping you'd give me a bath. I'm very, very dirty".


3.
“La Dolce Vita”, de Federico Fellini

La Dolce Vita” de Federico Fellini, esse memorável Épico do Mundanismo, alberga uma das minhas cenas de culto. Nesta obra intemporal que acondiciona as origens da palavra «paparazzi», Fellini volta a produzir poderosas respostas emocionais no espectador. Sylvia (Anita Ekberg) representa o arquétipo da voluptuosidade feminina, divinamente imbuída num erotismo nórdico. Assomando o ecrã com o encanto de uma criatura imaginária, a sua deificação fica baptizada no sensual mergulho nocturno na Fontana di Trevi, em Roma. Enfeitiçado pela aura romanesca da fulgurante visão, Marcello (Marcello Mastroianni) decide aproximar-se timidamente de Sylvia. As águas da fonte cessam o seu ciclo, os dois ficam envoltos num baptismo místico, todavia Marcello não chega a receber a bênção sexual de Sylvia.


2.
“Mulholland Dr.”, de David Lynch

Mulholland Dr.” é um dos filmes da minha vida. O cliché hollywoodesco (Fábrica de Sonhos) nunca foi tão profundamente desenvolvido por alguém, além do génio de David Lynch. A densidade textural, o primor pictural que flutua entre a realidade e o sonho, a assombrosa composição musical do excelso Angelo Badalamenti e a sua cadência sedutora, convocam múltiplos revisionamentos, compensando sempre o espectador pela renovada visita, sintetizando a filmografia de Lynch e inúmeros clássicos da Sétima Arte, como a paixão do autor: “The Wizard of Oz”. “Mulholland Dr.” é um filme sobre filmes. Na sua primeira metade, quando Rita (Laura Harring) se sente ameaçada, recebe o conforto protector de Betty (Naomi Watts). De forma quase palpável, começamos a sentir o calor da sua amizade e quando Betty determina que Rita já não precisa de dormir no sofá, podendo partilhar a cama com ela, Rita dissolve os limites da amizade. Num momento de raro enternecimento e sedução cinematográfica, Rita revela-se desnudada, inclina-se sobre a tímida Betty e começa a beijá-la. Quando Betty declara nos braços de Rita que está apaixonada por ela, apercebemo-nos da mútua dependência que foi sendo edificada intimamente e apesar do impacto inesperado, aceitamos a cena graças à ternura e beleza que dela emanam. Nesta manifestação de amor cândido, Lynch dulcificava os elementos para mais tarde os transformar num memorável pesadelo.


1.
“Rear Window”, de Alfred Hitchcock

Rear Window” de Alfred Hitchcock é uma gloriosa fusão de entretenimento, intriga e psicologia, que resultam inquestionavelmente numa das Obras Máximas da Sétima Arte. Além de ter sido um admirável realizador, Hitchcock era um admirável espectador. No seu poderoso estudo sobre o voyeurismo, o Mestre do Suspense diverte-se na criação de um ciclo vicioso de obsessão, pois enquanto seguimos os comportamentos de Jeff, Lisa e Stella, esse mesmo trio vive magnetizado pelas acções da vizinhança. O sadismo romântico de Hitchcock distingue grande parte da sua filmografia, privilegiando as loiras como objectos de fetichismo. O elemento peculiar prende-se com o facto destas divas raramente se aproximarem fisicamente do homem, pois o brilhante cineasta preferia contemplá-las a tocá-las. Vejamos alguns exemplos: em “Psycho”, Norman Bates (Anthony Perkins) espia Marion (Janet Leigh) pela fresta de uma parede; em “Marnie”, a protagonista grita a certa altura «Pensas que sou uma espécie de animal que aprisionaste!», sublinhando a obsessão de Mark (Sean Connery), que deseja domesticar uma mulher que se encontra indomavelmente fora do seu jugo; em “Vertigo”, Scottie (James Stewart) apaixona-se obcecadamente pela imagem de Madeleine (Kim Novak); e em “Rear Window”, Jeff trava sempre as investidas amorosas de Lisa, preferindo espiar pela janela a vida amorosa de outrem. O momento que pretendo evocar rompe com esta perversa barreira de distância, quando Jeff (James Stewart) é acordado com um beijo de Lisa (Grace Kelly). Existirá algo mais sensual do que despertar da estadia na Terra dos Sonhos, sendo aconchegado pelo beijo enamorado da nossa deusa amada?

sexta-feira, maio 12, 2006

Momento bizarro do dia



O passaporte de Richard Kelly (“Donnie Darko”) foi confiscado pelo U.S. Department of Homeland Security. Richard está sendo investigado como um possível terrorista, porque existe um James Kelly na lista de combate ao terrorismo. Existe a possibilidade do cineasta falhar a sua Première em Cannes, o que o levou a declarar: «O paranóico que reside em mim já começou a conjecturar que esta situação terá algo a ver com o meu filme (“Southland Tales”)». Pois cá para mim, tudo se encontra relacionado com profissionais incompetentes que infestam vários departamentos americanos.
O que seria de Grace Kelly ou Gene Kelly se ainda fossem vivos?

quinta-feira, maio 11, 2006

Believe it or Not


Cada boa-nova sobre o projecto que alberga Tim Burton na realização e Jim Carrey como protagonista tem merecido autênticas ovações deste humilde cinéfilo. “Believe it or not” seguirá as aventuras do peculiar Robert Ripley (Carrey), o explorador e cartoonista que viajava pelo mundo fora em busca de informação bizarra para incluir nas suas vinhetas. Após visitar 201 países, iniciou em 1949 um especial televisivo de 13 episódios, tendo falecido durante as filmagens do último programa. Tim Burton demorou algum tempo a aceitar a proposta da Paramount, mas a aquisição de Jim Carrey injectou-lhe entusiasmo. O argumento ficará a cargo de Larry Karaszewski e Scott Alexander, as mentes que redigiram “Ed Wood” e Gong Li, a musa chinesa de “2046” é a mais recente aquisição do elenco. A produção de “Believe it or Not” inicia em Outubro deste ano.

terça-feira, maio 09, 2006

Something extraordinary will surface



Eis que emerge à superfície o novo trailer para o aguardado “Lady in the Water”, o mais recente projecto do jovem autor de culto M. Night Shyamalan. Como nutriente para os seus detractores, Shyamalan volta a administrar um cameo e verdade seja dita, o teaser era infinitamente superior (um dos melhores de sempre), perfeitamente imbuído na tagline: «A Bedtime Story». Mesmo assim, o trailer agrada-me pelo entranhado e intocável requinte Shyamaliano, criando tensão insuportável na área exígua de um simples fotograma. O filme é sobre o vigilante de um prédio chamado Cleveland Heep (Paul Giamatti), que encontra uma rapariga chamada Story (Bryce Dallas Howard) escondida sob a piscina do edifício. Cleveland descobre que Story é uma Narf (criatura dos contos-de-fadas semelhante a uma Ninfa), que é perseguida por temíveis criaturas determinadas a impedi-la de regressar ao seu mundo. Cliquem na imagem acima exposta para acederem ao respectivo trailer.

Esta ligeira amostra do labor de Christopher Doyle, confirma tudo o que esperava deste sublime director fotográfico: EXCELÊNCIA!

segunda-feira, maio 08, 2006

"The New World", de Terrence Malick

Class.:

A Casa, segundo o Poeta Idílico
Extraordinário!
Fisicamente, desloco-me 20km para visionar este filme, mas assente na sala de Cinema sou arrebatado para outro mundo, bem mais distante. Quando os créditos finais assomam a tela, ainda se apalpa o pulsar de uma jornada que esvaece lentamente a sua aura transcendental. Quando a escuridão é completamente dissipada e a tela readquire a sua tonalidade ebúrnea, a minha mente ainda se encontra em estado de êxtase, recusando terminantemente ordenar movimento às pernas. ”The New World” representa tudo o que procuro na Arte em geral e no Cinema em Particular: abstracção do pó mundano que nos asfixia o quotidiano. Muito obrigado Sr. Malick, por me colocar em contacto espiritual com os ritmos da terra, apesar de permanecer fisicamente sentado numa sala de Cinema. Muito obrigado pelo arrebatamento ministrado nesta excursão ao reino de um Novo Mundo.

Colocando a Disney de lado, nenhum realizador ambicionou expor com seriedade este momento capital da história americana, quando em pleno século XVII, a expedição de colonizadores britânicos sob o comando do Capitão Newport, aturdiu os nativos americanos e a beleza bucólica do seu lar. A originalidade de “The New World” assenta na sua exposição temática, lidando com a colisão entre realidade e ilusão, facto e utopia. Olhares tácitos, toques proibidos e os murmúrios da Mãe-Natureza repercutidos em cada frame de “The New World”, espelham a urgência pungente, anunciando os temas de descoberta e perda através da simbiose perfeita entre sonoridade térrea e imaginário ambiental. Nada disto foi algum dia alcançado cinematograficamente com tamanha destreza. O efeito inovador invoca o espectador numa deambulação bucólica que serve de prelúdio: contemplamos a pureza cristalina de um rio correndo livre na serenidade florestal, enquanto deleitamos a nossa audição numa colectânea divina de sons. Subitamente, apercebemo-nos da formação de nuvens, gotas de chuva começam a aspergir subtilmente tudo em nosso redor, causando uma ligeira flutuação na água. À medida que escutamos o maravilhoso trecho de "Das Rheingold” de Wagner, escrito para evocar o serpentear de um rio e a emanação de vida, ficamos diante de um dos mais poderosos prólogos dos últimos anos.



Q'Orianka Kilcher e Colin Farrell representam a visão romântica de dois amantes apanhados no centro de uma colisão de culturas Darwiana. Kilcher é uma nobre selvagem na arte da representação. Não possui uma beleza convencional que lhe garanta um papel numa ordinária comédia juvenil, mas encarregue de suportar o fardo de um drama histórico, a miúda (de 15 anos na altura) consegue fluir um rio de emoções pela sua personagem, constituindo uma das maiores surpresas interpretativas dos últimos tempos. Farrell demonstra competência na ocupação da sua tarefa, particularmente na narração quimérica, sussurrando para si próprio pensamentos íntimos e ânsias ocultas. A composição musical de James Horner é estóica (incutindo ainda um pouco de "Piano Concerto Nº23" de Mozart) e Emmanuel Lubezki vitaliza o romance com uma energia mística. A sua virtuosa fotografia evidencia a natureza como algo que não está apenas ao alcance do nosso toque, mas como uma benesse que interage connosco. Evitando a luz artificial em detrimento da luminosidade natural, o cenário ganha textura genuína e o facto de algumas cenas serem captadas em 65mm, injecta vida numa película que enleva os sentidos. Mesmo quando Malick transporta o filme para Inglaterra, a sua tremenda sensibilidade mantém-se intacta ao evidenciar a simetria formal dos seus jardins, num mundo geométrico inverso à beleza indomável da floresta.

Realizando apenas 4 filmes em 32 anos, Terrence Malick é um espécimen em vias de extinção e não faltam caçadores com a intenção de o aniquilar. Os seus avistamentos são raros, recusa ser entrevistado ou fotografado, recusou comparecer na cerimónia dos Oscares apesar das suas nomeações por “The Thin Red Line”, mas quando se compromete a dirigir um novo projecto, desperta a atenção dos gurus e das estrelas do meio. Mesmo os críticos que o abominam fazem fila para visionar uma nova obra sua, confirmando que um filme de Malick é um evento. 1973 foi o ano do intemporal “Badlands”, uma película atmosférica que evoca o fatalismo de uma odisseia de violência. Em 1978, “Days of Heaven” volta a seguir a tradição narrativa de casais delinquentes com um complexo triângulo amoroso imerso num assombroso ensaio pictural, um pouco como “The New World”. Ao escrever, produzir e realizar dois únicos filmes na década de 70, Malick tornou-se uma lenda ao desaparecer no apogeu da sua carreira, durante 20 anos. Voltou em 1998 com “The Thin Red Line”, renovando o estudo das anomalias da condição humana, numa visão singular da 2ª Guerra Mundial, como afronta à Mãe-Natureza.

Na maioria dos filmes, basta uma breve sinopse ou uma referência a uma obra idêntica para aflorar a experiência que nos aguarda, mas “The New World” não é um filme qualquer… é um meio de transporte. A vibrante poesia visual irá certamente defraudar quem encara o Cinema como uma mera construção de personagens, confundindo claramente Literatura com Cinema. Esta sinfonia é orquestrada em torno de meditações supra-pessoais acerca do Amor, da curiosidade, da inocência, da descoberta e da perda, onde os quatro elementos primordiais (Terra, Água, Ar e Fogo) se encontram imbuídos numa portentosa carga simbólica. Requintadas pinceladas cinematográficas são derramadas em celulóide, com a precisa mestria empregue por um pintor numa tela intemporal. Malick nunca gerou consenso crítico e “The New World” cria um golfo ainda mais proeminente nesta desconexão, mesmo para quem julgava entendê-lo lá porque venerava o anterior “The Thin Red Line”. Como filho do sonho hippie americano da década de 60, de uma fantasia que circula na veia americana desde os nativos ao poeta Walt Whitman, Malick decompõe em “The New World” o ideal utópico de um lar nas colinas e da reinvenção pessoal no misticismo da fauna e da flora.



Terrence Malick é um Poeta Idílico. É um transcendentalista insanável, proprietário de uma patologia pela qual inúmeros cineastas amariam padecer. É um autor que se demarca dos produtos reciclados de realizadores sobrevalorizados que almejam unicamente atordoar o box-office. O seu objectivo é desafiar a audiência em experiências transcendentais que ultra-dimensionam a mera superficialidade fílmica. Malick denota preocupação com temas que visam a transição terrena do homem, a corrupção da inocência, a expulsão do Paraíso e a violência destrutiva que contamina o ser humano. O seu idioma cinematográfico é fluente, desafiando a gravidade ao flutuar acima do trilho narrativo que a maioria dos cineastas adora repisar de forma cíclica. Malick é um dos superiores Poetas da Sétima Arte que graças ao seu ritmo sensitivo e ao vívido sentido de espaço, seria bem mais prolífico na era muda do que na conjuntura prosaica hodierna. Por vezes, até parece que foi um acidente que tornou o Cinema uma forma narrativa que usurpa a exploração visual e poética do meio. A fatia de artistas cujos filmes deveriam ser expostos numa galeria de Arte é delgada, mas são as suas composições que reproduzem o genuíno pulsar da Arte Cinematográfica. Essa bela estirpe, imersa numa bruma incandescente de contemplação, inclui nomes como Yasujiro Ozu, Andrey Tarkovsky, Bela Tarr, Ingmar Bergman, Michelangelo Antonioni, Federico Fellini, Jean-Luc Godard, John Ford, Stanley Kubrick, ou os contemporâneos Wong Kar-wai, Abbas Kiarostami, Hou Hsiao-hsien, Tsai Ming-liang e Gus Van Sant, entre outros. Através da sua espontaneidade de descoberta visual e da sua metodologia elíptica, Terrence Malick incorpora esta classe superior ao forjar momentos de assombramento emocional.
Malick atinge o coração nas exactas proporções em que acerca o olho e a mente. “The New World” representa o Cinema no seu estado mais puro, liberto das correntes que sufocam os princípios da narrativa cinematográfica. O filme desperta como uma mística alvorada e queixumes sobre o ritmo lento ou sobre a ausência do background das personagens, é o mesmo que considerar um Pôr-do-Sol aborrecido ou anti-climático. Todas as excelsas manifestações de Arte representam um festim para os sentidos. Ou nos deixamos guiar pela fonte da nossa essência, ou então ficamos à deriva numa localização inóspita que abominamos. Este não é um filme para leituras versadas, nem almeja uma elite intelectualizada. Esta Obra-Prima não requer gnose… requer sensibilidade. “The New World” não demanda ser percebido… necessita de ser sentido. Perto do fim, Pocahontas pergunta a John Rolfe (Christian Bale): «Não podemos ir para Casa?». Malick atinge o zénite lavrando a essência dessa Casa num detalhe imaculado. O filme termina, a mente ecoa «Vamos para casa» chamando-me para a realidade e apenas consigo formular uma questão no pensamento: Para quê voltar para casa, quando acabei de bater às portas do Paraíso?

domingo, maio 07, 2006

Freeze Frame



Existem inúmeras listas de vilões emblemáticos da Sétima Arte difundidas em livros, documentários e várias zonas cibernautas. Todavia, é com algum pesar que constato a ausência da personagem que pretendo evocar: Sid. Não, não me refiro a SID 6.7, o vilão virtual desempenhado por Russell Crowe em “Virtuosity”. Refiro-me ao peculiar psicopata de “Toy Story”, que se divertia a pulverizar, desmembrar e torturar brinquedos. Sem merecer ficar imerso nas brumas cerradas do esquecimento, aqui fica a homenagem à sublime criação da fantástica equipa de argumentistas desta Obra-Prima da Animação, liderada pelo brilhante John Lasseter.

sábado, maio 06, 2006

Corrente de Solidariedade



O meu caro colega da Blogosfera, Rui Pedro Matos, solicitou a minha adesão numa corrente de solidariedade com o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), ou se preferirem a sigla original: UNHCR. E quem sou eu para quebrar uma corrente de solidariedade tão digna? Aqui fica publicado o meu humilde contributo.
Um refugiado é definido como sendo uma pessoa que teve de abandonar o seu país devido a um receio fundado de perseguição em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertença a um determinado grupo social, não podendo ou não querendo regressar. O ACNUR ajuda os refugiados de todo o planeta e foi criado em 1951 pela Assembleia-geral das Nações Unidas.

Uma vez que este recanto é dedicado ao Cinema, não poderia deixar de mencionar um filme que lida com a problemática dos refugiados. Poderia facilmente falar sobre o sublime “Schindler’s List” ou sobre o surpreendente “Hotel Rwanda”, entre outros, mas a minha peculiar recordação remonta ao ano de 1942. “Casablanca”, realizado por Michael Curtiz, exibe as adversidades da guerra, evidenciando a situação dos refugiados que tentavam obter o visto para a América durante a 2ª Guerra Mundial. Evoco a cena decorrida num café, onde os refugiados franceses ao cantarem A Marselhesa, abafam os militares alemães que entoavam com vigor Deutschland über Alles. Sublime!

Blogs que poderão colocar mais um elo nesta corrente:

- Take a Break;
- Contracampo;
- Gonn1000;
- House of Blue Leaves;
- Spoiler.

sexta-feira, maio 05, 2006

Boato do dia



Numa entrevista à Entertainment Weekly, Terry Gilliam (“Brazil”, "Monty Python and the Holy Grail") declarou interesse em dirigir um filme da série Harry Potter, confirmando inclusive um encontro com representantes da Warner Bros., depois de ter tido acesso ao argumento do sexto capítulo da saga: “Harry Potter and the Half-Blood Prince”. Em apenas 24 horas, o romance de J.K. Rowling vendeu 6.9 milhões de cópias nos Estados Unidos, gerando 100 milhões de dólares nas receitas da semana de abertura e suplantando a soma dos filmes que ocupavam o top do Box-Office dessa semana.

Nenhum contrato para a produção de “Half-Blood Prince” foi assinado (nem com o trio principal), contudo Gilliam ganha mais uns pontos na minha consideração ao enxovalhar as duas primeiras adaptações de Chris Columbus (apelidando-as de chatas) e elogiando o trabalho de Alfonso Cuarón em “Prisoner of Azkaban”.

quinta-feira, maio 04, 2006

Be Kind, Rewind



Michel Gondry + Jack Black = “Be Kind, Rewind”.
Se esta equação vos parece esquisita, então tomem atenção à premissa deste projecto: Black representa Jerry, um operário cujo cérebro fica magnetizado ao tentar sabotar uma central eléctrica. Um dos desaires que provocará subsequentemente será a destruição acidental dos filmes presentes no videoclube do seu melhor amigo. Acossado pelo sentimento de culpa, Jerry decide encenar todos os filmes arruinados (desde “The Lion King” a “Robocop”), para manter a única cliente da loja.

Só consigo exprimir o que sinto numa palavra: FABULOSO!
A arte invulgar do cineasta francês, a impulsividade cómica de Black, a preciosidade estrambólica da premissa e a perfeição do título (“Be Kind, Rewind”), evocando a célebre etiqueta que acompanhava as cassetes VHS (Favor rebobinar), colocam o meu entusiasmo num nível de arrebatamento. O filme começa a ser rodado a 6 se Setembro e Georges Bermann (“Eternal Sunshine of the Spotless Mind”) será o produtor executivo.

quarta-feira, maio 03, 2006

O esmorecimento da tara de Tarantino



Na semana transacta surgiu uma novela peculiar que ligava Quentin Tarantino a Jimi Hendrix. Inicialmente foi veiculado que Tarantino pretendia realizar uma longa-metragem sobre a vida do brilhante guitarrista, depois o mesmo Tarantino desmentiu categoricamente os rumores e no dia seguinte foi confirmado o acordo com o irmão Leon Hendrix, para o acesso total a entrevistas e cenas de arquivo do músico norte-americano. Decorrida uma semana sobre o anúncio da biopic, surge um novo capítulo na novela, pois aparentemente Tarantino já não sente tanta segurança relativamente ao projecto, temendo não conseguir encontrar o actor adequado.

Sustento a opinião que Tarantino deveria arriscar em alguém desconhecido, pois afinal de contas, talento na direcção de actores é algo que não lhe falta. E sinceramente… apesar de apreciar o seu trabalho como actor, espero que Jamie Foxx não seja o eleito, senão daqui a nada, assistimos à criação forçosa de um novo super-herói: o Biopic-Man.

terça-feira, maio 02, 2006

Detalhes sobre o trailer esvoaçante



O trailer de “Superman Returns”, com a duração de 2 minutos e 28 segundos, será anexado a várias cópias de “M:I-III”, filme que estreia esta semana. No entanto, existe a possibilidade do trailer estrear ainda hoje na Internet. Esta será uma bela oportunidade para vislumbrar o trabalho que Bryan Singer tem vindo a desenvolver, depois das competentes adaptações “X-Men” e “X2”, enquanto muitos aguardam a projecção de “Mission: Impossible III”, para saciar a curiosidade relativa ao filme mais caro de sempre de um realizador estreante: J.J. Abrams, uma das mentes inventivas da série “Lost”, escolhido por Tom Cruise quando este visionou os primeiros episódios de “Alias” em DVD.
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