terça-feira, maio 31, 2005

ALERTA!! “The Shining” na TV



Hoje pelas 21h, o canal Hollywood passa o filme “The Shining” de Stanley Kubrick.
É uma óptima oportunidade para (re)ver o filme de 1980 baseado no livro de Stephen King, realizado pelo mestre Kubrick e protagonizado exemplarmente por Jack Nicholson.

“Maria Full of Grace”, de Joshua Marston

Class.:


"Based on 1000 true stories"

A história da construção deste filme é admirável. Foi filmado com um orçamento “indie” pelo realizador e argumentista Joshua Marston, que encontrou a magnífica actriz Catalina Moreno numa audição e usou actores colombianos amadores (pessoas comuns com empregos noutras áreas) para certos papéis do filme, que ajudaram sobremaneira a alimentar o seu estilo realístico.

Maria de 17 anos vive numa casa pequena na Colômbia. É jovem e bela, com um fogo que alumia a sua entidade e quando descobre a sua gravidez não fica nada surpreendida com a reacção do seu infrutuoso namorado Juan. Enfastiada pela monotonia da vila decide trilhar um destino melhor para a sua vida. Ela despede-se do seu emprego e ruma cheia de sonhos para Bogotá com um homem que a convence a fazer bom dinheiro como “mula” (Transportando doses de cocaína no seu estômago até Nova Iorque).

Maria (Catalina Sandino Moreno) vê-se assim explorada pelo mundo da droga, levando consigo a sua melhor amiga Blanca (Yenny Paola Vega) e ambas recebem conselhos de Lucy (Giulied Lopez). Ela e Lucy escapam na alfândega apesar de suspeitarem delas, pois como estão grávidas não lhes podem passar a Raio-X.

A interpretação de Catalina Sandino Moreno é sublime. É uma carismática actriz que arrecada a nossa simpatia através da inocência e medo que irradia na sua face. Através do seu olhar exibe uma subtil tristeza cravada no âmago espiritual da sua personagem.



Este é um filme sobre droga sem as habituais metralhadoras e perseguições alucinantes, sem aquelas estrelas célebres e efeitos visuais estonteantes. Ele foca-se no lado humano deste tema. É um filme que aceita e percebe a pobreza sem entrar numa de romantizar ou adornar o assunto. E realmente mostra-nos que o mal também surge por culpa de organizações, neste caso sistemas económicos. A película não simplifica o mal como em Hollywood ele nos é patenteado, sob a forma de um indivíduo aterrador (e não uma instituição) que apenas necessita de ser morto para tudo ficar a chapinhar num mar de rosas. “Maria Full Of Grace” é soberbo por múltiplas e diversas razões, inclusive pelo seu controverso título e cartaz. É um perspicaz murro no estômago das pessoas que têm o prazer de o contemplar. Cria no espectador uma claustrofobia e tensão brutal, especialmente quando visionamos o acto de ingestão das doses e nos apercebemos que se os frágeis receptáculos rebentarem o seu portador morre imediatamente de overdose. O filme expele vida autêntica em todas as suas vertentes, numa atmosfera verosímil mostra-nos motivos e resoluções reais de personagens plausíveis.

segunda-feira, maio 30, 2005

Argumento de “Indiana Jones 4” quase aprovado



George Lucas e Steven Spielberg aprovaram o argumento de Jeff Nathanson para “Indiana Jones 4”. Harrison Ford também terá de dar o seu aval sobre o argumento para a Paramount Pictures poder avançar com o projecto, no entanto o actor ainda não o leu.
Com maior disponibilidade após o lançamento de “Star Wars”, Lucas reúne-se frequentemente com Nathanson para ultimarem os pormenores do argumento, após o argumentista ter recebido igualmente algumas notas de Spielberg. Relembro que Spielberg e Nathanson já colaboraram em “Catch Me If You Can” e “Terminal”.

“Indiana Jones” está agendado para o Verão de 2006, mas os próximos meses serão intensos para Spielberg. Ele é aguardado na Europa para filmar um drama pós-Olimpíadas de Munique em 1972 (para a Universal e Dreamworks). E em Janeiro (para a Dreamworks), segue-se um filme sobre Abraham Lincoln e a Guerra-Civil, protagonizado por Liam Neeson.

“Star Wars, Episode V: The Empire Strikes Back”, de George Lucas

Class.:


Em 1977, George Lucas alvoroçava meio-mundo cinéfilo com “Star Wars”. Três anos volvidos “The Empire Strikes Back” enaltecia e ratificava o culto gerado em torno de “Star Wars”. A aventura de Luke Skywalker (Mark Hamill), Han Solo (Harrison Ford) e da Princesa Leia (Carrie Fisher) não acaba após a destruição da Estrela da Morte. Os rebeldes estabeleceram a sua base em Hoth, mas o vil senhor do mal Darth Vader desfere um portentoso ataque devastando a respectiva base. Luke recebe em Dagobah um treino intensivo de um poderoso Mestre-Jedi chamado Yoda, enquanto Han Solo, Chewbacca, Princesa Leia e os droids R2-D2 e C-3P0 são aprisionados numa cilada engendrada pelo Império em Bespin. Darth Vader planeia um embuste para atrair Luke, utilizando como iscos os seus desditosos amigos. Surge então o mítico confronto entre Luke Skywalker e Darth Vader e um segredo abismal é revelado. Será que Luke e seus companheiros escaparão às garras do Império tirano?
“The Empire Strikes Back” é com uma elevada margem de segurança o melhor episódio da série. Negro, profundo, filosófico, perspicaz e maduro. Luke abandona a ingenuidade típica da sua tenra idade, realizando uma incisiva introspecção, reconhecendo as suas limitações e apreendendo que o lado negro (“dark side”) não vagueia por plataformas metafísicas, mas encontra-se alojado bem dentro de nós. O filme (escrito por Lucas, Leigh Brackett e Lawrence Kasdan) não se queda apenas pela sua vertente filosófica, ele regala os olhos da plateia com clássicas cenas de acção, como a batalha inicial no planeta gelado de Hoth. O filme é uma espécie de “Hamlet” da ficção científica, pois o herói desespera com múltiplas introspecções, e os restantes companheiros desanimam com perniciosos adventos.



Os anos passam (já lá vão 25) e os ecos desta obra ainda tilintam graciosamente nas galerias da Sétima Arte, encantando uns, arrebatando outros e inspirando uns quantos. É um clássico que transcende o género cinematográfico. As personagens crescem e desenvolvem-se (Darth Vader deixa de ser aquele “vilão-caricatura” e ganha uma dimensão humana que o torna ainda mais sinistramente tenebroso), os efeitos especiais atordoam (é um dos filmes mais visionários e inventivos de sempre. E Yoda tem expressões subtilmente humanas), a composição de John Williams é imponente (com uma riqueza incomensurável que acentuam o obscuro ambiente e contém uma memorável nova faixa: A “Marcha Imperial”, o tema de Darth Vader) e a narrativa negra chega a ter elementos de puro desespero.

“The Empire Strikes Back” continua a aumentar a sua reputação ano após ano. A saga “Star Wars” deve-lhe uma enorme porção da sua fama. Poucos filmes têm a capacidade de nos elevar e transportar para além do assento da sala de cinema, mas este filme (e a trilogia inicial) é um dos raros exemplos de arrebatamento. As personagens não são elas próprias, as personagens são… nós. Nós não as vemos nos olhos, nós vemos através dos seus olhos. A película captura a minha atenção logo nos minutos iniciais com o seu extravagante fascínio, e projecta-me para o portal que escancara diante de meus olhos.

domingo, maio 29, 2005

Luc Besson projecta Cidade do Cinema



O realizador francês Luc Besson, autor de "Nikita", "Léon", "The Fifth Element" e de "Arthur et les Minimoys" que se encontra a ser filmado, vai erguer uma Cidade do Cinema em Paris, estando a inauguração prevista para 2007.



A "Cinema City" será construída a norte de Paris, em Saint-Denis, e contará com nove estúdios, 30 mil metros quadrados de escritórios, várias áreas técnicas e de guarda-roupa, salas de aúdio e dobragem, laboratórios e ainda uma dezena de restaurantes.
O custo total do projecto está orçado em 121 milhões de euros. Com esta cidade, Besson pretende atrair para Paris filmes de grande orçamento europeu, passando a competir com o "Pinewood" de Londres e a "Cinecittá" de Roma.

sábado, maio 28, 2005

“The Nightmare Before Christmas”, de Tim Burton

Class.:


“There's children throwing snowballs / instead of throwing heads / they're busy building toys / and absolutely no one's dead!” (Jack Skellington)

“The Nightmare Before Christmas” é a primeira longa-metragem de animação musical filmada em “stop-motion” ou “Stop-Action Animation”. As criaturas ganham vida neste filme através da perfeita simbiose entre a imaginação visual e conceptual de Tim Burton e a imaginação musical de Danny Elfman.

Jack Skellington é o “Pumpkin King” da cidade de Halloween. Todos os anos presenteia a população grotesca da cidade com a sua deliciosa aptidão para pregar sustos. Ele fica saturado pela rotina anual e propõe-se a engendrar algo diferente, que vem a encontrar na cidade do Natal. As luzes e alegria patentes na cidade “Christmas”, incendiaram a ténue luz que abarcava a cabeça de Jack. Enquanto Jack representa o cérebro, Sally representa a alma da película. Ela é a criação de um cientista louco, uma boneca de trapos e enquanto Jack simboliza paixão na ávida busca por algo novo, Sally é o coração, a única que pressente o desastre. As restantes personagens do filme são imensamente divertidas e adoráveis, desde o Santa Claus até ao Oogie Boogie, passando pelo memorável trio traquina de crianças sem éticas ou morais: Lock, Shock and Barrel (Danny Elfman). E mais não digo relativamente ao plot do filme pois este deve ser descoberto individualmente com o visionamento do filme.

O filme tem vários elementos de cariz musical, humor, fantasia, excepcionais efeitos especiais, entretenimento e imaginação infantil. Tudo hábil e delicadamente manejado, proporcionando uma encantadora fábula com uma ambiência fascinantemente negra e sombria. A obscuridade de “Halloween” é aprazivelmente contrastada pela cativante “Christmas”. Tudo brotado da aluada e delirante mente de Tim Burton, o filme é uma consistente mistura de visuais loucos, músicas, sons e uma criativa história que provocaram a rendição de muitos espíritos. A imaginação deste génio pasma e deleita.



O filme é atribuído a Burton pois a história pertence-lhe, é produto da sua mente e ele supervisionou a filmagem. No entanto o realizador é Henry Selick, um mestre na filmagem “Stop-Motion”, e o seu contributo deve ser enaltecido. A música a cargo do excepcional Danny Elfman (que entre múltiplas, diversas e geniais obras, criou o tema de abertura da minha série preferida: “The Simpsons”) é subtilmente sombria e jocosamente luminosa nos momentos garridos. De referir ainda que Elfman interpreta Jack quando este canta.

Tim Burton é um dos meus autores preferidos. Venero praticamente toda a sua obra, desde o desvairado “Beetlejuice” (1988), passando pela melhor adaptação de banda desenhada (na minha opinião) “Batman” (1989), pelo memorável e venerável “Edward Scissorhands” (1990), pelo arguto “Ed Wood” (1994), pelo esplêndido “Mars Attacks!” (1996), pelo sensível e afável “Big Fish” (2003) e ainda pelo minuciosamente belo e gracioso “Sleepy Hollow” (1999). “The Imaginator” expõe nesta obra toda a sua idoneidade criativa. Ele foi criando este mundo na sua cabeça durante 10 anos, enquanto divagava empregado como animador tradicional num projecto da Disney. Este filme é tão esmagadoramente aprimorado, que deve ser revisitado inúmeras vezes. Como primeiro visionamento devemos absorver a história, nos restantes visionamentos devemos observar e apreender todos os pormenores, escalpelizando todos os cantos do ecrã e arrecadando várias surpresas visuais presentes em ossos, roupas, crânios e adornos da cidade.

Após inicialmente ficar pasmado pelas normas das bizarras personagens, rapidamente fui envolvido pelo seu encantamento. A história casa na perfeição com a animação e a música e desta forma as personagens ganham vida própria. O assustador gera momentos sadios e tal como em “The Adam’s Family” o ambiente “freak”, sinistro e sombrio também representa amor incondicional. Fiquei para sempre sob o feitiço desta Obra-Prima, apaixonado pela melifluidade que jorra do filme.

sexta-feira, maio 27, 2005

Novo Trailer para "War Of The Worlds"



A Paramount Pictures revelou o novo trailer para o thriller sci-fi de Steven Spielberg, “War Of The Worlds”, que estreia em Portugal a 7 de Julho. No elenco encontra-se a estrela Tom Cruise.

Baseado no clássico futurista de H.G. Wells (escrito em 1898), a aventura de ficção científica revela a extraordinária batalha pelo futuro da humanidade, filtrada através dos olhos de uma família lutando pela sobrevivência, após uma invasão extra-terrestre.

Cliquem aqui para acederem ao novo trailer.

Novo Trailer para "Charlie And The Chocolate Factory"



A Moviefone colocou online o novo trailer de “Charlie and the Chocolate Factory”, o novo filme do mestre Tim Burton que estreia em Portugal a 21 de Julho.

“Charlie and the Chocolate Factory” é baseado no livro de Roald Dahl, sobre o excêntrico Willy Wonka, dono de uma fábrica de chocolate onde opera a sua singular equipa de Oompa-Loompas e Charlie um rapazinho de bom coração nado numa pobre família, que vive sob as sombras da extraordinária fábrica de Wonka sonhando com os chocolates que não pode comprar.
Charlie terá uma oportunidade miraculosa para visitar a deslumbrante fábrica, onde várias surpresas o aguardam.

Cliquem aqui para acederem ao novo trailer.

"Clockwork Orange", de Stanley Kubrick

Class.:


“Viddy well, little brother. Viddy well.” (Alex)
Especialmente nos dominantes filmes da sua carreira de meio século, Kubrick teve a propensão para pegar em romances e moldá-los sob o jugo da sua poderosa e esplêndida visão. Ele teve envolvimento oficial em 12 dos seus 16 filmes e por essa mesma razão “2001” não é nomeado como “Arthur C. Clarke's 2001”, mas sim como “Stanley Kubrick's 2001”, assim como “The Shining” deve maior quinhão da sua fama a Kubrick que ao seu autor Stephen King. Similarmente “Clockwork Orange” baseado num romance de Anthony Burgess, adquire o cunho de Kubrick e fica perpetuamente cravado como “Clockwork Orange de Stanley Kubrick”.

“Clockwork Orange” surge após dois dos mais brilhantes filmes de Kubrick (a épica ópera espacial “2001” e a comédia/sátira negra “Dr. Strangelove”). A trilogia das suas Obras-Primas Superiores fica completa com este filme, pois apesar dos seus restantes filmes serem semelhantemente notáveis (“Paths of Glory”, “Spartacus”, “Lolita”, The Shining”, “Full Metal Jacket” ou “Eyes Wide Shut”) nenhum atinge o pico requintado da inspiração de Kubrick.

O filme matiza um futuro próximo, onde as pessoas boas se escondem de noite e gangs de rufias infestam as ruas com actos de puro vandalismo, agressões, violações e infames afins. No centro desta espantosa, intensa, impetuosa, sátira negra está Alex DeLarge (Malcolm MacDowell). Ele vive com os pais algures em Inglaterra e quando sai à noite com o seu quarteto de “droogs”, alegando aos pais que vai para o seu “Night Job”, realiza inúmeros actos de selvajaria, droga-se e volta a casa para concluir a noite com Ludwig Van Beethoven. A sua quadrilha começa a ganhar fissuras e certa noite incriminam-no, resultando na sua captura. É aqui que a sátira começa verdadeiramente. Ele descobre uma experiência governamental que visa reabilitar condenados, e orienta todos os seus esforços para ser eleito como cobaia. É então seleccionado e o método Ludovico consiste em ter os olhos bem arreganhados, bombardeados horas após horas com imagens de sexo e violência, enquanto o seu sistema é bombeado com drogas. O processo busca executar uma lavagem cerebral, eliminando a escolha da violência. No fim da experiência Alex sente repulsa por sexo e violência, no entanto mais tarde quando uma mulher em topless se encaminha para ele, ele vomita e é desta forma libertado como uma espécie de zombie ou como… Clockwork Orange.



Stanley Kubrick foca grande parte da sua obra na desumanização. Ele proferiu várias vezes que a violência é eterna e tal citação/realidade não poderia ser melhor ilustrada do que com este filme. Violência é uma parte integrante da vida e eliminá-la representará o fim de uma pessoa. O filme satiriza tal evidência e a inaptidão dos governos para controlarem de uma forma natural sociedades. “Clockwork Orange” é um dos filmes mais provocadores de sempre. Pode receber diferentes interpretações de diferentes pessoas. Kubrick pinta as suas cenas com uma subtileza ímpar, pincelando a tela com proeminentes doses de beleza, horror, divertimento, inquietude e controvérsia. O genial realizador mostra-nos como a violência é algo que habita o âmago de todo o ser humano, manejando a câmara habilmente, tornando a violência alarmantemente atractiva. Ao despoletar a nossa atracção pela violência ele mostra-nos sorrateiramente como ela habita em nós e como eliminá-la nos tornará menos humanos. É óbvio que ele não pretende atiçar a violência em massas, ele astutamente esmurra o hábito como audiências experimentam cinema. Quem certifica este filme como um apelo e hino à violência revela colossalmente a sua incauta e ingénua mente cinéfila. É certo que o filme é difícil de digerir e assimilar, mas tais entidades ficam-se pela excitação superficial e evitam atingir a profundidade simbólica da obra, condenando de forma simplória a película. Muitos são os que assistiram ao filme sem absorver no final o quadro geral, muitos não atingiram a intensa alegoria patente. O filme ironiza os métodos desumanos que governos utilizam para suster massas e lança-nos uma questão periclitante: A remoção do livre-arbítrio destrói a humanidade basilar de um indivíduo?

Kubrick sempre foi um visionário, esteve sempre um passo à frente dos seus restantes colegas. Em “2001” preconizou preocupações futuras em relação à inteligência artificial, em “The Shining” mostrou-nos que o medo deriva do nosso âmago, em “Eyes Wide Shut” realça como o amor lidado conforme vingança, alcança contornos destrutivos. O estilo de Kubrick é um dos seus pontos fortes e incomparáveis. A atenção que ele deposita em cada detalhe, revela-se no produto final. As expressões ímpares do filme com retoques Shakespeareanos, os cenários impecáveis, a selecção de filmagem e edição calculadas ao mais ínfimo pormenor, sem transições abruptas, e o uso genial da música (com a 9ª Sinfonia de Beethoven e ainda “Singin' In The Rain” utilizadas em momentos chave). O design futurista de John Barry, a música clássica palpitante, e os visuais cativantes de John Alcott, e a interpretação de McDowell (que desempenha o vilão mais carismático e atractivo jamais visto. Aliás o recital de McDowell é de uma sinceridade sinistra, mostrando-se letal, engraçado, horripilante, gracioso) contribuem para cimentar este filme como uma das exímias Obras-Primas de sempre. De referir ainda que o filme recebeu numerosos prémios e nomeações, entre os quais Melhor Filme e Melhor Realizador do New York Film Critics e quatro nomeações da Academia (incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento).

“Clockwork Orange” ostenta uma mensagem universal. Não é um filme de fácil consumo, mas negá-lo e depreciar a sua importância é de uma leviandade atroz. O filme é um baluarte do cinema moderno. É extraordinário constatar como “Clockwork Orange” com 34 anos (!!!) de existência, continua extremamente moderno. Contrariamente a muitos dos seus contemporâneos, “Clockwork Orange” é um filme que não pode ser datado e os assuntos debatidos são tão urgentes nos dias de hoje como o eram há três décadas. Quantos mais filmes têm este estatuto intemporal?
Obrigado Stanley Kubrick!!

"OldBoy", de Park Chan-Wook

Class.:



“Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.”
(Pitágoras)
Oh Dae-su (Choi Min-sik) é inexplicavelmente raptado e aprisionado por indivíduos desconhecidos, num aparente quarto de hotel contendo uma cama, secretária, bloco de apontamentos, televisão (onde constata que a sua mulher foi assassinada e ele é o principal suspeito graças ao seu desaparecimento) e um quadro em alternativa a uma janela. Após 15 anos de cativeiro é libertado de uma forma igualmente inexplicável e vagueando num restaurante conhece uma chefe sushi, Mi-do (Kang Hye-jeong), com quem estabelece uma imediata conexão. Ajudado por Mi-do, ele acaba por identificar Woo-jin, um industrial bem sucedido. Woo-jin apresenta a Dae-su o próximo passo do seu obscuro jogo, desafiando-o a descobrir as razões da sua clausura e a causa da sua libertação. Woo-jin designa um prazo limite de 5 dias e promete que no Dia do Destino um dos dois morrerá.

Baseado num Manga de Tsuchiya Garon e Minegishi Nobuaki, escrito por uma equipa que incluía o realizador Park, “OldBoy” é um filme recheado de comédia negra, violência sangrenta e paixões fervorosamente aluadas. Trata-se de uma Obra-Prima sádica. Somos abarcados por um delirante sentido de desorientação durante o visionamento da película, através da ultra-violência arrojada. A brutalidade extrema do filme transpõe o mero plano físico e visual, e a deterioração emocional das personagens envolvidas amotina-nos numa plataforma anímica. Rotular “OldBoy” como um filme de vingança é simplificar algo muito superior. Não existem heróis nesta complexa película sobre amor e o preço que alguns estão dispostos a pagar para o preservar.

O antecessor “Sympathy for Mr. Vengeance” é claramente um aquecimento para esta peculiar mescla de mel e fel, de beleza e abominação, de amor e horror. Com nítidos traços de tragédias Shakespeareanas, este filme aprofunda a ambiguidade do espírito humano e respectiva fragilidade quando corrompido pelos danos inerentes ao sentimento de perda e consequente desejo de vingança. A vulnerabilidade humana é expressa nos olhos abatidos e ávidos de redenção de Choi Min-sik, que arranca uma notável interpretação e dá o seu excelso contributo para salientar o tremendo lado humano do filme. A hipnótica banda sonora a cargo de Jo Yeong-wook é esplêndida e jamais esquecerei o divino momento proporcionado pelo trecho de Inverno da composição de Vivaldi, “Quatro Estações”, ou a sublime faixa que conclui o filme, "The Last Waltz".

Vencedor do Grande Prémio do Júri de Cannes em 2004 (presidido por Quentin Tarantino, que ficou deslumbrado com esta obra), “OldBoy” está longe de ser ovacionado por todos e certamente será vilipendiado por muitos. Pessoalmente jamais esquecerei esta inquietante, tumultuosa e perturbadora película. A viagem de tormento que experimentei neste filme abalou deliciosamente o meu âmago cinematográfico, fui arrebatado para um éden gracioso e arremessado violentamente para um lancinante inferno. Park Chan-wook revela um brilhantismo soberbo, brindando o espectador com cenas e planos magistrais, agitando de forma indelével o espírito de quem for sugado por esta relíquia.



O Final

terça-feira, maio 24, 2005

Batman Begins



A 23 de Junho estreia “Batman Begins”, realizado por Christopher Nolan (autor do genial “Memento” e “Insomnia”).

A nova abordagem ao universo “Batman” pelo cunho de Christopher Nolan, adquire um cariz incisivo sobre a psique do herói gótico e explora as origens da sua lenda.
Enquanto jovem, Bruce Wayne (Christian Bale) observou horrorizado o assassínio dos seus milionários pais, adquirindo um trauma que o tornou obcecado pela vingança. Após desaparecer em direcção a Este, onde conhece o ninja Ra’s Al-Ghul (Ken Watanabe), regressa à decadente Gotham City, onde reina o crime organizado.
A descoberta de uma cave na sua mansão e do protótipo de um fato mascarado, despertam o seu alter-ego: Batman: um cruzado disfarçado que usa a sua força, intelecto e alta-tecnologia para combater as sinistras forças que ameaçam a cidade.

Do recheado elenco constam Christian Bale (“Equilibrium”), Michael Caine (“The Cider House Rules”), Liam Neeson (“Schindler’s List”), Morgan Freeman (“Million Dollar Baby”), Gary Oldman (“Dracula”), Ken Wanatabe (“The Last Samurai”) e até a nova namorada de Tom Cruise, Katie Holmes (“Phone Booth”).
Um vasto leque de realizadores foi considerado para o novo filme de Batman”. Inicialmente e apesar do falhanço do quarto filme do super-herói, Joel Schumacher foi escolhido para o filme intitulado “Batman: Year One Saga”. Após abandonar o projecto os produtores consideraram uma abordagem mais sombria e oficialmente convidaram o brilhante David Fincher, que declinou. Depois os produtores consideraram inclusive um Batman mais velho, com Clint Eastwood a realizar e protagonizar o herói gótico. Em 2002, os produtores planearam fazer um Batman vs Superman com a direcção de Wolfgang Petersen, mas este optou por realizar “Troy” (2004). Finalmente em 2003, Christopher Nolan apoderou-se do projecto.

Para acederem aos trailers do site oficial, cliquem aqui.

segunda-feira, maio 23, 2005

War Of The Worlds



Após “Minority Report” Steven Spielberg e Tom Cruise reúnem-se novamente em “War Of The Worlds”, um dos filmes mais aguardados da temporada.

Baseado no clássico futurista de H.G. Wells (escrito em 1898), a aventura de ficção científica revela a extraordinária batalha pelo futuro da humanidade, filtrada através dos olhos de uma família lutando pela sobrevivência, após uma invasão extra-terrestre.
Ray Ferrier é um vulgar indivíduo da classe operária, residente em New Jersey. Desorientado na vida após desentendimentos familiares, é abalado no seu quotidiano por algo imprevisível: demolidores intrusos marcianos descem dos céus para aniquilar o planeta.
Enquanto a ameaça extra-terrestre desfere um ataque de destruição massiva, Ray vem em socorro dos seus filhos numa angustiante luta pela sobrevivência.



No fabuloso elenco constam o famigerado Tom Cruise (“Minority Report”, “The Last Samurai”), o talentoso Tim Robbins (“Mystic River”, “The Shawshank Redemption”), Miranda Otto (a Éowin de “The Lord Of The Rings”) e a promissora jovem Dakota Fanning, que fez de Emily em “Hide And Seek”, Sally em “Cat In The Hat”, Lucy em “I Am Sam” e a voz de Satsuki na dobragem inglesa do genial filme de Miyasaki “Tonari No Totoro”.
A fotografia está a cargo do prodigioso Janusz Kaminski, colaborador de longa data de Spielberg e o argumento está entregue a David Koepp (“Spiderman”).

Em “Close Encounters Of The Third Kind” (1977) e “E.T.” (1982), Spielberg descrevia amorosamente os alienígenas. Nesta película os aliens atacam o nosso planeta. Ele diz que se aborreceu de ser um embaixador pacífico entre as duas civilizações e realizou o filme que almejava bem antes da sua retirada. Cruise afirma que “o filme descreve a vida actual no nosso mundo”. Exprime que “vivemos num mundo no qual temos a possibilidade de comunicar rapidamente e através de diversas formas, e ainda assim a comunicação é algo bastante complicado. Necessitamos de uma união global forte para combater as verdadeiras ameaças universais. O filme é uma metáfora para essa batalha”.



O filme estreia em Portugal a 7 de Julho.
Para acederem ao site oficial do filme e respectivos extras, basta clicarem aqui.

domingo, maio 22, 2005

"Star Wars, Episode III: Revenge Of The Sith", de George Lucas

Class.:


Há muito tempo atrás… uma brilhante Trilogia redefinia o conceito de cinema fantasia, marcava uma geração inteira, estimulava espectadores e inspirava responsáveis da Sétima Arte. Essa Trilogia era “Star Wars”, criada pelo génio de George Lucas. Após o visionamento dos primeiros dois episódios da trilogia de prequelas (o débil “The Phantom Menace” e o ligeiramente aperfeiçoado “Attack Of The Clones”), senti a ausência da envolvente magia inerente à fabulosa Trilogia original. Ameaça de uma trilogia de prequelas manchar a criação primordial, pairava como um Fantasma. Surgiu Uma Nova Esperança de redenção com a aproximação da estreia de “Revenge Of The Sith”. Lucas Contra-Atacou com o filme que remata a saga e fez Regressar parte da magia inicial. Seria Lucas capaz de redimir desilusões e desapontamentos, resgatando parte do encantamento do mítico pacote que englobava os episódios IV, V e VI?

Aceitemos ou não, a saga “Star Wars” marcou uma geração e as duas prequelas espezinharam a fantasia criada na trilogia original. Após desapontar fãs em particular, e desiludir apreciadores de bom cinema em geral, George Lucas redime-se admiravelmente com este fantástico filme. A película proporciona sentimentos de nostalgia pela Trilogia original. Os elementos estão bem incorporados na película: coragem, audácia, aventura, novos mundos repletos de singulares criaturas, fragilidade humana. “Revenge Of The Sith” é o filme que Lucas deveria ter oferecido quando iniciou o projecto das prequelas. Esta é a história que ele prometia contar sobre Vader, o filme que o público esperava brotar do seu talento. É o encaixe perfeito nos gloriosos capítulos IV, V e VI.
Mesmo para o ocasional espectador, é certo e sabido que neste derradeiro capítulo observamos a transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader, depois os mais atentos saberão que verificar-se-á a absorção da República pelo Império, o exílio de Yoda e Obi-Wan Kenobi e o extermínio dos restantes Jedi, Padme dando à luz os gémeos Luke e Leia, a separação dos referidos gémeos à nascença. E o génio de George Lucas é pegar na óbvia limitação de argumento e presentear-nos com detalhes ricos em conteúdo.



Lucas expõe todo o seu soberbo talento na arte de contar histórias, no entanto revela novamente a sua irritante debilidade na elaboração de diálogos. Enerva a sua incapacidade para criar uma cena amorosa cativante. É decepcionante escutar e visionar diálogos como aquele em que Padme diz a Anakin “You are a good person. Don´t do this.” É irritante ver uma obra tão poderosa com diálogos tão pobres e estéreis. Ao invés, a direcção de actores está melhorada, pois apesar de Natalie Portman não revelar todo o seu potencial (graças ao debilitado argumento), o retrato de Padme Amidala está mais conseguido. Hayden Christensen (Anakin Skywalker/Darth Vader) arrebata com uma performance estupenda e inesperada. Desenganem-se os que criticavam a escolha de Christensen para o papel, pois ele interpreta na perfeição o homem atormentado pela escolha a exercer, entre abandonar a lealdade aos seus amigos e crenças e ceder ao sedutor desejo de poder. Christensen humaniza irrepreensivelmente a sua personagem e torna a transformação em Vader plausível, assimilando-o categoricamente. As melhores prestações são no entanto de Ewan McGregor e Ian McDiarmid. McGregor (Obi-Wan Kenobi) revela maior conforto no seu papel e apreende definitivamente a personagem. A relação com Anakin atinge os níveis elevados de química exibidos pelos actores da trilogia inicial e o desespero pronunciado na portentosa e inesquecível tirada “You were the chosen one” é arrebatador.
McDiarmid (Chancellor Palpatine) arrecada uma prestação consistente e apavorante, apoderando-se da tela e arrepiando o mais desatento dos espectadores.

A nível tecnológico, Lucas mantém o pioneirismo iniciado em 1977, com “A New Hope”. Os efeitos especiais estão a cargo da “Industrial Light & Magic” e a equipa de Lucas arromba, colocando a fasquia novamente bem elevada. A nível tecnológico, ninguém no mundo da Sétima Arte consegue alcançar a elevada bitola da equipa de Lucas. A evolução, progresso e aperfeiçoamento no tratamento de efeitos especiais é eloquente. Encontra-se sempre um passo à frente (pelo menos) dos demais. As batalhas espaciais são vertiginosas, os confrontos com sabres de luz superiormente coreografados e os cenários deslumbram e arrasam. O filme agarra o espectador logo nos instantes iniciais e a derradeira hora de filme proporciona um panorama apocalíptico, sublinhando o seu profundo cariz obscuro. Outro momento arrasador e emocionante é o extermínio dos Jedis. Tudo é envolvente nessa parte, a banda sonora, o desespero de Yoda e a inesquecível entrada de Anakin no Templo Jedi repleto de jovens Padawan, culminando arrepiantemente a cena. A composição de John Williams é novamente soberba, pois a toada mantém a tensão imutável ao longo de toda a película.

“Revenge of the Sith” é um filme solidamente construído. É poderoso, intenso, arguto, profundo, visualmente cativante, tecnicamente profícuo, uma experiência avassaladora. Haverá muita gente a sair da sala ansiosa por rever a trilogia original no conforto do seu lar, pois o filme encaixa perfeitamente no fascínio “Star Wars”. Prova da sua colossal pujança é o facto de subsistir perfeitamente sem as duas prequelas. A solidez do filme é tão cabal que a prequela da fenomenal Trilogia original deveria ser apenas este filme. O “pecado” de Lucas foi querer alongar a história de Vader, quando lhe bastaria apresentar esta relíquia. “Revenge Of The Sith” é a ponte incomensuravelmente digna entre as duas trilogias e fecha de forma excelsa a saga. Devolve aos nossos sentidos o esplendor simbólico da ilustre Ópera Espacial e desta forma a saga atinge triunfalmente o seu termo. “Star Wars” nunca quedará numa galáxia muito distante da memória cinematográfica.

sexta-feira, maio 20, 2005

Charlie And The Chocolate Factory



Eis que a 11 de Agosto deste ano estreia a nova obra do aclamado realizador Tim Burton (“Beetlejuice”, “Edward Scissorhands”, “Batman”, “Ed Wood”, “Sleepy Hollow”, “Big Fish”, entre outros).

“Charlie and the Chocolate Factory” é baseado no livro de Roald Dahl, ao qual Burton oferece o seu estilo visual utópico.
O filme é sobre um excêntrico Willy Wonka, dono de uma fábrica de chocolate onde opera a sua singular equipa de Oompa-Loompas, e Charlie um rapazinho de bom coração nado numa pobre família, que vive sob as sombras da extraordinária fábrica de Wonka. Charlie sonha com os chocolates que adora, mas não tem possibilidades para comprá-los.
Há muito isolado da sua família, Wonka lança um concurso para seleccionar o herdeiro do seu império de doces. Cinco sortudas crianças, incluindo Charlie miraculosamente, arrebatam o premiado bilhete que sai nas barras de chocolate Wonka, e ganham uma visita guiada à lendária empresa, que há 15 anos não é vislumbrada por nenhum forasteiro. Deslumbrado visão após visão pela peculiar indústria, Charlie é sugado pelo fantástico mundo de Wonka, onde várias surpresas o aguardam.

Sobre a equipa do filme, refiro a presença do meu actor preferido, Johnny Depp. É o quarto filme que conta com a dupla-maravilha Burton-Depp, após “Edward Scissorhands” (1990), “Ed Wood” (1994) e “Sleeppy Hollow” (1999). No final deste ano sai a quinta colaboração: o filme animado em stop-motion “Corpse Bride”.
O jovem Freddie Highmore, após impressionar Johnny Depp em “Finding Neverland” (2004), levou o influente actor a convencer Burton para a sua escolha no papel de Charlie Bucket.
Como designer de produção Tim Burton escolheu Alex MacDowell, responsável pelos visuais espectaculares de filmes como “Fight Club” ou “Minority Report”. Danny Elfman o sublime amigo de Burton é novamente o responsável musical.

quinta-feira, maio 19, 2005

Hauru No Ugoku Shiro



Hauru No Ugoku Shiro (aka Howl’s Moving Castle) é a mais recente pérola de Hayao Miyazaki.

Miyazaki é um dos melhores realizadores de animação japoneses (desenhando, escrevendo e realizando a maioria de seus filmes), mesclando elementos de fantasia, humanismo e alguns temas ecológicos. Os argumentos alegóricos e entretidos, a ternura das personagens e a animação de tirar o fôlego elevaram o seu reconhecimento pela crítica internacional, além do culto gerado em seu torno pela população nipónica. Com o compromisso da Disney em apresentar os seus filmes ao resto do mundo, mais pessoas terão a possibilidade de apreciar a enorme categoria dos trabalhos que ele ofereceu aos espectadores de cinema.

Hayao Miyazaki cedo atraiu atenções pela sua incrível capacidade para desenhar e pela sua interminável torrente de ideias cinematográficas.
Das suas mais famosas e fantásticas criações encontram-se a série de TV “Mirai Shônen Conan” (aka “Conan, o rapaz do futuro”), e os filmes “Nausicaä”, “Tenko No Shiro Rapyuta”, “Tonari No Totoro”, “Majo No Takkyûbin”, “Mononoke-Hime” (aka “Princesa Mononoke”) e o genial “Sen To Chihiro No Kamikakushi” (aka “A Viagem de Chihiro”).
Em 2001, com o lançamento de “A Viagem de Chihiro”, arrebatou definitivamente a crítica internacional alcançando vários galardões para “Melhor Filme”, como o prestigiante Urso de Ouro em Berlim e o Oscar de “Melhor Filme Animado” na 75ª edição da Academia.

O último filme de Miyazaki é “Hauru No Ugoku Shiro”, baseado no romance de Diana Wynne Jones. O filme foi aclamado no festival de Veneza em 2004, mas só estreia este ano no nosso país a 13 de Outubro.
O excelso autor transporta as audiências para um novo mundo de fantasia, celebrando o poder de remodelação do amor, e o arrojo do espírito humano perante a adversidade.
Sofî, uma rapariga adolescente que trabalha na loja de chapéus de sua mãe, é enfeitiçada por uma malvada bruxa, que a transforma numa velhinha. Envergonhada pela sua recente aparência, foge para as colinas onde deambula um misterioso castelo. Consta-se que tal castelo pertence a um belo e jovem feiticeiro chamado Hauru (Howl é o seu nome na dobragem americana a cargo da Disney), que acarreta uma má reputação.
Ela embarca no castelo e torna-se amiga de Calcifer (um demónio do fogo) que está encarregue de fornecer energia ao castelo, pois efectuou um contrato com Hauru. Calcifer apercebe-se do feitiço de Sofî e propõe libertá-la do encantamento se ela o ajudar a libertar-se de Hauru.
Entretanto Hauru também consegue distinguir o feitiço de Sofî e apaixona-se pelo que ela representa, e não pelo que ela aparenta.
Personagens extraordinárias, imagens inventivas e arte pictórica deslumbrante fazem desta nova Obra-Prima de Miyazaki uma inesquecível experiência cinematográfica.

Para acederem ao trailer cliquem aqui.

quarta-feira, maio 18, 2005

The Da Vinci Code



A Columbia Pictures revelou o teaser trailer para o filme “The Da Vinci Code”, que estreará em Maio de 2006.

Ron Howard e Akiva Goldsman (respectivamente o realizador e argumentista de “A Beautiful Mind”) reuniram-se novamente para adaptar ao grande ecrã o best-seller de Dan Brown, “O Código Da Vinci”, um dos mais populares e controversos romances dos últimos anos. A liderar o elenco de actores estão nomes como Tom Hanks (duplamente oscarizado com “Forrest Gump” e “Philadelphia”), Audrey Tautou (a doce Amélie de “Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulin”), Ian McKellen (Gandalf em “The Lord Of The Rings”), Alfred Molina (Doctor Octopus em “Spiderman 2”) e Jean Reno (Leon em “Léon” de Luc Besson).

A sinopse do filme é a seguinte: Durante a sua estadia profissional em Paris, o simbologista e professor em Harvard, Robert Langdon (Tom Hanks), recebe uma urgente chamada nocturna: o respeitável Curador do Louvre foi assassinado dentro do famoso museu. Momentos antes de morrer, Jaques Saunière consegue deixar uma mensagem cifrada na cena do crime que apenas a sua neta, a criptologista francesa Sophie Neveu (Audrey Tautou), e Robert Langdon conseguem desvendar. Ambos descobrem que o Curador era Grão-Mestre do Priorado de Sião – uma sociedade secreta que já contou nas suas fileiras com Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo Da Vinci, entre outros.
Os dois tornam-se suspeitos e detectives, enquanto percorrem as ruas de Paris e Londres, tentando decifrar um intrincado quebra-cabeças debruçando-se sobre alguns dos maiores segredos da cultura ocidental (desde a natureza do sorriso da Mona Lisa ao significado do Santo Graal). Se Langdon e Neveu não solucionarem o labiríntico puzzle a tempo, o segredo do Priorado e uma explosiva verdade histórica, perder-se-ão para sempre.

Para acederem ao teaser trailer basta clicarem aqui.

V For Vendetta



O novo projecto dos Wachowski Brothers (Andy e Larry) já tem nome: “V for Vendetta”.
Foi desapontante para mim, verificar um declive acentuado na carreira desta talentosa dupla aquando do lançamento de “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”. “The Matrix” era um filme suficientemente sólido para subsistir sem sequelas e quanto a mim desmistificaram o universo “Matrix”, que haviam genialmente criado no primordial filme. No entanto considero que houve um excessivo, escusado e injusto menosprezo gerado em volta dos irmãos.
Em 1996 revelavam o seu engenho (escrevendo e realizando) com o hábil thriller “Bound”. Em 1999 voltaram com “The Matrix” e numa era em que os argumentos (especialmente do género sci-fi) se tornam mais ignorantes e obtusos, recorrendo a espalhafatosos efeitos especiais como manobra de diversão para encobrir o débil conteúdo, os irmãos Wachowski provam com “The Matrix” que o estilo e a substância não necessitam de exclusividade e podem formar uma simbiose consistente e admirável.

Mas falemos então do novo projecto “V For Vendetta”. Andy e Larry serão argumentistas e produtores e o realizador será James McTeigue.
McTeigue estreia-se na realização com esta película, mas o seu currículo contém nobres participações secundárias. Senão vejamos: foi segundo assistente de realização no filme “Dark City” (1998), foi primeiro assistente de realização na trilogia “Matrix”, e foi igualmente primeiro assistente de realização no “Star Wars, Episode II: Attack Of The Clones” e no filme que estreia esta semana “Star Wars, Episode III: Revenge Of The Sith”.

Em Novembro de 2004, o filme foi anunciado. “V For Vendetta” é a adaptação cinematográfica de um romance gráfico de Alan Moore (“The Watchmen”, “Swamp Thing”, “From Hell”) ilustrado por David Lloyd. Originalmente anunciado para 2007, a data de lançamento foi antecipada para o presente ano. O filme iniciou as filmagens em Berlim, no dia 7 de Março de 2005.
Hugo Weaving substituiu James Purefoy no papel de “V”. Purefoy abandonou o filme (segundo a agência Reuters) por razões indeterminadas. Hugo Weaving é sobejamente conhecido pelos seus anteriores papéis como Mr. Smith na trilogia “The Matrix” e como Elrond em “The Lord Of The Rings”. Para o papel de Evey Hammond foi contratada Natalie Portman, conhecida pelos seus papéis como Padme Amidala na trilogia de prequelas de “Star Wars”, Alice no cativante “Closer” e Taffy Dale em “Mars Attacks!”.

Originalmente adquirido em 1988 pela DC Comics como uma série de 10 partes, “V For Vendetta” é elogiado pela sua visão e eloquência e Alan Moore (seu escritor) é considerado um dos melhores autores de Banda Desenhada.
“V For Vendetta” é uma poderosa fábula sobre perda de liberdade e individualidade. Numa história em que a Alemanha ganhou a Guerra, numa batalha que alterou a face do planeta e a Inglaterra se tornou um estado fascista, num mundo sem liberdade política e individual, surge uma misteriosa personagem com uma branca máscara de porcelana, que luta a opressão política com terrorismo e actos aparentemente absurdos (nesta forma de oposição encontra-se a profunda ironia da obra). Tal figura é conhecida como “V” (Hugo Weaving). Durante a sua luta contra a tirania, ele salva Evey (Natalie Portman), uma rapariga que se tornará sua aliada na peleja contra a corrupta e cruel sociedade. Evey tentará desmascarar a verdade do enigmático passado de “V” e encontrará respostas sobre si própria.
“V For Vendetta” é um conto sobre as obscuras linhas ideológicas entre o Bem e o Mal.
O filme tem data de lançamento para Novembro deste ano.

terça-feira, maio 17, 2005

The Chronicles Of Narnia: The Lion, The Witch And The Wardrobe



A adaptação cinematográfica da notável Obra-Prima da Literatura Infantil de C.S. Lewis, “The Chronicles Of Narnia”, já tem o seu teaser trailer online no site oficial do filme, ”Narnia.com”.

“The Lion, The Witch And The Wardrobe” foi o primeiro dos sete livros das Crónicas a ser escrito e relata as aventuras de quatro crianças (Peter, Susan, Edmund e Lucy) que durante a Segunda Guerra Mundial são deportadas de Londres para a casa de um excêntrico professor. A vida na casa torna-se enfadonha até que Lucy descobre um guarda-fatos que serve de portal para um mágico mundo chamado Narnia, onde os animais falam e são governados pelo imponente, majestoso, sábio e benevolente leão Aslan. Depressa as crianças se apercebem que nem tudo decorre bem em Narnia. A terra encontra-se num perpétuo Inverno criado pela malvada Rainha Branca, que transforma todas as criaturas desobedientes em pedra. As crianças juntam-se a Aslan e seus fiéis animais, para derrubarem a Perversa Rainha e dissolverem o Eterno Inverno.

A adaptação para a grande tela está a cargo do realizador Andrew Adamson (“Shrek”). De referir ainda a presença de um brilhante Director de Fotografia: Donald M. McAlpine, responsável pela fotografia do magnífico “Romeo + Juliet” de Baz Luhrmann em 1996.
O filme estreará em Dezembro do presente ano, sendo um dos grandes filmes para a quadra Natalícia.

segunda-feira, maio 16, 2005

Prefácio

O dramaturgo William Shakespeare proferia que «o objectivo da Arte é dar forma à vida». O brilhante poeta Edgar Allan Poe proclamava que «a Arte é a reprodução do que os Sentidos apreendem da Natureza, filtrado através da Alma». O pintor espanhol Pablo Picasso expressava que «a Arte varre da Alma o pó do quotidiano». Durante a minha vida calcorreei trilhos que convergiam para a contemplação de diversas formas de Arte. É através da Arte que conseguimos flutuar bem acima da nossa consistência física e alcançar admiráveis pontos de vista existenciais. Perspectivas essas que se encontram ocultas aos nossos sentidos, graças ao torpor gerado pelo quotidiano do nosso sórdido globo. Adoro pintura, deslumbro-me com fotografia, absorvo literatura, flutuo com música e venero Cinema. Graças ao Cinema não perecemos contemplando um mundo singular (o nosso), mas divagámos por múltiplos e diversos mundos de talentosos artistas. No auge dos filmes de ficção científica, os críticos falavam de Sense of Wonder. Uma superior Obra-Prima perdura graças ao vórtice que escancara diante de nossos olhos, atordoando e sugando deleitosamente os nossos sentidos. Nós não vemos personagens directamente nos olhos, nós vemos através dos seus olhos. Aqui, neste recanto, estabeleço o meu repositório de paixões cinéfilas. Aqui, estabeleço uma das minhas alas terapêuticas. Por TI. Para TI!
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