terça-feira, janeiro 31, 2006

Momento Zen

domingo, janeiro 29, 2006

"The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe", de Andrew Adamson

Class.:



O evangelho segundo C.S. Lewis

Projectando a reconstituição de glórias passadas, a Walt Disney Enterprises contratou um dos responsáveis pelo repelão que sofreram do Olimpo da Animação: o realizador dos dois filmes de Shrek, Andrew Adamson. Para financiar o projecto como “produtor silencioso”, surgiu o abastado Philip Anschutz, forte apoiante de Bush e apologista de entretenimento socialmente conservador. “The Lion, the Witch and the Wardrobe” promete uma excursão por um mundo imaginário aflorado por questões entre bem e mal, vida e morte, confiança e traição, mas o resultado final é um filme que simula uma aula de catequese com animais falantes, manipulado por produtores jactanciosos que passam mensagens sub-reptícias: a expressão «Aslan is on the move» aproxima-se de forma inquietante, do axioma presidencial americano «Freedom is on the march». Infelizmente, ainda existem responsáveis da Sétima Arte que confundem jornada mitológica, com jornada teológica.
"The Lion, the Witch and the Wardrobe" representa a primeira de sete incursões num universo paralelo denominado Narnia, trespassado ocasionalmente por crianças do nosso mundo. O que distingue o trabalho de C.S. Lewis dos restantes romances do género fantástico é o seu evidente simbolismo religioso, revelando a sua faceta de cristão devoto, responsável por vários trabalhos teológicos. A narrativa segue as aventuras de quatro crianças (Peter, Susan, Edmund e Lucy) que durante a Segunda Guerra Mundial são deportadas de Londres para a casa de um excêntrico professor. A vida na casa torna-se enfadonha até que Lucy descobre um guarda-fatos que serve de portal para um mundo mágico chamado Narnia, onde os animais falam e são governados pelo imponente, majestoso, sábio e benevolente leão Aslan. Depressa as crianças se apercebem que nem tudo decorre bem em Narnia. A terra encontra-se num perpétuo Inverno criado pela malvada Rainha Jadis, que transforma todas as criaturas desobedientes em estátua. As crianças juntam-se a Aslan e seus fiéis animais, para tentarem derrubar a Perversa Rainha e dissolver o Eterno Inverno.

Os efeitos especiais são soberbos, garantindo o nobre desenlace plástico do filme e apenas um par de interpretações acompanha a excelência de Tilda Swinton. James McAvoy desempenha de forma idónea o fauno Mr. Tumnus (personagem digital da cintura para baixo) e Georgie Henley (a pequena Lucy) é o coração do filme, graças à sua ternura, curiosidade expressiva e irresistível sorriso que funciona como um autêntico triunfo na dentição britânica. Contudo, é Tilda Swinton (Rainha Jadis) quem impera numa sublime interpretação glacial, que representa um prodígio de ameaça contida. Mesclando uma exasperação arrepiante, um divertimento gélido e uma cólera árctica, Swinton ministra um soberbo desempenho, congelando os miúdos, anões e personagens CGI que a circundam.



Um vasto rol de comparações foi apresentado entre a trilogia “The Lord of the Rings” e Narnia, tendo como base a amizade entre Tolkien e Lewis, a participação da Walden na concepção plástica e o próprio género cinematográfico. No entanto a sumptuosidade da obra literária de Tolkien e da excelsa adaptação cinematográfica de Peter Jackson, remetem Narnia para a sombra da colossal Middle Earth. Aliás, Narnia aparenta a dimensão de uma pequena nação que poderia ser atravessada em alguns dias, nunca adquirindo a intensidade cartográfica do delineamento redigido por Tolkien e exposto por Jackson.

O realizador Andrew Adamson participa no seu primeiro filme com imagens reais após os dois Shreks, numa transição algo facilitada tendo em conta a elevada fracção de personagens CGI. As cenas são delicadas, com uma centelha de imaginação infantil, mas a audácia é praticamente nula, empalidecendo tremendamente ao lado de um “The Wizard of Oz” ou da trilogia do Anel. Adamson tornou o filme derivativo e genérico ao colocar ênfase na espectacularidade, investindo pouco no charme que representa o ponto forte da fábula, bem patente na encantadora interacção de Lucy com o fauno Mr. Tumnus.

“The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe” é uma fiel adaptação cinematográfica da imortal obra literária de C.S. Lewis, mas sofre do mesmo estigma que delimita a obra literária. O conto possui brilhantes alicerces de fantasia, que acabam por descambar numa irritante tendência para a pregação religiosa. No final fica a insípida sensação de ter sido evangelizado, em vez de ter vivido o sonho de deambular num extraordinário cosmos. As amplificações doutrinais restringem a própria ficção. Narnia deveria ser uma terra distinguida pela mitologia, nunca pela teologia.

sábado, janeiro 28, 2006

Lumière 2006: E os vencedores são...



Como prometido, aqui ficam os grandes vencedores (e os quase vencedores) da segunda edição dos "Prémios Lumière". “Million Dollar Baby” sucede a “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” (grande vencedor da primeira edição), arrecadando 6 categorias, incluindo melhor filme.
E os vencedores são...

Melhor Filme
Million Dollar Baby
runner-up - Oldboy

Melhor Realizador
Clint Eastwood
runner-up - Tim Burton

Melhor Actor
Javier Bardem
runner-up - Johnny Depp

Melhor Actriz
Hilary Swank
runner-up - Imelda Staunton

Melhor Actor Secundário
Morgan Freeman
runner-up - Clive Owen

Melhor Actriz Secundária
Natalie Portman
runner-up - Cate Blanchett

Melhor Argumento
Million Dollar Baby
runner-up - Crash

Melhor Montagem
The Aviator
runner-up - Million Dollar Baby

Melhor Fotografia
Million Dollar Baby
runner-up - House of the Flying Daggers

Melhor Banda Sonora
Corpse Bride
runner-up - Elizabethtown

Melhor Filme de Animação
Corpse Bride
runner-up - Wallace and Gromitt

Revelação Masculina 2006
Zach Braff
runner-up - Nuno Lopes

Revelação Feminina 2006
Rachel McAdams
runner-up - Catalina Sandino Moreno

quinta-feira, janeiro 26, 2006

R.I.P.: Chris Penn (1965-2006)


(Descansa em paz, Nice Guy Eddie)

quarta-feira, janeiro 25, 2006

26º Fantasporto abre com Coisa Ruim



Coisa Ruim” de Tiago Guedes e Frederico Serra será o filme de abertura da 26ª edição do Fantasporto, que decorre entre os dias 20 de Fevereiro e 5 de Março. Esta será a primeira longa-metragem nacional a inaugurar o Fantasporto, anunciada como a história inquietante de uma família lisboeta que recebe como herança uma casa amaldiçoada, numa pequena aldeia do interior. As cinematografias homenageadas este ano pelo festival serão as da Hungria e da Alemanha.

Pessoalmente, fico muito feliz por constatar a oportunidade concedida no formato longa-metragem à nossa nova geração de realizadores, que despontou nos últimos anos em curtas-metragens. Fico igualmente deleitado pela retrospectiva dedicada ao expressionismo patente em clássicos de Fritz Lang e Friedrich Murnau.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Disney compra a Pixar



Está confirmadíssimo e foi tornado oficial: a Pixar Animation Studios foi adquirida pela Disney pela módica quantia de sete biliões de dólares e Steve Jobs irá ocupar o trono de chefia. Será esta é a única forma da Disney voltar aos seus tempos de glória, uma vez que as últimas temporadas têm sido pautadas por uma mediocridade que não dignifica a sua história mágica?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Scanner Darkly



A estreia mundial para “A Scanner Darkly” de Richard Linklater (“Before Sunrise”, “Before Sunset”) foi oficializada para o dia 7 de Julho. O filme será protagonizado por Keanu Reeves, que desempenha um agente infiltrado na investigação de uma droga destrutiva, que o arremessa numa jornada alucinante. Woody Harrelson, Robert Downey Jr. e Winona Ryder também participam nesta adaptação animada de um romance de Philip K. Dick (autor de culto, cujos livros geraram algumas obras cinematográficas de renome – “Blade Runner”, “Minority Report”).

A peculiar característica do novo filme de Linklater é o facto de utilizar a técnica de Rotoscopia. Trata-se de uma técnica que poderá ser considerada como a desajeitada precursora da moderna captura de movimento digital, pois engloba uma mistura de cenas filmadas em imagem real e sobrepostas a uma película que imita uma textura de animações flash. Richard Linklater já havia criado em 2001 um filme com a mesma técnica, intitulado “Waking Life”.

Para visionarem o trailer, cliquem na imagem acima exposta.

domingo, janeiro 22, 2006

Momento Zen

quinta-feira, janeiro 19, 2006

"Corpse Bride", de Tim Burton e Mike Johnson

Class.:



Animação de tombar o queixo… literalmente!

Seja na direcção de extra-terrestres, macacos, homens-morcego ou mortos, Tim Burton nunca se abstraiu de duas paixões temáticas: a alusão a uma realidade distinta daquela que experimentamos e a colisão de universos. A fábula “Corpse Bride” começa com os preparativos para as bodas de Victor Van Dorst com Victoria Everglot. Ambos se conhecem apenas na véspera do casamento, já que a sua união foi arranjada pelos pais, numa era Victoriana. Apesar do crescente enamoro por Victoria, Victor atrapalha-se durante o ensaio para a cerimónia e desorientado, acaba na sinistra floresta que circunda a cidade onde vive. Sem querer, acaba por desposar a Noiva Cadáver, uma jovem abandonada e assassinada por um suposto pretendente, que jurou não descansar em paz até encontrar o verdadeiro amor. Victor é então arrastado para o lar da putrefacta esposa: a Terra dos Mortos.
O refinado gracejo do filme consiste na disparidade entre a soturnidade da vida e o júbilo que regula o mundo dos mortos. O mundo real é pincelado numa coloração lúgubre, enquanto na Terra dos Mortos as ruas são banhadas por explosões de cores e povoadas por esqueletos, cadáveres desmembrados e em decomposição que circulam em constante folia. É como se as pessoas tivessem sido libertadas das constrições e hipocrisia que oprimem aqueles que vivem acima do solo. Até a pálida face de Victor adquire uma leve tonalidade rosada, neste peculiar local.

Tim Burton tem sucesso novamente, ao moldar a sua devoção às técnicas de animação tradicionais, convertendo-a num triunfo de marketing. Fica novamente provado que Burton opera melhor quando a sua indomável imaginação não é filtrada por raios de acção constritos. Tecnicamente, “Corpse Bride” resulta de um laborioso processo (Animação Stop-Motion) que tem ressurgido nos últimos anos, pois oferece aos animadores uma excelsa alternativa às intimidações do CGI. A incidência de luz real contornando de forma inefável um objecto físico, dificilmente virá a ser suplantada no seu encanto.


“Corpse Bride” apresenta uma técnica mais polida que aquela apresentada em 1993 com “The Nightmare Before Christmas” (afinal de contas já passou uma década), mas é efectivamente menos distinto que o predecessor. É certo que os filmes exploram diferentes sensibilidades, pois enquanto “The Nightmare Before Christmas” era a visão de Burton sobre o Natal, “Corpse Bride” é a sua visão do matrimónio, mas até as canções de Danny Elfman são menos memoráveis que aquelas apresentadas em filmes predecessores, revelando uma inquietante insistência em reciclar notas já compostas e quebrando o ritmo da narrativa na longa e entediante apresentação da história da noiva. Contudo existem momentos de rara beleza musical (como o solo de piano de Victor) e a composição final comporta um delicado equilíbrio entre o arrepiante e o extravagante.
Uma das curiosidades é constatar novamente o fetiche de Burton por mulheres desmembradas. Sob a genial camada formada pela temática de autor de Burton, por deliciosas alusões cinematográficas (desde filmes de horror, até uma especial a “Gone with the Wind” com a mítica frase «Frankly my dear, i don't give a damn») e divertidas piadas visuais, existe um âmago polvilhado pela exacta ternura e encanto que impulsionam fábulas a ressoar de geração em geração.
Sob o atraente humor negro e conto de fadas macabro, pulsa uma fascinante veia romântica. “Corpse Bride” é um deslumbrante poema visual, uma melancólica ode ao amor e ao sacrifício, ornamentado pela sensibilidade gótica de Burton e alguma da idoneidade musical de Elfman. Apesar das reviravoltas algo previsíveis, e do argumento algo descosido, o último quarto de hora é fenomenal, retratando a subida dos mortos ao mundo dos vivos, num hilariante derrame de humor negro que exala abundantemente em cada cena, como o aroma de um cadáver em decomposição, culminando numa representação final lustrosamente mágica. Graças ao amor, dedicação e talento que alguns animadores manifestam, “Corpse Bride” prova novamente como a animação tradicional permanece deslumbrante e longe da putrefacção.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Paul T. Anderson com sangue novo



There Will Be Blood”.
Não, não me refiro à tagline de “Saw II”. Refiro-me ao título do próximo projecto do genial realizador Paul Thomas Anderson (“Boogie Nights”, “Magnolia”, “Punch-Drunk Love”). Será baseado no romance “Oil!” de Upton Siclair, datado de 1927, sobre a faceta daninha da exploração petrolífera na Califórnia do Sul, quando a mesma se tornou o equivalente à caça ao ouro.

A presença de Daniel Day-Lewis (um dos meus actores preferidos) já foi confirmada no elenco, interpretando um prospector do ramo da exploração petrolífera. O argumento será redigido pelo próprio Paul T. Anderson, na sua primeira obra oficial a empregar um argumento adaptado. A história é descrita como um conto de avareza e fé, assim que o prospector se apercebe do sonho americano e é destruído pelo mesmo. As filmagens começam em Maio, no Texas e Novo México.

terça-feira, janeiro 17, 2006

O próximo projecto da Walden Media


A Walden Media decidiu dar continuidade às adaptações de excelsas obras da Literatura Fantástica mundial e adquiriu os direitos sobre a trilogia literária da escritora Isabel Allende, que segue o jovem aventureiro Alexander Cold. O primeiro livro, “City of the Beasts” (“Cidade dos Deuses Selvagens”), será produzido por Barrie Osborne (“The Lord of the Rings”).

Publicado em 2002, “City of the Beasts” foi um best-seller internacional. Após o adoecimento da sua mãe, o jovem Alexander Cold parte com a excêntrica avó Kate numa expedição da National Geographic pela selva amazónica, em busca de um lendário animal que os indígenas apelidam de «a besta». Os restantes membros da expedição liderada por um petulante antropólogo são dois fotógrafos norte-americanos, uma bela médica, um guia venezuelano e Nadia Santos, a sua surpreendente filha de nove anos que estabelece uma amizade especial com Alexander.

Os subsequentes livros da trilogia, “Kingdom of the Golden Dragon” (“Reino do Dragão de Ouro”) e “Forest of the Pygmies” (“Bosque dos Pigmeus”) foram publicados em 2004 e 2005, respectivamente. “City of the Beasts” será o terceiro livro de Isabel Allende a sofrer uma adaptação cinematográfica, após “Of Love and Shadows” (com Jennifer Connelly e Antonio Banderas) e “The House of the Spirits” (com Jeremy Irons e Meryl Streep entre outros). Trata-se de uma viagem repleta de perigos, maravilhosas experiências e espectaculares surpresas, onde a realidade se funde com a ficção. Allende descreve um mundo desconhecido para muitos (a Amazónia) e alerta para preocupações ecológicas constantemente olvidadas. Apesar de ter sido idealizado para um público mais jovem, o brilhante romance alastrou rapidamente para escalões etários superiores.

Altamente recomendado pelo chefe de redacção deste humilde blog.

domingo, janeiro 15, 2006

"Jarhead", de Sam Mendes

Class.:

Jarros Humanos

A guerra desintegra psiques. Esta é uma realidade incontestável, mas raramente expressa no Cinema até ao advento da década de 70, quando despontaram filmes sobre o Vietnam. Essa guerra contraproducente, além de ter colhido múltiplas vida, desvairou mentes com acontecimentos nefastos que ainda repercutem nos dias de hoje, graças ao clã Bush. “Jarhead” analisa a vivência de soldados americanos durante a Guerra do Golfo pelo olhar do soldado Anthony Swofford (Jake Gyllenhaal), numa estadia que consistiu numa combinação deletéria de inquietação, tédio, desgosto e frustração.

“Jarhead” é um diferente espécimen de filme Anti-Guerra, pois é um filme de guerra sem a projecção da mesma. É um drama com pinceladas de absurdo e subtis contornos de comentário pessoal. O facto de um filme evidenciar material já explorado e filtrado em películas predecessoras não esmorece ou danifica a sua possível qualidade, mas “Jarhead” sofre apenas com alguma falta de audácia. As hostes questionam a lealdade das mulheres que foram forçados a abandonar, a confiança nos companheiros e a própria valentia. Quando muitos realizadores ofertariam respostas, Mendes deixa-nos a flutuar num primoroso limbo.

Os soldados encontram-se aprumados para combate, mas não existe um destino consolidado, exceptuando a próxima duna onde encontrarão mais deserto, inutilidade e tédio. Os marines não recebem a alcunha de Jarhead apenas pelo seu corte de cabelo. Eles são manuseados como um jarro (“jar” em inglês): esvaziados e depois atestados com instruções de sobrevivência, caça, assassinato e doses consideráveis de essência militar. “Jarhead” ressalva como estes jarros humanos nunca são preenchidos com noções sobre como se reajustarem à vida civil.

“Jarhead” é um filme sobre perda. Não sobre a destruição da vida física, mas sobre a deterioração numa plataforma anímica. Retrata o extravio existencial de soldados, banidos do seu quotidiano e do aconchego da sua namorada/esposa, família, amigos e emprego. Este processo de transmutação da personalidade é um dos pontos exponenciais de “Jarhead”, gerando a sua distinção relativamente aos restantes e inúmeros filmes do género. É uma genuína decomposição dos eventos nocivos, com uma extremidade que roça o surreal. Após sumária reflexão, encaixa-se a razão da inserção de elementos satíricos, extravagantes e fantásticos em obras deste género: é a forma pela qual uma mente racional encontra sentido na experiência. A virtude de “Jarhead” é escavar a verdade na sua forma indigesta. Um dos seus predicados, que muitos confundirão com defeito, é o facto de não pretender fazer sentido (será que alguma guerra faz sentido?), contendo relevante significado. A ambiguidade retrata nitidamente a experiência daninha de Swofford.

De forma honrosa, Mendes despende algum tempo homenageando filmes de guerra, como “Full Metal Jacket” de Stanley Kubrick (na estrutura do segmento inicial) ou mencionando dignamente “The Deer Hunter” de Michael Cimino. Um tributo especial sucede quando os soldados visionam “Apocalypse Now” de Francis Ford Coppola, na memorável cena da “Cavalgada das Valquírias” de Wagner. Existe um longo historial de relatos afirmando que filmes de guerra são utilizados para instigar obediência e vigor nos militares. “Jarhead” nunca será exibido para atiçar exércitos, graças à sua depressiva dissecação do “outro lado” da Guerra do Golfo, mas existe aqui uma história honesta que merece ser contemplada.

O deslumbrante génio estilístico de Mendes derrama sucessivas imagens arrebatadoras, com um primor plástico avassalador. É um mestre na construção de cenas com um forte sentido de impacto visual e psicológico, contando com a colaboração do excelso director de fotografia Roger Deakins, capturando de forma esplêndida a luz e textura do deserto. Deakins, que conta no seu currículo com 5 nomeações para os Oscares, constrói um ambiente surreal ornamentando o filme com cenas esplendorosas e transcendentais.

Além das sumptuosas imagens existe a poderosa tensão sexual e a urgência homicida que assola as tropas, projectando uma espécie de subversão dos estereótipos dos filmes do género. Envolvidos numa asfixiante crise de inércia, os soldados desatinam executando peculiares actividades que vão desde uma especial festa de Natal ao acto da masturbação. Esta explosão hormonal funciona em parte como uma metáfora para o esforço dispendido sem compensação concreta. Para garantir coesão e uma índole íntima na história, os actores envolvidos empregam todo o poder dos seus arsenais. Jamie Foxx redime-se da incursão em “Stealth”, num papel concludente, apaixonado e enigmático. No entanto, Jake Gyllenhaal (“Donnie Darko”, “Brokeback Mountain”) absorve todas as alvíssaras, sendo uma das mais poderosas insígnias do filme. Crescendo de forma avassaladora filme após filme, Gyllenhaal narra igualmente o filme numa entoação irónica. Revela um intenso e fulgurante desempenho, projectando o degenerativo efeito psicológico que vibra através de uma geração.

Se o filme atear frustração no espectador, então Sam Mendes atinge categoricamente o seu intuito. O que é propositadamente olvidado em velocidade é profundamente acumulado no seu sentido de propósito. Mendes foca-se nos paradoxos enfrentados pelos soldados, ao invés de construir uma ideologia moral. Alguns irão expressar desapontamento pela inactividade, mas pessoalmente considero “Jarhead” um triunfo numa era cinematográfica em que a perniciosa rotina nos habituou a aguardar filmes de guerra estereotipados. “Jarhead” é uma pujante bomba, delineada para detonar o convencionalismo minado dos filmes do género.

sábado, janeiro 14, 2006

"Ultraviolet" - o trailer



O trailer para “Ultraviolet” de Kurt Wimmer (“Equilibrium”) atingiu os escaparates. A acção decorre num tardio século XXI, onde uma subcultura humana emergiu após ser modificada geneticamente por uma doença vampírica (Hemophagia), fornecendo-lhes velocidade, destreza e inteligência apuradas. Após tal disparidade para com humanos “normais” e “saudáveis”, o planeta eclode numa guerra civil universal (entre humanos e hemophages), destinada a suprimir a população “enferma”. Entre este fogo cruzado, uma mulher infectada, Violet (Jovovich), terá de lutar pela sua sobrevivência após ser marcada pelo governo como ameaça à raça humana.

O trailer e a premissa exibem uma desgostosa aura de “Resident Evil”, mas a minha confiança em Wimmer é imensa. O seu apurado sentido de estilo e a sua refinada manipulação de acção são soberbos e encontram-se asseverados pelo trailer. Fico igualmente satisfeito por vê-lo lidar novamente com a fascinante técnica gunkata (mescla de artes marciais e tiroteio desenvolvida pelo próprio). Em suma, apesar da vibração de previsibilidade que paira, o trailer apresenta imagens com um tratamento bastante excitante graças ao engenho de Wimmer na criação de cenas com acção trepidante e visuais aprimorados.

O filme estreia mundialmente a 24 de Fevereiro e para acederem ao trailer cliquem na imagem acima exposta.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Bardem será Fidel

O realizador Steven Soderbergh (“Sex, Lies and Videotape”, “Traffic”, “The Limey”) elegeu o actor espanhol Javier Bardem (“Carne Trémula”, “Mar Adentro”) para desempenhar Fidel Castro no seu próximo filme, “Che”. Para protagonizar o revolucionário argentino Che foi escalonado o porto-riquenho Benicio Del Toro (“21 Grams”, “Traffic”), que voltará desta forma a trabalhar com Soderbergh. O filme será baseado nos documentos da CIA que foram tornados público recentemente e segundo Soderbergh, «será uma biografia épica focada nos derradeiros anos de luta do mítico líder revolucionário, até ao seu desenlace na Bolívia».

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Prémios Lumière 2006

Termina este Domingo o período de votação para a eleição dos Prémios de Cinema Lumière. A segunda edição dos Lumière conta com trinta membros no júri, no qual me encontro orgulhosamente incluído graças ao convite do ilustre colega do blog Hollywood, Miguel Lourenço Pereira. Os Lumière visam nomear os melhores de 2005 na área da Sétima Arte, através das seguintes categorias:

Melhor Filme
Melhor Realizador
Melhor Actor
Melhor Actriz
Melhor Actor Secundário
Melhor Actriz Secundária
Melhor Filme Animado
Melhor Argumento
Melhor Banda Sonora
Melhor Montagem
Melhor Fotografia
Jovem Promessa Masculina
Jovem Promessa Feminina

Relativamente aos trinta membros do Júri, quinze estão ligados ao Cinema e outros quinze à “sociedade civil” da blogosfera. Os recantos de contemplação obrigatória são:

À Deriva
A Origem do Amor
Afixe
Antestreia
Atrium
Black Spot
BLOGotinha
Blogue dos Marretas
Cineblog
CoeXisT
Cine-Ásia
2 Rosas
DVD
Ensaio Geral
Filho do 25 de Abril
Gonn1000
Gatas QB
Hollywood
Miguel Galrinho
Mise en Abyme
Movies Universe
Mas Certamente Que Sim!
Memória Virtual
Os Intocáveis
O Vilacondense
Pipoca Rasca
Pasmos Filtrados
Rollcamera...action!
Royale With Cheese
Troll Urbano

Os vencedores serão anunciados simultaneamente em cada um destes trinta espaços no dia 28 de Janeiro de 2006.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Adivinhem quem já tem poster

Aqui fica um belo exemplo da originalidade (ou falta dela) que envolve este projecto desde o início. Sinceramente não aguardava outra imagem para este cartaz promocional (francês), pois a previsibilidade abunda nesta sequela. Existem películas que nunca deveriam receber uma sequela e os responsáveis por tais barbaridades deveriam ser fustigados durante 24 horas com alfinetadas sob as unhas.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Where the Wild Things Are

A Warner Bros. apoderou-se do projecto que visa adaptar cinematograficamente o fabuloso clássico da literatura infantil, “Where the Wild Things Are” de Maurice Sendak. A liderar o projecto ficará nada mais, nada menos que Spike Jonze, o prodigioso cineasta autor dos formidáveis “Being John Malkovich” e “Adaptation.”, que já colaborou proficuamente com a primorosa cientista musical Björk e mais recentemente realizou um estupendo anúncio para a marca Adidas.

“Where the Wild Things Are” foi publicado em 1963 e aquando do seu lançamento, a temática que envolvia emoções obscuras era invulgar na literatura infantil, nomeadamente no formato ilustrado. O argumento do livro é baseado nas consequências do endiabrado comportamento de um jovem rapaz, utilizando o elemento fantástico. Certa noite, Max mascara-se no seu fato de lobo e comete diversas travessuras (desde perseguir o cão empunhando um garfo). Após um raspanete da sua mãe que o apelida de «coisa selvagem» (Wild Thing), o petiz responde-lhe indecorosamente e ela envia-o para o quarto sem direito a jantar. Aí, Max dá azo à sua imaginação e converte o seu quarto num extraordinário panorama, num mundo povoado por criaturas selvagens que o coroam como seu rei.

A criativa imaginação de Maurice Sendak (como escritor e artista) é humorada e ligeiramente assustadora, consoante a fantasia e a raiva de Max. O tema, o conflito emocional e as personagens, arrebatam a afeição de leitores dos mais variados escalões etários. Mas o que atiça a curiosidade relativamente à adaptação é a resposta à seguinte questão: como adaptar ao formato longa-metragem, um rico mas igualmente breve conto? Será que as linhas da portentosa imaginação de Jonze irão tecer alguma fiada peculiar na tapeçaria de Sendak?

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Momento Zen

sábado, janeiro 07, 2006

Top 5: Posters lançados em 2005

5.
“Lady in the Water”, de M. Night Shyamalan


Com uma axiomática aura de encanto, a imagem evidencia as pegadas místicas da personagem interpretada por Bryce Dallas Howard. Após o lançamento de um dos melhores teaser trailers de sempre, a próxima obra de Shyamalan projectou um deslumbrante poster.

4.
“Maria Full of Grace”, de Joshua Marston


Polémico, controverso, blasfémia… apelidem-no como desejarem. Pessoalmente, prefiro o termo: Sublime. Se para muitos a religião é o ópio do povo, para a personagem de Catalina Moreno, a droga é a sua religião. Transportá-la é o seu ofício, a sua desesperada dependência na desesperada luta pela sobrevivência. Admirável poster, para uma das soberbas surpresas do ano cinematográfico de 2005.

3.
“V for Vendetta”, de James McTeigue


É facilmente um dos melhores trabalhos artísticos do ano de 2005 na área de publicidade cinematográfica. Com um expressionismo que remonta para os cartazes pré-2ª Guerra Mundial, a imagem mescla estilo, sofisticação, história e uma robusta camada política. Suplanta a mera propaganda, resultando numa primorosa composição artística.

2.
“Munich”, de Steven Spielberg


As cortinas foram descerradas e uma ténue luz foi vertida sobre a opacidade que envolvia este projecto de Spielberg. Flutua um dominador poder reflectivo pelo cartaz, adjuvado pela infernal tensão manifestada na presença simbólica da arma. O negrume cerca o espírito acabrunhado, banhado por uma luz olímpica, divina. Imponente!

1.
“A History of Violence”, de David Cronenberg


Este é o meu poster de eleição para o ano de 2005. Incrível como uma singela imagem encerra tamanha tensão. Nuvens obscuras pairam sobre a personagem de Viggo Mortensen, pressagiando uma intempérie que intima a dissolução do seu pacífico quotidiano familiar. Magnífica inserção da arma, funcionando como real prenúncio ameaçador e ocultando a “outra face” da personagem interpretada por Mortensen. Exímio!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Volver

A comédia dramática “Volver”, o próximo filme de Pedro Almodóvar, já possui data de estreia. A produtora El Deseo (pertença do realizador espanhol) ainda não avançou uma data específica, mas a Warner (responsável pela distribuição) afixou a estreia no dia 10 de Março.

“Volver” será o 16º filme de Almodóvar, assente num dos seus territórios predilectos: o universo feminino e suas complexidades. No centro desta história encontram-se três gerações de mulheres da mesma família, que vão ultrapassando obstáculos e desgostos com coragem e sobretudo com alegria de viver. Estas personalidades basearam-se nas vivências da sua mãe, irmãs e conhecidas. Reproduzindo encontros de quintal entre vizinhas, Almodóvar recorda a sua mística iniciação como espectador, marcando um encontro com a sua génese e evocando a memória da sua mãe. Do elenco constam nomes como Penélope Cruz, Lola Dueñas e Carmen Maura, entre outros. Maura perpetua aqui a sua sétima colaboração com o realizador espanhol, sendo que a última data de 1988 com o filme “Mujeres al borde de un ataque de nervios”.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Wong Kar-wai preside Júri em Cannes

O realizador chinês Wong Kar-wai (“2046”, “Chong qing sen lin”, “Duo luo tian shi”) foi nomeado presidente do Júri da edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, a realizar entre 17 e 28 de Maio.

Apesar de ter sido formado na indústria cinematográfica de Hong-Kong, afamada pela dinâmica de espectacularidade imprimida nos seus filmes, o cineasta chinês modelou o seu género inspirando-se no Cinema europeu, particularmente nos cineastas da Nouvelle Vague. Nos seus filmes artísticos impera uma requintada evolução das suas personagens, que deambulam numa atmosfera pautada pelo seu arrojado e sedutor sentido de estilo, adjuvado por uma montagem bastante original. Wong Kar-wai é sem qualquer sombra de dúvida, um dos mais engenhosos autores do moderno Cinema Oriental.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

“El Laberinto Del Fauno” - Teaser trailer

Num exclusivo do website DVDrama.com, foi lançado o teaser trailer para o próximo filme do extraordinário realizador Guillermo Del Toro, intitulado “El Laberinto Del Fauno”. O filme narra a história de uma jovem rapariga que viaja para o norte rural de Espanha com a sua mãe e pai adoptivo, em 1944, após a vitória de Franco e respectiva ascensão do fascismo. No seu recente e decrépito lar, ela deambula por um mundo de fantasia, tentando superar a repressão fascista que assola a região.

Após ter adorado as primeiras fotos publicadas e venerado o teaser poster, fiquei pasmado com este fenomenal teaser trailer. Os planos deliciosos, o som desconcertante e a característica atmosfera sombria de Del Toro pautam este trailer que cumpre de forma maravilhosa os seus desígnios: acirrar o espectador. O filme estreará ainda este ano e para acederem ao teaser cliquem na imagem acima exposta.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Qual remake, qual quê?



Há dias surgiu um rumor que aludia a um suposto interesse de Steven Spielberg em realizar um remake de “Mary Poppins”. Este burburinho apócrifo atinge as proporções mirabolantes daquele que lançaram há meses sobre um presumível “E.T. – Part 2”. Felizmente e de forma atempada, Spielberg através do seu representante Marvin Levy, já negou peremptoriamente tal intenção. Levy disse que «eu nunca ouvi falar nisso e não conseguiria imaginar Steven a trabalhar no remake de um clássico». Estranho… sem pretender ferir susceptibilidades, não terá sido “War of the Worlds” o remake de um Clássico? A não ser que para o tal Marvin Levy, apenas a Disney tenha permissão para receber nos seus filmes o epíteto de Clássico.

É caso para dizer que esta barbaridade de remake não tem chapéu para voar. Esta é uma nega que obviamente me agrada incomensuravelmente, já que um dos meus desejos para 2006 é ver novamente Spielberg explanando o seu génio através da realização e nas suas escolhas como produtor (chinesas a interpretar japonesas em “Memoirs of a Geisha”, cuspindo na relevância das diferenças culturais entre povos orientais é de uma atrocidade inadmissível). Para alguém que recebe predicados tão pomposos, de quem tenho uma elevada admiração, espero que deixe de fazer filmes apenas para militantes fervorosos e que rebente de vez com as correntes de ócio que por vezes estrangulam os seus projectos. Espero que “Munich” (estreado mundialmente no final de 2005) seja o ponto de viragem… ou melhor, o retorno dos excelsos atributos de Steven Spielberg.

domingo, janeiro 01, 2006

Top 10: Filmes 2005

10.
“Charlie and the Chocolate Factory”, de Tim Burton

A mágica viagem ministrada por Tim Burton à inefável fábrica de chocolate de Willy Wonka acarreta pitadas de surreal e bizarro, com saudáveis doses de grotesco. O Chefe Mestre Tim Burton combinou deliciosos ingredientes para a confecção de uma saborosa fábula.


9.
“Corpse Bride”, de Tim Burton e Mike Johnson

Sob a atraente camada de humor negro e conto de fadas macabro, pulsa uma fascinante veia romântica. É um deslumbrante poema visual, uma melancólica ode ao amor e ao sacrifício, ornamentado pela sensibilidade gótica de Burton e pela idoneidade musical de Elfman.


8.
“Un Long Dimanche de Fiançailles”, de Jean-Pierre Jeunet

Visionar um filme de Jeunet é uma experiência única e praticamente inigualável no cinema actual. Idílicas, expressionistas e sonhadoras, suas imagens são como pinturas repletas de extasiantes cores e paisagens hiper-realistas. Jeunet é um realizador visionário, alguém que nos conta de uma forma ímpar e apaixonada uma épica história de amor.


7.
“Maria Full of Grace”, de Joshua Marston

Uma das agradáveis surpresas do ano, com a prodigiosa Catalina Sandino Moreno. É um filme que aceita e percebe a pobreza sem entrar numa de romantizar ou adornar o assunto, expelindo vida autêntica em todas as suas vertentes e com uma atmosfera verosímil que nos expõe motivos e resoluções de personagens plausíveis.


6.
“Sin City” de Robert Rodriguez e Frank Miller

Com uma ambiência brumosa, “Sin City” é uma vívida experiência, reveladora da virtuosa visão e inimitável estilo como artista comic de Miller e da explosiva imaginação de Rodriguez como realizador, combinando intrépida e revolucionária cinematografia com acessibilidade comercial. É uma viagem estrambólica. Uma amálgama de fascínio e repulsa.


5.
“King Kong”, de Peter Jackson

Trata-se do remake mais respeitável e inspirado da história da Sétima Arte. Existe um novo rei na cidade e quando ruge de forma assombrosa na selva que palminha majestosamente, as restantes criaturas deverão prestar vassalagem a tamanha supremacia. Refiro-me obviamente a Peter Jackson. “King Kong” é uma montanha russa de emoções, um blockbuster no qual de forma provocante, Jackson perpetua Arte através de elementos de filmes série B.


4.
"The Constant Gardener", de Fernando Meirelles

The Constant Gardener” é a história do amor entre um homem e um fantasma, na qual Ralph Fiennes e Rachel Weisz perpetuam um bailado primoroso. É uma portentosa obra lírica, com uma exímia banda sonora de Alberto Iglesias, uma fotografia impressionista de César Charlone e interpretações topo de gama. Meirelles arrancou as convencionais ervas daninhas dos filmes do género e plantou mais uma Obra ornamental no seu Jardim contemplativo.


3.
“The Descent”, de Neil Marshall

The Descent” não é apenas uma Obra-Prima do Terror, mas um verdadeiro recital cinematográfico. Marshall domina com uma perspicácia e profundidade invulgares o seu género, transcendendo-o para uma plataforma de engenhosa, inventiva e esmerada cinematografia. Uma tremenda experiência na escura caverna da Sala de Cinema.


2.
“Last Days”, de Gus Van Sant

Last Days” é uma visão mística da vida que expõe o quotidiano de um ser humano, no qual o mais subtil acto representa uma iniciação ritual. A fusão de realismo com sentimentos e fantasia resultam numa sublime obra poética. Gus Van Sant alcançou um sublime Nirvana.


1.
“OldBoy”, de Park Chan-wook

A virtuosidade ímpar de Park Chan-wook no panorama cinematográfico actual arrebata audiências para um Eden gracioso e arremessa-as violentamente para um inferno lancinante. “OldBoy” aprofunda a ambiguidade do espírito humano e respectiva fragilidade quando corrompido pelos danos inerentes ao sentimento de perda e consequente desejo de vingança. É uma peculiar mescla de mel e fel, de beleza e abominação, de amor e horror.
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