terça-feira, fevereiro 28, 2006

"Sympathy for Lady Vengeance", de Park Chan-wook

Class.:



A textura da vingança

A derradeira incursão de Park Chan-wook na sua trilogia de vinganças reveste-se de uma aura e ardor distintamente femininos. “Sympathy for Lady Vengeance” sucede à crua visão austera de “Sympathy for Mr. Vengeance” e à tremenda fábula sensorial de “OldBoy”, consumando de forma gloriosa um ensaio estilístico sobre a vingança, distribuído por três capítulos e presidido por um dos melhores realizadores contemporâneos. Construam definitivamente um altar para o cineasta e contem com o meu apoio na sua edificação. Já é mais do que altura para ser apregoada a sua excelência, evangelizada a sua majestade e iniciada a sua veneração. Park possui o engenho ideal para entreter plateias, graças ao delirante humor que incute nos seus filmes, com idênticas porções de acessibilidade e primor. Mas a densidade das mensagens que cimenta nas entrelinhas englobam profundas reflexões, elevando-o a um patamar de excelência.
Sympathy for Lady Vengeance” é a continuação da dissecação sobre a agonia e êxtase da vingança, com um nível barroco menor, mas investindo numa assoladora ressonância emocional. Torna-se mais convulso que os seus predecessores, graças a constantes flashbacks, irresistíveis flashbacks dentro de flashbacks, devaneios, emanações de cores simbólicas e cenas de completa escuridão. O filme segue a história de uma mulher (Lee Geum-ja) que só pensa em vingar-se do homem que a tramou. Para além de ter perdido a filha, a mulher passou 13 anos numa cadeia por supostamente ter raptado e assassinado uma criança e quando sai só tem uma ideia em mente: a vingança. A libertação assegura-lhe uma nova reputação graças à sua conversão ao Cristianismo, ficando creditada como uma imaculada Madalena contemporânea. No entanto, Geum-ja delineou um esquema durante a sua estadia na prisão. Será que o plano de Geum-ja lhe garantirá redenção para a sua excruciante dor, ou será que apenas lhe assegurará uma perpétua maldição da alma? Como todas as Obras-Primas da história da Sétima Arte, “Sympathy for Lady Vengeance” irá instigar a nossa meditação.



O talento de Park com os actores envolvidos nos seus projectos volta a ser asseverado. Lee Yeong-ae (Geum-ja) imprime fervor numa personagem tatuada com lancinantes estigmas emocionais. Apesar da veemente demanda vingativa que lhe eclipsa gradualmente a alma, Lee ainda exibe um coração sensível. Um facto interessante é a simetria plácida da sua face oval, assemelhá-la a uma Madonna misericordiosa. Quem escoltou a trilogia desde a sua génesis, será arrebatado pela sua conclusão, assimilando alguns gags e sendo brindado com alguns cameos. Quem tiver neste último capítulo o seu primeiro contacto com Park Chan-wook, bem… preparem o espírito para saírem da sala de cinema completamente atordoados pelo espectáculo cinemático de um cineasta que pasma a um nível sublime de excelência.

A fotografia divina pertence a Jeong Jeong-hun, numa criação sedutora que assombra e encanta em idênticas proporções. Os temas são apresentados em simbólicos brancos imaculados, vibrantes vermelhos e tenebrosos pretos. Atentem novamente a excelência da sensibilidade cinematográfica de Park Chan-wook. Deliberadamente confecciona a película com especial destaque para um trio de cores emblemáticas: Vermelho representando a ferocidade sanguinolenta da vingança, Branco simbolizando a pureza cândida e Preto caracterizando o negrume dos espíritos abominados. O arranque do filme ostenta um dos mais primorosos créditos iniciais de sempre, numa maravilhosa sequência de vermelhos intercalados com brancos e negros, lampejando simbolicamente motivos do filme. Quando Geum-ja é libertada, um grupo de pessoas trajando o vermelho e branco do fato de Pai Natal acolhe o seu regresso à sociedade. O líder do grupo oferece-lhe um prato de Tofu branco, representando o expurgar das impurezas e a urgência da limpeza espiritual, todavia Geum-ja esborracha literalmente o caminho para a redenção. O intenso vermelho da violência é deslumbrantemente substituído pelo alvor da neve branca espalhada em redor de almas flageladas. O traje de Geum-ja é igualmente emblemático. A textura do conjunto funciona como uma armadura, tornando-a soberana na sua demanda, infligindo terror em quem se intrometer na sua causa. A magnífica maquilhagem – com especial realce para a sombra dos olhos – coroa o seu uniforme de guerra e a indumentária salienta ainda o seu cariz de femme fatale (saltos altos vermelhos) e a profundidade dos seus pecados (tecido preto).



O filme amotina numa plataforma sensitiva, com o firme estilo de Park a controlar o espaço e o tempo, num sentido narrativo bem apurado. O seu fetiche por armas, lâminas e… bolos, domina massivamente a sedutora arena visual. Park Chan-wook acredita piamente que a vingança é um prato que deverá ser servido bem frio e tal como o sushi, muito bem condimentado. Ao som de Vivaldi, ministra uma excursão pelas conspurcadas artérias do coração vingativo, numa característica amálgama de admirável humor negro, horror impiedoso e fantasias surreais. Park manipula a composição e o movimento magistralmente, edificando paulatinamente a narrativa, tornando-a eloquente a um nível bem profundo. Utiliza efeitos especiais sem o objectivo de criar monstros, mas com o intuito perspicaz de gerar espaço e escavar bem fundo nas suas imagens. Mesmo quando julgamos que já expirou todos os truques graças à atmosfera de antecipação, Park surpreende com a astúcia das suas manobras, capturando imagens poderosas e invocando emoções ainda mais fortes.

Sympathy for Lady Vengeance” é um pesadelo emprenhado com uma polpa alimentícia, sem o pavor imediato de “OldBoy”, mas assente numa tensão construtiva que nos preside para uma excelsa conclusão. Chegados ao destino ambíguo, enfrentaremos o poder de uma imagem devastadora e sentimentos de inquietação mesclados com deslumbramento, provocarão um alvoroço espiritual que guarnecerá a essência de uma elevada fracção da plateia durante dias.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

"Metropolis", de Fritz Lang

Class.:



Ballet Sci-Fi
Metropolis” estreou em 1927, permaneceu em exibição durante uma única semana em solo germânico e depois foi severamente retalhado por distribuidoras alemãs e americanas. Na altura, decidiram que os 153 minutos de duração eram responsáveis pelo fracasso de bilheteira. Irremediavelmente, a versão original de Fritz Lang jamais será montada novamente (25% foi considerado perdido para a eternidade), mas a última tentativa de reconstituição presenteia-nos com a versão mais aproximada de sempre. Uma equipa de especialistas recuperou os fragmentos dispersos, retocou-os com a original composição musical de Gottfried Huppertz e uniu-os numa película de 35mm com delicada veneração.

Com a sua explosiva fusão de acção futurista, subcamada política, coordenadas religiosas e encenação sensual, a película foi sempre afamada, mesmo na sua forma mutilada. “Metropolis” ilustra uma sociedade futura, que tal como os mundos da Ópera Alemã é dicotómica, dividida entre deuses e mortais. A burguesia hedonística vive numa gloriosa metrópole com traços arquitectónicos visionários e o proletariado labuta no subsolo para manter a refulgência da cidade. Quando Freder (Gustav Frohlich), filho do administrador da cidade Joh Frederson (Alfred Abel), se aventura sob a superfície pela primeira vez, após tomar contacto com a bela e pura Maria (Brigitte Helm), fica chocado com a sua descoberta. Maria apregoa o surgimento de um mediador para reconciliar as duas metades da sociedade, mas enquanto Freder se apaixona por Maria, o seu pai julga que a influência da rapariga junto dos trabalhadores poderá ser daninha e projecta junto do cientista Dr. Rotwang (Rudolf Klein Rogge) um clone robotizado de Maria, para a substituir. O conto é uma mistura de alegorias religiosas (a revolta dos operários é liderada por uma figura de Madonna – Maria – que os coloca em contacto com o salvador) com a luta de classes sociais. O moral da história é: «O mediador entre a mente e as mãos é o coração». A «mente» representa os intelectuais da sociedade, as «mãos» são o proletariado e o «coração» será a compaixão humana que unirá os dois pólos em concordância.

Fritz Lang (que fugiu para Hollywood, após Hitler o convidar para dirigir a indústria cinematográfica nazi, através do seu chefe de propaganda Joseph Goebbels) é um dos profetas da Sétima Arte. A sua visão revolucionária e as suas raízes artísticas transferiram plateias para o futuro. Durante a era do cinema mudo, Lang teve a oportunidade de expandir as suas visões pelos primais espasmos de filme-noir, de thrillers paranóicos de espionagem e de ficção científica épica. “Metropolis” é porventura a sua película mais célebre, mas além desta extraordinária Ópera celulóide existem outras películas obrigatórias na sua filmografia, como a primeira longa-metragem sobre um serial-killer “M”, ou “Nibelungen: Siegfried, Die”, restaurado mais tarde por F.W. Murnau (autor do brilhante "Sunrise"), por exemplo.

Ridley Scott, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick, George Lucas, Steven Spielberg, e outros tantos realizadores encontram-se em dívida para Fritz Lang. Visionar “Metropolis” significa depararmo-nos com fantasmas do futuro, sejam eles sociais (a vídeochamada) ou cinematográficos: o cientista louco (Dr. Rotwang) é evocado por Kubrick em Dr. Strangelove (interpretado por Peter Sellers); o elemento temático ilustra o fosso entre a classe operária e as hierarquias superiores pode ser encontrado em múltiplos filmes, desde “Modern Times” de Charles Chaplin a “The Hudsucker Proxy” dos irmãos Coen. Rico metaforicamente, a revolta operária exibida pelo filme, coloca em risco a vida das suas crianças, ou seja, o futuro. Eram os primeiros passos no Cinema da relação Homem-Máquina, aludindo às repercussões das máquinas na sociedade, com Lang a dramatizar estilisticamente a profunda ambivalência de um futuro “artificial”, retratado com exaltação e inquietação. Seja em “The Matrix”, “Blade Runner”, “Star Wars” ou “Akira”, encontramos impressões desta relíquia espalhadas por múltiplos objectos cinematográficos. Até os truques para ampliar os edifícios e encolher os cidadãos, foram utilizados por Peter Jackson para encolher os hobbits em “The Lord of the Rings”.

Apesar da sua inquestionável influência, Lang também buscou inspiração em obras predecessoras. “Metropolis” é considerado por muitos como o primeiro grande filme de ficção científica, mas apesar da dificuldade em definir concretamente o termo «grande», a afirmação encontra-se algo errada. Em 1924, Yakov Protazanov realizou “Aelita”, cujos cenários subterrâneos, bem como os seus pilares e rampas trapezoidais serviram de inspiração na criação de “Metropolis”. Além disso, o futuro decomposto por Lang encontra-se em débito para com H. G. Wells e o seu romance de 1895, “The Time Machine” (a mais influente obra de Ficção Científica). Wells apresenta um futuro no qual os descendentes de capitalistas abastados vivem requintadamente à superfície, enquanto os trabalhadores operam no subterrâneo com maquinaria. “Metropolis” aparenta uma dicotomia idêntica, mas enquanto a aproximação de Wells é essencialmente Marxista e inflamada por revolta, Lang adopta uma inspiração religiosa para a reconciliação entre classes. “The Four Horsemen of the Apocalypse” (1921) de Rex Ingram, também serviu de fonte inspirativa. No seu filme, Ingram interrompe a narrativa moderna, para dramatizar uma simbólica passagem bíblica. De forma análoga, Lang dramatiza a passagem bíblica da Torre de Babel através da sua personagem Maria.

Existe uma panóplia de cenas memoráveis, desde explosões, inundações, uma célebre dança lasciva, a Torre de Babel, o auto da “bruxa” na fogueira, a sincronia aterradora de uma infindável coluna de operários a laborar, a pose de Freder na máquina do relógio assemelhando-se a Cristo na cruz, a monstruosa máquina «M» revelada num momento fantasista para encarnar o fenício deus Moloch, do Antigo Testamento Bíblico, em honra do qual mães imolavam os próprios filhos. O filme abona ilustres visuais sumptuosos, minuciosamente delineados para conduzir a história. Desde as espirais que vibram Arte Deco ao longo dos seus segmentos, aformoseando a cidade, até ao labiríntico antro subterrâneo dos operários, “Metropolis” é um influente, inspirador e deslumbrante espectáculo cinemático, portador de primorosos artefactos que poderiam constar em galerias de Arte Moderna. O filme é maioritariamente Arte Deco. Usualmente associam a primeira demonstração de Arte Deco a “Our Dancing Daughters” (1928) de Harry Beaumont, mas “Metropolis” manifesta o tradicional padrão geométrico da respectiva Arte um pouco por todo o lado, desde a entrada do clube nocturno Yoshiwara ou na mobília do escritório de Joh Frederson.

Metropolis” cativa com a sua direcção artística inspirada, pois visionamos os actores contraindo os olhos para indicar medo, arregalando-os para evidenciar espanto, batendo literalmente o peito para demonstrar paixão, retesando a fisionomia para expressar cólera. “Metropolis” é um exemplo categórico do Expressionismo Alemão. A ambiguidade da sua visão originou um sortido de interpretações, desde um alerta contra o despotismo fascista até à tirania capitalista, contudo “Metropolis” deverá ser encarado como a alegoria de uma época de aflição. Mesmo para os parâmetros do cinema mudo, Lang fez de “Metropolis” um dos filmes mais operativos de sempre, resultando num altamente estilizado ballet industrial.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Oldman de fora?



Um comunicado oficial dos agentes de Gary Oldman, que interpretou Sirius Black no terceiro e quarto (numa aparição na lareira da sala comum dos Gryffindor) filmes da saga “Harry Potter”, declara que «não existem planos para que Gary Oldman apareça no próximo filme de Potter. Podemos afirmar que nenhuma negociação está em andamento». Tendo em conta que uma elevada porção de “Harry Potter and the Order of the Phoenix” decorre na casa de Sirius, bem como a importância crucial do seu raio de acção, a inclusão de Oldman tornava-se primordial.
Desde a escolha de David Yates (responsável por séries de TV britânicas), para a cadeira de realizador do quinto capítulo da saga do pequeno feiticeiro, venho acalentando muito poucas expectativas para este filme que estreia em 2007.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Leilões...



A camisa usada (e suada) por Jake Gyllenhaal em “Brokeback Mountain” foi arrebatada num leilão pela módica quantia de 101 mil dólares. O pedaço de tecido colocado em leilão no início deste mês, foi adquirido por um anónimo com o nickname “hlywdstar”, após 165 ofertas. O item foi afixado inicialmente em $9.99 e o montante final destina-se a um fundo beneficente infantil da Califórnia. Que pena não usar camisas… que pena não ser famoso…

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Love in the Time of Cholera



O épico romance do escritor colombiano Gabriel García Márquez (vencedor de um Nobel da Literatura em 1982), “O Amor nos Tempos de Cólera”, será adaptado cinematograficamente por Mike Newell (“Harry Potter and the Goblet of Fire”, “Donnie Brasco”) e protagonizado por Javier Bardem (“Mar Adentro”), enquanto o oscarizado Ronald Harwood (“The Pianist”) redigiu o argumento. A acção do romance decorre entre as derradeiras décadas do século XIX e as primeiras do século XX, tendo como pano de fundo a calamitosa doença da cólera. Bardem será o enamorado Florentino Ariza, que dedica 51 anos, 9 meses e 4 dias da sua vida, a tentar resgatar o amor perdido de Fermina Daza. Márquez forja um amor excessivo, total, desafiando os limites do corpo, do coração, convenções sociais e o próprio tempo. As filmagens deverão iniciar no segundo semestre de 2006.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Master of Space and Time



Há dias realçava o lançamento das primeiras fotos oficiais para “The Science of Sleep”, o próximo filme do talentoso realizador Michael Gondry (“Eternal Sunshine of the Spotless Mind”). Mas aparentemente, após a estreia do filme protagonizado por Gael García Bernal, o cineasta não irá relaxar umas semanas para Bora Bora. O seu próximo projecto intitula-se “Master of Space and Time”, e será a adaptação cinematográfica do romance de Rudy Rucker (duas vezes premiado com um galardão Philip K. Dick). Publicado em 1984, o livro incorpora elementos da própria década de lançamento, bem como elementos psicadélicos característicos no desenvolvimento de comédias alternativas, da década de 60. A história gira em torno de um mecanismo desenvolvido por Joe Fletcher e Harry Gerber, que lhes permite viajar entre dimensões paralelas. Inicialmente, a fantasia reedifica do mito dos três desejos com alicerces de tecnologia moderna e no cômputo geral o conto é uma divertida jornada impulsionada por ciência aluada. Jack “Tenacious D” Black é o único nome confirmado no elenco e Daniel Clowes (“Ghost World”) será o responsável pelo argumento.

sábado, fevereiro 18, 2006

Curiosidade de pacote de cereais



Em 1915, Charles Chaplin, o popular Charlot, participou secretamente num concurso de imitadores da sua própria personagem, num teatro de San Francisco. O mais curioso é o facto de nem ter passado as eliminatórias, sendo que o prémio final foi arrebatado na altura, por um comediante promissor: Bob Hope.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Control



Ian Curtis, o ilustre vocalista dos saudosos Joy Division, que se enforcou em 1980, será o próximo ídolo da música a ter a sua vida representada na tela. O filme intitulado “Control”, será baseado no livro “Touching From a Distance”, de Deborah Curtis (sua viúva), sobre a sua trajectória de vida. Curtis será interpretado pelo novato actor Sam Riley e Samantha Morton (a precog de "Minority Report") desempenhará a viúva. O fotógrafo e realizador de videoclips (“U2”, “Depeche Mode”), Anton Corbjin, fará a sua estreia na cadeira de realizador cinematográfico. A produção da banda sonora estará a cargo dos restantes elementos dos Joy Division, que agora formam os New Order. Apenas espero que não maculem a memória do líder de uma das minhas bandas preferidas de todo o sempre... pelo menos a sua viúva também será responsável pela produção.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Momento Zen

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

"King Kong" - o DVD



Já se encontra estabelecida a data para o lançamento mundial do DVD “King Kong”, de Peter Jackson. O dia escolhido foi 28 de Março e aqui fica a imagem escolhida para a capa da edição especial de dois discos. Se alguém estiver interessado na pré-encomenda via Amazon, clique na imagem acima exposta.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Sugestão de S. Valentim



"Punch-Drunk Love", de Paul Thomas Anderson.
Apesar da sua juventude, P.T. Anderson já atingiu o estatuto de lenda, inserido na mais pura definição de Cinema autoral. “Boogie Nights” é um dos melhores filmes da década de noventa, “Magnolia” é incontornavelmente uma das melhores obras da história da Sétima Arte e “Punch-Drunk Love” é um bizarro romance com uma original amálgama de detalhes. É um objecto cinematográfico estrambólico e brutal, mas o produto final é de uma ternura cândida. Barry Egan (Adam Sandler, no glorioso papel da sua carreira) é um neurótico e banal empresário, flagelado psicologicamente pelas suas sete irmãs tiranas. O insular território espiritual de Barry é abalado quando conhece Lena Leonard (Emily Watson), uma inglesa que demonstra milagrosamente interesse na sua essência. A paranóia de Barry é um delicioso contraponto à virtuosa inibição de Lena. Lena representa uma entidade messiânica, pois através da dedicação que lhe dedica, Barry encontra a sua salvação.
Punch-Drunk Love” é uma história de amor com uma sagacidade fausta, escavando bem fundo nas fracturas da experiência humana. Anderson inicia com uma simples fundação narrativa e engendra uma colorida e complexa tela de emoções. Não fiquem sóbrios, embriaguem-se com este admirável conto que emana puro amor.


Para TI

Venturosos aqueles que amam e benditos aqueles que são amados. Afortunadamente sou abençoado no presente. Este dia pertence aquela pessoa especial e como tal, nunca são demais todos os tipos de mimos e oferendas. Obrigado por tudo! Este mundo distorcido, bem como a maioria das criaturas que o preenchem, molestam-nos com tormentos que vergastam o coração e a alma, dilacerando o gáudio de respirar, transformando cada golfada de ar no aguilhoar de mil espetos. Foste tu quem me revigorou. Tonificaste-me o espírito com a tua inefável dedicação. Ressuscitaste a minha paixão pela Sétima Arte e graças a ti voltei a contemplar obras de Arte sem ficar prostrado num pântano de sofrimento. Exorcizaste as memórias espinhosas de tempos moribundos e acolheste-me no teu regaço. Sonhei contigo, antes de te viver. Como um Sol que se afundava no meu horizonte e me sussurrava embriagado em amor: "Ardi por ti o dia inteiro". Aqui deposito o meu beijo lírico, adornado com vibrações de um amor inebriante. Graças a ti, vivo apaixonado pela personagem principal, no País das Maravilhas. Amo-te Alice!

domingo, fevereiro 12, 2006

"Brokeback Mountain", de Ang Lee

Class.:



Cavalgar pelos misteriosos trilhos do coração humano

Duas pessoas ascendem à remota Brokeback Mountain numa missão de trabalho. Quando descem partilham uma profunda conexão.
Eventualmente acabam por se casar e procriar com outrem, mas vivem insatisfeitos e a distância que os separa cava-lhes um fosso espiritual, apenas colmatado com ocasionais jornadas piscatórias onde suprimem as saudades e saciam a paixão. “Brokeback Mountain” é a história de duas pessoas que se apaixonam pelo ser que menos esperam, vivendo um romance abominado. E se agora vos disser que este romance envolve dois homens? Será que este pormenor despoleta uma panóplia de preconceitos?
Todos os anos surge um filme indie que aglomera um culto quase instantâneo e arrebata múltiplos louvores durante o seu trajecto pelos festivais, mas quando é lançado no circuito internacional alguns críticos refestelam-se em ridicularizá-lo sem argumentações plausíveis. Os responsáveis por este lamentável círculo vicioso tentaram conspurcar no passado, filmes como “Donnie Darko”, “Lost in Translation” ou até “Sideways”. O ano passado intentaram sobre “Brokeback Mountain”, mas tais barbaridades analíticas foram abafadas pelo corrupio de alvíssaras e pela marcha triunfal de uma película que não atinge a categoria de Obra-Prima, mas representa um requintado objecto cinematográfico.

“Brokeback Mountain” foi rapidamente rotulado como um «gay cowboy movie», mas apesar da efectiva abordagem da homossexualidade e das feições bem vincadas de western, tal etiqueta derivativa minora as complexidades de um enredo tão intrincado. Como todos os grandes filmes, este incorpora temas e substâncias universais numa história especificamente invulgar. Ao longo da história do cinema, o género western tem sido revisitado com temáticas modernas e metáforas sociais. Em 1963, Martin Ritt moldava a imagem do cowboy numa entidade capaz de seduzir e atemorizar de igual forma, no seu filme “Hud” (baseado no romance de McMurtry, argumentista de “Brokeback Mountain”). Em 1969, Sam Peckinpah explorou em “The Wild Bunch” os efeitos da violência invocando o massacre em terras vietnamitas. Depois do cowboy Kirk Douglas ter melindrado o ideal de masculinidade americano, servindo de mártir para uma causa em “Lonely are the Brave”, Ang Lee realiza uma das mais belas histórias de amor da história do Cinema, utilizando dois cowboys como protagonistas.



Quanto mais não seja, “Brokeback Mountain” merece crédito por estilhaçar diversos taboos. Desafia convenções cinemáticas, especialmente aquelas patentes em filmes de temática homossexual, bem como as convencionais maquinações de westerns e romances. O filme não é uma propaganda aos direitos homossexuais. Apresenta personagens como pessoas autênticas ao invés de causas, num comovente drama de proporções trágicas. É um tributo ao poder do amor, retratado com equitativas porções de prazer e dor. Vivemos inseridos numa cultura que adora rotular tudo e todos, mas apenas aqueles que vivem com múltiplas camadas de remela nos olhos ou vastos depósitos de cera nos ouvidos, poderão considerar controverso um filme que apresenta duas pessoas do mesmo sexo enamoradas. O essencial é o enlace de duas almas. É uma história de amor e traição, com elementos tão básicos e trágicos quanto aqueles apresentados em “Romeo and Juliet”, “Gone with the Wind” ou o recente “Un Long Dimanche de Fiançailles”, mas ao invés da guerra ou das desavenças familiares, as convenções sociais representam o factor que nega a união destes amados.

O argumento de Larry McMurtry e Diana Ossana é baseado no curto romance de Annie Proulx. Os momentos iniciais são maravilhosos, adornados pela majestosa beleza bucólica do Wyoming. Rodrigo Prieto (colaborador de Iñarritu na fotografia de “Amores Perros” e “21 Grams”) transforma a prosa numa expansiva poesia visual, capturando detalhadamente a solidão muda da vida no rancho. Gustavo Santaolalla (outro fiel colaborador de Iñarritu) compõe um tema perfeito e uma trilha sonora admirável. É uma daquelas raras composições que enleva plateias, esculpindo emoções na alma.

Heath Ledger (Ennis Del Mar) escava bem fundo na sua personagem, completamente imbuído pela forma como esta se move, fala e respira. À medida que inspira a fragrância da camisa que Jack guardava no roupeiro, suportamos o peso da sua dor numa tortura emocional de traços arrevesados. Jake Gyllenhaal (Jack Twist) prova novamente que não sabe representar mal. Com porções idênticas de energia e aluimento espiritual, transporta a sua personagem com elevada proficiência. Michele Williams (Alma) ilumina todos os cantos da devastação da sua personagem, Anne Hathaway (Lureen Newsome) fornece um desempenho competente e o restante elenco é minuciosamente apurado. Esta é uma marca explícita de Lee, um cineasta que sempre demonstrou a sua magistralidade na direcção de actores, inclusive no fabuloso “The Ice Storm”, arrancando as primeiras grandes interpretações de Tobey “aranhiço” Maguire e até Elijah “Frodo” Wood.

Ang Lee – o realizador camaleão que participou no inconsistente mas inquietante “Hulk” – constrói o filme com sensibilidade e bom senso. No seu drama da Guerra Civil, “Ride With the Devil”, revelou aptidões no retrato dos aspectos negligenciados no oeste americano. Tal engenho foi reajustado em “Brokeback Mountain”, combinando ainda a textura romântica de “Sense and Sensibility” e a composição visual de “Wo hu cang long”. Incute sapientemente doses de silêncio, confiando no poder visual e expressivo para traduzir os sentimentos mudos das suas personagens.

Ang Lee encontra-se no topo da sua sensibilidade cinematográfica. A casa de Ennis manifesta cores opressivas, reflectindo a tribulação e infelicidade do casal. O lar de Jack é decorado conforme as predilecções de Lureen, estabelecendo-o como uma figura desarticulada do seu próprio domicílio. Após a primeira noite de intimidade entre os dois, nuvens de tormenta acompanham a cavalgada de Del Mar, aludindo ao tumultuoso estado anímico em que se encontra. Existe uma cena que envolve o reencontro dos amantes, na qual transpomos um portal criado pelo cineasta. Ennis não consegue conter o seu entusiasmo, corre pelas escadas abaixo e lança-se nos braços de Jack, beijando-o. Alma assiste a tudo pela janela, comprovando impiedosamente a traição. Neste curto espaço de tempo e sem qualquer diálogo, Lee cria um mundo inteiro espelhado de forma eloquente na face dos actores envolvidos.

Apesar de algumas personagens secundárias desnecessárias e defeituosamente costuradas na história, da débil transição temporal e do exagero na representação do convencional «Marlboro Man» (tendo em conta o estilhaçar de convencionalismos que o filme acarreta), Ang Lee gerou uma obra soberba. “Brokeback Mountain” é uma concepção poética, visualmente elegante e liricamente contemplativa. É uma bela e trágica história de amor que lida com os trilhos enigmáticos do coração humano, engendrada com emoções reprimidas de amantes malogrados, consumidos pelo ostracismo da sua afeição.

sábado, fevereiro 11, 2006

Descubram as diferenças



Peço desculpa aos seus fãs (será que eles existem mesmo?), mas nunca apreciei esta moçoila e alguém teria de lhe descobrir a careca. Pois bem, a foto da esquerda foi tirada numa festa para a qual J-Lo foi convidada, a foto da direita foi retirada às primeiras horas da matina, quando ainda se encontrava sem maquilhagem. Considerem isto como serviço público.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Para quando "Sympathy for Lady Vengeance"?



Sympathy for Lady Vengeance” é o último filme da trilogia de vinganças do realizador coreano Park Chan-wook. A trilogia iniciou em 2002 com "Sympathy for Mr. Vengeance" e continuou com “OldBoy”, o brilhante filme que venceu o Grande Prémio do Júri de Cannes em 2004. “Sympathy For Lady Vengeance” é um thriller psicológico focado numa mulher que é traída e incriminada por um conspirador. Após perder a filha e passar 13 anos aprisionada, decide embarcar numa jornada de vingança.

Serve este post para realçar (novamente) o quão expectante aguardo a estreia em território nacional desta obra de Park Chan-wook. Será que ainda teremos de aguardar muito mais tempo? Para deleitarem os olhos enquanto este filme não chega, cliquem na imagem acima exposta e assistam ao novo trailer.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Jolie em "Sin City 2"?



Segundo o site Moviehole.net, Angelina Jolie encontrou-se com Robert Rodriguez para discutir sua participação na sequela de "Sin City", sendo desejada para protagonizar o segmento "A Dame To Kill For". Jessica Alba, Clive Owen, Rosario Dawson, Brittany Murphy e Mickey Rourke já estão confirmados no elenco da sequela da adaptação cinematográfica do romance gráfico de Frank Miller.
Entretanto, uma fã de Jennifer Aniston tentou agredir Angelina Jolie apelidando-a de «destruidora de lares», mas os seguranças da actriz foram céleres na resposta. De qualquer forma, acho que Angelina “Lara Croft” Jolie teria dado conta do recado… se bem que numa arena de lama, o embate fosse bem mais interessante para muitos homens… e algumas mulheres...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

"The Science of Sleep" - fotos oficiais



O site Cinempire publicou as primeiras fotos oficiais de “The Science of Sleep”, o novo filme de Michael Gondry (“Eternal Sunshine of the Spotless Mind”). Gael García Bernal (“La Mala Educación”) protagoniza uma pessoa que fica aprisionada nos seus próprios sonhos pelas pessoas que lá habitam e tenta despertar para se apoderar do controlo das suas imaginações. Apesar de Charlie Kaufman não participar na redacção do argumento, aguarda-se com imensa expectativa o próximo passo de Gondry, após o brilhante “Eternal Sunshine of the Spotless Mind”.

O filme estreia este ano, mas ainda não existe uma data específica para o nosso país. Para acederem às fotos cliquem na imagem acima exposta.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

"Toy Story 3" regressa à Pixar



Aquando da aquisição da Pixar por parte da Disney, surgiu o boato sobre o final da produção de “Toy Story 3”, que andava a ser desenvolvido pela Disney. No entanto, os responsáveis da Disney desejam entregar o projecto aos criadores originais e como tal, “Toy Story 3” foi restituído às responsabilidades da Pixar. O objectivo da Disney é distribuir anualmente duas obras da Pixar e aguarda-se a estreia de “Ratatouille” (a história de um rato que vive num chique restaurante francês, liderado por um famoso e excêntrico Chefe) no Verão de 2007.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Hallyuwood



As autoridades da província de Gyeonggi (Coreia do Sul), anunciaram um ambicioso projecto: a construção de “Hallyuwood” (“Hallyu” é uma expressão coreana, para a popularidade da sua cultura no estrangeiro), um complexo de entretenimento ao estilo de Hollywood. O grande objectivo deste desígnio é centrar a produção cinematográfica e musical na referida região, havendo igualmente um forte desejo que este local se torne um local de visita para turistas, ao incluir hotéis, parques temáticos e uma rua peculiar onde estarão réplicas holográficas das principais figuras da cultura asiática.

domingo, fevereiro 05, 2006

"Munich", de Steven Spielberg

Class.:



Orar com sangue hollywoodesco

Se o recente “War of the Worlds” pode ser considerado uma alegoria de Spielberg ao 11 de Setembro e “The Terminal” a sua visão pós-11 de Setembro, então “Munich” poderá ser encarado como a sua decomposição de ocorrências pré-11 de Setembro e respectivas consequências.
Em 1972, um grupo extremista palestiniano (Setembro Negro), assassinou 11 atletas israelitas durante as Olimpíadas de Munique. Spielberg ensaia retratar a resposta de Israel ao assassinato dos seus filhos. “Munich” lida com ambiguidades, calcorreando áreas acinzentadas em detrimento do elementar preto e branco, recusando enaltecer uma fracção ou demonizar a outra. O seu intuito é analisar o conflito Israelo-Palestiniano e o seu ciclo de violência, retribuição e terrorismo. Spielberg emaranha-se num território denso e complicado, mesmo para um realizador talentoso. Muitos etiquetavam “Munich” como o filme mais arrojado de Spielberg, mas basta ligar a televisão no noticiário, escutar a radiofonia ou ler as páginas de um tablóide, para enxergar que discutir tácticas de retaliação de uma nação já não é um acto corajoso… é algo habitual, é puro mainstream.

O prelúdio de Spielberg é criativamente irrepreensível. Numa edição de mestre, Michael Kahn recria os infernais eventos sofridos pelos atletas israelitas, através de um confuso e frenético turbilhão de informações que geraram pânico, choque, raiva, horror e incredulidade. Janusz Kaminski cria um estilo visual com reminiscências da década de 70, privilegiando uma fotografia esfumada em cinza com rápidos zooms. Para as pessoas que testemunharam o acontecimento, esta engenhosa sequência reavivará o impacto chocante. Para os mais jovens, este prólogo apreende de forma vigorosa a sua atenção.



Steven Spielberg anunciou uma pausa após a conclusão deste filme. Trata-se de uma decisão bastante sensata de um cineasta genial que se encontra à deriva e acentuada decadência, necessitando de reagrupar ideias. Em tempos delineou as suas manipulações afincadas com o singular objectivo de nos fazer saltar dos assentos, chorar, rir e embasbacar com genuínos encantos. Os resultados eram sublimes e despojados de pretensão, mas em meados da década de 80, o realizador judeu começou a sua perseguição pela estatueta dourada, tentando confeccionar filmes com maior grau de seriedade. Os factos actuais evidenciam um director que ainda não repudiou a sua forte componente de Cineasta-Pipoca, apesar de almejar incessantemente o respeito intelectual que se ajustava aos seus ídolos: Kubrick, Hitchcock, Welles ou Kurosawa.

“Munich” esmorece cabalmente nos momentos em que a impetuosa tensão é substituída por uma dramatização desfeada, de forma bastante incongruente e através de tons quase apologéticos. Revela-se um thriller competente e a tendência de Spielberg para o entretenimento comercial cria missões abalizadas, mas as intrigas tornam-se redundantes. Isto é tipicamente hollywoodesco. Os seus instintos de Mestre da Pipoca emergem de forma inoportuna.

Eric Bana (Avner) representa de forma intensa o declínio espiritual da sua personagem numa medonha espiral neurótica e paranóica. Condimenta autoridade silenciosa com vulnerabilidade apoquentada, todavia, a sua personagem encontra-se num fermentado desvario, que lhe impede de cimentar um centro de afinidade, tendo em conta a delongada duração do filme. Habilmente, o argumento (inspirado no livro “Vengeance” de George Jonas) de Tony Kushner (“Angels in America”) e Eric Roth (“Forrest Gump”), oferta belos papéis secundários, com destaque para o desempenho particularmente interessante de Daniel Craig (o futuro Bond) como colega de Avner, para a cirúrgica interpretação de Geoffrey Rush (Ephraim) e para a excelência de Michael Lonsdale (Papa).



É lamentável verificar o desperdício do empenho de tanto engenho, asseverado pelas participações do compositor John Williams, do editor Michael Kahn, do oscarizado Eric Roth e do vencedor de um Pulitzer Tony Kushner. Mesmo com a tentativa de Kaminski em acinzentar o filme numa tonalidade adulta, todo o talento é esbanjado pela irritante e infantil petulância de Spielberg em privilegiar filosofias coreografadas com entretenimento artificioso à medida que despeja bombas calibradas em Dolby Digital.

Tecnicamente o filme recebe o aprimorado adorno de Spielberg (apesar da presença de pelo menos duas das mais patéticas cenas da sua filmografia), mas tendo em conta ser inspirado em factos reais, as cenas que retratam os assassinatos são excessivamente coreografadas e a história da Mossad (polícia secreta israelita) não vibra de forma tão autêntica como no filme “Les Patriotes” de Eric Rochant. Spielberg conhece obviamente esta película, pois até ofereceu um pequeno papel a Yvan Attal (que protagoniza o filme de 1994). O cineasta executa “Munich” com o intuito de aflorar um tema premente (terrorismo), mas graças a tamanha complexidade fica sem a noção do que deseja realizar: se um thriller político provocante ou um drama global inquietante. Quando Spielberg se apercebe da enormidade do debate que pretende instigar, as suas soluções tornam-se frívolas, disparando em direcções que falham categoricamente o alvo. Ao recusar decidir o rumo do filme, Spielberg produz um filme tecnicamente algo proveitoso, mas uma refractária frustração intelectual.

“Munich” torna-se ruminante e Spielberg não sabe como acabá-lo, ofertando cinco ou seis finais exequíveis, com uma forte dose de exaustão. Na tentativa de tornar a história relevante no panorama sócio-político actual, termina o filme de forma distraída e óbvia, ao estilo de um reles postal, tomando a assistência por mentecapta e inserindo a martelo uma imagem que pisca o olho a audiências americanas em particular, salientando que quando manipula fábulas consegue maravilhas, mas quando lida com a realidade tropeça de forma retumbante.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Rumores sobre Proyas



Alex Proyas.
Trata-se do autor de dois filmes de culto que abrigo religiosamente na minha DVDteca particular: “Dark City” e “The Crow”. Se o primeiro é uma excelsa fusão de ficção científica com film noir empacotada numa sinfonia filosófica e cinemática, o segundo é “simplesmente” uma das melhores adaptações BD de sempre. O seu último filme, “I, Robot”, não atinge o pináculo de qualidade apresentado nos filmes que referi, mas não deixa de ser bom entretenimento visual com subcamadas de humanidade e ideias interessantes (apesar da inconsistência da apresentação).

Nos últimos dias surgiu o rumor que o realizador anda a ser sondado para liderar a adaptação cinematográfica de mais um objecto da Nona Arte: “Iron Man”. Nick Cassavetes chegou a ser apontado para a cadeira, mas os produtores responsáveis pelo projecto iniciaram uma demanda com o intuito de adquirir um realizador com fundações criativas na transposição de BD para a Grande Tela e chegaram à conclusão que Proyas seria o homem indicado. Será este o seu próximo filme? Estará Proyas interessado no projecto? Será que possui outros intentos na manga (como por exemplo, o anteriormente anunciado "Knowing")? Quando será saciada a curiosidade das pessoas que aguardam algo novo da sua parte?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Às apalpadelas...



Aqui fica um momento bem bizarro.
Alguém teria de publicar isto. Numa daquelas flash interviews que antecederam a recente cerimónia dos Globos de Ouro, Scarlett Johansson foi interpelada por um repórter gay que decidiu tactear a autenticidade dos seus… seios. Após o visionamento deste momento estrambólico (cliquem na imagem acima exposta), várias questões impõem-se: Tendo em conta a reacção de Scarlett, bastará alegar homossexualidade para quebrar barreiras de pudor? Quantos rapazes e raparigas utilizarão um esquema idêntico, ousando saciar desejos secretos?
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