quinta-feira, junho 30, 2005

Estreias da semana

O meu destaque nas estreias desta semana vai para “Donnie Darko: The Director’s Cut”. Esta é uma excepcional oportunidade para contemplar na grande tela um dos melhores e mais originais filmes dos últimos anos (isto se o filme vos passou despercebido na altura). O fenómeno de culto estreado em 2001 foi aclamado pela crítica e pelo público. Agora surge a versão do realizador com cenas inéditas, efeitos especiais melhorados e novas músicas. Não deixem escapar a oportunidade de experimentar numa sala de cinema esta Obra-Prima contemporânea. Sábado deixarei no blog a minha crítica ao filme original, mencionando as adições da versão do realizador.



DONNIE DARKO: THE DIRECTOR’S CUT
Donnie Darko: A Versão do Realizador

Com: Jake Gyllenhaal, Jena Malone, Mary McDonnell, Drew Barrymore e Patrick Swayze
2004 - 133 minutos - Ficção Científica/Drama
Realização: Richard Kelly

Sinopse: Donnie Darko é um jovem esquizofrénico paranóico que teme as mensagens do dia do Juízo Final, proferidas por um coelho gigante. O que parece absurdo de início é na realidade uma misteriosa e encantadora viagem pela mente atormentada de um adolescente, isto é, até o conceito da viagem no tempo transformar para sempre a sua percepção da vida e o destino das pessoas que o rodeiam.
"Donnie Darko" tornou-se num dos filmes de maior culto e dos mais discutidos nos últimos anos, aclamado pela crítica e pelo público, com a sua fusão de ficção científica com uma visão original dos subúrbios modernos à beira do medo e do desastre. "Donnie Darko: A Versão do Realizador" contém 20 minutos de cenas inéditas, efeitos especiais melhorados e novas músicas.




MADAGASCAR
Madagáscar
Com vozes de: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith e Sacha Baron Cohen (V. Original) e Pedro Laginha, Rui Oliveira, Bruno Nogueira, Leonor Alcácer, Miguel Góis, Tiago Dores, José Diogo Quintela, Marco de Almeida, Ricardo Araújo Pereira (V. Portuguesa)
2005 - 86 minutos - Animação/Comédia/Família/Aventura
Realização: Eric Darnell e Tom McGrath

Sinopse: No Central Park Zoo de New York, o leão Alex (Bem Stiller), a zebra Marty (Chris Rock), a girafa Melman (David Schwimmer) e o hipopótamo fêmea Gloria (Jada Pinkett Smith) são autênticas estrelas e grandes amigos. Marty anda deprimido pela vida em cativeiro e sonha correr livre na selva. Quando a oportunidade surge, a zebra abandona a sua jaula e os seus amigos tentam demovê-lo, perseguindo-o por Manhattan. Os animais são capturados e após serem considerados demasiado perigosos são deportados para África. No caminho, o barco é tomado por Pinguins que actuam como uma elite de comandos e anseiam alcançar Antárctica, e o quarteto de amigos nado e criado em cativeiro é abandonado no reino selvagem de Madagáscar liderado pelo jocoso rei lémure Julien XIII (Sacha Baron Cohen, aka Ali G).
Dos criadores de Shrek e O Gang dos Tubarões, esta é uma irreverente e divertidíssima animação dos estúdios PDI / Dreamworks.




RETURN TO SENDER
Na Linha da Morte
Com:
Connie Nielsen, Kelly Preston e Aidan Quinn
2004 - 103 minutos - Drama/Thriller
Realização: Bille August

Sinopse: Charlotte Cory (Connie Nielson) é uma jovem mulher condenada à morte, que apenas conta com o apoio de Frank Nitzche (Aidan Quinn), uma amizade criada por correspondência, e da sua advogada (Kelly Preston), que desesperadamente tenta apelar do veredicto de Charlotte.
A 10 dias do cumprimento da sentença, Frank apercebe-se que está apaixonado e descobre algo mais para além das trágicas circunstâncias que levaram Charlotte à prisão – a vida dela está agora nas suas mãos.




L' EMPIRE DES LOUPS
O Império dos Lobos

Com: Jean Reno, Arly Jover, Jocelyn Quivrin e Laura Morante
2005 - 128 minutos - Acção/Drama/Thriller
Realização: Chris Nahon

Sinopse: Anna Heymes (Arly Jover) é casada com um alto funcionário do Ministério do Interior. Há mais de um mês que sofre de alucinações terríveis e de crises de amnésia, ao ponto de já não reconhecer o próprio marido e de duvidar da sua honestidade.
Um filme realizado por Chris Nahon, adaptado do formidável livro de Jean-Christophe Grangé com o mesmo título.




REINAS
Rainhas
Com:
Marisa Paredes, Cármen Maura, Verónica Forqué, Mercedes Sampietro, Lluis Homar e António Resines
2005 - 107 minutos - Comédia/Romance
Realização: Manuel Gómez Pereira

Sinopse: O primeiro casamento Gay de sempre irá ter lugar em Espanha: Na realidade será uma cerimónia múltipla, onde as famílias dos "noivos" estarão todas presentes.
Desta trama fazem ainda parte um polícia, um ladrão, um cão abandonado, um homem vestido de tenista, uma mulher de roupão, um cozinheiro apaixonado, um enfarte, uma queda, um tiro acidental, um desmaio, uma despedida de solteiro, a rainha da noite … e isto é só o princípio.




IN MY COUNTRY
Um Amor em África
Com:
Samuel L. Jackson, Juliette Binoche, Brendan Gleeson e Menzi Ngubane
2004 - 100 minutos - Drama
Realização: John Boorman

Sinopse: Realizado pelo veterano John Boorman, “Um Amor em África” adapta o best-seller de Antjie Krog sobre o poder do amor, da verdade e da reconciliação num momento determinante do pós-Apartheid.

quarta-feira, junho 29, 2005

Burton nega novo Charlie



Apesar da febre de sequelas que assomou o panorama cinematográfico anual, não contem com uma sequela próxima para “Charlie and the Chocolate Factory”.

Tim Burton negou resolutamente interesse em adaptar o livro “Charlie and the Great Glass Elevator” de Roald Dahl, a sequela para “The Chocolate Factory”.
Johnny Depp anda ocupado com as filmagens dos próximos “Pirates of the Caribbean” e não estabeleceu projectos sucessores.
Burton ficará igualmente descomprometido após “Corpse Bride”, no entanto ainda não se conjuntura uma adaptação para Oyster Boy (infelizmente).

terça-feira, junho 28, 2005

Façam uma vénia: ei-lo, o Rei Kong!



A Universal Pictures lançou o primeiro trailer para a dramática aventura “King Kong”, de Peter Jackson.

O site oficial do filme também ganhou vida, incluindo o logo oficial, biografias do elenco e realizador, o trailer e algumas fotos. O site vai crescer com o tempo e envolver os fãs no mundo criado por Jackson para esta nova versão da clássica aventura de Kong.

Peter Jackson (“The Lord Of The Rings”) é o realizador de “King Kong”. O argumento de Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens (a equipa de “The Lord Of The Rings”) é baseado na história original de Merian C. Cooper e Edgar Wallace.
Jackson empregará tecnologia de ponta para reproduzir o conto intemporal, auxiliado pelas companhias de efeitos visuais Weta Digital e Weta Workshop. Ele centrará a história nas misteriosas e perigosas selvas da Ilha Skull.
As filmagens tiveram lugar na Nova Zelândia e no elenco do filme constam Naomi Watts (“21 Grams”), Jack Black (“High Fidelity”), Adrien Brody (“The Village”) e Andy Serkis protagonizando os movimentos de Kong, tal como o fez para Gollum em “The Lord Of The Rings”.

Pessoalmente fiquei siderado com a primeira introdução ao filme. Ainda me encontro em estado de choque (gargalhadas). “King Kong” estreia a 14 de Dezembro (ainda falta tanto!!) e podem aceder ao trailer clicando aqui.

“Madagascar”, de Eric Darnell e Tom MacGrath

Class.:


“They’re cute. They’re cuddly. They’re deranged.”

Sou um profundo admirador de cinema de animação e é com regalados olhos que verifico o reconhecimento da crítica neste género cinematográfico, com a Academia a dispensar finalmente em 2001 o Óscar para Melhor Filme de Animação. Ultimamente produtos animados de enorme qualidade têm surgido, tais como “Toy Story”, “Shrek”, “Sen to Chihiro no kamikakushi”, “Finding Nemo” ou “The Incredibles”. Com a infeliz e lamentável morte da animação tradicional na Disney e a proliferação de títulos de animação computorizada um certo decréscimo de qualidade é inevitável. Daí apreciar tanto a obra do mestre Hayao Miyasaki que privilegia a animação tradicional e mantém estável e duradoura a magia. Mas isso é outra matéria.

Dos criadores do excelente “Shrek” e do entediante “Shark Tale” surge “Madagascar”. Esta película não eleva o género, no entanto o seu propósito também não é esse. O filme não funciona como acutilante sátira, mas cria um sólido filme familiar que se foca na boa disposição de uma forma admirável. Apesar da DreamWorks ser completamente eclipsada pela fabulosa Pixar, não significa que os seus filmes não sejam bons à sua maneira. Não existe nada de desprezível com uma boa gargalhada e a DreamWorks fá-lo como ninguém.

No Central Park Zoo de New York, o leão Alex (Bem Stiller), a zebra Marty (Chris Rock), a girafa Melman (David Schwimmer) e o hipopótamo fêmea Gloria (Jada Pinkett Smith) são autênticas estrelas e grandes amigos. Marty anda deprimido pela vida em cativeiro e sonha correr livre na selva. Quando a oportunidade surge, a zebra abandona a sua jaula e os seus amigos tentam demovê-la, perseguindo-a por Manhattan. Os animais são capturados e após serem considerados demasiado perigosos são deportados para África. No caminho, o barco é tomado por Pinguins que actuam como uma elite de comandos que anseiam alcançar Antártica, e o quarteto de amigos nado e criado em cativeiro é abandonado no reino selvagem de Madagáscar, liderado pelo jocoso rei lémure Julien XIII (Sacha Baron Cohen, aka Ali G).

“Madagascar” não é um prodígio da animação. A apresentação visual do filme enfatiza a simplicidade encantadora acima de uma elaborada complexidade. Algumas ambiências são detalhadas, as cores garridas e as formas são básicas. É um fantástico filme para miúdos que negligencia o universo graúdo, apesar de incluir referências da cultura pop orientada para adultos, através de vozes célebres ou gags (“Planet of the Apes” na cena em que Charlton Heston cai sobre joelhos, “American Beauty”, “Chariots of Fire”, “The Twilight Zone”, “Cast Away”). Não existe um vilão bem desenvolvido, e se o filme tivesse alongado acima dos oitenta minutos, tornar-se-ía sensaborão… o que não acontece.
As equipas que constroem filmes animados continuam a incluir uma data de personagens secundárias com o cínico objectivo de fortalecer o marketing. Por exemplo a girafa e a hipo são perfeitamente dispensáveis no filme e não acabarão sendo a personagem favorita de ninguém (criança ou adulto), mas acabam modelando uma boa simbiose e particularmente nesta película não retiram nada, funcionando como bom entretenimento.

As crianças identificar-se-ão com a ingenuidade e inocência dos animais e a fuga inicial será apreendida como uma escapadela infantil numa aventura inofensiva. Nesta obra temos animais falantes e aqui surge o contraste com a glória de filmes como “Toy Story”, onde uma porção da subliminar magia era evidenciada ao observar os brinquedos quedarem inanimados quando os humanos entravam no quarto.

Uma enorme fatia dos melhores momentos humorísticos pertence ao quarteto de Pinguins liderados por Skipper (a voz do realizador McGrath) pois os momentos nos quais participam são cirúrgicos na delicada arte de extorquir boas gargalhadas. As frases de Skipper “Just smile and wave boys. Smile and wave.” e “Remember, cute and cuddly, boys. Cute and cuddly.” são memoráveis e hilariantes.

Na versão dobrada para português vozes famosas dão o seu contributo, tais como os elementos do "Gato Fedorento". Tiago Dores, José Diogo Quintela e Miguel Góis dão voz aos pinguins Skipper, Kowalski e Private, respectivamente. Ricardo Araújo Pereira dobra o rabugento conselheiro da tribo de lémures, Maurice. Rui Oliveira interpreta a utopista zebra Marty, Leonor Alcácer dá voz à hipo Gloria, Pedro Laginha será o leão Alex, e a girafa Melman terá a voz do peculiar Bruno Nogueira.

“Madagascar” é bem-humorado e detentor de uma agradável confecção. O elenco secundário liderado pelos “cute and cuddly” Pinguins, chimpanzés amantes de literatura, e a tribo de lémures tecno-dançarinos resulta numa alegre eficácia. A tirada do pinguim Skipper ao desembarcar na Antártica (This sucks!) é brilhante. Quando a nossa existência irrompe na mutação que nos lança na fase adulta, deveríamos preservar intacto o singelo lado infantil. O filme desperta o lado ingénuo que não permiti ser filtrado na adolescência, com um ambiente relaxado e extremamente divertido. Tal como diria Skipper: “Smile and wave boys. Smile and wave”.

segunda-feira, junho 27, 2005

Fox planeia "Max Payne"



Os produtores Scott Faye e Julie Yorn uniram esforços para concretizar a adaptação cinematográfica do videojogo “Max Payne”, sob a alçada da 20th Century Fox.

Lançado para PC em Julho de 2001, “Max Payne” conta a história de um polícia de Nova Yorque cuja esposa e bebé são assassinados por drogados sob a influência da droga Valkyr. Completamente devastado, ele infiltra-se na Máfia para alcançar a origem da droga e os responsáveis pela morte dos seus entes queridos. O estilo film-noir do videojogo envolve conspirações governamentais, a Máfia e uma cidade coberta por um calamitoso nevão. Tudo relatado através de storyboards ao estilo BD.
Este foi o primeiro videojogo a incluir técnicas cinematográficas , como a bullet-time proveniente de “Matrix”.
Pessoalmente adorei o videojogo, forneceu-me momentos de puro gozo. Espero que o filme seja bom, no entanto é triste verificar como escasseiam ideias originais no mundo da Sétima Arte.

domingo, junho 26, 2005

“Batman Begins”, de Christopher Nolan

Class.:

Um filme de super-heróis necessita de uma harmoniosa mescla de 4 elementos (pelo menos): argumento, personagens, atmosfera e acção. Christopher Nolan arranca uma história sagaz, favorecendo o diálogo em detrimento da acção e a caracterização a visuais pomposos. No entanto a nova introdução no universo Batman falha, pois o brilhante Nolan não domina cinema de acção e dissolve a obscuridade característica do super-herói. O filme vale pela originalidade na qual um super-herói é apresentado.

Os thrillers psicológicos e provocantes de Nolan (“Memento” e “Insomnia”) estabeleceram-no como novo talento do panorama cinematográfico, com um estilo de realização notável, e um exímio domínio na caracterização. Imbuindo seus filmes numa sensibilidade e visuais noir, “Batman Begins” é igualmente film-noir por excelência, ostentando os elementos característicos: culpa, dor, perda. O tema primordial do filme é o medo. O herói confronta o seu profundo medo e acaba transformado na entidade aterradora. O morcego é um símbolo pessoal para Bruce, o mesmo que introduziu o medo na sua infância, e na fase adulta funciona como permanente lembrança da noite na qual os pais foram assassinados. Bruce usa o seu disfarce de morcego para intimidar e manipular o medo dos seus oponentes, assim como para gerir o seu.

O treino de Wayne por Ra’s Al Ghul num templo aninhado nas montanhas do Tibete é um momento magnífico, apesar de curto. Habituado a encenações selvagens e naturais (Insomnia), Nolan transforma o panorama frio em algo grandioso. O seu estilo cristalino, os movimentos suaves e o seu gosto pelo lirismo, adaptam-se modelarmente ao estado mental de Bruce Wayne. Nolan pinta um retrato profundo do órfão, dissecando psicologicamente a personagem atormentada pela necessidade de uma relação paternal, e pelo desejo de vingança.

A sinistra introdução de Bale dentro do fato é maravilhosa, pois apercebemo-nos claramente da substância que petrifica os seus inimigos de medo. No entanto o engenho da acção que sucede à brilhante introdução estagna. Não obtemos boas visualizações de Batman em movimento, graças a extremos close-ups, cortes bruscos e sobrecarregada sombra. A acção que pauta os ataques de Batman é uma mixórdia de imagens geradas numa rápida edição que oculta os movimentos do Justiceiro das Trevas.

Christian Bale (que mais recentemente imitou Lindsay Lohan em “The Maquinist”) oferece a melhor interpretação de sempre do multi-milionário Bruce Wayne. A sua carismática presença domina a tela e invoca memórias cinéfilas para as suas interpretações como criança desolada (“Empire Of The Sun”) e como adulto ameaçador (“American Psycho”). No entanto, Michael Keaton permanece imperturbável no trono de melhor Batman de sempre. Keaton injectou no Justiceiro das Trevas uma única e fundamental dose de humor e sarcasmo (completamente ausente em “Batman Begins”).
O senhor Michael Caine (Alfred), o estupendo Morgan Freeman (Lucius Fox), o brilhante e multifacetado Gary Oldman (Jim Gordon) e o talentoso Cillian Murphy (Scarecrow) oferecem interpretações bem acima da média.

Apesar da humanização de Batman, Nolan negligência o herói. A aproximação de Nolan é profunda e brilhante a espaços, mas exibe dificuldades em lidar com o mito. Ocupado com a sua concreta aproximação, revelando e expondo todas as facetas do herói, ele esquece-se de glorificá-lo como tal. Nolan não se atreve a divertir com o material. Não pretendo dizer que o filme seja corriqueiro (aliás, irá entreter muitos fãs e público em geral), no entanto é terrivelmente sóbrio tendo em conta ser a adaptação de um comic. A profunda psicologia revela o talento e a inteligência de Nolan, mas a excitação que deveria povoar as adaptações BD escasseia.

O facto do filme ser catalogado por muitos como hiper-realista, não convence. Como será então explicado um tanque a pular de prédio em prédio? O ridículo da cena quase iguala o Batmobile subindo verticalmente uma parede em “Batman Forever”. Gotham City foi transformada numa metrópoles e ficou extremamente semelhante a Chicago (com sistema monorail incluído). Gotham deixou de ser a cidade de Batman… o filme evoca a Metrópolis de Superman. Perdeu a glória gótica que a distingue, passando a ser uma gothic-wannabe gerada por alguém sem a delicada sensibilidade obscura. Bruce está neste filme mais assexuado que nunca e a presença de Katie Holmes é oca. A interacção com Bale recorda por vezes as frívolas e patéticas cenas românticas de Lucas na trilogia de prequelas para “Star Wars”. Não existe interesse romântico, nem sensualidade, nem o erotismo de uma sedutora presença feminina. A trilha sonora é eficaz, mas não arrebata. Olvidaram igualmente a presença um tema exclusivo para Batman.

“Batman” de Tim Burton continua a ser a minha adaptação BD predilecta, seguida pelos dois “Spiderman” de Sam Raimi. É a adaptação que apresenta um superior número de elementos cinematográficos sobre elementos da Nona Arte. Cinema é uma forma de Arte e BD é outra, ambas devem ser devidamente distinguidas e Burton conseguiu realçá-lo como ninguém até hoje. Batman é a minha personagem BD favorita (apesar de não ser um comic geek): é fascinante, misterioso, detentor de uma complexidade ímpar. E quanto a mim, Batman nunca foi convenientemente cuidado, pois apesar de Burton ter elevado as películas (“Batman”, “Batman Returns”) com um esplendor gótico (apoiado numa tremenda banda sonora do prodigioso Danny Elfman), descuidou um pouco o herói em detrimento de um memorável Joker e de uma sumptuosa Gotham City. Depois Schumacher maltratou a saga (incluindo mamilos no Batsuit!... por exemplo). Nolan mudou definitivamente a natureza, o significado da mesma, desprezando o que Burton tinha alcançado nos dois primeiros filmes. Ele tem o mérito de tentar o impossível num blockbuster de Verão, explorando os recantos da mente de um super-herói em detrimento da sobreposição do espalhafato das cenas de acção e reiniciando corajosamente a saga. No entanto o filme carece dos elementos que deveriam hospedar uma adaptação BD, falta-lhe magia, excitação e divertimento. Falta-lhe um Joker no baralho, um elemento de perversidade. Creio que Burton e Nolan juntos fariam a Batman a merecida e derradeira homenagem, sem falhas. Enfim… devaneios pessoais.

Apesar de ser agradável para muitos observar a dissecação de um super-herói, eu preferia que Nolan o mantivesse vivo. É oferecida uma explicação lógica para tudo o que Bruce faz e para todas as suas engenhocas (até para o Batmobile e o Batsuit!!!). Dramaticamente o filme é um portento, uma robusta concepção. Nolan oferece uma película perspicaz, numa soberba análise e decomposição da psique de um super-herói. Mas… Depois de tudo ser desvendado sobre as raízes de Batman, o seu distinto lado negro, obscuro e sombrio dissipa-se e o herói torna-se tão curioso como um truque mágico revelado. Perde dimensão mítica.

sábado, junho 25, 2005

Quais as Sete Artes?

Sendo o Cinema a Sétima Arte, quem nunca se questionou sobre as restantes seis?
Efectuar esta pergunta a alguém associado à área artística, representa enveredar num emaranhado de respostas pouco hegemónicas. Apesar da dificuldade em obter uma resposta satisfatória, um dado é autêntico: o cinema é apelidado de Sétima Arte, pois antes do seu nascimento eram reconhecidas seis artes. Mas quais?

Dos quatro pilares nos quais assenta a cultura humana (Arte, Mística, Filosofia e Ciência), a Arte é muito provavelmente a mais antiga a ser regularmente praticada pela Humanidade. A constatação é verificada entre os animais, quer nos seus cânticos ou inclusive nas peculiares pinturas feitas pelos primatas.

As matérias leccionadas nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas Artes Liberais, decompostas em Trívio (Gramática, Retórica e Dialéctica) e Quatrívio (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Juntas formavam as Sete Artes Liberais. Como é possível constatar, as Artes da Idade Média nada têm a ver com as Sete Artes do Século XX.

As Sete Artes são consideradas a Música, a Dança, a Pintura, a Escultura, a Literatura, o Teatro e o Cinema. Não existe uma hierarquia basilar (apenas o cinema ocupa uma posição conhecida, a Sétima), no entanto cada pessoa pode tentar ordená-las. Para mim a Música é a primeira, pois até no mundo animal ela é executada desde os primórdios. A Dança é praticamente indissociável da Música, logo virá em segundo. Após o aparecimento do Homo Sapiens, como as formas de expressão eram maioritariamente tácteis surgiu a Pintura e a Escultura. Na quinta e sexta posições teremos a Literatura e o Teatro, respectivamente. A Sétima Arte é o Cinema. Olvidar a ordenação das Artes gerou uma estranha e até absurda constatação. A oitava e a nona Artes são respectivamente, a Fotografia e a Banda Desenhada. Como poderá a Fotografia estar após o Cinema, se o Cinema surgiu por curiosidade para dar movimento às fotografias? Será que a ordem não deverá ser cronológica? Será um simples desmazelo da Humanidade, ignorar a disposição das suas Artes?



Aprecio todas as formas de Arte, no entanto o cinema é a minha predilecta – sendo uma Arte jovem, com pouco mais de 100 anos. O cinematógrafo foi inventado pelos irmãos Lumière para dar movimento às coisas paradas. A base realista do Cinema era assim criada. Depois surgiu George Méliès e em função da sua grande imaginação a Sétima Arte tomou um novo rumo, ganhou uma perspectiva ambiciosa. Ele forneceu a base fantasista, sendo o primeiro inventor de ficções cinematográficas. A sua ideia era transformar os sonhos das pessoas em imagens animadas na grande tela. Para completar as três fundamentais fases do Cinema veio Max Linder, que iniciou o cómico. Linder é considerado a primeira Personagem-Carácter do cinema. Charles Chaplin chamou-o várias vezes de Mestre, confessando que foram as películas de Linder que o levaram a fazer os seus próprios filmes. Linder confessou mais tarde de uma forma modesta que foi ele quem aprendeu realmente com Chaplin.

Um bom número de pseudo-intelectuais da tanga afirma que o Cinema em particular e a Arte em geral são tudo aquilo que não possui valor prático. Pois então o que será prático? Vivermos completamente alienados por materialismos absurdos, quais seres néscios olvidando a genuína consistência existencial? A Arte toca-nos a todos pois somos entidades emocionais. A Arte é uma forma de expressar emoções supra pessoalmente. Quem nunca apreciou um determinado filme ou música? Quem nunca contemplou ou viveu um momento sublime e foi atiçado pela vontade de imortalizá-lo?

O pintor espanhol Pablo Picasso expressava que “a Arte varre da Alma o pó do quotidiano”. O Cinema como forma de Arte tem a excepcional capacidade para nos entreter, divertir e distrair da desenfreada Humanidade zombie que se encaminha para o vazio espiritual. Ingressamos numa sala escura, e somos inebriados por todas aquelas imagens e sons, universos quiméricos, mágicos. Aí a verdadeira imagem artística surge dentro de cada um, ela dialoga todo o tempo com o nosso inconsciente. A Arte enriquece espiritualmente. A Arte é a representação do belo, tem a virtuosidade para atingir a alma do espectador, expondo suas paixões, frustrações, desejos, inquietações. Murmura os seus segredos mais íntimos numa linguagem que só ele compreende.

sexta-feira, junho 24, 2005

2 segunditos de "King Kong"



A NBC colocou online uma promoção de 10 segundos para “King Kong” de Peter Jackson.

Na promo temos a instantânea oportunidade para obter um vislumbre dos braços de Kong, um dinossauro, e Ann Darrow (Naomi Watts).
“King Kong” é um remake do clássico conto do gigantesco símio capturado numa remota ilha e transportado para a Manhattan de 1930. O realizador será Peter Jackson (“The Lord Of The Rings”), o argumento está a cargo de Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens, e no elenco constam Naomi Watts (“21 Grams”), Jack Black (“High Fidelity”), Adrien Brody (“The Village”) e Andy Serkis (Gollum em “The Lord Of The Rings”) emprestando seus movimentos a Kong, entre outros.

Este minúsculo excerto não mata curiosidades, mas segunda feira muitos serão saciados com o primeiro trailer. O filme estreia no dia 14 de Dezembro, e para acederem à promo basta clicarem aqui.

quinta-feira, junho 23, 2005

Sequela para "Batman Begins"



Hoje estreia no nosso país “Batman Begins” de Christopher Nolan e rumores acerca da sua sequela já começam a ganhar contornos.

Os produtores estão muito entusiasmados com a resposta do público, pois sentem a ressurreição do herói alado. Katie Holmes não fará parte do novo projecto, pois a Warner ficou furiosa pelo namoro com Tom Cruise ter desviado e manipulado a atenção dos media.
Christopher Nolan disse que se David Goyer voltar a escrever, Bale representar novamente Batman, e o resto da equipa voltar a assinar contrato, ele também participará na realização. Também referiu que Robin não participará activamente no próximo filme, pois Bruce Wayne ainda se encontra nos primeiros dias da transformação no seu alter-ego.

Estou ansioso por deitar os olhos ao filme, pois já ouvi maravilhas dele. No entanto, apenas Sábado terei oportunidade para visioná-lo. No Domingo (se tudo correr bem) deixarei aqui no blog o meu comentário.

quarta-feira, junho 22, 2005

Novo Poster para "The Chronicles of Narnia"



Foi lançado o novo poster para “The Chronicles of Narnia: The Lion, The Witch and The Wardrobe”, a adaptação da saga literária infantil de C.S. Lewis, composta por sete livros no total.

“The Lion, The Witch And The Wardrobe” foi o primeiro dos sete livros das Crónicas a ser escrito e relata as aventuras de quatro crianças (Peter, Susan, Edmund e Lucy) que durante a Segunda Guerra Mundial são deportadas de Londres para a casa de um excêntrico professor. A vida na casa torna-se enfadonha até que Lucy descobre um guarda-fatos que serve de portal para um mágico mundo chamado Narnia, onde os animais falam e são governados pelo imponente, majestoso, sábio e benevolente leão Aslan. Depressa as crianças se apercebem que nem tudo decorre bem em Narnia. A terra encontra-se num perpétuo Inverno criado pela malvada Rainha Branca Jadis (Tilda Swinton), que transforma todas as criaturas desobedientes em pedra. As crianças juntam-se a Aslan e seus fiéis animais, para derrubarem a Perversa Rainha e dissolverem o Eterno Inverno.

Pessoalmente aguardo ansiosamente a estreia desta película, pois admiro a Obra-Prima da literatura infantil de C.S. Lewis.
Quanto ao poster, realço as extraordinárias semelhanças com “The Lord Of The Rings” (no canto superior direito as crianças relembram os pequenos hobbits). No entanto muitas das semelhanças com LOTR neste filme, devem-se ao facto das oficinas Weta (a companhia que operou na trilogia de Peter Jackson) estarem encarregues da concepção das armaduras, guarda-roupa e cenários. As filmagens decorreram na Nova Zelândia, acumulando as comparações com “The Lord Of The Rings”. Não me incomodam tais comparações, o que realmente importa é que criem um estilo visual único.
Adorei a imagem da rainha Jadis e da pequena Lucy encostada ao lampião.

A adaptação para a grande tela está a cargo do realizador Andrew Adamson (“Shrek”). De referir ainda a presença de um brilhante Director de Fotografia: Donald M. McAlpine, responsável pela fotografia do magnífico “Romeo + Juliet” de Baz Luhrmann em 1996.
O filme estreia a 9 de Dezembro nos Estados Unidos. Para Portugal ainda não há confirmação de data, no entanto este promete ser um dos grandes filmes da Quadra Natalícia.
Para acederem ao teaser trailer basta clicarem aqui.

terça-feira, junho 21, 2005

The Constant Gardener



O novo filme do realizador brasileiro Fernando Meirelles (autor do fabuloso “Cidade de Deus”), estreia em Agosto nos Estados Unidos.

O seu primeiro projecto americano é uma adaptação do romance de John le Carre e intitula-se “The Constant Gardener”. O argumento adaptado pertence a Jeffrey Caine (“James Bond: Goldeneye”).
Ralph Fiennes protagoniza Justin Quayle, um diplomata inglês no Quénia, cuja mulher Tessa Quayle (Rachel Weisz) é brutalmente assassinada juntamente com um activista local, suspeito de ser seu amante. Inicialmente julgam tratar-se de um crime passional e a Alta Comissão Inglesa em Nairobi assume que o seu colega Justin deixará a resolução do mistério ao seu encargo.
Mas perseguido pelo remorso, Quayle surpreende tudo e todos embarcando numa odisseia pessoal para desvendar e expor a verdade, que o conduzirá a uma funesta intriga.
O filme ainda não tem data de lançamento para Portugal, mas poderão aceder ao trailer clicando aqui.

segunda-feira, junho 20, 2005

Nightcrawler is not Cumming



Alan Cumming não representará Nighcrawler em “X3”. Segundo a declaração facultada pelo site oficial do actor, a Fox rejeitou continuar com o mutante azul tatuado.

Cumming participou em “X2” representando o mutante que se teleportava, Nightcrawler. Apesar de estar sob contrato para a nova incursão no universo “X-Men”, a decisão da Fox parece não ter deixado o actor azul, pois ele já havia expressado publicamente o seu desagrado em relação ao moroso processo de maquilhagem.

Esta é mais uma notícia que muito me entristece. O deplorável tratamento prestado neste terceiro filme parece continuar. A personagem é extremamente valiosa e em “X2” Alan Cumming ofereceu uma das melhores interpretações dos mutantes de Xavier. Enfim… há que deixá-los trabalhar e esperar que “X-Men” não seja enterrado, tal como foi “Blade”…

domingo, junho 19, 2005

"Pulp Fiction", de Quentin Tarantino

Class.:

"I’m trying real hard to be a shepherd." (Jules Winnfield)
Quentin Tarantino abalou a Sétima Arte com este genial filme neo-noir, o sucessor da sua obra inaugural “Reservoir Dogs”. “Pulp Fiction” transcende o mundano, e surpreende com a sua originalidade. É criativo, irónico, brutal, engraçado, “cool”, profundo e desarma com a íntima doçura da relação entre Butch e Fabienne. “Pulp Fiction” combina exaustão com excitação. Entre os tiroteios, banhos de sangue e outras violentas confrontações, vislumbram-se igualmente explorações das múltiplas facetas da experiência humana, incluindo renascimento e redenção. Ao dissecar o filme, somos conduzidos a algo profundo e rico, pois “Pulp Fiction” é uma Obra-Prima, a superior obra da década de 90 e um dos mais valiosos baluartes da Sétima Arte.

Neste filme Tarantino confirmou ser o mais inteligente e talentoso storyteller da actualidade. “Pulp Fiction” é uma narrativa não-linear, assentada numa antologia de histórias sem uma conexão explícita, até ao seu desfecho. A acção decorre em Los Angeles, e a narrativa intercala três diferentes histórias num prólogo e epílogo. Na cena inicial um casal criminoso com as alcunhas Honey Bunny (Amanda Plummer) e Pumpkin (Tim Roth) discute a evolução criminal de lojas de bebida para restaurantes. Após o prólogo surge o diálogo e a introdução de Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) e Vincent Vega (John Travolta). A partir daqui o fascínio pelo filme irrompe numa interminável espiral. A harmonia da interacção é envolvente e a forma como cumprem os desígnios do autoritário Marsellus Wallace (Ving Rhames) com um grupo de adolescentes traficantes é memorável. Outra cena inesquecível decorre num restaurante temático dos anos 50, onde Vincent janta dentro de um Chrysler com Mia (Uma Thurman), depois de Marsellus o ter incumbido da vigilância da sua irresponsável mulher. Butch (Bruce Willis) é um lutador de boxe azarado com múltiplas personalidades e com um inflexível sentido de honra. Planeia fugir com a sua namorada europeia Fabienne (Maria de Medeiros) e acaba por enfrentar o momento mais obscuro da obra, simultaneamente com o seu perseguidor (Marsellus). A fita apresenta ainda Mr. Wolf (Harvey Keitel), numa performance repleta de humor-negro, acalmando Jimmy (Tarantino) depois de Vincent ter morto alguém dentro do seu carro, impregnando-o de sangue.

Quentin Tarantino mistura nas suas obras humor, violência, cor, diálogos cativantes e sublimes bandas sonoras. Os actores brilham e alguns são revigorados nos seus projectos. Como tal, “Pulp Fiction” funciona a muitos níveis. É um filme clássico com técnicas modernas. Enquanto os diálogos remoem na nossa cabeça, o filme faz pontaria ao nosso coração e uma das principais farras do filme é observar pequenos desentendimentos darem origem a tremendas explosões de violência, realçando o seu poder satírico e mantendo-nos fixados ao ecrã.



A violência já foi pensada por teóricos e cineastas como uma experiência fundamental do cinema, intimamente ligada à própria estrutura do fluxo audiovisual. As imagens violentas produzem um certo sobressalto no espectador. Esse sobressalto de sensações é gerado pela associação de imagens mais líricas e poéticas com imagens absolutamente violentas e inesperadas. Um choque sensorial, um soco visual capaz de levar a um entendimento. A violência necessária para sairmos da inércia do hábito, dos pensamentos habituais. Deixados entregues à nossa "bela alma", enclausurados no efémero quotidiano, pensamos muito pouco. O filósofo francês Henri Bergson chega a comparar o "homem do hábito" à vaca no pasto: ruminando satisfeito, grau zero de pensamento.

Tarantino explora em “Pulp Fiction”, uma máxima de Hitchcock: “Os filmes representam a vida real, sem os pormenores aborrecidos”. Quando em 1994 “Pulp Fiction” arrebatou Cannes vencendo a Palma de Ouro, o mundo provou uma injecção de adrenalina, tal como Uma Thurman. O filme é poético, despretensioso, expressa vigorosa energia, gera poderosos momentos sarcásticos e apresenta uma profunda mensagem de sobrevivência. Se as personagens sobrevivem ou não, é insignificante. O que realmente importa é o máximo de diversão que elas possam obter neste enorme e sórdido universo. O filme almeja a nossa complacência pela vida, pelas nossas almas.

Exemplo do raro talento do realizador é encontrar e manifestar comédia, nas situações mais macabras. A partir do momento em que entramos num mundo criado por Tarantino, ouçamos ou vejamos preconceitos quebrados e personagens ensopadas em sangue, deixamo-nos ir com a corrente. Ele torna o seu bizarro mundo, em algo plausível. E este é um dos seus inúmeros atributos (talvez o mais brilhante): instalar-nos na sua gloriosa mente inventiva. Quentin Tarantino representa todos os fãs de bom cinema. Absorveu filmes como uma esponja, sorveu a linguagem e magia cinematográfica, género após género. Iniciou-se escrevendo argumentos e tornou-se o mais audaz, extravagante, excitante e talentoso realizador da sua geração.

“Pulp Fiction” detém uma banda sonora excitante, provocadora e perpétua. As imagens que imbuem o filme grudam-se à nossa mente (o restaurante Jack Rabbit Slim, a dança entre Mia e Vincent, a overdose de Mia, Butch e a espada), os diálogos são soberbos, rápidos, inteligentes e divertidos (o monólogo de Jules, Royale with Cheese, a massagem aos pés, o conto do relógio). O mestre Tarantino criou um deslumbrante protótipo para o cinema moderno, e onze anos volvidos, o filme está meritoriamente canonizado. “Pulp Fiction” não é um filme de cabeceira… é um Filme de Altar.

sábado, junho 18, 2005

Top 5: Ficção Científica

Como se avizinha a estreia da nova incursão de Steven Spielberg pela Ficção Científica (“War Of The Worlds”, a 7 de Julho), gostaria de lançar um repto a todos os cibernautas que visitem o meu blog. Qual o vosso Top5, no género da Ficção Científica?

Como em todos os Tops, as selecções são complicadas. Custa imenso deixar de fora autênticas pérolas, tais como: “E.T.” e "Minority Report" (Spielberg), "Signs" (Shyamalan), "Alien" (Ridley Scott), “The Matrix” (Wachowski Bros), “Terminator” e “T2” (James Cameron), "Back To The Future (Trilogy)" (Robert Zemeckis), “Star Wars, Episode V: The Empire Strikes Back" (George Lucas), “Solaris” (Andrey Tarkovsky), "Close Encounters of the Third Kind" (Steven Spielberg) e “Metropolis” (Fritz Lang), entre outros. No entanto após uma boa dose de reflexão, eis as minhas escolhas (por ordem decrescente):
5
"Donnie Darko", de Richard Kelly (2001)
4
"Stalker", de Andrey Tarkovsky (1979)
3
"Blade Runner", de Ridley Scott (1982)
2
"2001: A Space Odyssey", de Stanley Kubrick (1968)
1
"The Fountain", de Darren Aronofsky (2006)

sexta-feira, junho 17, 2005

Julianne Moore participa em "The Children Of Men"



Julianne Moore (“Boogie Nights”, “The Hours” e do genial “Magnolia”) juntou-se a Clive Owen (do envolvente “Closer” e do recente “Sin City”) no elenco para a aventura de ficção científica “The Children Of Men”, a realizar por Alfonso Cuarón (“Harry Potter and the Prisoner of Azkaban”, e do admirável “Y Tu Mamá También”).

“The Children Of Men” é baseado no bestseller de P. D. James, e a sua acção decorre num futuro próximo, onde a humanidade perdeu a aptidão para procriar. O caos instala-se no planeta quando é noticiado o falecimento da mais jovem pessoa do globo, aos 18 anos.
Quando uma mulher (Moore) descobre que está grávida – algo inconcebível à mais de 20 anos – a personagem de Owen é seleccionada para proteger a grávida, num mundo altamente efervescente.
A Universal Pictures vaticina o lançamento do filme para 29 de Setembro de 2006.

quinta-feira, junho 16, 2005

Corpse Bride



O website para “Corpse Bride” de Tim Burton, já se encontra online, facultando o novo poster, o teaser trailer, imagens, downloads, entre outras coisas.

O segundo filme do ano para Tim Burton (depois de “Charlie And The Chocolate Factory”) intitula-se “Corpse Bride”. É a segunda vez que Burton envereda pela animação em Stop-Motion, após “The Nightmare Before Christmas”.
“Corpse Bride” será realizado por Burton e Michael Johnson e seguirá a história de Victor (Johnny Depp), que viaja ao mundo dos mortos e casa equivocamente com uma noiva defunta (Helena Bonham-Carter), enquanto a sua noiva verdadeira, Victoria (Emily Watson), o aguarda na terra dos vivos. Durante a sua estadia na Terra dos Mortos, Victor compreende que nada o poderá afastar do seu verdadeiro amor.
É um conto de optimismo e romance que prossegue a tradição apaixonadamente sombria, característica do estilo de Tim Burton.

O filme estreia no nosso país a 8 de Dezembro e para acederem ao site oficial basta clicarem aqui.

quarta-feira, junho 15, 2005

Teaser poster para X3



A 20th Century Fox revelou o teaser poster para X-Men 3 e anunciou a data de estreia mundial para 26 de Maio de 2006. O filme que será realizado por Brett Ratner, iniciará as filmagens em Agosto, em Vancouver.

Pessoalmente não acho grande piada ao poster, sou da opinião que qualquer pessoa dentro do ramo faria rascunhos superiores a este. Parece-me uma medida desesperada da Fox para ocultar as turbulências que o projecto tem padecido.
Mais: o projecto mal acabou de receber um director e já tem data de estreia… antes mesmo de “Superman Returns” que tem tido um pouco mais de estabilidade. Estranho… no mínimo…

O modo infantil como este projecto tem sido gerido desde o início, parece manter-se idêntico. Se já esperava pouco deste filme, a cada nova informação perco o interesse quase por completo. É aberrante.

terça-feira, junho 14, 2005

ALERTA!!! "Close Encounters" na TV



Hoje pelas 23h15m a RTP1 exibirá “Close Encounters Of The Third Kind” de Steven Spielberg (aka “Encontros Imediatos do Terceiro Grau”) de 1977.

Trata-se de uma Obra-Prima que não significa apenas excepcional ficção-científica, significa igualmente excepcional arte. Foi o filme que Spielberg apresentou após o excelso “Jaws” de 1975.
Ao visionar “Close Encounters” somos reduzidos à percepção de uma criança e arrebatados pela poderosa visão que nos apresentam. A imagem fascina, aterra e consome o espectador com o desejo de desvendar o segredo, da mesma forma que as personagens são atormentadas.
O filme teve oito nomeações para os Oscares e venceu um (Melhor Fotografia). Hoje em dia o filme permanece deslumbrante. A história é fresca e envolvente, os efeitos especiais são tão notáveis como qualquer proeza CGI, e a música exibe John Williams numa das suas Obras-Primas.

James Cameron planeia "Project 880"



Dezembro era a data estipulada para o arranque do novo projecto de James Cameron (“Titanic”, “Aliens”) intitulado “Battle Angel”. No entanto o realizador está a desviar a sua atenção.

Ele indicou oficialmente “Battle Angel” como o seu próximo desígnio, mas trabalha actualmente num projecto paralelo com o título inicial “Project 880”. Provavelmente este recente empreendimento será filmado antes de “Battle Angel”, pois o argumento da manga de Yukito Kishiro tem-se revelado extremamente difícil de adaptar.
Ambos os filmes serão filmados em 3-D, com câmaras de alta definição e ele também planeia utilizar a técnica de captura de movimentos usada por Zemeckis em “The Polar Express”.

Cameron tem igualmente desenvolvido uma aventura subaquática intitulada “The Dive”, com a argumentista Dana Stevens (“City Of Angels”).

segunda-feira, junho 13, 2005

"The Simpsons" - O Filme



Segundo o site “E! Online”, Matt Groening está fascinado com o argumento-rascunho para o filme “The Simpsons”.

O elenco e equipa técnica estão delineados, assim como a equipa de argumentistas. Como os escritores não serão externos ao universo Simpsons, o argumento do filme tem sido desenvolvido simultaneamente com os argumentos da série televisiva.
Ainda faltam limar diversas arestas antes do projecto arrancar, incluindo quem cuidará da animação.

Os responsáveis da série planeavam criar o filme no fim da série, no entanto a série continua a render e os fãs não aparentam saturação.
O filme ainda não tem datas de lançamento nem de produção.De referir ainda que no Outono deste ano, arranca a 17ª temporada dos “Simpsons”. A Fox e os produtores prevêem a equipa cumprindo o contrato actual, ou seja, teremos “The Simpsons” até uma 19ª temporada (pelo menos).

domingo, junho 12, 2005

“Sin City”, de Robert Rodriguez

Class.:

“Aim careful, and look the devil in the eye.” (John Hartigan)

Visualmente inventivo, hipnótico e leal à índole da sua inspiração, “Sin City” dá vida às páginas de uma Banda Desenhada, num nível sem precedentes na história do cinema. É uma compilação de três histórias situadas numa decadente metropolis infestada de crime. Declaradamente film-noir, “Sin City”, nasce da colaboração entre o realizador Robert Rodriguez (“El Mariachi” - um dos meus filmes de culto da década de 90), e o romancista gráfico Frank Miller, escritor e ilustrador dos contos “The Hard Goodbye”, “The Big Fat Kill” e “That Yellow Bastard”.

O filme divide-se em três histórias (quatro, contando com a introdução). No primeiro segmento existe o protótipo matulão, Marv (interpretado maravilhosamente por Mickey Rourke), que se apaixona perdidamente por Goldie (Jaime King). Quando na manhã seguinte ao único encontro, acorda e vê Goldie morta ao seu lado, envereda por um brutal trilho que o dirige para o centro nevrálgico do domínio da cidade. O segundo segmento foca-se em Dwight (Clive Owen), que se envolve com a rapariga errada (Brittany Murphy) e um polícia corrupto (Benicio Del Toro), emaranhando-se num grupo de prostitutas lideradas por Gail (Rosario Dawson). Por último um polícia em fim de carreira chamado Hartigan (Bruce Willis), tenta salvar uma jovem rapariga (Jessica Alba), das garras de um assassino/violador (Nick Stahl).

Assim como no filme “Sky Captain and the World of Tomorrow” (2004), os actores filmaram com um fundo verde e o panorama em redor foi posteriormente adicionado através de computação gráfica onde algumas páginas dos livros de “Sin City” foram claramente usadas como storyboards, numa fotografia muito preto e branco, com pontos de exclamação coloridos pincelando o ecrã, o tracejar das formas de uma femme-fatale, splashes de sangue provenientes de brutais homicídios salpicando a tela. É um negro esticado ao limiar do abstracto, imagem transformada em iconografia. A utilização da cor, matizando aqui e ali a fotografia preto e branco já havia sido utilizada em “Pleasantville” de Gary Ross (1998) e por Spielberg numa magistral cena do filme “Schindler’s List”. Aquela na qual uma criança com um vestido cor-de-rosa tenta esconder-se das tropas nazis, e mais tarde tornamos a visionar o pontinho cor-de-rosa numa pilha de cadáveres. Era Spielberg no seu melhor, numa cena memorável e silenciosamente arrasadora.

Mas voltemos ao maravilhoso “Sin City”. Outra influência bem visível é a de Tarantino (com créditos na realização), na estrutura narrativa à la “Pulp Fiction” onde pequenas histórias são interligadas. A sua contribuição oficial é limitada a uma cena de carro com Clive Owen e Benicio Del Toro. Apesar da obra ter sido meticulosamente reproduzida e não adaptada (vontade expressa de Rodriguez), experimentei este filme como um poderoso exercício de estilo. Esta película não é um exercício narrativo (nem pode ser avaliada como tal), é sim uma pujante experiência visual e Rodriguez atinge níveis de puro brilhantismo nesta Obra-Prima técnica. Até na direcção de actores, ele é sublime neste filme. O elenco contém alguns dos nomes mais sonantes da actualidade, mas nunca associamos as personagens que eles interpretam em “Sin City” com as suas personagens prévias. Não vemos actores, contemplamos personagens (desalmadas é certo, mas servindo irrepreensivelmente a película). Não poderia deixar de mencionar Elijah Wood, que interpreta talentosamente Kevin. Há muito tempo que não sentia tamanho fascínio por um vilão. Ele habitará os pesadelos de muitos, graças a uma representação assombrosa (a todos os níveis).

Neste excêntrico, violento, sexista, sensual e sádico mundo de fantasia cartoon, Rodriguez agarra logo na primeira frame o espectador pela jugular e nunca mais o liberta até ao final. À medida que os heróis matam abrindo caminho em direcção à verdade, a brutalidade atinge um pináculo frenético de redenção e remorso. Seja através de electrocussões ou esquartejamentos, nenhuma forma de aniquilação é suficientemente gore para as imaginações extravagantes de Rodriguez/Miller, neste filme Pulp-Noir (como prefiro apelidar este género).
Com uma ambiência brumosa, “Sin City” é uma vívida experiência, reveladora da virtuosa visão e inimitável estilo como artista “comic” de Miller e da explosiva imaginação de Rodriguez como realizador, combinando intrépida e revolucionária cinematografia com acessibilidade comercial. “Sin City” é uma viagem estrambólica, uma amálgama de fascínio e repulsa destinada a converter-se num clássico de culto. O filme não alcança as portas do Paraíso, mas é um pecado olvidá-lo.

sábado, junho 11, 2005

Grind House



Quentin Tarantino e Robert Rodriguez preparam mesmo algo diferente com o seu novo projecto “Grind House”.

Rodriguez contou que apesar do filme ser filmado em digital, na pós-produção a película será tratada para ficar com uma aparência suja e antiga, com uma coloração meio rosada característica dos filmes dos anos 70 e com marcas de troca de rolo (aquelas que Tyler Durden nos ensinou a observar em “Fight Club”).

Tarantino e Rodriguez irão escrever e realizar, cada um, um filme de terror com uma hora de duração. Ambos serão exibidos juntos sob o título de “Grind House”. O objectivo é homenagear as salas que se dedicavam a exibir filmes de terror há décadas atrás (grindhouses). Assim como na programação das grindhouses, o filme também vai incluir trailers preparados por realizadores convidados. Estes serão visionados no intervalo entre os dois segmentos principais.

A estreia mundial está programada para o primeiro semestre de 2006.

sexta-feira, junho 10, 2005

Yôkai Daisensô



O novo filme do virtuoso realizador japonês Takashi Miike chama-se “Yôkai Daisensô” (aka “The Big Spook War”). É uma das obras mais aguardadas por mim, no presente ano.

O realizador de brilhantes filmes, tais como “Bizita Q” (aka “Visitor Q”) ou “Koroshiya 1” (aka “Itchi the Killer”), estreará a sua nova película em Agosto, no Japão.
A fita é um remake do homónimo filme de Yoshiyuki Kuroda (1968), e apresentará um mundo de fantasia.
Yôkai (que não é criatura, nem fantasma, nem monstro) tem um aspecto grotesco e uma personalidade única. Estes seres amorosamente assustadores vivem entre nós. A fita relata a batalha dos Yôkai (liderados por Kirin Sôshi) contra o espírito do mal Army Corps (liderado por Katô Yasunori), que planeia destruir o mundo.
O jovem actor prodígio japonês Kamiki Ryûnosukue, interpreta a personagem principal Tadashi, que luta ao lado dos Yôkai.

O filme ainda não tem data de lançamento para o nosso país. Para acederem ao trailer basta clicar aqui.

quinta-feira, junho 09, 2005

“The Flash” move-se lentamente



David Goyer ainda não terminou o argumento para “The Flash”.

Após escrever o argumento de “Batman Begins”, Goyer tem trabalhado noutra personagem da DC Comics, o veloz Flash.
David Goyer irá escrever, produzir e realizar o filme que marca o quarto projecto da Warner Brothers para revitalizar super-heróis da DC (depois do horrível “Catwoman”, ainda estrearão “Batman Begins” de Christopher Nolan e “Superman Returns” de Bryan Singer).

Expectativas? Bem… Apesar de Goyer ter escrito o argumento para um par de filmes que apreciei q.b. (“Dark City”, “Blade”), a sua participação como realizador no fraquinho “Blade Trinity” deixa-me muito pouco expectante, quanto a uma boa película.
Veremos… anda tudo muito devagar, sem datas de lançamento nem confirmações para elenco. A procissão ainda vai no adro.

quarta-feira, junho 08, 2005

Depp is precioussssss



Johnny Depp, que interpretou um dealer em “Blow”, e ingeriu vários alucinógenos em “Fear and Loathing in Las Vegas”, está a ser cortejado para protagonizar um viciado em anfetaminas.

“Addict” será a autobiografia do escritor Stephen Smith de 61 anos, que após se tornar viciado deambulou pelo mundo do crime e viveu como desalojado nas ruas de Wrexham, na Inglaterra.
Contratado para realizar o filme está Andy Serkis, o actor que fez de Gollum em “The Lord Of The Rings” e que mais recentemente concede os seus movimentos a “King Kong”.

Segundo o escritor, Johnny Depp é o actor perfeito para o papel e a esperança é que Depp assine contrato dentro de três semanas, já que as filmagens começam em Agosto.

terça-feira, junho 07, 2005

“The Lord Of The Rings” (Trilogia), de Peter Jackson

Class.:

Antes do lançamento dos três filmes já me encontrava familiarizado com a obra de J.R.R. Tolkien e quando soube que haviam encetado um mega projecto destinado à adaptação cinematográfica da Trilogia do Anel fiquei deliciosamente atordoado. Quando soube que Peter Jackson era o timoneiro, fiquei curioso para verificar a resposta de alguém que havia lidado com projectos interessantes de menor dimensão (“Bad Taste”, “The Frighteners”). O resultado foi avassalador. O filme é a visão superiora de um fã da obra, alguém que criou uma adaptação cinematográfica monumental e colocou um marco na História do Cinema. Alguém que respira profusamente o mundo criado pelo génio de Tolkien. Alguém que não defraudou ou feriu os fãs inveterados do livro (apesar da liberdade que Jackson tomou, olvidando alguns aspectos importantes do livro, no entanto é preciso distinguir Cinema de Literatura numa adaptação) e acima de tudo, alguém que não tornou como pré-requisito a leitura obrigatória do livro.

Neste filme soberbo senti-me embarcar numa viagem avassaladora, numa aventura mágica. As criaturas, as batalhas, a mitologia do mundo criado por Tolkien são inesquecíveis. A Obra é extraordinária como um todo, detentora de um peso equitativo nos seus pequenos e portentosos momentos. "The Fellowship Of The Ring" é emocionalmente belo, "The Two Towers" é um prodígio visual, e “The Return Of The King” é a compilação sublime do ambiente deslumbrante com a sumptuosidade cabal das batalhas e com o enternecimento da união entre as personagens.

As sequências de batalha são únicas na história do Cinema, repletas de momentos nos quais me senti parte integrante. Criaturas brotadas da imaginação de Tolkien às quais Jackson dá vida e movimentos que apenas habitam nos nossos sonhos. Vemos homens, elfos, anões, um exército de mortos amaldiçoados, águias enormes contra Orcs, Nâzgul, criaturas negras aladas, uma manada de Olifantes servindo de plataforma ambulante para máquinas de guerra, enormes Trolls manejando gigantescas catapultas e por aí adiante.

The Lord Of The Rings” é de uma extrema inteligência visual, explorando o lúdico e o mágico em jogos de perspectivas, alterações de pontos de vista, câmaras que tiram a imagem dos eixos convencionais, onde a variação e criação de cenários é tão importante quanto a acção. O filme oscila entre cenários luminosos como a terra dos elfos, de beleza clássica, perfeita, intocável e feitos para a contemplação, com cenários igualmente monumentais e carregados de maus presságios, com penhascos escarpados, vermelho cor-de-sangue, montanhas esmagadoras cobertas de neve e esculpidas pelo vento, minas sombrias com abismos subterrâneos, labirintos de pedra, despenhadeiros, enfim, toda uma iconografia que faz referência ao Classicismo, Expressionismo, passando pelo Paisagismo Romântico Alemão.

Algo que impressiona igualmente neste filme é a sua violência sensorial, produzida pelo som avassalador e pela montagem das cenas de luta. As imagens são esquartejadas de tal forma numa edição frenética, o batimento perceptivo, milhões de estímulos produzidos pela montagem vertiginosa, a presença do som, quase uma barreira sonora que bate/envolve o espectador, traduzindo a acção numa engenhosa experiência sensorial, capaz de petrificar na cadeira, produzir enjoo, fazer desviar ou hipnotizar o olho, numa potente experiência audiovisual.

The Lord Of The Rings” explora no meu entender todas as potencialidades da Sétima Arte, irrompendo uma majestade visual, sonora, fotográfica, escrita, interpretativa, de caracterização, de efeitos visuais, de realização. Etiquetar “The Lord Of The Rings” como colossal ou monumental é redutor. Esta película mexeu com o meu âmago. Quando a contemplo sinto-me a atravessar a Terra Média. Peter Jackson ofereceu ao mundo cinematográfico uma das mais belas e harmoniosas construções cinematográficas de todos os tempos. Particularmente, fui siderado por esta arrebatadora, deslumbrante, empolgante e extasiante Obra-Prima.

Trailer de "King Kong" com "War Of The Worlds"



Segundo a Kongisking.net, poderemos contemplar as primeiras imagens de “King Kong” de Peter Jackson nos trailers que antecedem o filme “War of the Worlds” de Steven Spielberg. O trailer tem data de lançamento marcada para 28 de Junho e o filme de Spielberg estreia em Portugal a 7 de Julho.

Peter Jackson (“The Lord Of The Rings”) é o realizador de “King Kong”. O argumento de Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens (a equipa de “The Lord Of The Rings”) é baseado na história original de Merian C. Cooper e Edgar Wallace.
Jackson empregará tecnologia de ponta para reproduzir o conto intemporal, auxiliado pelas companhias de efeitos visuais Weta Digital e Weta Workshop. Ele centrará a história nas misteriosas e perigosas selvas da Ilha Skull.
As filmagens têm lugar na Nova Zelândia e no elenco do filme constam Naomi Watts (“21 Grams”), Jack Black (“High Fidelity”), Adrien Brody (“The Village”) e Andy Serkis protagonizando os movimentos de Kong, tal como o fez para Gollum em “The Lord Of The Rings”.
“King Kong” terá a sua estreia no nosso país durante o mês de Dezembro, provavelmente no dia 15.

segunda-feira, junho 06, 2005

Ratner é nomeado para "X3"



A Twentieth Century Fox e a Marvel Entertainment nomearam oficialmente Brett Ratner como realizador de “X3”, substituindo Matthew Vaughn.

A contratação mantém o filme em andamento, supondo que a estreia agendada para 2006 não sofrerá alterações.
Sendo um fã de BD, Ratner chegou a ser considerado para dirigir “X3”, mas Bryan Singer apoderou-se do cargo. Ratner passou então um ano desenvolvendo “Superman Returns”, o filme que por último passou para Singer quando este abandonou “X3”.
Brett Ratner tem no seu currículo a realização de “Rush Hour”, “Rush Hour 2” e “Red Dragon” entre outros.

As filmagens começarão em Agosto e o elenco original já assinou, assim como Kelsey Grammer (Beast), Vinnie Jones (Juggernaut) e a estrela de “Lost”, Maggie Grace (Kitty Pryde, aka Shadowcat) assinaram como novas personagens mutantes.

domingo, junho 05, 2005

"Jaws", de Steven Spielberg

Class.:

“You’re gonna need a bigger boat” (Brody)
Em 1975, mesclando publicidade negativa com eminentes expectativas de desastre comercial e crítico, a Universal Studios arriscou lançar “Jaws”: um filme realizado por um jovem desconhecido chamado Steven Spielberg, sobre um tubarão devorador de pessoas, aterrorizando as praias da Florida. O filme estava condenado a ser um fracasso, no entanto (o então apelidado de ingénuo) Spielberg presenteou plateias com um dos thrillers mais bem concebidos de sempre, gerando inclusive a definitiva fórmula para os blockbusters de Verão.
Baseado no romance de Peter Benchley, o argumento de “Jaws” é sobejamente conhecido. Em Amity Beach na Florida, uma colegial é morta após o ataque de um Tubarão Branco. Tal é a conclusão do chefe Martin Brody (Roy Scheider) após receber o relatório médico. O acontecimento é abafado, pois pode afectar o negócio turístico da zona. Brody decide pedir ajuda a Matt Hooper (Richard Dreyfuss) depois de uma segunda investida do monstro e o cientista/observador de tubarões, classifica os ataques como obra de um enorme Tubarão Branco. Após uma terceira vítima durante as festividades de 4 de Julho, o conselho da cidade aprova que Brody, Hooper e um reputado caçador de tubarões chamado Quint (Robert Shaw, numa interpretação de antologia) persigam e eliminem o tubarão… isto se o temível animal não os devorar primeiro.

Spielberg confiante no realismo que o seu tubarão mecânico Bruce empregaria à película, utilizou um engenho à la Hitchcock: mantendo o tubarão oculto até metade do filme, quando a batalha com os três homens toma lugar. Ao fazer isto e deixando a câmara de Bill Butler adoptar a perspectiva do tubarão, acompanhada pela célebre composição musical de John Williams, Spielberg criou uma poderosa fonte de medo, graças ao que não podemos visualizar. Este é o verdadeiro poder de “Jaws”. Coloca-nos em contacto com as raízes primitivas do medo, um pavor atordoante, usando invulgarmente o suspense e proporcionando ilustres cenas de horror (das melhores de sempre!!). Não admira que na altura pessoas tenham ganho aversão à água, realçando o vigor da obra.



“Jaws” é um majestoso exercício de tensão, evidenciando ainda hoje o mesmo impacto de há 30 anos atrás. Cada sequência de ataque deixa-nos praticamente a suar. A sequência de abertura e conclusão são cenas inesquecíveis, clássicas. O filme inicia genialmente com escuridão e distantes sons marinhos. As primeiras linhas da composição de John Williams fazem-se escutar e a partir daqui Spielberg leva-nos para a água onde uma jovem nada desnudada a meio da noite. A hábil câmara filma inicialmente a rapariga por baixo, ofuscada pelo luar. Depois aproxima-se da adolescente e ela é subitamente atacada, agitada para trás e para diante, e por fim arrastada para as profundezas deixando as águas novamente pacíficas. Este início revela o cariz meticuloso do soberbo realizador, mas a minha cena predilecta ocorre quando Quint relata as suas experiências como um dos poucos sobreviventes numa horrenda investida de tubarões. O conto é baseado em factos reais, sobre o naufrágio do U.S.S. Indianapolis durante a Segunda Guerra Mundial, quando numa tripulação de 1100 homens apenas 316 sobreviveram a um terrível ataque de tubarões. A narração de Quinn captura a nossa atenção e quando o tubarão ataca o barco no termo do relato do caçador, todo o pavor gerado pelo ambiente explode em ondas de puro terror, arrepiando cada milímetro quadrado da nossa epiderme.

Considero “Jaws” uma superior criação de Spielberg (por vezes considero-a “a” melhor), numa extensa galeria de Obras-Primas (“Close Encounters Of The Third Kind”, “E.T.”, a saga “Indiana Jones”, “Schindler’s List”, “A.I.”, “Minority Report”, e por aí fora…). Engloba excepcionais diálogos, excepcionais personagens e excepcionais sustos. Em tempos, Hitchcock definiu o seu género a François Truffaut mais ou menos da seguinte maneira: «Se tivermos duas pessoas numa sala e uma bomba explodir de repente, temos dois segundos de susto. Mas se activarmos uma bomba à vista do espectador, e depois colocarmos na sala duas pessoas que desconhecem a explosão iminente de uma bomba oculta, teremos então alguns minutos de suspense». Para Spielberg a sala é a água e a bomba o grande Tubarão Branco. Spielberg sempre manifestou a sua veneração por dois cineastas: Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock. Steven Spielberg apenas evidenciaria a sua faceta Kubrickiana em “Close Encounters of the Third Kind” (1977), mas “Jaws” seria o expoente das suas referências Hitchcockianas. A composição de John Williams não é das suas melhores, mas o memorável tema do tubarão impõe um elevado ritmo de tensão e a sua assinatura ficou tão famosa como a melodia de Bernard Herrmann na cena do duche em “Psycho” de Hitchcock.

“Jaws” é um dos melhores filmes jamais edificados, um poderoso baluarte na história da Sétima Arte. É uma genuína aula de cinema ministrada por um novato, que na prática actuava como um mestre. Começava a era de alguém perito em atingir o nosso ponto fraco. Steven Spielberg ofertou uma valiosa pérola ao oceano cinematográfico.
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