quarta-feira, janeiro 31, 2007

Momento Zen

terça-feira, janeiro 30, 2007

Johnnie To convida Delon



O lendário actor francês Alain Delon (“Il Gattopardo”, “Le Samouraï”) foi convidado por Johnnie To para participar no seu próximo projecto. O filme ainda não foi anunciado, mas o actor já confirmou a colaboração em entrevistas recentes. De referir, que o cineasta de Hong Kong começa finalmente a ser reconhecido na Europa, com “Election” e “Exiled” a serem bem acolhidos. No Festival de Roterdão do presente ano chegou mesmo a ser distinguido com o galardão Realizador em Foco.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Monsieur Gondry #6

Knives Out é o segundo single retirado de “Amnesiac”, álbum de Radiohead. Com vibrações cartoon, Michel Gondry serve-se do videoclip para reconstruir memórias, num olhar autobiográfico sobre o relacionamento com uma ex-namorada. Cliquem na imagem e aguardem um pouco.

sábado, janeiro 27, 2007

Curiosidade de pacote de cereais

Fetiches… quem não tiver, que desfira a primeira chibatada. Todavia, lá que existem alguns bem bizarros… existem. Cecil B. DeMille, o realizador de “The Ten Commandments”, era podófilo (não confundir com pedófilo), ou seja, tinha atracção por pés. Fetiche esse, que empregava na selecção de várias actrizes das suas películas. Um facto curioso, prende-se com uma das diversas reposições que “The Ten Commandments” foi alvo. Na década de 90, surgiu num formato de ecrã largo, esticado e com o topo e a parte inferior de cada fotograma cortados. Com o súbito desaparecimento de alguns pés, o pobre DeMille deve ter-se revolvido no túmulo.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Olhinhos da DreamWorks


Puss In Boots, em “Shrek 2



Mort, em “Madagascar

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Lifted



Antes da projecção de “Ratatouille”, poderemos ser deliciados com a nova curta-metragem da Pixar, intitulada “Lifted”. A animação de 5 minutos segue um jovem estudante alienígena, que testa a paciência do seu instrutor na primeira tentativa de rapto de um inocente fazendeiro adormecido. A curta marca a estreia na realização do aclamado designer de som, Gary Rydstrom, responsável pelo som de alguns filmes da Pixar, bem como de “Terminator 2”, “Jurassic Park”, “Titanic”, “Minority Report” ou “Saving Private Ryan”.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Comprado!

Uma “guerra” pela aquisição dos direitos de distribuição de “Son of Rambow” despontou na noite de segunda-feira e durou até à madrugada de terça, imediatamente a seguir à sua projecção em Sundance. O filme de Garth Jennings foi adquirido pela Paramount Vantage pela quantia de 8 milhões de dólares, ecoando duas das maiores compras do Festival (“Happy, Texas” e “Little Miss Sunshine”). Estabelecido num longo Verão britânico da década de 80, “Son of Rambow” centra-se num rapaz cuja vida é alterada pelo primeiro filme de Rambo. Aspergida com doses consideráveis de comédia afável, a película chega a ser descrita como um «“Billy Elliot” realizado por Tim Burton».

terça-feira, janeiro 23, 2007

Son of Rambow



Estreou ontém em Sundance. Se clicarem no poster, poderão aceder ao respectivo site oficial.
Estou curioso... muito curioso!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Mashup #7



Tom Hanks no casting de 007. Ou então não...
Cliquem na imagem.

sábado, janeiro 20, 2007

27º FANTAS


Sessão oficial de abertura:
El Laberinto del Fauno”, de Guillermo del Toro



Andrey Rublyov”, de Andrey Tarkovsky



Zerkalo”, de Andrey Tarkovsky



"Den Brysomme Mannen", de Jens Lien



Paprika”, de Satoshi Kon



Isabella”, de Pang Ho-cheung



Time”, de Kim Ki-duk



The Host”, de Bong Joon-ho



Sessão oficial de encerramento:
The Fountain”, de Darren Aronofsky


A 27ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto decorre entre os dias 19 de Fevereiro e 4 de Março. Estes são apenas alguns dos nomes incluídos no fantástico cartaz do Fantasporto 2007... os nomes da minha predilecção. E se por algum milagre, incluíssem à última hora “INLAND EMPIRE” de David Lynch e “I'm a Cyborg, But That's Ok” de Park Chan-wook?
Era bom, era…

sexta-feira, janeiro 19, 2007

"Wall-E" revelado



Foi divulgada a primeira imagem do próximo projecto da Pixar, “Wall-E”, que sairá um ano depois de “Ratatouille”. A sinopse ainda se encontra envolta em secretismo, mas sabe-se que a animação será realizada por Andrew Stanton (“Finding Nemo”) e que a estreia se encontra agendada para 27 de Junho de 2008.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Falta pouco Tempo



Um jovem casal passa por uma das recorrentes crises num relacionamento. Desiludida com o esfriar da relação, uma mulher julga que o namorado está farto dela. A insegurança leva-a a comportamentos histéricos e embaraçosos, com diversas crises de ciúmes, muitas vezes infundadas. Na tentativa de salvar o namoro que sente desmoronar de dia para dia, resolve passar por uma radical transformação facial por intermédio de cirurgia plástica. “Time”, o recente filme de Kim Ki-duk, criador de experiências inesquecíveis (“The Bow” e “3-Iron”, por exemplo), está a chegar ao FANTAS.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Redacted



Este é o título provisório para o novo projecto de Brian De Palma. O filme será baseado na história verídica da violação e assassinato de uma menina iraquiana de 14 anos, por parte de quatro soldados norte-americanos. Militares esses, que também terão assassinado três familiares da adolescente. Para edificar a narrativa, De Palma irá recorrer a material de arquivo, noticiários, documentários, cobertura de julgamentos, vídeos do YouTube e excertos do videoblog de um dos acusados. O início da produção está agendado para Abril.

terça-feira, janeiro 16, 2007

INLAND EMPIRE

Já circula pela Internet o segundo trailer para o novo filme de David Lynch. Trata-se de uma versão um pouco mais extensa, com legendas em francês, que apresenta mais personagens que o teaser inicial. Aparentemente, Lynch continua a narrar filmes dentro de um filme, pois a história segue Nikki (Laura Dern), uma actriz que recebe a proposta para um papel no novo filme de Kingsley (Jeremy Irons), onde terá que contracenar com Devon (Justin Theroux). A partir daqui... é Lynch sempre a abrir... e em formato digital! Quanto à estreia em solo nacional, aguardemos… como é hábito.
Para acederem ao trailer cliquem na imagem.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Monsieur Gondry #5



Nada como abrir a semana com uma música divina e com um videoclip deambulando pela Mãe-Natureza. Intitula-se “Jóga”, pertence a Björk e Michel Gondry realiza.
Cliquem na imagem.

sábado, janeiro 13, 2007

"Apocalypto", de Mel Gibson

Class.:


Medo patológico

Folhas. Plantas. Árvores. Uma espessa cortina de verdura. O que se encontra para além dos seres vivos que a câmara apreende? Uma brisa açoita-os levemente. Será desta forma que consigo observar algo para além da folhagem? Não. Nada. Avançamos lentamente. Escuta-se a respiração atenta de uma plateia expectante. Subitamente, irrompe um animal pela verdura. Os ritmos frenéticos de uma caça bem coreografada arrancam com a acção do filme e o público segue atentamente a correria que se alastra pela tela. Aborrecido… patético! Clamam alguns. Empolgante… belo! Aclamam uns quantos. Quantos terão permanecido na contemplação da folhagem enquanto a maioria perscrutava a acção? Quantos persistiram na tentativa de vislumbrar o que existia para além da verdura do plano inicial? Quantos não foram distraídos pelo ímpeto do animal em fuga? Quantos apreenderam a ironia mordaz do seu final? Quantos verificaram a densidade da ramagem temática adelgaçando gradualmente e provocando um interessantíssimo choque entre as reflexões da filmografia de um realizador soberbo?

Sim. Mel Gibson é soberbo atrás das câmaras. Bastante louco, algo incompreendido, mas avassaladoramente soberbo. Ele sabe contar uma história como poucos, elevar a pulsação durante o relato e transportar a maioria da audiência. Quando uma narrativa (maioritariamente) visual atinge estes píncaros, torna-se complicado redigir emoções. Mesmo as piadas que derrama funcionam como factor para humanizar as personagens, estabelecendo uma aura universal, íntima, relaxada e confidente. Gibson evita o tratamento estereotipado das culturas ancestrais: demasiado sóbrias, macambúzias e sisudas. “Apocalypto” é uma experiência visceral que chispa com uma beleza cristalina, inclusivamente espelhada na pureza do formato da sua narrativa de três actos. Assente na época da civilização Maia, a película providencia uma expedição numa paragem pouco explorada na Sétima Arte. Exótico, selvagem e feroz, o filme sucede de forma pujante na concepção de uma civilização em declínio e na recreação detalhada de uma sociedade conhecida maioritariamente através de ruínas. Como elemento de uma equipa de produção valorosa, Dean Semler utiliza a alta definição do sistema da nova câmara Genesis para capturar de forma vívida a beleza da cidade Maia e o realismo orgânico da selva, acentuando respectivos perigos. É um festim visual idílico com texturas de pele à mistura, para fortificar o singular estudo da carne de Gibson.



Apocalypto” transporta. É uma viagem envolvente, perturbadora, selvaticamente bela, com tensão genuína e estética visual distinta. Cada fotograma é tão simbólico, luxuriante, demandando vigilância constante, que se torna hipnótico. Com nuances de desespero e desorientação que uma idónea câmara lenta apreende, Gibson acena alegoricamente às complexas teias políticas contemporâneas. O sangue e a brutalidade são abundantes, mas nunca se encontram deslocados com o material. Não existe sensibilidade numa deflagração de violência extrema. Quanto mais profundas as chagas, mais pressão terá de ser exercida na ferida. A manifestação de selvajaria filmada por Gibson é primária, urgente, essencial, em perfeita sintonia com a desintegração de uma civilização e com a demanda pela sobrevivência. Não se trata de um mecanismo visceral para provocar reacções básicas. Isto é realização ao mais alto nível. “Apocalypto” é um raro filme de época envolvendo nativos, efectivamente narrado sob uma perspectiva indígena. Gibson evita impor um ponto de vista americanizado, com língua inglesa à mistura. A sua analogia é global e a citação inicial do historiador filósofo Will Durant avança questões profundas sobre os ciclos das civilizações. Mais do que uma reflexão no carácter auto-destrutivo do Homem, o espectáculo do sacrifício humano num peculiar centro urbano é uma metáfora portentosa. A aparição de indivíduos de terras distantes, que forçam credos numa atitude de prepotência. O sacrifício humano ao longo da história é um facto e nos dias correntes, hordas de soldados são ofertados aos deuses da guerra. No seu quarto filme até à data (como realizador), Mel Gibson continua o seu estudo da mortificação da carne ao longo dos diferentes períodos da Humanidade. Ele coloca o Homem em conflito com Deus, com a sociedade e consigo próprio, de forma perfeitamente assimilada por um elevado número de seres... mesmo que os diálogos sejam em linguagem Yucatec. Ao longo da expiação espiritual via flagelo corporal, Gibson debate-se com diversas temáticas, intersectando-as ao longo da sua filmografia. Qual o papel paterno na edificação do filho-homem? Em que diferem as cenas de execução pública que seus filmes ostentam? Qual o significado da reprodução do azul de chacina (“Braveheart”) e das mensagens divinas (“The Passion of the Christ”)? Como é que seus filmes apresentam a crença religiosa? Como elemento fanático, institucional ou enraizado? Quais os pontos de convergência nesta colisão temática?

O filme é assombrosamente cinético (na verdadeira acepção da palavra). O seu ritmo enceta de forma veloz e gradualmente eleva a tensão através da narrativa. Existe um movimento constante que assevera uma forma de lidar com uma das suas vertentes temáticas: o Medo. O medo paralisa, inibe. O medo é uma interrupção abrupta do processo de racionalização e de todos os processos de motivação. Quando o ser humano fica inconsciente pelo medo e deseja escapar ao mesmo, o seu instinto de sobrevivência destoa. Se reflectirmos convenientemente, a maior percentagem de acidentes e mesmo sinistralidade resulta da conduta que temos perante o medo. Mas não será este o resultado de uma cultura que não só não nos preparou para enfrentar o medo, como também nos educou a temê-lo? Numa palavra: Manipulação. O medo está na raiz de todas as formas de exclusão, assim como a confiança está na raiz de todas as formas de inclusão. Ao longo dos tempos, toda a sociedade foi gerando os seus pólos de exclusão. O medo é empregue para escravizar, subjugar e dominar o povo. O medo imobiliza. E é nesta realidade que Gibson cogita e propõe movimento. Não fiquemos imóveis. Em vez de presa, sejamos o caçador. Observemos o seu movimento, as suas artimanhas e aniquilemos o seu elemento perverso. Em “Apocalypto” a única forma de sobrevivência é fluir com o medo e é aqui que o magnetismo da interpretação de Rudy Youngblood (Pata-Jaguar) se faz sentir. “Apocalypto” é um trabalho de Arte, uma visão pessoal e magna de um passado refractado através das lentes obscuras do presente. De forma desadornada e o mais directa possível, “Apocalypto” é a história de um homem que terá de enfrentar demónios (internos e externos) e que encontra na família um refúgio de salvação.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

O QUÊ?!



Meryl Streep vai participar no seu primeiro musical. Até aqui, tudo menos mal. Contudo, o filme em questão será a adaptação do musical dos ABBA, “Mamma Mia!”. Estou em estado de choque! Depois disto, como será possível ainda existirem pessoas com medo de filmes de terror? Pior que isto, só mesmo a Meryl a fazer um strip

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Momento Zen

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Estreia em solo europeu

O novo filme de Park Chan-wook, “I’m a Cyborg, but that’s Ok”, chega à Europa através do Festival Internacional de Cinema de Berlim, que irá decorrer entre os dias 8 e 18 de Fevereiro. A história decorre num hospital psiquiátrico, onde uma rapariga que julga ser um cyborg de combate se apaixona por um homem que acredita conseguir roubar a alma das pessoas. O filme entra na competição pelo Urso de Ouro, dois meses depois de ter estreado em solo coreano.

terça-feira, janeiro 09, 2007

A família de “Grindhouse”...



... continua a crescer. Robert Rodriguez e Quentin Tarantino dão os últimos retoques nos respectivos segmentos (“Planet Terror” e “Death Proof”), mas existem mais surpresas extra. Refiro-me aos falsos trailers que serão incluídos no intervalo entre os dois filmes, para reviver a programação das grindhouses. Segundo a Fangoria, depois de Eli Roth e Rob Zombie terem sido confirmados na criação de “Thanksgiving” e “Werewolf Women of the S.S.”, Edgar Wright (“Shaun of the Dead”) é o convidado que se segue. Ainda é desconhecido o título e o conteúdo do seu trailer, mas enquanto aguardamos convém não esquecer o novo projecto de Wright e do seu comparsa Simon Pegg: Abril é o mês de “Hot Fuzz”.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Onde estão os óculos?


Nowhere to Hide”, de Lee Myung-se (1999)



The Matrix Revolutions”, de Andy e Larry Wachowski (2003)

sábado, janeiro 06, 2007

Top 10: Filmes 2006

10.
"Jarhead", de Sam Mendes

Jarhead” é um diferente espécime de filme Anti-Guerra, pois é um filme de guerra sem a projecção da mesma. É um drama com pinceladas de absurdo e subtis contornos de comentário pessoal. É um filme sobre perda. Não sobre a destruição da vida física, mas sobre a deterioração numa plataforma anímica. O deslumbrante génio estilístico de Mendes derrama sucessivas imagens arrebatadoras, com um primor plástico avassalador e o que é propositadamente olvidado em velocidade, é profundamente acumulado no seu sentido de propósito. “Jarhead” é um triunfo numa era cinematográfica em que a perniciosa rotina nos habituou a aguardar filmes de guerra estereotipados.


9.
"The Proposition", de John Hillcoat

The Proposition” ilustra uma porção da violenta história australiana, num conto denso de vingança, rancor, lealdade e honra, embrulhado numa dança bruxuleante entre a pura beldade e a ímpia fealdade. Esculpindo os ângulos temáticos do seu segundo argumento com enfermidade, penúria e morte, Nick Cave explora a ambiguidade do abismo entre civilização e selvajaria. “The Proposition” não representa uma boa proposta de visionamento… representa uma indeclinável proposta de contemplamento.


8.
"Brokeback Mountain", de Ang Lee

Brokeback Mountain” estilhaça diversos taboos, apresentando personagens como pessoas autênticas ao invés de causas, num comovente drama de proporções trágicas. Gustavo Santaolalla compõe um tema perfeito e uma trilha sonora admirável, numa daquelas raras composições que enleva plateias, esculpindo emoções na alma. Heath Ledger escava bem fundo na sua personagem, completamente imbuído pela forma como esta se move, fala e respira e à medida que inspira a fragrância da camisa que Jack guardava no roupeiro, suportamos o peso da sua dor numa tortura emocional de traços arrevesados. Ang Lee forjou uma bela história de amor que lida com os trilhos enigmáticos do coração humano.


7.
"Little Miss Sunshine", de Jonathan Dayton e Valerie Faris

Em “Little Miss Sunshine”, o argumentista Michael Arndt e o casal de realizadores Jonathan Dayton e Valerie Faris, projectam um pequeno raio de sol num género cerrado, concebendo um fascinante microcosmo familiar, de um grupo de almas radicalmente individualizadas: os Hoovers. Ao longo do seu rumo, o filme vai acumulando densidade e suas personagens irradiam uma complexidade que é alumiada de forma exímia por um elenco perfeito. Os criadores e elenco de “Little Miss Sunshine” transformam desapontamentos lúgubres em árias de comédia irrepreensível, com várias camadas intelectuais incorporadas. E quando o filme chega ao fim, o resultado é um somatório de sorrisos genuínos e nada de sorrisos amarelos.


6.
"Dare mo shiranai", de Hirokazu Kore-eda

Dare mo shiranai” é um drama devastador, emotivo e envolvente, sobre quatro pequenos anti-heróis que tentam sobreviver num mundo que os expeliu para um canto olvidado. Apesar de se inspirar num caso verídico, o filme resulta num tratado visual sobre a sobrevivência urbana na perspectiva das crianças, numa atarefada e desafogadamente hostil cidade contemporânea. Sem procurar amparo no diálogo fácil, Kore-eda revela as suas personagens, pincelando as suas emoções através de sorrisos, semblantes soturnos e trocas de olhares. As inúmeras e virtuosas escolhas estilísticas definem a sua nobre veia poética e resultam numa profunda experiência visual.


5.
"Brick", de Rian Johnson

Brick” é o filme de estreia do escritor/realizador Rian Johnson. Acompanhar a tradução de arquétipos Noir sob a visão de Johnson é deveras fascinante. “Brick” explora meandros Noir num círculo liceal, desde a clássica brutalidade de confrontos mano-a-mano às fatalidades de amores perdidos. Apelando para uma rede de complexidade auto-irónica, Johnson injecta tensão numa fascinante mutação de cenários, entre o subúrbio americano emocionalmente vazio e um palco moral de proporções amplas. O cinismo Noir é utilizado para dramatizar raiva adolescente e como metáfora para o isolamento pré-adulto, respectiva insegurança e auto-destruição. A sua linguagem pode ser complicada para muitos, mas exacta afirmação pode ser anexada a um bom mistério. “Brick” desafia a inteligência da sua audiência, incitando-a a discorrer conscientemente sobre as conexões dos tijolos que edificam a sua narrativa.


4.
"Babel", de Alejandro González Iñárritu

Esquadrinhando a complexidade do vínculo entre pais e filhos, Iñárritu projecta uma visão global contemporânea, sondando bem fundo no vácuo existencial das suas personagens, para desvendar as múltiplas camadas humanas de tristeza e rancor pela conjuntura da sociedade mundial. Existe uma inaptidão universal na correspondência entre maridos, esposas e respectivos filhos. E quando as palavras não embalam a alma, o corpo torna-se uma arma, um convite à exterminação progressiva. “Babel” é uma jornada de montagem virtuosa, onde Iñárritu expressa a sua crença no poder ilimitado do meio cinematográfico, explanando a sua fé no Cinema como Linguagem Universal. Com uma convicção inabalável no intelecto e sensibilidade do seu público, ele prova que um filme de montagem é também um filme a ser decifrado nas remontagens que a mente interpretante do espectador articula. “Babel” emana um poder silencioso que se fará sentir veementemente no encetar das ruminações intelectuais e espirituais.


3.
"A History of Violence", de David Cronenberg

Flutuando a narrativa numa linha esbatida entre o sonho e a realidade, David Cronenberg oferta um ensaio com implicações dramáticas sobre a natureza humana. É uma história sobre identidade e família, uma análise do papel da violência na sociedade. Existirá algum realizador tão obcecado na transformação/transgressão do corpo e mente? No início, o realizador canadiano ministrava as suas obras com um horror assente num nível visceral, pescando as entranhas do nosso pavor com um anzol celular. Contudo, a sua filmografia recente confirma uma determinada exteriorização desse horror. Orquestrando a violência irrepreensivelmente, Cronenberg demonstra-nos em “A History of Violence” como adoramos secretamente aquilo que condenámos publicamente, quebrando ilusões de norma social, numa pujante exposição da violência passando de geração em geração, como sombra da Humanidade.


2.
"Lady in the Water", de M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan é um cineasta com desígnios claros. É um autor que arrisca tudo em prol dos seus ensaios conceptuais. Apesar de sentir na pele o ódio da crítica, não se refugia na compilação de fórmulas exaustivamente lavradas e arrojadamente cria magia numa era de cinismo céptico. As suas imagens nascem da melancolia hodierna, de um pesar pela descrença ecuménica no poder da Imagem. Em “Lady in the Water”, Shyamalan esquadrinha como poucos o elemento fantástico, desconstruindo-o como algo aparentemente incorpóreo, contextualizando-o em ambiências trivialmente realísticas e revelando o inexprimível no perceptível. Para tal ensaio, muito contribui a fotografia surrealista de Christopher Doyle, escavando níveis subconscientes através do enquadramento de um plano arrebatador. Esplendoroso!


1.
"The New World", de Terrence Malick

Olhares tácitos, toques proibidos e os murmúrios da Mãe-Natureza repercutidos em cada frame de “The New World”, espelham uma urgência pungente, anunciando temas de descoberta e perda através da simbiose perfeita entre sonoridade térrea e imaginário bucólico. Na maioria dos filmes, basta uma breve sinopse ou uma referência a uma obra idêntica para aflorar a experiência que nos aguarda, mas “The New World” não é um filme qualquer… é um meio de transporte. Terrence Malick é um Poeta Idílico. É um transcendentalista insanável, proprietário de uma patologia pela qual inúmeros cineastas amariam padecer. Ele desafia audiências em experiências que ultra-dimensionam a mera superficialidade fílmica. Ele denota preocupação com temas que visam a transição terrena do homem, a corrupção da inocência, a expulsão do Paraíso e a violência destrutiva que contamina o ser humano. Todas as excelsas manifestações de Arte representam um festim para os sentidos e Malick atinge o coração nas exactas proporções com que acerca o olho e a mente. “The New World” não demanda ser percebido… necessita de ser sentido.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

There Will Be Blood



Dezembro é o mês programado para a estreia do novo filme de Paul Thomas Anderson, intitulado “There Will Be Blood”. Baseado no romance “Oil!” de Upton Sinclair, o filme explora a faceta daninha da exploração petrolífera na Califórnia do Sul, quando a mesma se tornou o equivalente à caça ao ouro. Daniel Day-Lewis (actor de culto por estes lados) interpreta um prospector do ramo da exploração petrolífera e o argumento redigido pelo próprio Paul T. Anderson, na sua primeira obra oficial a empregar um argumento adaptado, é descrito como um conto de avareza e fé. Já lá vão cinco anos desde a estreia de “Punch-Drunk Love”, mas ainda teremos de aguentar mais uns meses para termos acesso a sangue novo de P.T. Anderson. Tudo em nome das ambições para a temporada de prémios em 2008. Assim seja.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Cuarón, Iñárritu e Del Toro



Uma hora de tertúlia sobre filmes e sobretudo amizade, entre três realizadores mexicanos: Alfonso Cuarón (“Children of Men”), Alejandro González Iñárritu (“Babel”) e Guillermo Del Toro (“El Laberinto del Fauno”).
Cliquem na imagem.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Atmosferas de tensão



Dois dias após ter sido apontado como director do Festival de Cinema de Turim, aceitando o cargo «apostado em relançar o festival, mantendo as suas características» e fazendo dele um certame «simultaneamente sério e alegre», Nani Moretti abandonou o posto justificando a sua decisão pela «atmosfera de tensão» envolvente. Creio que não estarei muito longe da verdade, se disser que esta tensão é abertamente política, uma vez que “Il Caimano” (inspirado em Berlusconi para criar um filme dentro de um filme) estreou em solo italiano dias antes das últimas eleições de Abril. Deixo aqui uma das frases de despedida do realizador italiano: «É com muita dor que renuncio ao cargo e vos deixo com os vossos problemas de método, de divergências processuais… de rancores pessoais».
Brilhante Moretti, brilhante!
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