segunda-feira, abril 30, 2007

I Don't Want To Sleep Alone



I Don't Want To Sleep Alone” é um dos filmes mais pessoais de Tsai Ming-liang. Confidencialmente particular e singularmente terno. Até suas transgressões surrealmente sexuais, elevadas ao expoente da extravagância no anterior “The Wayward Cloud”, robustecem a premência da complexidade pessoal dos temas que aborda. Se em "The Wayward Cloud" a falta de água (esse seu elemento obsessivo) quase enlouquecia as personagens, aqui é o excesso que as amotina, asfixiando-as em fortes neblinas… acasalando-as em torno de uma piscina etérea. Tudo conflui para cobiçados momentos de conexão. Visualmente poético, com os toques familiares de minimalismo absurdo, esta é uma meditação no verdadeiro significado de Paixão e Solidão. Compondo temas universais com imagens proverbiais, o autor drena sentimentos de forma intensiva. Os temas recorrentes de moléstia e doença não só reforçam a certeza de que existem particularidades que escapam ao nosso controlo físico, como também reflectem a demanda terapêutica de Tsai Ming-liang. O cineasta malaio regressa ao seu país, mas tal como os trabalhadores forasteiros, deambula longe de sua Casa (ignorado e censurado na sua terra Natal). Ao longo do processo fílmico, ele busca o verdadeiro significado de Liberdade, estabelecendo vínculos interpessoais com personagens solitárias, incapazes de se comunicarem ou demonstrarem seus sentimentos e necessidade de afecto. Quando Rawang cuida de Hsiao-kang tudo se torna indefinido em seu redor, pois apenas aquele momento de ternura difunde probidade. Ao longo de esquemas de formalidade intrincada e rimada de obra para obra, Tsai cura-se a si próprio.

sábado, abril 28, 2007

Curiosidade de pacote de cereais



A CowParade, exposição de Arte pública internacional que invadiu Lisboa no ano passado, decorou a cidade de Nova Iorque no ano 2000. Nessa altura, alguém teve a brilhante ideia de convidar David Lynch para enfeitar uma das vacas. A contribuição do prodigioso cineasta pode ser conferida na imagem acima exposta.
Foi rejeitada…

sexta-feira, abril 27, 2007

I'm a DVD, but that's OK



Como já seria de esperar, “I’m a Cyborg, but that’s OK” de Park Chan-wook anda bem longe das nossas salas de Cinema. Valha-nos a confirmação do seu lançamento mundial em DVD: 15 de Maio. A pouco convencional comédia romântica arrecadou o galardão Alfred Bauer no Festival de Cinema de Berlim do presente ano, prémio que recebe o nome do fundador do festival e que se destina a filmes que abrem novas perspectivas no Cinema. O realizador coreano dedicou o prémio à sua esposa, que por vezes ficava insatisfeita com a sua carreira como realizador de Cinema. O filme decorre num hospital psiquiátrico, onde uma rapariga que julga ser um cyborg de combate se apaixona por um homem que acredita conseguir roubar a alma das pessoas.

quinta-feira, abril 26, 2007

Projectos dos Coen


No Country for Old Men” ainda não estreou e “Burn After Reading” ainda não encetou filmagens, mas os irmãos Coen já assentam directrizes para outro filme: “A Serious Man”. Sobre o mesmo pouco se sabe, à excepção de que será escrito, produzido e realizado pelos irmãos Joel e Ethan, tocando temas similares a “Fargo”. “No Country for Old Men” terá estreia mundial na próxima edição do Festival de Cannes e conta no elenco com Javier Bardem, Tommy Lee Jones e Woody Harrelson. “Burn After Reading” contará a história de um agente da CIA que perde o suporte onde guarda o livro que se encontra a redigir. As filmagens começam no próximo Verão e do elenco farão parte George Clooney, Brad Pitt e Frances McDormand.

terça-feira, abril 24, 2007

O Sorriso


Le Notti di Cabiria”, de Federico Fellini

Acompanhamos as noites e os dias de Cabiria com o coração na boca e a alma vidrada no olhar. Envergonhada com sua profissão, Cabiria desespera pela redenção nos braços de um homem rico. Mas não existe cinismo na sua demanda. Ela procura o Amor. O agasalho da Felicidade. Pois a vida açoita-a. Fustiga-a. Trata-a literalmente abaixo de cão. Mas num dos melhores finais da História do Cinema, Fellini projecta na tela um optimismo pesaroso. Contundida, momentos após ter sido novamente espezinhada, Cabiria caminha pela estrada da vida lavada em lágrimas e vislumbra a alegria passar-lhe à ilharga, sob a forma de jovens almas cantarolando e dançando. Lampejando num inesperado estado de graça, Cabiria dirige o olhar para a câmara… para nós espectadores… para mim… e brinda-me com o sorriso mais expressivo da criação artística italiana, desde La Gioconda. Depois de uma vida de padecimentos que assistimos num carpido silencioso, é ela quem nos acaba confortando com um sorriso. Glorioso!

segunda-feira, abril 23, 2007

Momento Zen

sábado, abril 21, 2007

Freeze Frame



Não é à toa que os galardões mais importantes do Cinema espanhol recebem o nome de um pintor. Francisco de Goya foi um artista singular, cuja fervura criativa se desenvolveria numa época de extremada convulsão social. Quando contraiu uma doença séria e desconhecida, ficando temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo, Goya perdeu sua vivacidade, dinamismo e autoconfiança. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas. As cores tornaram-se mais escuras. O seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo. Era o início do período das suas Pinturas Negras. Conhecer, reflectir e vislumbrar as sinuosidades de sua genialidade, ilumina sequências cinematográficas que evocam algumas das suas obras, reflectindo o seu raio de influência na Sétima Arte. A primorosa cena do Homem Pálido no filme de Guillermo del Toro, “El Laberinto del Fauno”, é claramente inspirada no seu quadro “Saturno devorando a un hijo”. Saturno é o equivalente da Mitologia Romana para o grego Cronos (nome da primeira longa-metragem de Del Toro), a personificação do tempo. Além de constituir uma referência aos conflitos internos da Espanha em pleno reinado absolutista, o quadro também representava um reflexo da degradação física e mental de Goya, uma vez que constatava o terror solitário da sua mortalidade, a impossibilidade de fugir ao tempo, a certeza que mais tarde ou mais cedo seremos devorados pelo tempo. Quem contemplar minuciosamente o quadro não conseguirá ficar indiferente à expressão do deus mitológico. Os olhos inquietos reflectem uma mistura de ódio, medo, loucura e desespero. As mãos como garras reivindicam o olhar do espectador. Intenso e visceral, o segmento de Del Toro apreende todo este poder expressivo em filme, graças à excelência do trabalho de perspectivas, dos ângulos e movimentos de câmara, da tensão do tempo (Cronos, lá está) que limita a tarefa de Ofélia, da tensão do espaço (a pilha de sapatos infantis), do calor falsamente tranquilizador do universo que só ela consegue ver. A fábula é um estilo que trabalha com elementos simbólicos para falar sobre o mundo real. No fundo, o Homem Pálido talvez seja a representação do capitão Vidal e do fascismo que serve, que decide racionar a comida para obrigar a resistência a surgir rendida. A própria introdução de Vidal chacinando os inocentes caçadores de coelhos, aparenta ser a re-imaginação de outra pintura de Goya: “El Tres de Mayo de 1808”. Inspirando-se em Goya, Guillermo Del Toro esboça monstros universais, ilustrando mundos de pesadelo criados pelo horror do despotismo. Mundos esses, que devoram as suas crianças.


Saturno devorando a un hijo

sexta-feira, abril 20, 2007

60º Festival de Cannes

Ontem, foi divulgado o programa da 60ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes. Dos filmes que concorrem à Palma de Ouro destaco aqueles que mais anseio: “My Blueberry Nights” de Wong Kar-wai, “No Country for Old Men” dos irmãos Coen (Joel e Ethan), “Promise Me This” de Emir Kusturica, “Paranoid Park” de Gus Van Sant, “The Man From London” de Béla Tarr, “Death Proof” de Quentin Tarantino, “Zodiac” de David Fincher e “Breath” de Kim Ki-duk. Presidido pelo realizador britânico Stephen Frears, o festival irá decorrer entre 16 e 27 de Maio, prestando tributo ao actor Henry Fonda e com Martin Scorsese encarregue da tradicional aula de Cinema do festival.

quinta-feira, abril 19, 2007

Mashup #11



Hordas de “Star Wars” e “The Lord of the Rings” encontram-se numa... disco? Este Mash-Up tem tanto de brilhante, como de profundamente inquietante. Vale pelos momentos iniciais.
Cliquem na imagem.

quarta-feira, abril 18, 2007

Boomerang



Se algum cineasta deseja mesmo mostrar o seu filme ao maior número de pessoas possível, então que o distribua gratuitamente. É claro que a ideia não é muito plausível quando inserida no dispendioso conceito da indústria cinematográfica, contudo, Luc Besson aparenta saber como alcançar parte desse desígnio. Ele produzirá um filme ambiental intitulado “Boomerang”, que será oferecido gratuitamente aos distribuidores. Realizado pelo fotógrafo Yann Arthus-Bertrand, autor do relativamente conhecido livro “A Terra vista do Céu”, o filme será rodado em 60 países, começando esta semana no Brasil. A ideia será demonstrar a interligação dos problemas ambientais do planeta.

terça-feira, abril 17, 2007

Cinema, Teatro e… Cinema



Aquando do lançamento de “Gangs of New York”, Martin Scorsese proferiu sobre o produtor Harvey Weinstein qualquer coisa como: «Ele faz parte da velha guarda dos grandes magnatas de Hollywood. Eles tinham opiniões muito fortes, mas também faziam grandes filmes». Quem acompanha este humilde blog, sabe como sou defensor da opinião que os irmãos Weinstein não só andam a perder o tino, como elaboram renovadas e deploráveis maquinações de lucro. Pois bem, a Weinstein Company acaba de fechar contrato com Rob Marshall (autor de pequenos ódios de estimação pessoais como “Chicago” ou “Memoirs of a Geisha”) para comandar a adaptação cinematográfica de “Nine”, um musical da Broadway que funciona como uma livre interpretação de “8 ½”, filme do magno Federico Fellini, sobre um cineasta em crise que se debate entre memórias da infância e pressões do presente. Marshall decifrando Fellini sob a forma de musical já é inquietante, quanto mais a curiosa constatação de uma trajectória boomerang cada vez mais comum: Cinema para Teatro e de volta novamente para Cinema. Mas ainda há mais: Weinstein deseja incluir no mesmo elenco Gwyneth Paltrow, Anne Hathaway, Nicole Kidman, Judi Dench, Catherine Zeta-Jones e Renée Zellweger. Para protagonista masculino, encontra-se na dúvida entre Johnny Depp, George Clooney, Javier Bardem ou Antonio Banderas (que trabalhou no musical em questão). É impressionante (e isto é um eufemismo) como este magnata já trabalha para os Oscars bem antes do início da produção de um filme. Enfim…

segunda-feira, abril 16, 2007

Monsieur Gondry #8



Nove anos após colaborarem no videoclip de “Deadweight”, Michel Gondry e Beck voltaram a unir esforços na realização do vídeo “Cellphone's Dead”, single do recente álbum, "The Information". Desde então, fica evidente a clara maturação artística de ambos, reflectida na sofisticada hibridação de espaço e tempo de Gondry, bem como na manipulação de letras e referências culturais de Beck.
Cliquem na imagem.

sábado, abril 14, 2007

"300", de Zack Snyder

Class.:



Poesia Gore-gásmica

Sob o fulgor dourado de um céu que aparenta reflectir o ouro Persa clamando pelas suas vidas, um pequeno grupo de valentes Espartanos, esculpidos pela própria Terra, desafia o presságio de morte cravando lanças no peito do inimigo com graciosidade operática e empilhando um número ilimitado de cadáveres Persas para a edificação de uma muralha defensiva. Amontoado esse que evoca a primeira imagem do filme: uma pilha de esqueletos que representa os rejeitados filhos Espartanos, aqueles que não preenchiam os “requisitos” para a inserção na vida marcial. Todo este radicalismo estilístico torna-se fulcral no retrato dos extremos da História. Com “300”, Zack Snyder prossegue a experiência Frank Miller, transferindo para o Grande Ecrã a intensidade da muscular narrativa visual dos seus Romances Gráficos. Em vez do neo-noir de “Sin City”, “300” mergulha na mitologia da Batalha das Termópilas, travada no Verão de 480 a.C., uma das batalhas mais importantes (e ignoradas) da Humanidade, que demonstrou como não vence uma batalha apenas aquele que destrói o exército inimigo, mas sim aquele que cumpre seu objectivo. Pois ao recusarem a escravidão, ao combaterem pela Liberdade detendo os Persas nas Termópilas, os Espartanos permitiram a salvação de Atenas e, consequentemente, o nascimento da Civilização Ocidental.

Como todas as grandes histórias que são narradas desde o raiar do Homem, “300” começa à volta da fogueira, num conto extraordinário de Honra, Dever e Glória. Ciclicamente o Cinema prova a sua idoneidade na absorção de qualquer outra forma de Arte. O filme captura o visual impressionista, as mutações de perspectiva que elevam a emoção e, sobretudo, a Essência do material de origem. E aqui triunfa o exército de Snyder com os respectivos designers, coreógrafos e técnicos que colaboraram na magnífica estilização. Com especial realce para a robusta composição sonora de Tyler Bates, que depois de já ter cooperado com Zack Snyder na partitura do remake de "Dawn of the Dead", elabora uma trilha original e plena de dissonâncias, com melodias étnicas que circunscrevem numa envolvência etérea a acção entre Espartanos e Persas. A reacção emocional quanto ao heroísmo e sacrifício Espartano é accionada pela intensidade da percussão, catapultada pela utilização da sonoridade Metal, que torna a acção temporalmente contínua. A interpolação da trama protagonizada pela Rainha acaba sendo algo desnecessária à compreensão e desenvolvimento da trama, interrompendo inclusivamente a densidade da acção principal, mas de certa forma, Snyder e Miller partilham a mesma filosofia. A narração de David Wenham poderá parecer dispensável aos mais desatentos, mas serve um propósito. Não existe um profundo e típico desenvolvimento de personagens ou diálogos, pois o filme dá vida ao conto de Dilius. Bem antes da Literatura e do Cinema, o Contador de Histórias era uma das personalidades mais importantes da tribo. E ao esboçar heróis e vilões com o mínimo detalhe, Snyder acentua a aura de Lenda, relembrando que não estamos a ver História, mas a vislumbrar o despertar de uma Memória. Quem preferir realismo e reverência aos factos, que sintonize o canal televisivo História. Mas quem desejar uma experiência vibrante que amplifica o poder que uma Sala de Cinema pode ofertar, em pleno desabrochar de uma nova forma de Arte, então, sejam bem-vindos a “300”.



Filtrado até ao âmago, “300” é um supra-sumo de imagens, estilo e atitude. Pode não ofertar torvelinhos narrativos convencionais, mas como espectáculo visual é imponente, majestoso e imperdível. Nas cenas que reproduzem as batalhas épicas reina uma harmoniosa amálgama de coreografia fluida com pinturas 3-D. Desde o excelso marco estabelecido por Peter Jackson com “The Lord of the Rings”, algumas disformidades cinematográficas, desde “Troy” a “Alexander”, tentaram reviver o empolgante estrépito do choque entre espadas e escudos, mas o resultado foi um monumental bocejo. Snyder triunfa na criação de batalhas distintas, repletas de acção cuja coreografia de vibrações telepáticas merece contemplação minuciosa, com especial realce para a primeira investida, na qual os Espartanos lutam como uma unidade, uma falange na qual cada guerreiro protege o homem ao seu lado. A realização atinge pícaros de excelência neste capítulo. O dinamismo evita possíveis sensações de história antiquada, acentuando o seu cariz eterno. Cada fotograma é planeado. Todos os participantes têm a sua função e quem desviar a atenção para o segundo plano, irá verificar uma notável profundidade de campo, constatando nos figurantes as exactas porções de vigor empreendidas pelos protagonistas. Existem mais cabeças decepadas que num bom dia da Revolução Francesa, mas o caos é imprescindível. Tudo é calculado para provocar respostas emocionais quase primitivas. A edição frenética é evitada em detrimento da ferocidade de bailados de combate e Snyder utiliza instintivamente a câmara lenta para capturar e honrar o atleticismo da contenda, ofertando tempo ao espectador para sorver os visuais arrebatadores que complementam o conflito.

Aventureiro, intuitivo, ousado… pessoalmente, considero o trabalho de Zack Snyder uma arrojada obra de Arte. Em “300” servem-se de um facto real, transformando-o em mitologia, ao contrário do mais comum, que é tornar realidade um feito mitológico. Torna-se impossível ficar indiferente a imagens como a Árvore dos Cadáveres, como a sombra do lobo morto pelo jovem Leónidas no desfiladeiro aludindo à ferocidade do mundo exterior, como a dança bruxuleantemente sensual da Oráculo, ou como a chuva que açoita os Persas e baptiza os Espartanos para o seu derradeiro combate. Deliciosamente leviano, o seu encanto estético advém do contraste entre cores extremas. Num território helénico que aparenta ter sido demolhado em chocolate, a noite recebe os frios tons metálicos das lâminas das lanças e espadas, enquanto o dia se encontra banhado no bronze quente dos escudos e elmos Espartanos. Canalizado pelo seu inquestionável fluxo poético, o próprio sangue não jorra, mas irrompe em fracções que se assemelham a pétalas de rosas. Com “300”, Zack Snyder reescreve o conceito de Épico com artísticas penadas audiovisuais.

sexta-feira, abril 13, 2007

Descubram



Apichatpong Weerasethakul é um dos grandes poetas audiovisuais a surgir na primeira década do século XXI. O cineasta tailandês acaba de retirar do seu país natal o seu mais recente filme “Syndromes and a Century”, depois da censura desejar que editasse cenas como um monge a tocar guitarra, ou um grupo de médicos a beber whisky. Perante o ridículo de tais exigências, Weerasethakul respondeu com uma categoria que define o seu carácter distinto: «Eu, como realizador, trato dos meus filmes como trato dos meus próprios filhos. Não me interessa se as pessoas os ignoram ou desprezam, pois foram criados com as melhores intenções e esforços. Se estes rebentos não são compatíveis com o seu próprio país, então que abracem a liberdade. Não há qualquer razão para os mutilar com medo do sistema. Caso contrário, não há qualquer razão para continuar a gerar Arte».

O espectador comum irá certamente torcer o nariz à estrutura nada convencional das suas magníficas obras, mas os ritmos e desafios propostos pelo vocabulário cinematográfico de Joe (como prefere ser chamado no Ocidente) são brilhantes. As seduções pictóricas remetem a paisagem para uma função reflexiva, com imagens geminadas de Universos antagónicos, de Homem e Animal, Escuridão e Luz, Amor e Loucura, Realidade e Sonho. Descubram “Blissfully Yours”, e principalmente “Tropical Malady”.

quinta-feira, abril 12, 2007

Nanni Moretti em Portugal



Segundo revelação da distribuidora Atalanta Filmes, o realizador italiano Nanni Moretti vai estar em Lisboa, Sábado à noite, para apresentar o seu mais recente filme, “Il Caimano”, estreado em território nacional a 22 de Março. Moretti falará no Cinema Monumental antes da exibição do respectivo filme, visto por mais de cinco mil espectadores na semana de estreia nas salas portuguesas.

quarta-feira, abril 11, 2007

Expectativas e espectadores



Grindhouse” tem sido um fracasso no box-office americano, ficando aquém das expectativas de seus produtores, que lamentam o facto do público não ter assimilado o conceito proposto. Atitudes caricatas ficaram registadas no final do primeiro segmento, pois certos espectadores abandonaram a sala ignorando a projecção de dois filmes em separado. O projecto de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez foi lançado em terras do Tio Sam no formato double feature, mas na Europa os filmes serão apresentados separadamente. Depois do flop, o magnata Weinstein planeia relançar “Grindhouse” no “formato europeu”, alargando e exibindo as películas individualmente. Mas afinal de contas, o objectivo de todo o projecto não era prestar tributo às sessões duplas de trash movies dos anos 70?
Infelizmente, o dinheiro subverte princípios.

terça-feira, abril 10, 2007

Momento Zen

sábado, abril 07, 2007

"INLAND EMPIRE", de David Lynch

Class.:



Meditação Transcendental

INLAND EMPIRE” desafia convenções em todas as suas vertentes, tendo sido gerado aparte do sistema de produção tradicional e distribuído alheio aos habituais canais de difusão. Cada fotograma desta magnífica criação abala fundações cinematográficas, subvertendo leis e contradizendo regulamentos de Teoria Fílmica. Filmado com uma câmara de consumidor (Sony PD-150), “INLAND EMPIRE” afronta expectativas e lógica, ao longo de três horas que assombram como metáfora da criação artística, como lento despertar de ânsias e inquietações existenciais, ou como liquefacção espiritual de uma actriz que se emaranha no âmago da sua Arte (Laura Dern numa monumental interpretação que alumia humanismo, apesar de cercada por um nevoeiro cerrado de realidade e ilusão). Obcecado com o poder hipnótico do deslumbramento, Lynch questiona quem observa quem, quando contemplamos a tela ebúrnea. Abandonados à nossa própria mercê, somos sonhadores que vivem o sonho… ou o pesadelo. Cabe-nos viver e sentir a experiência, manipulando e chocando elementos para conferir resoluções pessoais. É nesta constatação que David Lynch se afigura como um dos cineastas mais fundamentais de sempre. Surreal, onírico e mesclando mistério tentacular com ironia sublime, a sua aproximação metafísica à Causa e Efeito resulta numa Meditação Transcendental que emerge revelações Supra-Pessoais. Cada mutação narrativa significa uma confidência que projecta um renascimento. Lynch avisa-nos no início do filme: «A escada é escura». E quão obscuros serão os corredores do nosso âmago, repositório dos nossos medos, contrições e sofrimentos? Quantas vezes tropeçamos no escuro ao deambular por vielas existenciais, suplicando por um foco de Luz? “INLAND EMPIRE” é Cinema Rorschach. A superfície aparenta ser abstracta, mas paulatinamente começa a reflectir respostas que atingem individualmente o espectador. A unidade de forma, a respectiva beleza e desassossego, impulsionam a estranheza num enriquecimento dos temas oblíquos que selam hermeticamente significados. Cabe à nossa Alma esquadrinhar estas camadas poéticas, para serenar alvoroços íntimos .

sexta-feira, abril 06, 2007

Páscoa Feliz


Fotograma de “INLAND EMPIRE

INLAND EMPIRE” de David Lynch estreou finalmente por cá. É divino, é uma jornada de Meditação Transcendental, ressuscita os maiores sonhos e pesadelos sepultados no íntimo da nossa alma, tem os habituais Easter Eggs de Lynch e até alberga coelhinhos. Querem melhor sugestão para este período Pascal?

quinta-feira, abril 05, 2007

Congéneres


Ephialtes, em “300


John Merrick, em “The Elephant Man


Quasimodo, em “The Hunchback of Notre Dame

Serão desvarios provocados pela divina aproximação de um fim-de-semana prolongado? Será resultado do acompanhamento das originais Equações Aritméticas do Edgar? Ou serão simplesmente espasmos da memória, pela semana anexar as estreias de “INLAND EMPIRE” e “300”?
Certo, é que a personagem criada por Frank Miller para “300”, denominada Ephialtes, me sugere uma fusão aberrante entre John Merrick (vulgo Elephant Man) e Quasimodo (vulgo Corcunda de Notre-Dame).

E já agora… não existem semelhanças com Melvin Junko (vulgo Toxic Avenger), personagem do filme de série B de 1985, que se insere perfeitamente na corrente denominada por Trash Movie?


The Toxic Avenger

Bem... é melhor parar por aqui com os delírios…

quarta-feira, abril 04, 2007

The Darjeeling Limited



Este será o título do próximo filme de Wes Anderson, autor de preciosidades como “The Royal Tenenbaums” ou “Rushmore”. Apesar do suposto argumento circular pela Net há algumas semanas e já terem começado certas exibições-teste, Anderson continua a tentar manter tudo confidencial, sem sequer divulgar um mero teaser. Sabe-se contudo, que o filme marca a reunião do cineasta com Owen Wilson, Jason Schwartzman e Adrien Brody. Os três actores interpretam irmãos numa viagem espiritual por Darjeeling, na Índia, depois da morte de seu pai. Natalie Portman também marca presença no elenco. O argumento pertence a Wes Anderson, Roman Coppola (filho de Francis Ford) e Jason Schwartzman (sobrinho de Francis Ford Coppola, curiosamente). O filme tem estreia prevista para 2008.

terça-feira, abril 03, 2007

O novo contrato da Aardman


Traje carnavalesco da famigerada dupla

Em Novembro passado, a DreamWorks havia colocado um ponto final na parceria de seis anos com a Aardman, na ressaca do fracasso de “Flushed Away”. Poucos meses depois, o estúdio de animação inglês acaba de fechar um novo contrato de distribuição nos Estados Unidos, desta feita com a Sony Pictures Entertainment. O acordo irá vigorar por três anos e a Sony tem privilégio na hora de decidir se lança nos EUA as animações em Stop-Motion. Em contrapartida, teoricamente, a Aardman mantém independência na área criativa, investindo mais no seu estúdio em Bristol, na Inglaterra. Desta forma, a Aardman espera que o pacto rompa com teias de interferência e lhes permita focar na matéria que os tornou populares, em vez de se tentarem encaixar na definição de filme popular que a Dreamworks sustentava (e sustenta). O primeiro filme ainda não foi anunciado, mas encontram-se em desenvolvimento quatro projectos, incluindo um novo “Wallace & Gromit”.

segunda-feira, abril 02, 2007

Mashup #10



Que dizer de um triângulo amoroso entre dois homens e… um tubarão?
Cliquem na imagem.
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