quinta-feira, maio 31, 2007

O próximo de Bertolucci



Sem dirigir um novo projecto desde o lançamento de “The Dreamers”, em 2003, Bernardo Bertolucci pretende voltar à cadeira de realizador num filme ainda sem título. O drama será centrado nos tumultos da vida do músico italiano do século XVI, Gesualdo da Venosa, que assassinou sua esposa e o amante dela. A longa-metragem é definida como uma trama épica sobre uma personagem escondida da História, cujas composições evocavam as noites italianas repletas de ciúme, inquietação e amor não correspondido. O argumento será assinado pelo realizador italiano em parceria com Mark Peploe, responsável pela penada de “Professione: reporter” de Antonioni e que já colaborou com Bertolucci no belíssimo “The Sheltering Sky”, bem como no sublime “The Last Emperor”.
Nenhum estúdio ou elenco foi anunciado.

quarta-feira, maio 30, 2007

Como eu gosto disto!



Já lá vão 5 anos desde a introdução cinematográfica de Jason Bourne, o espião com amnésia, a quem Matt Damon deu vida de forma irrepreensível. Este será o ano que recebe “The Bourne Ultimatum”, filme realizado pelo excelente Paul Greengrass e que conclui a trilogia de Robert Ludlum. Numa conferência de imprensa em Cannes para o filme “Ocean's Thirteen”, Damon revelou que se sente como «…uma prostituta, por participar em dois números três num ano». Com um comentário divertido, válido e erudito sobre o meio cinematográfico, George Clooney respondeu: «Sempre é melhor que três números dois».

terça-feira, maio 29, 2007

Mashup #10



Utilizando cenas do filme “The Ten Commandments” e um excerto áudio de “Pulp Fiction”, surge uma teen comedy com 3000 anos de preparação: “10 Things I Hate About Commandments”.
Cliquem na imagem.

segunda-feira, maio 28, 2007

Momento Zen

sexta-feira, maio 25, 2007

"Three Times", de Hou Hsiao-hsien

Class.:



Cronologia do Amor

Se existisse algum filme capaz de difundir pelo espírito algumas das sensações que perpassam a divina união do corpo e da alma entre dois amados, essa obra pertenceria a Hou Hsiao-hsien. Este genial cineasta não conta histórias. Ele cria atmosferas. Ele imerge o espectador em planos de inegável intensidade física. Ele incendeia a alma. O seu quadro cinematográfico excede o mero enquadramento. Escutamos sons sem observar sua proveniência. Atendemos gemidos e sussurros que nos rodeiam. Suas personagens esvoaçam, entrando e saindo do enquadramento, rompendo com a lógica clássica de plano. É um Cinema de inteligência que requer uma construção individual de Tempo, para o estabelecimento de uma relação Causa-Efeito. Mas é também um Cinema de extasiante beleza, de embriagante sedução. Depois da bela homenagem a Ozu com “Café Lumière” e enquanto aguardo o recente “Le Voyage du Ballon Rouge”, “Three Times” é a minha recente e recorrente paixão de Hsiao-hsien. Formando o ciclo comum de um relacionamento, “Three Times” revela-se um filme orgânico composto por três vinhetas inter-reflexivas sobre Amor platónico, Amor impossível e Amor sexual. O realizador de Taiwan continua a ruminar na simbiose do passado com o presente, perfeitamente ciente que o Cinema também representa a construção das Memórias do Futuro. Delineando as eras com potentes detalhes visuais, Hsiao-hsien trabalha com as mutáveis texturas das horas, não apenas sugerindo que os minutos passam de forma diferente quando nos encontramos enamorados, como também capturando essa qualidade mística em filme. Esta é a visão de um dos cineastas mais perceptivos e emotivos do nosso tempo. Revisitando e expandindo seus temas predilectos, o realizador da Formosa desconstrói formosos padrões emotivos, cogitando na sociedade moderna e dissertando não apenas sobre o Amor, mas também sobre a Percepção do Amor, discorrendo sobre a influência de paradigmas geracionais nas emoções do Ser Humano. “Three Times” é mais um suspiro (por vezes amargurado) do autor vanguardista subjectivo. É uma obra imensa que transborda os paroxismos da Supra-Emoção.

quinta-feira, maio 24, 2007

Стачка



A Greve” foi a primeira longa-metragem de Sergei Eisenstein, nome incontornável quando aprendemos algo sobre a teoria e a estética do Cinema, nome marcante nos primeiros 50 anos da História do Cinema, nome relacionado com o movimento de arte de vanguarda russa, com a impulsão de novos ritmos fílmicos e com a consolidação do Cinema como meio de expressão artística. “A Greve” demonstra como a Arte e a Política podem andar juntas, expondo uma ideia desenvolvida com o auxílio de processos formais de grande inovação: a Montagem como metáfora. Na mente fica impregnado o final que emana a célebre Montagem Intelectual de Eisenstein, no qual o massacre dos grevistas é entrecortado por imagens de gado a ser abatido. Eisenstein é um cineasta de visão obrigatória para todos os cinéfilos, portentoso inovador da técnica de Montagem, essa interacção mística que une duas peças de filme isoladas.


P.S.: Igualmente imperdível é “O Couraçado Potemkine”, obra fundamental da História do Cinema, na minha humilde opinião.

quarta-feira, maio 23, 2007

"No Country for Old Men" – 5 clips



Se estão curiosos (como eu) pelo novo filme dos irmãos Coen, cliquem na imagem acima exposta. Desejo que seja o regresso de Joel e Ethan à grande forma. Cineastas que já evidenciaram no passado como a utilização de uma premissa simples poderá proporcionar explorações de temas vastos e profundos (como a mortalidade e a moralidade), enquanto ainda ofertam entretenimento puro e inteligente. A história segue um rasto de violência, após um jovem veterano do Vietnam se apossar de uma mala com dinheiro de um negócio de droga, provocando uma caça ao homem. Os clips são pouco reveladores (como se deseja), mas em meros segundos de espreitadela, já salta à vista muito do enorme talento de Javier Bardem.
O filme faz parte da selecção oficial de Cannes, mas só estreia em terras do Tio Sam a 21 de Novembro. Ou seja, em Portugal… só para o ano… com alguma sorte.

terça-feira, maio 22, 2007

Último ano em Cannes



Emir Kusturica anunciou que deixará de competir pela Palma de Ouro do Festival de Cannes (prémio que arrecadou por duas vezes), para dar lugar a cineastas jovens: «Talvez já não devesse participar este ano, mas estarei lá, não só pelo meu filme, mas pela cultura de onde venho. Uma cultura dita pequena, que deve dispor de grandes portas para ser vista e ouvida. Contudo, já tenho a sensação que ocupo um lugar que poderia corresponder a alguém mais jovem. Cinco participações (na parte competitiva) já são mais que suficientes». O realizador sérvio recebeu em 1985 a primeira Palma de Ouro (com uma invulgar unanimidade), graças ao filme “Otac na sluzbenom putu” (“O Papá foi em viagem de negócios”). Dez anos depois, foi-lhe entregue o mesmo galardão com “Underground” (“Era uma vez um país”). Kusturica apresentará em Cannes a película “Zavet”, no próximo dia 26.

segunda-feira, maio 21, 2007

Absurdamente magnífica



Desejam assistir à curta-metragem “Absurda”, um presente de David Lynch à 60ª edição do Festival de Cannes?
Cliquem na imagem.

sábado, maio 19, 2007

"The Fountain", de Darren Aronofsky

Class.:



Ode ao Amor Eterno

Darren Aronofsky é um caso de Amor ou Ódio, pois trata-se de um cineasta que se colocou radicalmente aparte do ninho do Cinema convencional, edificando mantras audiovisuais que resultam em jornadas de uma elevada qualidade subjectiva. Redimensionando o uso de efeitos visuais, gráficos e sonoros, o Cinema de Aronofsky alcança originalidade estilística em experiências ultra-sensoriais que originam desdobramentos da consciência. As convulsões que marcaram a pré-produção de “The Fountain” revelam os desafios que aguardam realizadores independentes quando enfrentam as normas dos grandes estúdios. As pressões poderão atingir proporções abismais e o equilíbrio entre intensidade e integridade é colocado à prova por imperativos comerciais. Mas inserido num panorama contemporâneo que submerge filmes de grande escala num asfixiante sistema de clichés, “The Fountain” triunfa como Obra visionária, intelectual, espiritual e emotiva, proporcionando uma ascensão desta plataforma mundana para um zénite de deslumbramento.



Pincelando “The Fountain” com uma extasiante, profunda e hipnótica beleza lírica, Aronofsky narra três histórias paralelas envolvendo o Amor e a Devoção a uma mulher, por uma causa: descobrir a forma de a manter viva. Destemido na forma como endereça temas amplos, o cineasta revela intelectualidade na disposição dos elementos que ofertam respostas, e sensibilidade no trilho da jornada emocional das suas personagens. Ancorado numa tangível realidade emotiva, sua Ficção Científica fica estruturada além de conceitos tecnológicos, alinhavando igualmente áreas conceptuais e ideológicas. Aronofsky emana paixão pela textura. A fotografia de Matthew Libatique é rica em complexidade e minúcia, alternando entre períodos temporais de forma fluida na acumulação de informação. A composição etérea de Clint Mansell ostenta a tribulação, a angústia, o medo, o padecimento, a esperança e o forte amor que enlaça as personagens. Elevando progressivamente o tempo do acontecimento sonoro, gera-se uma sensação de fervor e tensão que anunciam a proximidade do clímax. Tal como Sergio Leone com Ennio Morricone ou David Lynch com Angelo Badalamenti, Aronofsky e Mansell solidificaram um relacionamento que excede meros conceitos de fusão audiovisual.

Tão profundamente sentido como imaginado, “The Fountain” representa uma meditação metafísica. Uma procissão de fé, conduzida pelo Amor como combustão de uma ânsia por Eternidade. A fausta composição imagética de Aronofsky chispa fascínio assente num princípio de Luminosidade. A escuridão do Passado é dissipada pela alvura das cenas entre a Rainha e o Conquistador, vaticinando com esperança o banho de luz que nos reserva o Futuro. Futuro esse, que nos coloca no Berço das Estrelas, esse ninho familiar que o cineasta foi guarnecendo ao longo do filme, derramando Estrelas sob a forma de candeias suspensas na sala do trono da Rainha, pontilhando os aposentos dos soldados sob a forma de velas, cintilando nos brincos e pérolas do vestido da Rainha, aureolando as minúsculas lâmpadas do laboratório e até reluzindo nas lágrimas. Todos os elementos presentes no plano criam formas geométricas que orientam o olhar para um ponto nevrálgico. Nesta Obra de Arte flutuam símbolos e justaposições figurativas de um enigma que pretende agitar o pensamento e acordar o espírito. Quando no segmento do futuro se vislumbram tatuagens nos braços do explorador, apercebemo-nos que os traçados evocam os anéis que se encontram no interior da árvore que transporta na bolha. São inúmeros momentos de simbiose como este, que arrepiam a alma ao longo de “The Fountain”. Ao manter o filme insularmente intimista, Aronofsky roga por explorações individuais das emoções universais. Existe sempre um grande plano da gloriosa expressividade do rosto humano ao lado de objectos de incomensurável escala, equilibrando as abstracções surreais com o crucial significado dramático da humanidade em questão.



Na épica formação imagética de “The Fountain” existe sempre a lembrança de um objecto singelo, repleto de significado: a Aliança. Esse círculo sem princípio ou fim. Esse símbolo de Eternidade que une de forma emblemática dois amantes, proclamando que nem a vida nem a morte fazem sentido sem Amor. Amor… palavra que nunca é pronunciada, porque acima de tudo, se trata de um sentimento transcendental. O Amor compensa a fragilidade da alma humana perante a solidão ancestral de cada um. Quando o Amor invade o espírito, nossos recônditos aclaram, arejam, e as dores armazenadas fogem diante do calor desconhecido. Contudo, essas dores regressam ao seu domicílio. Amor também acarreta desespero. Desespero que se torna Alegria por cada momento em que dois amados se tocam. Desespero que beira a janela do nosso pensamento, pois a morte da cara-metade transporta sofrimento directamente proporcional ao Amor que sentimos por esse alguém. O risco de amar é a separação. Mergulhar numa relação pressupõe a possibilidade de perda, pois a tragicidade do Amor reside na constatação da Morte como experiência do limite físico da existência. O espírito sonha com um plano de permanência e contemplação, mas como lidar com a Morte? Representará mesmo o fim? Esquadrinhar respostas para sossegar o âmago, apenas trará mais tribulações. Mas Aronofsky busca a Eternidade. Propõe que nos libertemos do corpo para nos ocuparmos da Alma, deixando morrer solicitações do pensamento terreno. Se buscamos o conhecimento puro, o infinito, a imensidade, não deveríamos examinar a realidade com a Alma? Deveríamos transpor ciclicamente da esfera do inteligível para a esfera do sensível. Este sentido de transcendência representa o decifrar do conceito Platónico, do Amor como princípio metafísico que sustenta nossa existência, levando-nos a vencer a angústia da Morte e a compreender o sentido da Vida.

The Fountain” é um Poema divinamente existencialista, imerso em conjunturas meditativas e contemplativas. Seu sistema de signos articula-se para compor um discurso. Não é fundamental desvendar todas as suas verdades camufladas, mas absorver o máximo da expedição que nos imerge pelos níveis da subconsciência (princípio de qualquer contemplação artística). “The Fountain” é Romance como Revelação e Ficção Científica como Oração. Seu conteúdo é imortal. Mesmo quando os violinos gemem e gritam estridentes num final arrebatadoramente orgásmico, sente-se a pulsação de uma Obra Transcendental que sobreviverá para além de uma sala de Cinema, alojando-se no âmago de quem sorver toda a sua excelência. Darren Aronofsky entoa mantras que abrem o coração, fazendo o Amor florescer. E se o Amor não conseguir vencer as dolorosas adversidades deste mundo, pelo menos poderá transcendê-las.

sexta-feira, maio 18, 2007

"Bee Movie" – trailer



A minha admiração por Jerry Seinfeld faz com que aguarde este filme da Dreamworks com alguma expectativa. Inicialmente, Seinfeld e companhia lançaram dois teasers hilariantes que consistiam em filmar o elenco com disfarces jocosos, enquanto tentavam completar determinadas cenas do filme. Entretanto foi lançado um trailer normal, que apesar de promissor (a espaços), deixa-me com um travo algo amargo… apesar do mel envolvido.

Para acederem ao trailer em glorioso HD cliquem na imagem acima exposta. “Bee Movie” será lançado nos Estados Unidos a 2 de Novembro e ainda ontem, teve uma festa pomposa em Cannes, com direito a uma entrada triunfal de Seinfeld vestido de abelha.

quinta-feira, maio 17, 2007

"My Blueberry Nights" – teaser



O trailer é bastante minimalista, mas sempre dá para saciar um pouco da curiosidade sobre o que Wong Kar-wai fez sem a habitual fotografia de Christopher Doyle e fora do seu ninho oriental.
Cliquem na imagem para acederem ao teaser do filme que estreou ontem no Festival de Cannes.

quarta-feira, maio 16, 2007

É por TI...



... que este recanto completa hoje 2 anos.


What if you could live forever?

...

What if you could LOVE forever?


terça-feira, maio 15, 2007

Lynch



Durante a rodagem de “INLAND EMPIRE”, David Lynch não só filmou, como também foi filmado. O resultado chama-se “Lynch”, um documentário sobre as tribulações e o processo criativo que orientou a produção do seu último filme. O autor anónimo deste projecto trabalhou hospedado na casa de Lynch e revelou que o seu objectivo é expor ao mundo a peculiar experiência de acompanhar o cineasta por um período prolongado, observando a difusão diária de dinâmicas artísticas multifacetadas.

Curiosamente, as filmagens de “Lost Highway” também originaram um documentário (“Pretty as a Picture”), que se revelou um tanto ou quanto superficial e até convencional, tendo em conta o carácter pouco convencional do cineasta em questão.

segunda-feira, maio 14, 2007

"Youth Without Youth" – a estreia


Regressando ao país de origem da sua família, Francis Ford Coppola marcou a estreia mundial de “Youth Without Youth” para Outubro, durante a segunda edição do Festival de Cinema de Roma. Ambientada na Segunda Guerra Mundial, esta sua primeira longa-metragem em dez anos foi inspirada pelo romance do romeno Mircea Eliade. No filme, Tim Roth fará o papel de um professor cuja aparente imortalidade o converte em alvo dos nazis. Em declarações oficiais, Coppola revelou que «este filme representa uma nova fase da minha carreira, na qual pretendo fazer apenas filmes pessoais». Confessando ainda, estar bastante ansioso «por mostrar o filme neste novo festival italiano, país cujos grandes mestres Rossellini, Fellini, Visconti, Pasolini e Antonioni inspiraram o início da minha carreira».
O Festival de Roma decorrerá entre 18 e 27 de Outubro.

sábado, maio 12, 2007

"Spider-Man 3", de Sam Raimi

Class.:



Viúva Negra

Uma brutal injecção de poder poderá acarretar um brutal tumulto espiritual. Se o portador de tamanha soberania deixar a máscara suplantar suas feições genuínas, então graves suplícios anímicos avizinham-se. O resultado da chuva de cifrões que alagou o génio de Sam Raimi poderá ser constatado em “Spider-Man 3”. A ideia de visionar um herói perante um conflito psicológico tão intenso, que nem o lado humano e sobre-humano funcionavam devidamente, era deveras estimulante. Contudo, a teia que Raimi teceu para sustentar a imponência do seu filme predecessor, revelou-se débil.

Sequelas superiores são visões raras, mas depois do magnífico trabalho evidenciado nos capítulos anteriores do aranhiço (preferencialmente o segundo), torna-se difícil aceitar esta sensação de fadiga mesclada com imperativos de box-office. Verificar Raimi tombando na maldição do terceiro capítulo das sagas de super-heróis (“Superman” ou “Batman”, por exemplo) é lastimoso. O segredo não se encontra em elevar o número de inimigos ou esbanjar dinheiro numa multiplicidade de efeitos visuais, cosidos em torno de um argumento estéril. O desenlace qualitativo reside na maturação das personagens que acompanhamos com estima. E neste capítulo, “Spider-Man 3” falha redondamente. Abundam vilões pela cidade, mas nenhum ostenta a fundação dramática de Doc Ock. Não existe uma força centrífuga de ameaça, como aquela emanada pelo soberbo Alfred Molina no segundo filme. O surgimento de Venom, rival pelo qual os fãs salivavam há muito, não funciona como uma natural progressão da trilogia, resultando mais como nota de rodapé que não justifica a introdução. O próprio Sandman, apesar da maravilhosa cena do seu nascimento, nunca chega a despontar real interesse. É lamentável visionar um elenco tão talentoso desprovido de matéria dramática para ser trabalhada, pois suas presenças são mais funcionais que substantivas. Bruce Campbell volta a providenciar um cameo delicioso, mas os instintos cómicos de Raimi encontram-se perfeitamente deslocados do teor que reveste a cena em questão.



Tal como Spider-Man, Raimi apresenta dupla personalidade neste filme. Longe vão os tempos da sua sublime indigência propositada, pois em “Spider-Man 3”, o cineasta funde de forma descabida pungência com jocosidade. Até a cidade de Nova Iorque tem vibrações diferentes do trabalho anterior. Aí reinava um retrato lírico, com centelhas da utopia febril da velha Hollywood. Aqui, reina um piscar de olho manhoso ao 11 de Setembro, povoado por olhares ingénuos de marionetas e polvilhado com decrépitas sátiras da cultura popular de celebridades à “Fantastic Four”. Enquanto o segundo demonstrava sentido de economia e sólidas fundações narrativas, este terceiro capítulo banaliza o herói através de batalhas que soam repetitivas. Após atingir o apogeu da fama, Raimi limita-se a regurgitar resquícios da fórmula triunfal. Tal como algumas personagens do filme lutam para manter a forma humana, o realizador aparenta batalhar (a espaços) contra um argumento formulaico, que enegrece o factor humano. Todavia, o contágio provocado pelas reivindicações comerciais usurpou predisposições criativas.

sexta-feira, maio 11, 2007

Mr. Orange vs Mr. Green



Tim Roth será o vilão de “Hulk 2”, contracenando com Edward Norton. Ele será titular do papel de Emil Blonsky, agente do KGB que se transforma no feroz Abomination. Sinceramente, o novo filme do verdocas pouco me interessa… mas o trocadilho do título do post impunha-se.
De Tim Roth aguardo ansiosamente “Youth Without Youth” do Coppola, “My Blueberry Nights” de Wong Kar-wai e o futuro “Inglorious Bastards” de Tarantino.

quinta-feira, maio 10, 2007

Primeiras imagens oficiais de…



... “The Brothers Bloom”. Este será o próximo filme de Rian Johnson, autor de “Brick”, descrito como a história de dois irmãos vigaristas que irão experimentar dificuldades na derradeira artimanha, graças a uma misteriosa e excêntrica milionária. Do belo elenco fazem parte Rachel Weisz, Adrien Brody, Rinko Kikuchi e Mark Ruffalo. As filmagens foram encetadas em Março, mas ainda não existe data de lançamento prevista.




quarta-feira, maio 09, 2007

Grão de poesia num deserto de ideias



Utilizando o humor estarola de Sam Raimi, dá vontade de afirmar que certas cenas do novo filme do aranhiço serão tão incómodas, como areia nas virilhas de quem segue com elevada estima a sua obra. Existem pormenores deliciosos, mas o factor ridículo é elevado ao expoente da dissonância. “Spider-Man 3” é uma desilusão. Dói verificar como Raimi é sugado pelas areias movediças do imperativo do box-office, tombando na fórmula decadente que amaldiçoa os terceiros capítulos de interessantes adaptações BD (como “Superman” ou “Batman”, por exemplo). Parece que tudo passou pelo processo que transforma Flint Marko em Sandman. Da consistência que envolvia os dois capítulos iniciais (preferencialmente o segundo) restam momentos granulados de excelência. Aliás, o nascimento de Sandman resulta numa das escassas cenas do filme que escapa à mediocridade. Todo esse momento em CGI é obra de Arte. A fusão poética de todos os elementos que o edificam é imaculada, perpassando um melancólico sentimento de fragilidade que arrepia. O ser olha momentaneamente para os céus e tomba desintegrado imediatamente a seguir. A medalha que alberga a foto da filha jaz ao seu lado. Num esforço suplementar, volta a tentar readquirir forma, mas suas débeis mãos não conseguem amparar o amuleto que relembra sua demanda. A raiva apodera-se do espírito, vincando a configuração do seu novo corpo. E desta forma, Sandman ergue-se das cinzas como uma Fénix, para prosseguir no cumprimento da promessa que estabeleceu. Pena que o resto do filme não flua com tamanha graciosidade.




Não confundir a personagem de Stan Lee com “The Sandman”, a sublime criação do mestre Neil Gaiman




Nem confundir com este…

terça-feira, maio 08, 2007

Momento Zen

segunda-feira, maio 07, 2007

“The Lovely Bones” – actualização



Praticamente todos os principais estúdios da indústria cinematográfica desejavam acolher o próximo filme de Peter Jackson, menos, evidentemente, a New Line Cinema, que Jackson processou por conta da repartição dos lucros de “The Lord of the Rings”. “The Lovely Bones”, adaptação cinematográfica do romance de Alice Sebold, foi adquirido pela Dreamworks. Em “The Lovely Bones” conhecemos Susie, uma menina de 14 anos que já se encontra no… Céu. Num relato cândido e imperturbável, a pré-adolescente descreve os eventos horríficos da sua morte (após violação) e o seu processo de integração na sua nova e estranha morada. Com amor, saudade e crescente compreensão, Susie observa numa plataforma celeste a forma como sua família lida com o desespero da sua perda, no doloroso processo de cicatrização emocional. As filmagens serão encetadas no mês de Outubro.


P.S.: Se desconhecem, experimentem a narrativa poética do livro cujo título em português é: “Visto do Céu”. Trata-se de uma magnífica história de perda e encontro, dor e esperança.

sábado, maio 05, 2007

Giamatti ao espelho


Sideways”, de Alexander Payne



Lady in the Water”, de M. Night Shyamalan

sexta-feira, maio 04, 2007

Nova parceria entre Clooney e Heslov


Da última vez que George Clooney e Grant Heslov uniram esforços para lavrar um argumento, o resultado foi : “Good Night, and Good Luck.”. O projecto que facultará nova reunião intitula-se “Escape from Tehran” e também é baseado num episódio verídico. A história é inspirada num artigo publicado na revista Wired, que narra como a CIA utilizou um filme falso, com a ajuda de Hollywood, para retirar seis americanos reféns no Teerão, durante uma crise no país. Segundo a Variety, a Smoke House (fundada por Clooney e Heslov) será a produtora do projecto, o que torna bastante provável a inclusão de Clooney na direcção e respectivo elenco.

quinta-feira, maio 03, 2007

The Frog King


Joseph Gordon-Levitt (“Brick”, “Mysterious Skin”, “3rd Rock from the Sun”) é um dos melhores jovens actores do panorama actual. Além de revelar maturidade na triagem dos papéis que acolhe, sua energia intelectual é tão espontânea e revestida de paixão que “apenas” lhe podemos prever um futuro risonho. Um dos seus futuros projectos será “The Frog King”, adaptação de um romance de Adam Davies. Gordon-Levitt desempenhará Harry, um arrogante e preguiçoso editor nova iorquino que no seu feitio perverso consegue derramar imenso charme. Sua namorada é Evie, uma assistente editorial com a qual partilha uma relação por vezes melíflua e outras vezes amarga. O problema é a infidelidade de Harry, um comportamento destrutivo que poderá abalar as imaturas fundações da sua essência. No fundo, trata-se da história de um jovem que se apercebe que terá de descobrir o príncipe em si, ou permanecer um solitário sapo para sempre.

O conto é interessante, mas acaba por se revelar um tanto ou quanto curto. Logo, se o objectivo é adaptá-lo cinematograficamente, com a pretensão de vedar possíveis buracos no argumento sobre o ego masculino ou a cidade de Nova Iorque, quais seriam as escolhas mais interessantes para tornar o projecto aliciante? Além do actor confirmado, juntam-se os nomes de Bret Easton Ellis, autor da penada de “American Psycho”, e Darren Star, criador da série “Sex and the City”, na sua estreia na cadeira de realizador.
Por mim tudo bem… captaram a minha atenção.

quarta-feira, maio 02, 2007

Filme mais aguardado do ano

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