sexta-feira, dezembro 30, 2005

"The Descent", de Neil Marshall

Class.:

"O medo tem muitos olhos e enxerga coisas no subterrâneo." (Miguel de Cervantes)

Após uma incursão pelas trevas, calcorreando e estremecendo numa escuridão física e anímica, começo lentamente a pestanejar os olhos, ajustando a visão face à súbita claridade. Sacudido para a realidade quotidiana, verifico que já não me encontro na aterrorizante gruta… encontro-me depositado numa sala de cinema e perante o meu olhar, os créditos finais de uma das melhores experiências cinematográficas do ano, desenrolam os valores de produção. Permaneço atónito e assombrado pelo sublime final ambíguo e pela sua multiplicidade interpretativa. De repente, o título assola o meu espírito e impregna-se na minha memória: “The Descent”!

Em 2002, Neil Marshall iniciava um culto com “Dog Soldiers”, uma exótica mescla de horror e comédia. Neste “The Descent”, palmilha um diferente trilho, utilizando um ambiente opressivo numa desesperada luta pela sobrevivência. Numa remota montanha, seis raparigas encontram-se para a aventura anual, uma viagem às artérias da terra. O grupo sonda o sistema de uma caverna, desfrutando o bizarro e gracioso panorama. Distraídas pela paisagem, são vítimas de uma catástrofe: uma súbita derrocada barra-lhes a superfície e as jovens ficam aprisionadas no interior da caverna. As raparigas vêem-se obrigadas a encontrar uma saída para sobreviver, mas quando alcançam uma inexplorada câmara, o grupo começa a desintegrar-se.

Marshall cria seis distintas personagens femininas, imbuídas num carácter intrigante, fugindo aos estereótipos do género onde as meninas deslizam com rótulos de “queixinhas”, “choramingas”, “galdéria”, “rameira”, “birrenta”, ou “histérica”. O elenco é excelente e as raparigas não necessitam de filmagens sensuais para comandar a atenção. Possuidoras de uma índole mutável, quer heróica, desprezível e aterradora, as actrizes ministram um desempenho denso.

Bem antes da deflagração de um ambiente infernal, Marshall executa um formidável trabalho instalando tensão, claustrofobia e um sinuoso sentido de malícia através de sombras voláteis, isolamento extremo e passagens claustrofóbicas. Aqui não existe edição à MTV, nem falsos sustos. É construído um ambiente asfixiante enquanto visionamos as raparigas espremendo-se pelas passagens comprimidas, lutando contra o tempo e contra as trevas que degradam o seu estado mental. As interpretações são surpreendentemente espantosas, a acção fantástica e alguns momentos de apurado humor negro aliviarão de forma ténue a infernal tensão que deixará muito espectador quase sem unhas.

Os efeitos especiais são simples mas eficientes, com menção especial para uma das fracturas expostas mais suculentas da história da Sétima Arte. Servem devidamente o propósito de tornar “The Descent” uma maratona de malevolência, onde muitos deixarão as marcas das unhas nos apoios dos respectivos assentos. A fotografia é espectacular e as cenas filmadas em infra-vermelhos são soberbas, incutindo realismo. O argumento de Marshall é muitíssimo bem elaborado, prestando a devida atenção na edificação das personagens, mantendo a tensão progressiva. A sua configuração claustrofóbica é magnífica, adornando-a numa cerrada escuridão e estruturando-a com luzes diminutas patentes em lanternas, tochas ou luminosidade fluorescente. A utilização da visão nocturna proporciona uma das cenas mais inspiradas da História do Cinema de Terror.

As evocações a “The Shining” de Stanley Kubrick (numa filmagem aérea de uma estrada serpenteando através da floresta) e “Apocalypse Now” de Francis Ford Coppola (uma personagem emergindo lentamente a cabeça numa superfície líquida) reforçam a alusão a mentes desorientadas. Este é um filme que utiliza referências cinematográficas (sendo “Carrie” de Brian de Palma a mais impressionante) com o intuito de homenagem e salientando “The Descent” numa plataforma temática. Uma mão emergindo do solo, além de aludir a “Evil Dead” de Sam Raimi, engloba o imaginário de inúmeros filmes de zombies, assinalando alegoricamente a personagem como uma morta-viva.

Neil Marshall possui o olho concludente para um memorável imaginário. Algumas imagens repulsivas e asquerosas impregnar-se-ão na lembrança da audiência numa validade indeterminada. Ele domina com uma perspicácia e profundidade invulgares o seu género, transcendendo-o para uma plataforma de engenhosa, inventiva e esmerada cinematografia. A sua carreira vê cimentado e multiplicado o seu culto de fãs e ao contrário do título deste filme, encontra-se numa ascendência merecida.

Após meros minutos de visionamento, “The Descent” fará espectadores pularem dos assentos. O seu brutal poder é manifestar a forma como o medo consome sentidos e lealdades. Os sustos balbuciarão audiências na definitiva detonação dos momentos críticos, onde o ambiente atinge proporções epilépticas e o gore não autoriza espaço para a imaginação, apoderando-se dos pesadelos mais recônditos. O filme é uma metáfora para a descida de uma mente perturbada rumo a um estado de desespero, raiva e pavor primitivos. Somos abandonados por Marshall na escura caverna da sala de Cinema e seja qual for o trilho que escavemos no denso labirinto, apenas nos iremos deparar com horror na sua genuína e visceral disposição. “The Descent” é uma nutritiva fatia gore com polpa de pura excelência.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Momento Zen

terça-feira, dezembro 27, 2005

Quem quer ser apresentador dos Oscars?

Após a nega de Chris Rock, agora foi a vez de Billy Cristal declinar o convite para apresentar a cerimónia dos Oscars, alegando incompatibilidades de agenda. Será que após tantas apresentações, ficou ferido por ter sido encarado como segunda escolha? O que é um facto é que faltam 10 semanas para a cerimónia, e o “Pasmos Filtrados” através do seu chefe de redacção (eu) deixa uma humilde sugestão: Will Ferrell.

sábado, dezembro 24, 2005

Sugestão de Natal

“The Nightmare Before Christmas”! Esta é a minha evidente sugestão de Natal, pois trata-se de um dos filmes da minha vida. Visionar esta Obra-Prima na quadra natalícia é o meu ritual sagrado. Nas salas de Cinema nacionais estreou esta semana “Corpse Bride”, a animação em Stop-Motion que representa a visão de Tim Burton sobre o casamento. “The Nightmare Before Christmas” é a sua visão do Natal. A musicalidade, o enredo e as guloseimas visuais flúem pelo ecrã num envolvente vórtice que suga o espectador para um cosmos que transcende a plataforma animada.
Um muito Bom Natal para todos vocês!


P.S.: E para alguém muito especial, aqui deposito mais uma prenda de Natal, num formato digital, para a minha Vidinha transcendental. Amo-te Alice!

My dearest friend, if you don't mind
I'd like to join you by your side
Where we can gaze into the stars

And sit together, now and forever
For it is plain as anyone can see
We're simply meant to be

quinta-feira, dezembro 22, 2005

"King Kong", de Peter Jackson

Class.:

O Regresso do Rei… Kong!

Após a conclusão de uma trilogia denominada “The Lord of the Rings”, que estampou um carimbo indelével na história da Sétima Arte, muitos julgavam que Peter Jackson iria adquirir uma ilha exótica e gozar os seus lucros. Contudo, movido pela sua admirável paixão pela Sétima Arte, decidiu abraçar o remake da sua obra cinematográfica predilecta. Não estamos a falar de um cineasta (como Spielberg em “War of the Worlds”) que lá por deter um elevado estatuto, decidiu brincar aos filmes com amigos de renome, despachando a tarefa numa velocidade que iria embaraçar Flash Gordon. Falamos de Peter Jackson, alguém que manifesta aqui o remake mais respeitável e inspirado da história da Sétima Arte, alguém que emagreceu 30 quilos laborando aproximadamente 20 horas por dia e interrompendo por vezes a edição da cena final porque o seu amor a Kong é demasiado intenso. Este é o amado bebé de Jackson, alimentado com tecnologia de ponta e afagado com a plena devoção de um verdadeiro amante da Sétima Arte. Este “King Kong” é uma montanha russa de emoções, um blockbuster no qual de forma provocante, ele perpetua Arte através de elementos de filmes série B.

Desde o filme original a cargo de Cooper e Schoedsack, a história do gigantesco símio que se enamora por uma actriz loira, tem sido aflorada e devassada por remakes (em 1976, em vez de escalar o Empire State Building, Kong sobe ao topo do World Trade Center e permuta de torres) e sequelas oficiais, bem como através de (des)inspirações como é o caso de “Mighty Joe Young”. Todos estes remakes unidos não alcançam o calcanhar desta hercúlea homenagem. O essencial permanece intacto, sendo inclusive revisitado. Em 1933 o original compunha uma teia política, moral, psicológica e sexual. Apelando junto de audiências que sobreviviam em plena Grande Depressão, funcionou como símbolo do caos destrutivo do capitalismo e da revolta popular contra o sistema. O prodigioso Jackson costura no conto a sua visão, complementando-o sem nunca o pretender devassar ou sobrepujar. Kong adquiriu profundidade emocional e tematicamente é enfatizada a sua solidão.

O filme inicia com uma montagem fidedigna que recria de forma excelsa a época da Grande Depressão americana. Acompanhamos a acabrunhada actriz Ann Darrow (Naomi Watts), cuja vida atinge vertiginosamente um fundo desespero após o encerramento do teatro onde actuava. Esfomeada a um nível desesperante é apanhada roubando uma maçã, mas o realizador Carl Denham (Jack Black) salva-a do imbróglio e oferece-lhe um jantar. Aí oferece-lhe também fama, fortuna e aventura numa ilha misteriosa, propondo-lhe um papel como protagonista no seu próximo filme. Após uma boa dose de relutância, Darrow aceita dar um passo em frente embarcando no Venture, o barco que a encaminhará para o destino que até o cinéfilo mais desatento conhece.

O cariz de tragédia no qual “King Kong” poderá ser inserido, não dispõe de uma composição musical à altura. O trabalho de James Newton Howard (que dispôs de muito pouco tempo, após substituir Howard Shore) não arrebata, mas também não macula o filme, revelando robustez e competência.

Aliás competência é algo que abunda no elenco. Jack Black desempenha Carl Denham superando o actor do papel original, Robert Amstrong. A sacudidela cómica que Black imprime, salienta a ironia que o seu papel exige através de tiradas de puro brilhantismo letrado, tais como a referência à actriz Fay Wray e ao realizador Cooper. Adrien Brody é o distinto escritor Jack Driscoll que apenas consegue exprimir as suas emoções no papel, chegando sempre atrasado nos momentos capitais de Ann Darrow. Andy Serkis (tal como havia feito na trilogia “The Lord of The Rings” com Gollum) abona os seus movimentos na concepção de Kong e também desempenha o cozinheiro Lumpy. Serkis está a lavrar um capítulo prodigioso na história do Cinema, pois as suas personagens digitais adquirem uma configuração real e palpável. Naomi Watts supera igualmente de forma bem cabal a interpretação original de Fay Wray no papel de Ann Darrow. Em vez de apenas gritar ao longo do filme e adoptar uma postura exibicionista, Watts ilumina nos seus olhos uma profunda afecção por Kong. Ann Darrow é uma extensão para a sua Betty de “Mulholland Drive”. Ambas são actrizes requisitadas para um palco imaginário, que no final se encontram envolvidas num romance peculiar e numa traição do mundo do espectáculo.

Infelizmente o realizador neo-zelandês desperdiça imenso tempo em personagens secundárias com interpretações sólidas, mas cujo desenvolvimento cessa quando Kong desponta na tela. O facto do desfecho de tais personagens ficar na bruma, apenas salienta a magnitude de Kong e como o seu estatuto relega os restantes para a sombra. Por exemplo, ninguém irá visionar “Edward Scissorhands” com o intuito de assimilar o destino e reflexões existenciais da família de Kim.

Kong é a colossal figura do filme. Com o seu nariz em forma de coração, Jackson e a sua equipa de efeitos especiais incutiram personalidade no símio peludo. O filme ostenta numerosas atracções, mas vislumbrar o grandalhão sorrindo e divertindo-se à sua maneira inunda o espírito com lágrimas de felicidade. Os seus olhos emitem faíscas que jorram da labareda formada numa alma genuína, dilatando em sofrimento e adoração na presença de Ann. A sua interacção com Ann realça o excelso tratamento das suas expressões faciais. Kong é a melhor criação CGI da história do Cinema e a personagem animada mais credível, adorável e arrebatadora de sempre. Kong é um nobre selvagem, uma besta anárquica e um miúdo solitário ferido. A solidão é forjada com simplicidade e eloquência e o estatuto solitário é perpetuado no seu promontório predilecto numa terna cena com Ann. Aí, o seu profundo e húmido olhar contempla o pôr-do-sol num momento que funciona como um emblemático presságio para o seu crepúsculo existencial.

No último terço, em New York, paira uma sufocante atmosfera de inevitabilidade. Mesmo nos seus (raros) momentos de felicidade, existe uma sufocante aura de melancolia. Numa das cenas mais imaculadamente românticas de sempre, o bailado no lago de gelo é um momento sublime, representando um efémero instante de felicidade. Visionar Kong feliz, deslizando num ambiente de regozijo sob uma delicada superfície que introduz simbolicamente a fragilidade da sua existência, embarga a alma com lágrimas.

Existe um novo rei na cidade. E quando ruge de forma assombrosa na selva que palminha majestosamente, as restantes criaturas deverão prestar vassalagem a tamanha supremacia. Refiro-me a Peter Jackson, o cineasta mais engenhoso da actualidade, alguém que domina a nobre Arte de multiplicar as potencialidades que a Sétima Arte oferece. Muitos incautos detractores acusam-no de ser apenas um realizador fantasioso? Façam um favor a vocês próprios e desenxovalhem a vossa barbaridade, visionando “Heavenly Creatures”! E mesmo que tal fosse uma asseveração, qual seria o problema? Terá sido o trabalho de George Méliès uma perda de tempo? Preferiam visionar filmagens de um comboio em movimento? O elemento fantástico é uma das fundações primárias do Cinema e Méliès utilizou-o para regar e fazer germinar a Sétima Arte. Peter Jackson é o feiticeiro que difunde encantamentos por todas as salas contemporâneas do planeta, comunicando a essência do Cinema a gerações vindouras e empregando o seu amor à Arte pela qual é enamorado. Ele revisita os populares géneros de Cinema, desde romance, horror, fantasia, aventura, drama, comédia, consciência social e nefastas histórias de amor. Numa atitude altruísta e parafraseando estilos, a sua obra contém filmes sobre… filmes.

Era uma vez, há muitos filmes atrás… uma parábola sob a forma de tragédia com múltiplas camadas. Nado em 1933, “King Kong” representa um exemplo de puro cinema, uma fábula com uma imponente atracção e diversos níveis, onde a aventura e as diversões são tão importantes quanto os temas disponíveis para debate. Atado à sensibilidade da sua própria era, trata-se de uma obra de difícil tradução, mas Jackson puxou dos cordelinhos armando uma tapeçaria que deleita o fã mais inveterado, recapturando e ampliando o fascínio do original. A poderosa musculosidade do filme de Peter Jackson é apenas igualada pelo seu profundo amor a Kong. Tal como a sua amada loira, o imortal Kong poderá contar com a minha presença na palma da sua mão.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

When the end comes, not everyone is ready to go

Tal como havia anunciado há dois dias, eis o teaser trailer para “Apocalypto” de Mel Gibson. É uma versão um pouco mais longa e bastante melhorada digitalmente, do clip apresentado anteriormente. O filme cumpre os pressupostos de um teaser, apesar de ficar longe do meu arrebatamento. Mas como já confessei, aprecio o trabalho de Gibson na realização e deposito-lhe confiança. Para retirarem as vossas próprias conclusões, cliquem na imagem acima exposta. A sua estreia está prevista para o Verão de 2006.


P.S.:
Aqui fica um desafio… Onde está Gibson? Tentem descobri-lo no teaser.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Enfim... vidas

A actriz Kate Beckinsale adora aformosear-se em vinil para o seu marido e realizador Len Wiseman. Não… ela não se disfarça de disco… refiro-me aquele tecido “à la Trinity” que realça as formas roliças de beldades hollywoodescas, como o demonstra em “Underworld”. Como qualquer casal do género, Kate e Len atravessam largos períodos de tempo distantes um do outro. Como não deixar a relação esmorecer? Como a estimular? Aderir à comunidade de casais “swing”? Nada disso! Segundo Kate basta uma webcam, receber instruções de Len sobre o que vestir e… efectuar um sensual strip.
Isto apimenta uma relação?! Não será tudo isto o equivalente a possuir um gelado em pleno dia tórrido de Verão e contemplá-lo enquanto derrete, sem o podermos saborear com a língua? Quem agradece serão certamente alguns ciber-piratas, que dedicarão os seus esforços para a obtenção de tais ficheiros.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Apocalypto

Arremessem-me pedras, cuspam-me na face, fustiguem-me com chicotes, torturem-me esticando os meus membros… mas adoro a filmografia de Mel Gibson. O seu próximo projecto, “Apocalypto” (termo grego que significa “novo começo”), será uma história baseada na queda da civilização Maia e tal como “The Passion of the Christ” (o filme independente mais lucrativo de sempre) também usará um dialecto antigo. Supostamente a Entertainment Tonight irá estrear hoje o teaser trailer, mas enquanto aguardamos aqui fica um breve clip do filme. Cliquem na imagem.

sábado, dezembro 17, 2005

A recordação outonal de Yimou

Apesar de “Qian li zou dan ji” (ou se preferirem, “Riding Alone for Thousands of Miles”) ainda não ter atingido as salas europeias, o aclamado realizador chinês Zhang Yimou já apontou baterias para um novo projecto: o seu terceiro épico de artes marciais intitulado “Autumn Remembrance”, que sucede a “Hero” e “Shi Mian Mai Fu”. A história foca-se na fatalidade do romance entre o príncipe Ping (Chow Yun-Fat) e Phoenix (Gong Li), uma guarda-costas imperial. Diversas forças conspiram para desunir os amantes, inclusive a madrasta de Ping e compelidos pelo destino, ambos encetarão uma perigosa jornada onde segredos da família real serão desvendados.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

"V for Vendetta" - novo trailer



“V for Vendetta” já possui um novo trailer. São dois minutos e meio bastante decentes, com uma edição magnífica. Mas além de ser um pouco idêntico ao seu predecessor, as imagens expõem demasiado o filme e alguns elementos importantes do romance gráfico são escancarados (considerem-se alertados). “V for Vendetta” é baseado no romance gráfico escrito por Alan Moore e ilustrado por David Lloyd. Moore abominou o argumento adaptado pelos irmãos Wachowski e não desejou ver o seu nome associado ao filme, algo que não surpreende excepcionalmente uma vez que Alan Moore jamais desejou ver os seus trabalhos adaptados, adoptando sempre uma postura severamente crítica.

Pessoalmente, torci bastante o nariz quando soube que os Wachowski voltariam ao trabalho tão cedo, escrevendo o argumento deste filme. Os irmãos já evidenciaram mestria, mas também já provaram como conseguem esborrachar prodigiosos universos (mesmo os da sua autoria). Depois veio a frase promocional “Remember, remember the 5th of November” que funcionou como um autêntico tiro no pé, uma vez que o filme viu a sua estreia mundial adiada para 17 de Março de 2006. No entanto tenho de dar a mão à palmatória e confessar como este projecto tem crescido na minha consideração. Após a admirável campanha publicitária com o lançamento de quatro posters notáveis, confesso que o ambiente apresentado pelos trailers vem inflamando o meu interesse. James McTeigue realiza o filme escrito pelos irmãos Wachowski e... ou o meu pressentimento me ludibria muito ou estamos perante um filme soberbo.

Para acederem ao trailer, cliquem na figura acima exposta.


P.S.: É impressão minha ou este será um daqueles filmes no qual muita gente irá adorar recolher citações?

quinta-feira, dezembro 15, 2005

"Lady in the Water" - primeiro poster

Após revelar o melhor teaser trailer do ano, “Lady in the Water” de M. Night Shyamalan desvenda o primeiro poster. O filme é sobre o vigilante de um prédio chamado Cleveland Heep (Paul Giamatti), que encontra uma rapariga chamada Story (Bryce Dallas Howard) escondida sob a piscina do edifício. Cleveland descobre que Story é uma Narf (criatura dos contos-de-fadas semelhante a uma Ninfa), que é perseguida por temíveis criaturas determinadas a impedi-la de regressar ao seu mundo. A sua estreia mundial está programada para 21 de Julho de 2006.

Com uma axiomática aura de encanto, a imagem evidencia as pegadas místicas da personagem interpretada por Bryce Dallas Howard. Deslumbrante!

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Salma Hayek: a realizadora

Salma Hayek, uma actriz nada Frigida (cá está a forçada piada cinéfila do dia), decidiu revelar-se novamente na sua faceta de realizadora. O projecto foi o novo videoclip de Prince, “Te Amo Corazon”, single incluído no seu novo álbum “3121”. Prince ficou deliciado com a sensibilidade de Hayek atrás das câmaras (apesar de muitos a preferirem à frente), algo que não é novidade para a actriz, pois 2003 estreou-se como realizadora no filme televisivo “The Maldonado Miracle”.

Pois muito bem, esta atitude audaz de Hayek merece uma salma de palmas… aliás, uma salva de palmas. O quê?! Não vos apetece saudá-la com palmas? Eu bem sei como vocês (meninos malandrecos, com temível grau de obscenidade) preferiam saudá-la com uma salva de... palmadas…

terça-feira, dezembro 13, 2005

9º Festival de Cinema Luso-Brasileiro

Terminou no passado Domingo o 9º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, o único do país a divulgar o novo Cinema brasileiro. “Cinema, Aspirina e Urubus”, estreia auspiciosa de Marcelo Gomes no formato longa-metragem, foi galardoado com o prémio de Melhor Filme, perante mais sete concorrentes (incluindo dois portugueses). Este prémio sucede à presença na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes e ao prémio do Festival Brasília. O filme segue o alemão Johann, que fugindo da Segunda Guerra Mundial viaja pelo Brasil vendendo aspirinas. No sertão nordestino conhece Ranulpho, com quem vai dividir experiências e conversas, além de enfrentar perigos e ameaças. O filme reveste-se de um surrealismo esplêndido onde o seu horizonte (panorama) desenvolve uma subtil relação com as personagens, mostrando o Brasil num dos seus momentos de maior conflito: o início da revolução industrial. É uma história sobre diferenças, sobre o encontro de dois mundos que dá azo à discussão de temas que permanecem actuais, como o preconceito, a solidariedade e as diferenças culturais.

No respeitante à cinematografia portuguesa, “Adriana” de Margarida Gil recebeu o Prémio Especial do Júri, “Alice” de Marco Martins recebeu o Prémio Revelação e Nuno Lopes (“Alice”) recebeu o galardão de Melhor Actor. A crítica especializada, bem como o público do certame da Feira premiaram a comédia de Sérgio Bianchi, “Quanto vale ou é por quilo?”. A Melhor Actriz foi Cláudia Melo (“Quanto vale ou é por quilo?”).

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Momento Zen

sábado, dezembro 10, 2005

A prestigiante Scarlett



Como se o elenco já não fosse suficientemente prestigiante, Scarlett Johansson acaba de ser incluída no elenco do novo projecto de Christopher Nolan, “The Prestige”. Scarlett deverá ter realmente clones (como demonstrava “The Island”) pois a sua agenda de trabalho qualquer dia ganha a quantidade de páginas de uma Bíblia. Senão vejamos: a 19 de Janeiro estreia “Match Point” de Woody Allen, depois ainda participará em “Borgia”, “Scoop”, “Amazon”, “The Nanny Diaries”, e o recentemente anunciado “Napoleon and Betsy” (além de “The Prestige”). E quem não gostaria de ter um clone de Scarlett só para si?... Eu não, eu não…

Esta será a adaptação cinematográfica do romance de Christopher Priest sobre dois feiticeiros rivais do século 19. Rupert Angier e Alfred Borden são inicialmente rivais e depois tornam-se amargos inimigos. A tentativa inicial de captura dos segredos mútuos deteriora-se num ódio obsessivo. O desenvolvimento das personagens é profundo, a ambiência rica, a escrita magnífica, a tensão palpável e a história é original apesar de evocar clássicos temas. O final é algo abrupto, mas tal sentimento advém (em parte) do prazer provocado pela leitura. O filme movimenta-se entre os limites do terror, fantasia e ficção científica, numa tapeçaria de magia, mistério e puzzles psicológicos.

Do fabuloso elenco constam ainda Christian Bale, Hugh Jackman e David Bowie. O argumento está a cargo de Jonathan Nolan (o maninho do Christopher) e 2006 é o ano almejado para a estreia.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

"Oliver Twist", de Roman Polanski

Class.:


“There’s something in him that touched my heart...” (Mr. Brownlow)

Quando anunciaram que após o aclamado “The Pianist”, Roman Polanski encetaria um projecto visando uma nova adaptação do poderoso romance de 1839 de Charles Dickens, “Oliver Twist”, um colectivo de burburinhos emergiu lentamente censurando o incompreendido realizador. Quais as conexões deste retorcido realizador com “Oliver Twist”? Para quê uma nova produção de um conto que já sofreu mais de 20 adaptações para Cinema e Televisão? Tais julgamentos reflectem incompreensão relativa ao autor de “Repulsion”. Tal como “The Pianist” comprovou fervorosamente, Polanski também aporta no seu âmago empatia humana e acima de tudo, “Oliver Twist” é um filme pessoal de cariz familiar, pois evoca as suas próprias memórias sobre abandono infantil (seus pais foram deportados de um guetto Judeu para um campo de concentração nazi, quando era criança), escavando bem fundo nos terrores e fragilidades pueris.

Oliver Twist é um órfão de 9 anos que se envolve com um grupo de carteiristas liderados por Fagin, nas Ruas de Londres do século XIX. O filme reconstrói com autenticidade a bruma e desespero do mundo de Oliver, mantendo um certo irrealismo e vibrações pungentes. Haverá alguma cena mais comovente na literatura Victoriana, do que aquela na qual o faminto Oliver Twist se banqueteia nas rejeitadas sobras de um cão? Polanski imbui esta magnífica adaptação com o seu sentido mordaz, almejando corações e consciências. Transporta uma vívida presença física para a história através de uma técnica cinematográfica esmerada, desempenhos topo de gama, uma esplêndida composição musical de Rachel Portman e um perfeito trabalho de casting.

Polanski aponta as ambiguidades do eterno conto de Dickens. Os pobres e desditosos deverão ser alvo de compaixão e auxílio, mas também existem alguns que deverão ser temidos e evitados. Na história os vilões exortam sobre amizade e confiança com gentileza, mas quando a vida ou seus bens se encontram em risco, cada um toma conta de si próprio e apunhalará o próximo sem dó nem piedade, se a tal se vir obrigado. Não existe redenção para os infames.

Barney Clark interpreta despretensiosamente Oliver. A sua expressividade melancólica é deveras formidável e a actuação decompõe-se como um crescendo, culminando na exímia cena final com Kingsley. Aí a plena representação emana humanismo, pois ao expressar a sua gratidão à alma desvairada do condenado Fagin, o valente rapaz amadurece ingressando na fase adulta. O arrebatamento da cena salienta o primor absoluto de Polanski. Harry Eden desempenha Artful Dodger repleto de emoção e graça física. Jamie Boreman interpreta Bill Sykes, o temível vilão que demonstra a funesta influência de Fagin na transição de infância criminosa para vida adulta de malvadez. Foreman desempenha-o excepcionalmente com um certo grau de bestialidade, com uma brutal energia de pura ferocidade. Mas o soberbo dínamo desta película é Ben Kingsley interpretando Fagin. A grotesca criação de Dickens sofre uma versão intrigante por Kingsley, que compõe maneirismos, bem como formas de andar e falar completamente distintas. Numa plena criação, ele não se limita a pavonear com maquilhagem e peruca, pois contagia com a diversão particular que aparenta sentir. É um magistral desempenho, tanto físico como sensitivo. A louca personagem sofre as exactas doenças mentais de muitos indivíduos contemporâneos que vagueiam pelas artérias cívicas, mas tal como o mais subtil psicopata consegue disfarçar os seus sintomas.

Este filme não atinge o zénite da refulgente Obra de Polanski, mas o pulsar gótico desta versão de “Oliver Twist” estampa o cunho do autor de “Rosemary’s Baby” e “Repulsion”, alguém que escava o mal com arrepiante detalhe, numa fluente linguagem de terror. Polanski deambula nos efeitos anímicos provocados por uma forma de vitimização sistemática. As suas consternadas vítimas sofrem de uma identidade imposta e demarcada por outrem. Os familiarizados com a filmografia de Polanski, decerto verificarão como ele permanece fascinado pelas vítimas do destino (Carole Ledoux em “Repulsion”, Evelyn Mulwray em “Chinatown”, e Tess Durbeyfield em “Tess”) e na forma como elas respondem às atrocidades que são forçadas a suportar para sobreviver num mundo conspurcado.

Após fundar alguns dos mais tormentosos e inquietantes trabalhos que jamais preencheram uma tela de cinema, Polanski decidiu finalmente apresentar um filme aos seus rebentos, sem os traumatizar. Aliás, a filha Morgan tem uma breve aparição como filha de um camponês abrindo a porta a Oliver e o filho Elvis também aparece, quando Oliver sai pela primeira vez com a quadrilha para participar num furto.

Além de ser um exemplo sobre como adaptar cinematograficamente um clássico literário, “Oliver Twist” funciona como introdução aos jovens pré-adolescentes acerca do debate sobre as ambiguidades da natureza humana e social. Polanski certamente decidiu filmar “Oliver Twist” de forma familiar, motivado pela necessidade de revelar aos seus filhos qual a substância que o edificou. Seus petizes nunca ficarão órfãos do seu amor, nem a Sétima Arte ficará órfã da sua notável virtuosidade.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

"Harry Potter and the Goblet of Fire", de Mike Newell

Class.:

How lies affect your legend, Harry...” (Voldemort)


Quatro estão concluídos, faltam três. A cada novo episódio, a saga de Harry Potter eleva a fasquia, pois não existe ócio nem procuram ludibriar audiências. Aliás, se divagarmos um pouco acerca de sagas verificamos como esta em particular, se trata de um fenómeno quase sem precedentes. Na história do Cinema a maioria das sagas é portadora de fraquíssimos quartos capítulos, filmes que apenas representam a sombra da glória dos seus predecessores, por exemplo: as sagas “Superman”, “Batman”, “James Bond”, “Alien” e até “Star Wars” com o “Episode I”.

“Harry Potter and the Goblet of Fire” é o mais completo filme da saga do pequeno feiticeiro. Acomoda um ritmo vibrante, ambientes sinistros, diversão a cada esquina, apurada textura, panoramas fascinantes, diálogos objectivos e algumas linhas lavradas com profundidade. O quarto ano de Harry na escola de feitiçaria de Hogwarts será marcado pelo célebre Torneio dos Três Feiticeiros, no qual representantes de três diferentes escolas de feitiçaria terão de superar uma série de desafios que vão intensificando de dificuldade. Harry recomeça a ter intensas dores na cicatriz, ou seja, Voldemort consolida o seu fortalecimento progressivo e prepara o seu regresso.

O melhor que aconteceu à saga de Harry Potter foi a substituição de Chris Columbus por Alfonso Cuarón em “Prisoner of Azkaban”. Com o terceiro episódio a saga começou finalmente a adquirir vida e forma cinematográfica, deixando de regurgitar entediantes conceitos avulsos da obra de Rowling. Agora com Mike Newell (“Four Weddings and a Funeral”, “Donnie Brasco”) ao leme, “Goblet of Fire” resulta numa adaptação fiel à sua origem literária, mas injectada de forma graciosa com detalhe e sensibilidade cinematográfica. Acolhe uma índole intimista e concreta, reforçando a ameaça iminente. A poesia cinematográfica de Cuarón foi substituída pela excentricidade e fatalismo do britânico Newell.

Daniel Radcliffe (Harry Potter), Rupert Grint (Ron Weasley) e Emma Watson (Hermione Granger) têm desempenhos bastante básicos, carecendo de uma consistente substância emocional. Mas o parco artifício na interpretação dos heróis resulta numa natural e genuína interacção. Brendan Gleeson (Alastor “Mad Eye” Moody) e Miranda Richardson (Rita Skeeter) arrancam excelentes interpretações, com um retorcido sentido de humor, mas é Ralph Fiennes quem rapina todos os créditos de mestria. Fiennes encara o seu passo para o lado negro como uma libertação aprazível. Apesar da curta aparição, a sua expressividade corporal adjuvada pela excelsa vocalização resultam na melhor interpretação do filme e numa das melhores da sua carreira. O seu carisma é novamente salientado pela auréola de versatilidade, encarnando de forma distinta o antagonista de Potter.

J.K. Rowling descerrou com “Goblet of Fire” o seu mundo. Enquanto os três contos iniciais eram assentes nos meandros de Hogwarts, esta quarta incursão faculta o primeiro real olhar sobre o restante mundo de feitiçaria, através da Taça Mundial de Quidditch e do Torneio dos Três Feiticeiros. Mas a exploração não é apenas geográfica, pois o amor paira na atmosfera de Hogwarts, encaminhando a saga de Potter num rumo diferente. As personagens atingem a adolescência, surgem as primordiais tensões sexuais e as efectivas acepções de mortalidade. O epicentro da narrativa é a tribulação que a puberdade provocará nos heróis pueris. Harry exibe uma resoluta coragem para enfrentar perigos mortais num Torneio que se assemelha a um excêntrico episódio de “Fear Factor”, mas convidar uma rapariga para o Baile entorpece-o de temor.

O filme oscila entre ambientes extravagantes e obscuros, com requintado detalhe. Mike Newell não atafulha o filme com enfadonhas definições de poções e encantos, revelando uma acutilante noção de que a magia e os monstros existem ali para adorno e nunca para centro das atenções. Especializado em relações humanas, Newell foca-se nas maldições e encantos do comportamento adolescente. O filme está mais denso, cada área da tela encontra-se minuciosamente adornada sem congestionamentos. Cada um dos múltiplos e diversos elementos artísticos adorna o seu próprio espaço. Os efeitos especiais são modelarmente integrados na história, nunca se apoderando da mesma. Existe inclusive uma fabulosa cena com um dragão, que cativa e pasma graças ao seu sentido de peso, espaço e gravidade.

Faltou cortar na edição uma execrável sequência de dança com uma banda rock aparvalhada e a composição musical de Patrick Doyle é branda, com uma medonha ausência de poder, nunca dignificando os temas de John Williams. O filme não oferta um autêntico clímax, apesar de nos encaminhar para um conflito capital, mas o seu propósito também não é esse. Este capítulo da saga funciona como ponte emocional, amadurecendo os petizes seguidores para os obscuros tempos que se avizinham.

As nuvens sombrias que pairavam no anterior “Prisoner of Azkaban” enegreceram e eclodiu uma impiedosa intempérie. O filme de Alfonso Cuaron era portador de uma bela polidez gótica, mas “Goblet of Fire” possui uma obscuridade existencial, confrontando os adolescentes com a sua própria mortalidade. Apesar da obscuridade, também existe diversão e a magia parece menos estouvada, adquirindo gravidade, majestade e relevância. Talvez com este fantástico “Goblet of Fire”, as pessoas finalmente deixem de encarar Harry Potter como um pacóvio conto infantil, mas como um ilustre contributo para a fantasia moderna. Se tal não acontecer, nem uma maldição Cruciatus vos fará mudar de opinião.


Nota pessoal: De todos os espectáculos visuais, a minha visão predilecta engloba chuva fustigando um peculiar vitral. Sublime!

sábado, dezembro 03, 2005

Shantaram

Peter Weir (“Dead Poets Society”, “The Truman Show”, “Gallipoli”, “Master and Commander: The Far Side of the World”, “The Year of Living Dangerously”, “Witness”, “Fearless”, “Picnic at Hanging Rock”) é o realizador escalonado para chefiar a adaptação cinematográfica do romance de Gregory David Roberts, “Shantaram”. As filmagens iniciam no segundo semestre de 2006 e Weir irá igualmente desenvolver o argumento com Eric Roth (oscarizado com “Forrest Gump” e nomeado pela Academia com “The Insider”). Johnny Depp será o produtor e protagonista da adaptação, um jovem australiano viciado em heroína que escapa de uma prisão de máxima segurança e se reinventa na Índia, como doutor nas suas favelas. O filme irá explorar tensões políticas e a personagem de Depp lutará também contra os russos no Afeganistão.

Caros colegas, exultemos com o novo projecto liderado pelo brilhante Peter Weir e com o novo papel aluado de Johnny Depp (nunca são demais!).


P.S.: Peço desculpa pela extensa lista de filmes realizados por Peter Weir… mas venero-os a todos, sem excepção.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Momento Zen

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