Momento Zen

A presença de Daniel Day-Lewis (um dos meus actores preferidos) já foi confirmada no elenco, interpretando um prospector do ramo da exploração petrolífera. O argumento será redigido pelo próprio Paul T. Anderson, na sua primeira obra oficial a empregar um argumento adaptado. A história é descrita como um conto de avareza e fé, assim que o prospector se apercebe do sonho americano e é destruído pelo mesmo. As filmagens começam em Maio, no Texas e Novo México.
A Walden Media decidiu dar continuidade às adaptações de excelsas obras da Literatura Fantástica mundial e adquiriu os direitos sobre a trilogia literária da escritora Isabel Allende, que segue o jovem aventureiro Alexander Cold. O primeiro livro, “City of the Beasts” (“Cidade dos Deuses Selvagens”), será produzido por Barrie Osborne (“The Lord of the Rings”).
Publicado em 2002, “City of the Beasts” foi um best-seller internacional. Após o adoecimento da sua mãe, o jovem Alexander Cold parte com a excêntrica avó Kate numa expedição da National Geographic pela selva amazónica, em busca de um lendário animal que os indígenas apelidam de «a besta». Os restantes membros da expedição liderada por um petulante antropólogo são dois fotógrafos norte-americanos, uma bela médica, um guia venezuelano e Nadia Santos, a sua surpreendente filha de nove anos que estabelece uma amizade especial com Alexander.
Os subsequentes livros da trilogia, “Kingdom of the Golden Dragon” (“Reino do Dragão de Ouro”) e “Forest of the Pygmies” (“Bosque dos Pigmeus”) foram publicados em 2004 e 2005, respectivamente. “City of the Beasts” será o terceiro livro de Isabel Allende a sofrer uma adaptação cinematográfica, após “Of Love and Shadows” (com Jennifer Connelly e Antonio Banderas) e “The House of the Spirits” (com Jeremy Irons e Meryl Streep entre outros). Trata-se de uma viagem repleta de perigos, maravilhosas experiências e espectaculares surpresas, onde a realidade se funde com a ficção. Allende descreve um mundo desconhecido para muitos (a Amazónia) e alerta para preocupações ecológicas constantemente olvidadas. Apesar de ter sido idealizado para um público mais jovem, o brilhante romance alastrou rapidamente para escalões etários superiores.
Altamente recomendado pelo chefe de redacção deste humilde blog.
Class.:
Jarros Humanos
A guerra desintegra psiques. Esta é uma realidade incontestável, mas raramente expressa no Cinema até ao advento da década de 70, quando despontaram filmes sobre o Vietnam. Essa guerra contraproducente, além de ter colhido múltiplas vida, desvairou mentes com acontecimentos nefastos que ainda repercutem nos dias de hoje, graças ao clã Bush. “Jarhead” analisa a vivência de soldados americanos durante a Guerra do Golfo pelo olhar do soldado Anthony Swofford (Jake Gyllenhaal), numa estadia que consistiu numa combinação deletéria de inquietação, tédio, desgosto e frustração.
“Jarhead” é um diferente espécimen de filme Anti-Guerra, pois é um filme de guerra sem a projecção da mesma. É um drama com pinceladas de absurdo e subtis contornos de comentário pessoal. O facto de um filme evidenciar material já explorado e filtrado em películas predecessoras não esmorece ou danifica a sua possível qualidade, mas “Jarhead” sofre apenas com alguma falta de audácia. As hostes questionam a lealdade das mulheres que foram forçados a abandonar, a confiança nos companheiros e a própria valentia. Quando muitos realizadores ofertariam respostas, Mendes deixa-nos a flutuar num primoroso limbo.
Os soldados encontram-se aprumados para combate, mas não existe um destino consolidado, exceptuando a próxima duna onde encontrarão mais deserto, inutilidade e tédio. Os marines não recebem a alcunha de Jarhead apenas pelo seu corte de cabelo. Eles são manuseados como um jarro (“jar” em inglês): esvaziados e depois atestados com instruções de sobrevivência, caça, assassinato e doses consideráveis de essência militar. “Jarhead” ressalva como estes jarros humanos nunca são preenchidos com noções sobre como se reajustarem à vida civil.
“Jarhead” é um filme sobre perda. Não sobre a destruição da vida física, mas sobre a deterioração numa plataforma anímica. Retrata o extravio existencial de soldados, banidos do seu quotidiano e do aconchego da sua namorada/esposa, família, amigos e emprego. Este processo de transmutação da personalidade é um dos pontos exponenciais de “Jarhead”, gerando a sua distinção relativamente aos restantes e inúmeros filmes do género. É uma genuína decomposição dos eventos nocivos, com uma extremidade que roça o surreal. Após sumária reflexão, encaixa-se a razão da inserção de elementos satíricos, extravagantes e fantásticos em obras deste género: é a forma pela qual uma mente racional encontra sentido na experiência. A virtude de “Jarhead” é escavar a verdade na sua forma indigesta. Um dos seus predicados, que muitos confundirão com defeito, é o facto de não pretender fazer sentido (será que alguma guerra faz sentido?), contendo relevante significado. A ambiguidade retrata nitidamente a experiência daninha de Swofford.
De forma honrosa, Mendes despende algum tempo homenageando filmes de guerra, como “Full Metal Jacket” de Stanley Kubrick (na estrutura do segmento inicial) ou mencionando dignamente “The Deer Hunter” de Michael Cimino. Um tributo especial sucede quando os soldados visionam “Apocalypse Now” de Francis Ford Coppola, na memorável cena da “Cavalgada das Valquírias” de Wagner. Existe um longo historial de relatos afirmando que filmes de guerra são utilizados para instigar obediência e vigor nos militares. “Jarhead” nunca será exibido para atiçar exércitos, graças à sua depressiva dissecação do “outro lado” da Guerra do Golfo, mas existe aqui uma história honesta que merece ser contemplada.
O deslumbrante génio estilístico de Mendes derrama sucessivas imagens arrebatadoras, com um primor plástico avassalador. É um mestre na construção de cenas com um forte sentido de impacto visual e psicológico, contando com a colaboração do excelso director de fotografia Roger Deakins, capturando de forma esplêndida a luz e textura do deserto. Deakins, que conta no seu currículo com 5 nomeações para os Oscares, constrói um ambiente surreal ornamentando o filme com cenas esplendorosas e transcendentais.
Além das sumptuosas imagens existe a poderosa tensão sexual e a urgência homicida que assola as tropas, projectando uma espécie de subversão dos estereótipos dos filmes do género. Envolvidos numa asfixiante crise de inércia, os soldados desatinam executando peculiares actividades que vão desde uma especial festa de Natal ao acto da masturbação. Esta explosão hormonal funciona em parte como uma metáfora para o esforço dispendido sem compensação concreta. Para garantir coesão e uma índole íntima na história, os actores envolvidos empregam todo o poder dos seus arsenais. Jamie Foxx redime-se da incursão em “Stealth”, num papel concludente, apaixonado e enigmático. No entanto, Jake Gyllenhaal (“Donnie Darko”, “Brokeback Mountain”) absorve todas as alvíssaras, sendo uma das mais poderosas insígnias do filme. Crescendo de forma avassaladora filme após filme, Gyllenhaal narra igualmente o filme numa entoação irónica. Revela um intenso e fulgurante desempenho, projectando o degenerativo efeito psicológico que vibra através de uma geração.
Se o filme atear frustração no espectador, então Sam Mendes atinge categoricamente o seu intuito. O que é propositadamente olvidado em velocidade é profundamente acumulado no seu sentido de propósito. Mendes foca-se nos paradoxos enfrentados pelos soldados, ao invés de construir uma ideologia moral. Alguns irão expressar desapontamento pela inactividade, mas pessoalmente considero “Jarhead” um triunfo numa era cinematográfica em que a perniciosa rotina nos habituou a aguardar filmes de guerra estereotipados. “Jarhead” é uma pujante bomba, delineada para detonar o convencionalismo minado dos filmes do género.
O realizador Steven Soderbergh (“Sex, Lies and Videotape”, “Traffic”, “The Limey”) elegeu o actor espanhol Javier Bardem (“Carne Trémula”, “Mar Adentro”) para desempenhar Fidel Castro no seu próximo filme, “Che”. Para protagonizar o revolucionário argentino Che foi escalonado o porto-riquenho Benicio Del Toro (“21 Grams”, “Traffic”), que voltará desta forma a trabalhar com Soderbergh. O filme será baseado nos documentos da CIA que foram tornados público recentemente e segundo Soderbergh, «será uma biografia épica focada nos derradeiros anos de luta do mítico líder revolucionário, até ao seu desenlace na Bolívia».
Termina este Domingo o período de votação para a eleição dos Prémios de Cinema Lumière. A segunda edição dos Lumière conta com trinta membros no júri, no qual me encontro orgulhosamente incluído graças ao convite do ilustre colega do blog Hollywood, Miguel Lourenço Pereira. Os Lumière visam nomear os melhores de 2005 na área da Sétima Arte, através das seguintes categorias:
Melhor Filme
Melhor Realizador
Melhor Actor
Melhor Actriz
Melhor Actor Secundário
Melhor Actriz Secundária
Melhor Filme Animado
Melhor Argumento
Melhor Banda Sonora
Melhor Montagem
Melhor Fotografia
Jovem Promessa Masculina
Jovem Promessa Feminina
Relativamente aos trinta membros do Júri, quinze estão ligados ao Cinema e outros quinze à “sociedade civil” da blogosfera. Os recantos de contemplação obrigatória são:
À Deriva
A Origem do Amor
Afixe
Antestreia
Atrium
Black Spot
BLOGotinha
Blogue dos Marretas
Cineblog
CoeXisT
Cine-Ásia
2 Rosas
DVD
Ensaio Geral
Filho do 25 de Abril
Gonn1000
Gatas QB
Hollywood
Miguel Galrinho
Mise en Abyme
Movies Universe
Mas Certamente Que Sim!
Memória Virtual
Os Intocáveis
O Vilacondense
Pipoca Rasca
Pasmos Filtrados
Rollcamera...action!
Royale With Cheese
Troll Urbano
Os vencedores serão anunciados simultaneamente em cada um destes trinta espaços no dia 28 de Janeiro de 2006.
Aqui fica um belo exemplo da originalidade (ou falta dela) que envolve este projecto desde o início. Sinceramente não aguardava outra imagem para este cartaz promocional (francês), pois a previsibilidade abunda nesta sequela. Existem películas que nunca deveriam receber uma sequela e os responsáveis por tais barbaridades deveriam ser fustigados durante 24 horas com alfinetadas sob as unhas.
A Warner Bros. apoderou-se do projecto que visa adaptar cinematograficamente o fabuloso clássico da literatura infantil, “Where the Wild Things Are” de Maurice Sendak. A liderar o projecto ficará nada mais, nada menos que Spike Jonze, o prodigioso cineasta autor dos formidáveis “Being John Malkovich” e “Adaptation.”, que já colaborou proficuamente com a primorosa cientista musical Björk e mais recentemente realizou um estupendo anúncio para a marca Adidas.
“Where the Wild Things Are” foi publicado em 1963 e aquando do seu lançamento, a temática que envolvia emoções obscuras era invulgar na literatura infantil, nomeadamente no formato ilustrado. O argumento do livro é baseado nas consequências do endiabrado comportamento de um jovem rapaz, utilizando o elemento fantástico. Certa noite, Max mascara-se no seu fato de lobo e comete diversas travessuras (desde perseguir o cão empunhando um garfo). Após um raspanete da sua mãe que o apelida de «coisa selvagem» (Wild Thing), o petiz responde-lhe indecorosamente e ela envia-o para o quarto sem direito a jantar. Aí, Max dá azo à sua imaginação e converte o seu quarto num extraordinário panorama, num mundo povoado por criaturas selvagens que o coroam como seu rei.
A criativa imaginação de Maurice Sendak (como escritor e artista) é humorada e ligeiramente assustadora, consoante a fantasia e a raiva de Max. O tema, o conflito emocional e as personagens, arrebatam a afeição de leitores dos mais variados escalões etários. Mas o que atiça a curiosidade relativamente à adaptação é a resposta à seguinte questão: como adaptar ao formato longa-metragem, um rico mas igualmente breve conto? Será que as linhas da portentosa imaginação de Jonze irão tecer alguma fiada peculiar na tapeçaria de Sendak?
Com uma axiomática aura de encanto, a imagem evidencia as pegadas místicas da personagem interpretada por Bryce Dallas Howard. Após o lançamento de um dos melhores teaser trailers de sempre, a próxima obra de Shyamalan projectou um deslumbrante poster.
4.
“Maria Full of Grace”, de Joshua Marston
Polémico, controverso, blasfémia… apelidem-no como desejarem. Pessoalmente, prefiro o termo: Sublime. Se para muitos a religião é o ópio do povo, para a personagem de Catalina Moreno, a droga é a sua religião. Transportá-la é o seu ofício, a sua desesperada dependência na desesperada luta pela sobrevivência. Admirável poster, para uma das soberbas surpresas do ano cinematográfico de 2005.
3.
“V for Vendetta”, de James McTeigue
É facilmente um dos melhores trabalhos artísticos do ano de 2005 na área de publicidade cinematográfica. Com um expressionismo que remonta para os cartazes pré-2ª Guerra Mundial, a imagem mescla estilo, sofisticação, história e uma robusta camada política. Suplanta a mera propaganda, resultando numa primorosa composição artística.
2.
“Munich”, de Steven Spielberg
As cortinas foram descerradas e uma ténue luz foi vertida sobre a opacidade que envolvia este projecto de Spielberg. Flutua um dominador poder reflectivo pelo cartaz, adjuvado pela infernal tensão manifestada na presença simbólica da arma. O negrume cerca o espírito acabrunhado, banhado por uma luz olímpica, divina. Imponente!
1.
“A History of Violence”, de David Cronenberg
Este é o meu poster de eleição para o ano de 2005. Incrível como uma singela imagem encerra tamanha tensão. Nuvens obscuras pairam sobre a personagem de Viggo Mortensen, pressagiando uma intempérie que intima a dissolução do seu pacífico quotidiano familiar. Magnífica inserção da arma, funcionando como real prenúncio ameaçador e ocultando a “outra face” da personagem interpretada por Mortensen. Exímio!
A comédia dramática “Volver”, o próximo filme de Pedro Almodóvar, já possui data de estreia. A produtora El Deseo (pertença do realizador espanhol) ainda não avançou uma data específica, mas a Warner (responsável pela distribuição) afixou a estreia no dia 10 de Março.
“Volver” será o 16º filme de Almodóvar, assente num dos seus territórios predilectos: o universo feminino e suas complexidades. No centro desta história encontram-se três gerações de mulheres da mesma família, que vão ultrapassando obstáculos e desgostos com coragem e sobretudo com alegria de viver. Estas personalidades basearam-se nas vivências da sua mãe, irmãs e conhecidas. Reproduzindo encontros de quintal entre vizinhas, Almodóvar recorda a sua mística iniciação como espectador, marcando um encontro com a sua génese e evocando a memória da sua mãe. Do elenco constam nomes como Penélope Cruz, Lola Dueñas e Carmen Maura, entre outros. Maura perpetua aqui a sua sétima colaboração com o realizador espanhol, sendo que a última data de 1988 com o filme “Mujeres al borde de un ataque de nervios”.
O realizador chinês Wong Kar-wai (“2046”, “Chong qing sen lin”, “Duo luo tian shi”) foi nomeado presidente do Júri da edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, a realizar entre 17 e 28 de Maio.
Apesar de ter sido formado na indústria cinematográfica de Hong-Kong, afamada pela dinâmica de espectacularidade imprimida nos seus filmes, o cineasta chinês modelou o seu género inspirando-se no Cinema europeu, particularmente nos cineastas da Nouvelle Vague. Nos seus filmes artísticos impera uma requintada evolução das suas personagens, que deambulam numa atmosfera pautada pelo seu arrojado e sedutor sentido de estilo, adjuvado por uma montagem bastante original. Wong Kar-wai é sem qualquer sombra de dúvida, um dos mais engenhosos autores do moderno Cinema Oriental.
Num exclusivo do website DVDrama.com, foi lançado o teaser trailer para o próximo filme do extraordinário realizador Guillermo Del Toro, intitulado “El Laberinto Del Fauno”. O filme narra a história de uma jovem rapariga que viaja para o norte rural de Espanha com a sua mãe e pai adoptivo, em 1944, após a vitória de Franco e respectiva ascensão do fascismo. No seu recente e decrépito lar, ela deambula por um mundo de fantasia, tentando superar a repressão fascista que assola a região.
Após ter adorado as primeiras fotos publicadas e venerado o teaser poster, fiquei pasmado com este fenomenal teaser trailer. Os planos deliciosos, o som desconcertante e a característica atmosfera sombria de Del Toro pautam este trailer que cumpre de forma maravilhosa os seus desígnios: acirrar o espectador. O filme estreará ainda este ano e para acederem ao teaser cliquem na imagem acima exposta.