terça-feira, outubro 23, 2007

Finish it



A todos os Familiares da Blogosfera: Muito Obrigado! Encerro este espaço, pois o futuro reserva outras prioridades. Acima de tudo, este recanto foi concebido como estância terapêutica e toda a seiva que tinha para me nutrir… estancou. Dou graças por este período inefável.

Ficam as recordações de mimos suplementares e os sorrisos que desenhei em TEU rosto. Por TI subsisti. Para TI escrevi. Em TI renasci. Amo-TE!




Estou contigo



Estás comigo



Está tudo bem

segunda-feira, outubro 22, 2007

Momento Zen

sábado, outubro 20, 2007

A transcendência redentora da Morte


Au Hasard Balthazar


Mouchette

Au Hasard Balthazar” e “Mouchette” são duas obras imensas de Robert Bresson, imersas num sofrimento tão infernal que apenas a Morte poderá exorcizar. As figuras centrais nos respectivos filmes são um animal (Balthazar) e uma criança (Mouchette), mas ambos convergem no estudo da santidade, na exploração das experiências de um inocente derramado num mundo ímpio e na revelação da desumanidade geral através da concentração na dor individual. Sempre munido com o seu estilo elíptico de filmar, Bresson fragmenta espaços (e corpos no espaço), combinando elementos minimalistas para expandir significados no receptor. Uma das suas estratégias mais discutidas é a utilização de actores (aos quais chamava modelos) sem experiência interpretativa e com uma expressividade neutra, sendo o burro Balthazar o seu exemplo-mor. Magistralmente, este engenho cria receptáculos vazios nos quais poderemos verter os nossos sentimentos, conjecturas, aflições e principalmente, ânsias espirituais. Ele gera ausências para que as possamos preencher com as nossas projecções, testando as nossas próprias reacções. O Cinema tem muito para comunicar e por vezes a linguagem que utiliza não requer apenas atenção. A sua assimilação requer paixão. Bresson desbravou novos caminhos e dilatou o vocabulário cinematográfico, mas na sua essência, o seu Cinema pinta sentimentos. Mouchette representa muitos de nós, seres incompletos e incapazes de articular a dor, suspirando pela expurgação da miséria de uma existência circunscrita aos anéis de um inferno interior. Deambulando sem direcção num longo calvário, que todos consigamos encontrar no fim, como Balthazar, um local de paz… o nosso Santuário.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Não uso velas... prefiro um Farol



Parabéns!

quinta-feira, outubro 18, 2007

Encomendado!


Esta obra de culto do mestre da Linguagem das Sombras, F.W. Murnau, nunca esteve disponível, em qualquer formato, com a composição musical original de Hans Erdmann incluída. Mas para agraciar a cinefilia, o dia 19 de Novembro marca o lançamento do DVD com a versão completamente restaurada de “Nosferatu, eine Symphonie des Grauens”. Esta preciosidade até inclui na capa o magnífico cartaz de Albin Grau!

quarta-feira, outubro 17, 2007

Suprema ironia



Na montagem final do seu novo filme, “Redacted”, Brian De Palma exibe fotos reais da Guerra do Iraque, mostrando soldados e vítimas do conflito. No entanto, devido a uma recente imposição do estúdio, o realizador terá de cobrir com faixas pretas os rostos das pessoas presentes nas imagens. Segundo a companhia que impôs a censura (Magnolia Pictures), a mudança foi exigida para evitar problemas financeiros e legais. De Palma manifestou que a sua maior frustração foi ter de alterar o filme, apesar dos produtores lhe terem garantido inicialmente a utilização das fotos sem censura. A suprema ironia de tudo isto reside no facto do próprio filme estar a ser “editado para publicação”, como sugere o seu título: “Redacted”.

terça-feira, outubro 16, 2007

Não vês por onde andas?

















(Extraído de “Foutaises”, curta-metragem de Jean-Pierre Jeunet)

segunda-feira, outubro 15, 2007

Beijo... te


"I'm a Cyborg, But That's OK", de Park Chan-wook

sábado, outubro 13, 2007

I'm a Cyborg, but That's OK



Para muitos, o manicómio não passa de um caixote do lixo da sociedade que serve para remover as frutas podres do pomar humano, deixando-as apodrecer bem longe, como se de criminosos se tratassem. O novo filme de Park Chan-wook também será desprezado por muitos, mas pessoalmente… abraço-o com inexaurível estima! Estilhaçando noções estereotipadas, Park oferta uma peculiar história de Amor entre uma rapariga que julga ser um cyborg e um rapaz que acredita poder roubar habilidades e sentimentos de outras pessoas. Neste filme, Park continua a escrutinar a natureza humana, mas o fio condutor da sua filmografia é o caminho para a Salvação. Apresentando-nos personagens que aparentam insanidade, mas que se encontram firmadas num apurado sentido de Identidade, não estará o autor sugerindo que o reconhecimento identitário se afigura como um dos caminhos para a Salvação? Ao penetrar no mundo de fantasia destes pacientes, Park foca-se na conexão das suas crenças, abrindo as portas das suas próprias realidades para que sintamos o desabrochar de um Amor que assenta na compreensão da personalidade do ente amado. Os dois protagonistas compreendem o universo do próximo, demonstram consideração pelo mesmo e entram no reino do respectivo. Este é o poder miraculoso do Amor. Todos possuímos um mundo interior que poucos conseguem sequer imaginar e quando surge alguém com as chaves desse refúgio, ficamos vulneráveis perante uma deflagração de sentimentos inebriantes. O Amor está na poesia que embala o coração, aconchegando-o na sensibilidade da esperança. Viver um Amor significa estabelecer uma cumplicidade mútua baseada na capacidade de doar incondicionalmente e vivenciar a diversidade na unidade. O ambiente deste filme é de difícil assimilação para alguns, mas no seio desta atmosfera extravagante, Park Chan-wook imprime uma mensagem deveras Humana. A comunicação é o elemento chave para a compatibilidade. Tal como demonstra no emblemático final, o propósito da nossa existência encontra-se muitas vezes ao nosso lado. Mais do que olharmos nos olhos do outro, Amar é olharmos juntos na mesma direcção.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Sinto falta de Jeunet...


Delicatessen



La Cité des Enfants Perdus



Alien: Resurrection



Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain



Un Long Dimanche de Fiançailles


Longa será a espera por “Life of Pi”...

quinta-feira, outubro 11, 2007

The Imaginarium of Dr. Parnassus



Este será o título do próximo filme de Terry Gilliam. O projecto já se encontra em pré-produção e sabe-se que a história gira em torno de um imortal contador de histórias, que viaja pelo mundo espalhando seus contos numa espécie de teatro itinerante. O argumento estará a cargo do próprio Gilliam e de Charles McKeown, com quem colaborou no sublime “Brazil” e em “The Adventures of Baron Munchausen”. Do elenco fazem parte Heath Ledger, que participou em “The Brothers Grimm”; Christopher Plummer, que surge em “Twelve Monkeys”; Tom Waits, o músico distinto que marca presença em “The Fisher King” e que canta “The Earth Died Screaming” em “Twelve Monkeys”; e ainda Lily Cole, uma modelo que aparenta ter sido materializada directamente da criação de um Mangaka (desenhador de Manga) e que também participará no filme de Marilyn Manson, “Phantasmagoria: The Visions of Lewis Carroll”.
A imagem acima exposta é um excerto da arte conceptual do Imaginarium. Para uma reprodução bem mais detalhada, basta clicar na respectiva.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Sentir...



Amar...

terça-feira, outubro 09, 2007

Ikiru



No final de “Ikiru”, o apoiante de Watanabe luta momentaneamente com a sua consciência, até ceder, submergindo numa enxurrada de papéis. Quantos seres humanos vivem completamente imersos na evolução das suas carreiras, desmazelando a evolução da própria Vida? Quando a lógica quotidiana se instala e drena grande porção da nossa energia inata, a maioria das almas arde para todo o sempre. Viver é sublimar a existência com litígios diários pela transcendência do corpo, pela genuína satisfação da mente e pela exploração das sensibilidades que elos emocionais nos poderão transmitir. Akira Kurosawa sempre demonstrou virtuosidade em lidar questões humanas com imaculada percepção e experimentar seus filmes é como marcar presença em aulas profícuas de arte narrativa. É um regalo cinéfilo vê-lo questionar o significado existencial de um punhado de personagens, trabalhando suas nuances com sofisticada probidade. Kurosawa transcendeu quaisquer diferenças culturais entre o oriente e o ocidente para legar ao universo da Sétima Arte uma dissertação majestosa sobre temas universais como a Vida, a Morte e a mesquinhez do poder. Intemporal… pungente… Humano!

segunda-feira, outubro 08, 2007

O poder simbólico de um início


Vertigo”, de Alfred Hitchcock



Munich”, de Steven Spielberg

sábado, outubro 06, 2007

Os mimados e os bastardos



Em “Planet Terror” de Robert Rodriguez pululam rostos deformados e mais atestados de bolhas que num jovem imberbe, em pleno estágio nos torvelinhos da adolescência. Que fique bem claro, o filme é um verdadeiro festim para os fãs de série B e Z, mas após alguns momentos de diversão, pouco ou nada sobra. A artificialidade com a qual Rodriguez celebra e recapitula este género de filmes é tão deliberada que se torna enfadonha, encolhendo o produto numa carapaça à prova de crítica, graças a um mecanismo de defesa descarado e insolente que assenta numa sobredosagem de auto-consciência irónica. Tudo fede em demasia a falsidade. Se o gore é levado ao extremo, a vertente libidinosa deste género foi manipulada com demasiada timidez, limitando-se ao terreno do erotismo mais softcore. Se Tarantino tinha imitado quase na perfeição a textura visual destes filmes, a deterioração da imagem do filme de Rodriguez resulta de forma digitalizadamente postiça. É certo que o objectivo do pacote “Grindhouse” não era recuperar um tipo de Cinema, mas reviver um tipo de ida ao Cinema. Todavia, se o valor desta tradição inserida no actual panorama cultural é nulo, os cifrões gastos no projecto fazem o produto tresandar a fraude. Qual a relevância desta obra? Será tudo um mero passatempo de filhotes mimados, que se recreiam com réplicas bem mais dispendiosas dos brinquedos rançosos dos filhos bastardos do Cinema?

quinta-feira, outubro 04, 2007

Levitar com Tarkovsky


A sua narrativa flutua numa atmosfera de ambiguidade e quando negligenciamos a respectiva lógica, conseguimos fluir pelo curso esplendoroso do seu trabalho artístico. Apesar dos contornos amorfos que adquirem sob o olhar de uns quantos, as imagens de Tarkovsky encontram-se prenhas de fogosidade poética, irrompendo em labaredas de beleza e pura excelência.



Porque escrevo este pequeno parágrafo sobre o Mestre russo? Porque deslumbrado, ao rever pela enésima vez “Zerkalo”, constato uma verdade insofismável: o plano-sequência no qual se enquadra este fotograma é um dos mais bem conseguidos da história da Sétima Arte. Transcendental.

quarta-feira, outubro 03, 2007

L’Argent


«Acabámos sem alguma vez termos discutido.»

Será ele um louco alienado ou uma vítima em busca de uma inocência perdida?



«Se fosse Deus, perdoaria toda a gente.»

Será ela uma louca turvada pela sua conduta benevolente ou uma santa que ilumina com uma graça efémera uma alma condenada?


Bresson… o cineasta da evolução e devolução espiritual do Ser Humano.

terça-feira, outubro 02, 2007

"Wall-E" – o novo teaser



Este é outro daqueles projectos que me conquista bem antes do seu lançamento. O novo trailer para o próximo filme da Pixar pouco acrescenta ao que o primeiro teaser apresentava, mas a brincadeira do pequeno robot com Luxo Jr, o candeeiro presente no logotipo da Pixar, é inestimável. O filme tem estreia agendada para o próximo ano e para acederem ao respectivo teaser, cliquem na imagem.

segunda-feira, outubro 01, 2007

How could I forget about you?



You’re the only one I really know.

sexta-feira, setembro 28, 2007

"The Bourne Ultimatum", de Paul Greengrass

Class.:



Cinema Red Bull

Cinco anos após Doug Liman ter introduzido ao mundo da Sétima Arte o assassino que sofre de amnésia Jason Bourne, Paul Greengrass remata de forma absolutamente perfeita a trilogia inspirada no bestseller de Robert Ludlum. A seguir à conclusão de “The Bourne Supremacy”, Greengrass fez um interregno para dirigir o simplesmente soberbo “United 93”. A crueza pura e dura imprimida no retrato dos malogrados eventos promoveu finalmente uma aclamação quase unânime do seu trabalho artístico. Mas tal como a bebida estimulante que menciono no cabeçalho deste comentário, o travo que este cineasta deixa no palato cinéfilo de alguns é extremamente ácido, estranho e enjoativo. Toda a ansiedade que escorre da projecção de Ultimatum, fervilhando de forma alarmante nas nossas próprias veias, é inteiramente necessária. As explosões de energia que se propagam ao longo do filme reflectem a premência de Bourne, uma personagem que persegue pelas artérias urbanas internacionais a sua própria Identidade. Poucos filmes combinam uma atmosfera tão densa quanto excitante e contam-se pelos dedos de uma mão as sagas cinematográficas que chegam ao seu epílogo com o vigor intacto e seus propósitos afinados. “The Bourne Ultimatum” triunfa no altear dos desafios da trilogia, no frenesim de uma acção praticamente irrespirável, no desenvolvimento das personagens anteriormente exploradas e na introdução de novos vilões. É uma jornada cinética que respeita a inteligência da audiência graças ao seu argumento escorreito, ao seu corajoso compasso moral, à impecabilidade das suas interpretações e à excitação proporcionada pelo espectacular trabalho de duplos. O desempenho de Matt Damon na pele de Jason Bourne é nada menos que magnético, conciliando instintos assassinos com um sentido tangível de decência. Perpassa pelos contornos do seu rosto uma inocência trágica que combina na perfeição com a urgência estóica do seu olhar.



The Bourne Ultimatum” é o exemplar filme de acção, com uma alma tão genuína que não se deixa pixelizar. Conclusão de uma saga que alberga um profundo subtexto, irrigado em elementos metafóricos como a água que abre e conclui a trilogia, num relance meditativo sobre a possibilidade de redenção e renascimento. A câmara de Greengrass gera uma sensação de movimento perpétuo tão fluido quanto as acções de Bourne, elevando incomensuravelmente os níveis de adrenalina e realçando com sua estética peculiar os nervos da estrutura temática da sua obra e respectiva colisão de filosofias sobre a venda da segurança mediante a remuneração da liberdade de individualidades que gravitam em cenários contemporâneos de totalitarismo. Esta Arte de filmagem reflecte a tensão e os níveis de consciência que imergem a personagem em questão, colocando o sujeito expectante numa equivalência de estado mental que tenta sorver o máximo das torrentes de informação visual que Jason Bourne tenta fundir para alcançar um nexo definitivo. Nesta dinâmica refinada de acção com gravidade, trajectória, sentido de história e personagem, existe ainda lugar para consciência política e para uma invulgar introspecção humana. É um conto emocionalmente honesto sobre o regresso a casa do soldado do século XXI, com repercussões transcendentais numa era em que anciãos do poder global apunhalam idealismos da juventude, enviando seus pupilos para guerras que não podem vencer. Camuflada sob a roupagem de filme de Acção, esta obra resulta de forma sublime como exploração das consequências que o nosso mundo enfrenta, quando a liberdade individual é cada vez mais considerada um privilégio em vez de um Direito Humano fundamental.
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