Curiosidade de pacote de cereais
As histórias de bastidores que envolvem Orson Welles dariam pano para mangas de camisolas de Kong. Poderia, por exemplo, centrar-me no facto de ter declinado ser a voz de Darth Vader (aceitando apenas a narração do teaser trailer do “Star Wars” de 1977), mas prefiro relatar uma história decorrida durante as filmagens de um dos seus flops de bilheteira: “The Lady from Shangai” (1947). Durante a rodagem do filme que contava com Rita Hayworth (então sua esposa), o maquilhador aproximou-se da voluptuosa actriz para retocá-la, afirmando que deveria secar o suor do seu rosto. Welles interrompeu-o dizendo: «Meu caro, saiba que os cavalos suam, o ser humano transpira, mas Miss Hayworth cintila». Estes representaram os derradeiros momentos do atribulado casamento, com o realizador de “Citizen Kane” a obrigar Hayworth cortar o seu longo e luxuoso cabelo, tingindo-o num loiro execrável. Após “The Lady from Shangai” estrear, surgiu o declive profissional da diva que quando interpelada sobre quais os adereços que sustinham o seu vestido em “Gilda”, respondeu: «Duas coisas». Alguns defendiam que ela apenas representava uma deleitosa dançarina sem alicerces de densidade interpretativa que a impulsionassem profissionalmente. Na minha opinião, a complexidade imprimida na personagem do filme de Welles prova o contrário, sendo que a minha teoria sobre o seu declínio fica assente numa citação da própria actriz. O público não se preocupava com a sua idoneidade, não se interessava pela sua possível competência para a elaboração de uma personagem, não tolerava o seu curto cabelo loiro, não via Hayworth… apenas reconhecia Gilda. O estigma que brotou pela explosão de carisma sexual em “Gilda” jamais a abandonaria, daí a própria ter afirmado consternadamente: «Todos os homens que conheci apaixonaram-se por Gilda… e acordaram comigo».
6 Comments:
Não é o mesmo que aconteceu com a Marilyn Monroe e actualmente com a Angelina Jolie? São ambas símbolos sexuais e são vistas por esse prisma. Tudo o resto não interessa...
Em parte... sim.
hum....mas que estória!
eu gostaria de me 'acostar' com a Rita Hay..., porque esta é de carne-e-osso...a outra uma personagem ficcional!
um abração muito grande e bom resto de dia, amigo Francisco.
RPM
Já lá vão 19 anos sobre a sua morte...
Forte abraço amigo Rui!
Sempre gostei das histórias paralelas do cinema! Principalmente as dos "velhos tempos" :)
Também eu.
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