quinta-feira, abril 27, 2006

My life is about finding time to dream



Certamente muitos estarão familiarizados com a participação do treinador de futebol José Mourinho, na campanha publicitária “My Life, My Card” do cartão American Express. Contudo, existem spots bem mais interessantes, dirigidos superiormente por Wes Anderson (“The Royal Tenenbaums”) ou M. Night Shyamalan (“Signs”). O anúncio de Shyamalan é aquele que prefiro destacar, pois além de suportar uma fracção (2 minutos) da sua perícia, representa um exemplo apurado de uma campanha que absorve a atenção do público. Os segundos iniciais sugam os sentidos enquanto esquadrinhamos as imagens em busca do seu conteúdo e no inspirador remate final, auferimos a substância que nutre a excelsa veia criativa de Shyamalan.

O reclame estreou nos comerciais que intervalaram a Cerimónia dos Oscars e para acederem a dois minutos de enorme qualidade, cliquem na imagem acima exposta.

16 Comments:

Blogger Pedro_Ginja said...

Pois isso é mesmo birra.

É a uníca explicação possível.

Onde o Shyamalan toca só pode sair coisa boa. Mesmo em anúncios estúpidos de um cartão de crédito.

E quando João Bernard da Costa diz que Shyamalan é um dos poucos realizadores de cinema da actualidade que me faz sair da minha cinemateca para uma qualquer sala de cinema.
E não, não estou a inventar. Foi numa das sua crónicas do público.

Eu votava mais em subvalorizado, principalmente nos E.U.A.
Se não mesmo ignorado...

11:45 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Nuno: Sobrevalorizado?! Acho que te enganaste Nuno, pois o Pedro tem toda a razão ao apontar que o termo correcto é subvalorizado. Existe um culto tremendo em seu redor, do qual obviamente faço parte, pregando aos quatro ventos a profusa genialidade que Shyamalan derrama em cada película.

É um autor idolatrado no presente e será imensamente dissecado com veneração no futuro.

Abraço!

Pedro Ginja: Desde "The Sixth Sense" até "The Village" que o meu fascínio pelo autor não minga. E isso é algo raro, pois a maioria dos cineastas defrauda as minhas expectativas. Espero que "Lady in the Water" não me desiluda, pois Shyamalan é o autor contemporâneo que mais admiro a par de Aronofsky.

Aliás, os dois melhores teasers que vi até hoje, são aqueles respeitantes a "Lady in the Water" e "The Fountain".

Abraço!

12:21 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Mas os filmes dele revestem-se de uma humildade colossal, como podes dizer isso?

Desculpa, mas o adjectivo «pretensioso» encontra-se injustificado.

1:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Por acaso partilho da opinião do nuno.

Achei "The Sixth Sense" muito derivativo (basta ver "Jacob's Ladder" para perceber de onde vêm as ideias)embora tenha momentos sublimes e que justificam um revisionamente.

Falando em revisionamentos penso que um dos «pecados» da cinematografia dele é precisamente apoiar-se em demasia no twist que retira grande valia aos revisionamentos. Hitchcock também o usava mas para além do twist conseguia imprimir um cunho fortissimo de tensão e frisson nos seus filmes que por mais que Shyamalan se esforce apenas consegue dar uma pálida ideia.

"Unbreakable" é para mim um dos exemplos máximos de cinema apoiado na ideia de comics ou super-heróis. Não é díficil perceber que considero este o melhor filme dele. Um filme onde os silêncios da banda sonora falam mais alto que orquestras inteiras, com um casting perfeito, um ritmo avassalador, cenas de antologia e claro um argumento sólido e que, por uma vez, não se apoia única e exclusivamente no twist final.

Depois começou a lenta derrocada: "Signs" é portador dum argumento tão imbecil que nem sequer me vou dar ao trabalho de mencionar aqui os plot holes. É o exemplo perfeito da manipulação e do Deus Ex Machina (ou do coelho na cartola) que Shyamalan imprime aos seus filmes. Além disso nunca se resolve entre o filme de tensão/terror e o sci-fi acabando por parecer um episódio de luxo dos X-Files.

E sobre "The Village" quanto menos se disser melhor. Por esta altura já a fórmula está gasta e caduca.

Quanto à suposta humildade de Shyamalan que dizer dum realizador que não perde nunca a oportunidade de aparecer nos seus filmes frisando ainda mais o decalque manhoso ao grande mestre Hitchcock?

P.S.: Espero que este comentário não vá gerar mais uma onda de comentários jocosos sobre a minha persona :)

1:35 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Pois eu coloco-me ao lado de... João Bénard da Costa. O que para uns é pretensioso, para outros é génio; o que para uns são fórmulas gastas e argumentos imbecis, para outros são fragmentos da história que muitos reverenciam no presente e outros dissecarão no futuro.

A subvalorização que Shyamalan sofre junto de muitos, recorda-me um exactamente... Hitchcock. Na altura do lançamento de algumas das suas obras máximas, denegriram o seu produto final comparando o resultado final a débeis reinvenções de filmes predecessores. É exactamente isto o que leio e escuto na conjuntura hodierna.

E devo confessar que sim... refestelo-me jocosamente ao contemplar o deslizar do seu engenho artístico pelo oceano de críticas mutáveis com o passar dos tempos e mentalidades.

P.S.: Espero que este comentário não vá gerar uma chuva torrencial de ironia em quantidade industrial... ;)

1:51 da tarde  
Blogger RPM said...

realidade ou sonho.....

mas que restaurante com clientes tão excêntricos....

that's a life or that's a card!!!!

RPM

2:42 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Discordo profundamente.
Só poderás utilizar o rótulo cool se ambicionares mencionar uma adjectivação carente dos seus filmes.

Respeito e reitero essa confrontação entre Shyamalan e Hitchcock, mas considerar o indiano como copy/paste reveste-se de ócio analítico... na minha humilde opinião.

Todos... repito: todos os grandes cineastas edificam o seu plano autoral inspirados em ídolos predecessores, que homenageiam na construcção-base das suas obras.

Shyamalan não é excepção à regra, afirmando-se claramente como autor, movimentando-se em plataformas metafísicas com alicerces sobrenaturais em oposição ao incontornável falecimento humano. A imaterialidade das suas imagens evoca a matéria serena que preenche o nosso interior, o seu storytelling é excelso e a ressonância moral inolvidável.

3:21 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Rui: Admiro imenso a conclusão deste spot, que representa mais uma pincelada etérea no trabalho notável de Shyamalan.

4:10 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

O anúncio de Wes Anderdson é muito bom, com o seu cunho imprimido desde a primeira frame. Existe um cameo de Jason Schwartzman, o próximo Louis XVI no "Marie-Antoinette" da Sofia Coppola... o que já é suficiente para prender a tua atenção, não é seu Sofiadependente? ;)

Por falar em Anderson, aguardo com muita atenção "The Fantastic Mr. Fox", projecto baseado no livro de Roald Dahl.

Cumprimentos.

6:59 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Também me sinto seduzido pelas brisas de frescura cinematográfica que Anderson acarreta nas suas obras iniciais, mas o seu último "The Life Aquatic with Steve Zissou" é bastante desequilibrado, aparentando a espaços ser uma tentativa de um fã seu, a imitar um filme do ídolo.

Todavia, o meu fascínio pelo mesmo não esmoreceu.

7:22 da tarde  
Blogger Carlos M. Reis said...

Acho o Spot de Wes superior ao de Shyamalan. Mas preferia o antigo lema do "Priceless" a este do "My Life, my Card". Os anúncios eram mais engraçados.

Quanto à discussão sobre o indiano, detesto-o pessoalmente pelas várias entrevistas e documentários que vi sobre este, mas acho-o fascinante atrás da camerâ, apesar da desilusão que foi Sinais. Sexto Sentido e Unbreakable são dois filmes extraordinários, na minha opinião. A Vila ainda não o vi. Pode ser que equilibre a balança.

Cumprimentos.

9:42 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Tal como referes, o mero sensacionalismo de apreciação de carácter é irrelevante na avaliação do produto final. E aí, jaz um facto irrefutável para além da sublime deambulação da câmara, ou seja, a reinvenção do thriller psicológico sob o esvoaçar da pena de um magistral autor indiano: M. Night Shyamalan.

Cumprimentos.

9:56 da manhã  
Blogger brain-mixer said...

Já o tinha descoberto no cool2ra ;)
Tem requintes de David Lynch, onde também este se rendeu ao meio publicitário há bastante tempo.
Mas quanto a esta discussão toda em volta de Shyamalan, só há uma coisa a dizer: Ele já não tem nada a provar. Quem gosta ainda bem, quem não gostar, azar o deles!

3:24 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Não seria tão taxativo, mas basicamente é mesmo isso: quem gosta, gosta... quem não gosta, que parta para outra.

7:20 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

A voz narrativa de Shyamalan é clara como cristal, enfatizando a sua mestria enquanto o melhor escriba estrutural da sua geração. Movimenta-se em fábulas surreais, mas a sua meditação centra-se na psicologia do medo e na relação humana com a linha diáfana do sobrenatural. Um simples enquadramento desencadeia um inventário emocional, sorvendo o fôlego da plateia em takes de esmagadora tensão. A narrativa dual suporta a alegoria com aquilo que é espelhado na tela e com o silêncio condensado. O espaço no qual estas duas vertentes se intersectam representa o ninho da realidade.

4:56 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

É extraordinário!

9:18 da manhã  

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