terça-feira, abril 18, 2006

A bela escolha de Hanks



Tom Hanks, o carismático actor duplamente oscarizado pela Academia, elegeu “2001: A Space Odyssey” de Stanley Kubrick como o seu filme preferido de sempre. Hanks declarou que nunca se farta de revisitar a aclamada aventura Sci-Fi de 1968, porque sente-se envolvido de uma forma única na contemplação da experiência proporcionada pelo «Realizador da Mente». O actor incluiu ainda “The Godfather” de Francis Ford Coppola, “Fargo” dos irmãos Cohen, “Elephant” de Gus Van Sant e “Boogie Nights” de Paul Thomas Anderson no seu Top 5 de todos os tempos.

É caso para dizer: Tom Hanks sabe-a toda!

41 Comments:

Blogger Carlos M. Reis said...

Quem me conhece sabe que não concordo nada com essa escolha, mas cada rabo cada saia, portanto ele lá sabe. Eu cá ficava com o seu Forrest Gump.

E nessa lista outro que não levei nada à bola: Elephant. Enfim.

Um abraço Francisco!

2:43 da tarde  
Blogger brain-mixer said...

OK, Hanks tem uma lista preferida... Saiu na Variety? Eheheh :P

4:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sinceramente e por muito que eu goste de sci-fi (não gosto muto do rótulo, mas paciência, é o que se usa por aqui e em Roma sê romano) e de Kubrick, o seu 2001 é talvez o filme que mais indiferente me deixa de toda a filmografia dele. Aliás desafio muito boa gente a vê-lo de seguida sem emitir um bocejo sequer. Mas enfim, são gostos. Se eu me visse obrigado a escolher um filme de sci-fi de Kubrick mais depressa optava pelo Dr. Strangelove ou até A Clockwork Orange... 2001 por muito mítico que seja... vejam bem aquela cena em que eles viajam rumo à cratera de Tycho e a meio da viagem começam a escolher sanduíches... o drama, o talento, o frisson, passe-me uma sanduíche de mortandela se faz favor!

6:26 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Knoxville: E como é óbvio, eu de forma estupefacta aceito as tuas sensibilidades.
Abraço grande Knox!

Nuno: O meu também seria diferente, mas Hanks revela muito bom gosto.
Abraço!

Edgar: Fez a lista com o apoio do Mr. Wilson...

Thanatos: Essa cena que descreves desdenhosamente é um dos excelsos escapes irónicos que Kubrick derrama ao longo da sua extensa filmografia. Mas lá está... o que uns amam, outros abominam... é o poder de uma Obra de Arte.

Uma coisa é certa, cenas míticas e transcendentais abundam no filme e acredites ou não, já vi "2001" perto de 15 ao longo da minha vida e nunca bocejei num revisionamento.

7:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não digo que o tenha visto tanta vez mas o certo é que onde uns vêem misticismo e transcendentalismo eu vejo falta de imaginação, vontade de esticar o que não passava dum mero conto de 30 páginas num épico de FC (era o próprio Kubrick que disse que tinha vontade de fazer «o proverbial filme de FC) e uma grande confusão entre o que é FC e o que é Fantasia. Ao fim de não sei quantos minutos que nos fica do filme? Cada enigma é respondido com novo enigma e não se apresenta solução satisfatória que permita um "sense of closure" que satisfaça o espectador.

Mas como é uma «Obra de Arte» tudo deverá ser permitido e perdoado.

7:24 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Repara Thanatos, na contemplação de um objecto artístico tens de ter a capacidade para ver o que está além dos nossos sentidos. O espectador não deverá ruminar grau zero de pensamento nas simples imagens e sons que sorve, pois o dom do pensamento e reflexão existem para algo, nunca deverão ser um objecto mono da nossa existência.

E como certamente reconheces, existem filmes que edificam individualmente na audiência ponderações espirituais e reflexões existenciais. "2001" é uma dessas raras e poderosas obras que transcende de uma mera plataforma física para um panorama metafísico, no qual cada espectador calcorreia os trilhos que desejar para sentir a experiência supra-pessoalmente.

Compreendo a tua sensibilidade relativamente ao Objecto fílmico em questão, mas certamente não irás desprezar de forma totalitária ou ariana todos quantos se revejam nesta sublime Obra, que Kubrick ofertou à galeria da Sétima Arte.

7:42 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Mário: Também admiro imenso Hanks no cumprimento do seu trabalho.
Abraço!

7:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Em lado algum me parece que «despreze» seja quem for por gostar ou encontrar ecos de algo no 2001. De facto o problema, se é que ele existe, reside na minha falta de capacidade de ver para além dos sentidos e de transcender uma mera plataforma física para um panorama metafísico, whatever that means.

A mim parece-me antes que se tomou a parte pelo todo e a certa altura tornou-se lugar-comum dizer que 2001 é uma obra-prima. Talvez o seja para muitos e respeito os gostos dessa multidão. Mas para mim e para uns poucos outros o filme continuará a ser objecto de enfado e um pastelão que se pretende uma coisa e que nunca chega a encontrar o rumo direito a outra.

7:55 da tarde  
Blogger Carlos M. Reis said...

Eu tou com o thanatos :) E atenção que gostei bastante de outras obras de Kubrick. Mas com o 2001 fiquei com um ódio visceral!

Um abraço!

9:29 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Thanatos: Maldizer sobre um filme é uma tarefa extremamente fácil. Difícil é argumentar de forma solidamente construtiva sobre uma obra cinematográfico que não gostamos, desprezamos ou odiamos. Já travei diálogos bem interessantes com pessoas que não foram tocadas pela influente obra de Kubrick, mas nunca uma única dessas pessoas utilizou o vocábulo «pastelão». A troca de ideias cinematográficas é salutar, mas disparar adjectivos execráveis quando os argumentos para sustentarmos as nossas ideias é nulo é lamentável.

Quando enquadrares uma crítica de forma construtiva e fluidez vocabulária, talvez nesse dia entendas as palavras que redigi e às quais te referes em belo português: «Whatever that means».

10:20 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Knoxville: Eu bem sei como preferias incomensuravelmente passar um serão a ver "Saw 2". Escolhas...
Abraço!

10:21 da tarde  
Blogger brain-mixer said...

Pessoal, rezem apenas que não se lembrem de fazer um Remake! Cruzes, credo!!

6:14 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Francisco esta troca de ideias toda começou por eu dizer que não considerava o 2001 o melhor filme de "sci-fi" (penso ser também o termo "português" que o caro por aqui usa) de Kubrick.

Nem por sombras me lembrei de argumentar com vocabulário válido e sem empregar estrangeirismos o porquê do desgostar do filme. Não foi essa a intenção inicial e se reparar foi você que foi puxando a discussão para esse lado. Acredite que está ao alcance do meu vocabulário argumentar e rebater os porquês de eu (e outros) considerar este filme medíocre. Apenas considero que o espaço deste comentário não é o local indicado para tal.

Quanto às suas palavras esteja descansado que as entendi perfeitamente e tal como você diz que eu disparo adjectivos execráveis também eu poderia dizer que o caro Francisco dispara adjectivos superlativos mas que em análise final são nulos de conteúdo.

Já agora duas achegas finais ao comentário de orion: Para sua informação o livro surgiu "após" o filme. De facto o filme baseia-se no conto "The Sentinel" e nele o monolito era uma pirâmide (embora mantendo as proporções que mais tarde são usadas no monolito). E se considera que se retira mais-valia do filme lendo o romance então é mais uma prova de que o filme é confuso e pretende-se enigmático não se conseguindo sustentar sem um «mapa».

Quanto a Philip K. Dick ser um fanático religioso... primeiro conviria não falar no presente visto que o senhor faleceu já há mais de 20 anos. E não faço ideia até que ponto o conhecia mas uma coisa que Dick não foi terá sido «fanático religioso». Leia "Radio Free Albemuth" e "VALIS" e compreenderá alvez que a posição teológica de Dick se afastava muito do dito fanatismo. Mas enfim são opiniões. Poderia o orion talvez seguir parte do seu próprio conselho e ler alguns livros. Recomendo-lhe ler "Divine Invasions: A Life of Philip K. Dick" de Lawrence Sutin. E a partir daí, quem sabe, em vez de usar termos pejorativos como fanatismo passe a usar o mais correcto termo de filósofo.

8:39 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Orion: Sabes o que mais me apoquenta, apesar de respeitar quem adormece a ver esta Obra-Prima? É que existe quem não se aperceba que foi "2001" quem colocou definitivamente a palavra «Científica» em «Ficção Científica». Imbuída pelo Realizador da Mente com inúmeros detalhes (Ciência, Tecnologia, Filosofia, História da Arte de Filmar...) a virtuosidade da sua construcção estava tão avançada para o ano em que foi lançado (1968!!), que a Humanidade ainda não conseguiu alcançar a magnífica visão de Kubrick sobre a obra literária de Arthur C. Clarke.

Quando um filme não acaba numa sala de Cinema, nem na semana a seguir ao seu visionamento e ainda assola (mesmo quem o abomina) décadas depois... então estamos definitivamente perante uma Obra Máxima da Sétima Arte. Goste-se ou não.

Edgar: Nem uma sequela... livra!!!

8:52 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Caro Thanatos não houve troca de ideias da tua parte, apenas arremessaste adjectivos «pastelões». Se desejas trocar ideias de forma construtiva, conheces perfeitamente (espero que não seja de forma masoquista) o espaço da pessoa que constrói (segundo o caro): superlativamente de forma nula.

Ainda agora, aguardo que defendas de forma sólida e com ideias a tua posição. Aquela que considera que o filme que colocou a palavra «Científica» em Ficção-Científica, não é o melhor do género. Talvez não consigas passar além do «pastelão»... tudo bem, há que aceitar.

9:02 da manhã  
Blogger Pedro_Ginja said...

Revela bom gosto apenas não o mesmo que o meu.

2001 de Kubrick é para mim o filme mais sobrevalorizado de sempre.
É simplesmente secante.
E não me venham com as tretas metafísicas e do significado da obra e de como está bem filmado. Isso não tem discussão.
Agora que me dá um tremendo sono quando está a passar isso dá.

Ok, a seguir ao "E Tudo o Vento Levou" (A maior xaropada de sempre-telenovela dos tempos antigos).

Em relação ao outros só o P.T. Anderson está lá sempre. Génio mais subvalorizado do cinema actual. Cada filme dele é um mundo.

No entanto acho um conjunto de escolhas muito certinhas. Toda a gente tem um filme embaraçoso que adora sem razão aparente. E onde está ele Sr Hanks???
Pois,pois...

Só o Elephant parece mais arriscado nas escolhas mas mesmo assim...

Gostos são gostos

Abraço

10:51 da manhã  
Blogger Pedro_Ginja said...

Antes que o Francisco se chateie só mais uma coisa.

Lembra-te que os verdadeiros filmes de génio são os que levantam ódios tão fortes como os amores.

Por isso o 2001 deve estar lá...

hehehe.

10:54 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Caro Pedro, agora disseste tudo: «...os verdadeiros filmes de génio são os que levantam ódios tão fortes como os amores.»

"2001" está bem lá em cima... no centro do Altar da Sétima Arte!

10:59 da manhã  
Blogger Carlos M. Reis said...

Francisco, eu até prefiro ver um Free Willy qualquer a voltar a ver o 2001.

E calma pessoal, aqui na minha terra pode-se ter opiniões diferentes. Há que respeitá-las. Eu por acaso até acho o termo pastelão bastante bem atribuído ao filme. Não é razão para ficares fulo Francisco, ninguém está a falar da tua mulher ou de algum amigo teu. Só de um filme. Quem gosta gosta, quem não gosta vê outro :)

Um enorme abraço Francisco!

11:09 da manhã  
Blogger Carlos M. Reis said...

Ah e esqueci-me. Tenho visto em "n" sitios, que quem fala mal de 2001 ou é burro ou é estúpido. Não se pode abrir a boca, seja em que lado fôr, para dizer que não gostamos de 2001 que somos automaticamente cilindrados.

É óbvio que devem ser muitas poucas as pessoas que conseguem escrever (que realmente és um espetáculo, e daqui a 2 anos com o meu curso feito, irás certamente ser convidado para a minha revista de cinema ;P) e argumentar como tu, e não pode ser só por isso que a sua opinião vale menos que as outras.

Um enorme abraço novamente, espero que não estejas chateado comigo, aquele comentário do Saw pareceu-me um bocado esquesito.

11:13 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Seu grande maluco, achas que o meu comentário tinha outro significado que não a galhofa contigo? ;)

Sabes perfeitamente que respeito todas as opiniões, da mesma forma que gostaria que me respeitassem. Não estou fulo (nem contigo e muito menos com o Thanatos), simplesmente é um pouco frustrante explanar ideologicamente sobre uma obra e do outro lado receber simplórios: «pastelões». E como razoavelmente me conheces, sabes o quão respeitoso sou com todas as opiniões, desde que não me alfinetem o âmago. ;)

Quanto à crucificação que alguns recebem por não gostar de "2001", acredita que também existe a outra face da moeda. Repito: é facílimo maldizer, mas discutir de forma salutar e sustentada algo... aí sim é mais complicado. E acredita, muitos colegas meus já utilizaram argumentos para abominar a obra de Kubrick muito bem construídos e aí sempre os aplaudi na tese apresentada de forma sólida.

Abraço, Grande Matateh!

11:37 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Obrigado pelas visitas. Sempre que desejares discorrer sobre obras cinematográficas e trocar ideias/sensibilidades sobre qualquer filme em questão és benvindo... assim como todos os visitantes deste humilde recanto.

12:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Francisco por muito que lhe custe admitir mas o cinema de FC não nasceu em 1968 com a «obra-prima» de Kubrick nem foi apenas ele que colocou o "científico" no FC. Relembro assim de memória filmes como "Forbidden Planet", "Dr Strangelove..." (sim, do Kubrick, imagine-se!), "The Day Earth Stood Still", "Paris qui dort", "Metropolis", "Things to Come" e tantos outros que duma forma ou doutra contribuíram *decisivamente* para o cimentar deste sub-género cinéfilo anos antes do seu tão amado 2001. Ou seja 2001 não surge num vácuo nem é o golpe de génio que tantos querem fazer parecer que é. Vem duma longa linha de cinema e se nem todos os filmes supra referidos têm naves ou computadores enlouquecidos isso deve-se precisamente às fronteiras esbatidas do que é a FC (e só sobre o que é a definição de FC teríamos discussão para largas horas).

Relembro também que este não é o espaço adequado para a longa exposição de ideias e note que é o caro amigo o primeiro a dizer que em *conversas* com seus conhecidos reconhece a validade das teses deles. Ora como decerto compreende é difícil neste meio de comentários após comentários ter a mesma desenvoltura de exposição e argumentação que numa conversa face-a-face. No entanto disponho-me a fazermos um visionamento privado do referido filme em minha casa onde lhe exporei antes e depois do referido visionamento aqueles que para mim são os pontos fracos do filme.

Note-se que eu não abomino nem desprezo o dito cujo, apenas me é completamente indiferente e não consigo criar empatia com um produto esterilizado e vazio. Em comparação quer com o conto quer com a posterior novela é um filme oco, estéril e clínico. Além disso a própria prosa de Arthur C. Clarke é, em si, plenamente desprovida de sentido humanista daí não ser de estranhar que ambos se tenham entendido tão bem. Repare-se que num outro filme de Kubrick, "The Shining" essa ausência de emotividade prejudica gravemente o argumento pelo menos para quem tenha lido o romance original onde a figura de Jack Torrance era sociável e simpática ao início sendo assim maior o terror da sua desagregação psicológica subsequente, ao invés do tratamento kubrickiano que o torna desde logo numa personagem com aparentes momentos de negrume interior, patentes nas expressões de Jack Nicholson.

1:01 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Se bem fui lido, utilizei a palavra «definitivamente», mas mais adiante as minhas considerações. Todos esses filmes são dignos de um inolvidável relevo, mas nenhum deles fez escorrer tanta tinta como a obra de Kubrick, nem manipulou a ciência de forma tão escrupulosa e memorável - excepção feita a espasmos que pincelam a espaços as referidas obras. Colocar "Dr. Strangelove" no género de Ficção Científica é um rótulo rebuscado... mas sou dos poucos que até o aceita.

Apreciei bastante a forma como desenvolveste o teu recente raciocínio, pleno de desenvoltura analítica. Aqui fica uma sinopse do meu:

"2001" desafiou todas as convenções estabelecidas até à data sobre o género da Ficção Científica. Os efeitos especiais (desenhados pelo próprio Kubrick) apenas poderão ser olvidados por quem desejar denegrir de forma infundada a mestria na vertiginosa amálgama de imaginação e ciência. A construção de Kubrick é meticulosamente sublime: quer no inesquecível e excelso corte, que do osso meneado e arremessado pelo Homem-Macaco, passa para o satélite; quer pelo mítico alinhamento do Sol e da Lua acima da orla do monólito; quer no habitat circular da tripulação, tornado realidade anos mais tarde pela NASA para a cápsula espacial (apesar de reduzido).

E o que dizer dos detalhes, que têm um efeito sonolento em muitos? O silêncio das cenas espaciais além de servir o propósito do génio, revela precisão científica: as naves não emitem som (o som não se propaga no espaço), ao contrário da norma estabelecida pelas espalhafatosas batalhas espaciais de outros filmes do género. E o que dizer das filmagens na Lua, antes da alunagem do Homem?

A câmara de Kubrick escava as personagens e o argumento psicologicamente. Até no grande plano do olho vermelho de HAL 9000, o mestre demonstra a glacial determinação do «vilão».
No final que tantos abominam, Kubrick respeita cabalmente a inteligência da audiência, permitindo que o filme funcione como o início de um debate significativo sobre o passado, o presente e o futuro do Homem. É uma jornada surreal que não envolve apenas o olho, o ouvido (sublimes inserções de "Thus Spake Zarathustra" de Richard Strauss ou "The Blue Danube" de Johann Strauss), mas igualmente a mente.

"2001" é uma valsa rapsódica perpetrada entre os Céus, a Terra, a Humanidade e o Infinito.

Mas isto é apenas a humilde opinião de um cinéfilo, que acreditem ou não, aceita a opinião do próximo. Espero que o mesmo suceda nos restantes cinéfilos com quem me deparo.

Cumprimentos.

1:51 da tarde  
Blogger Carlos M. Reis said...

Esta odisseia nos comentários já mereciam um artigo próprio sobre 2001 Francisco :)

Um abraço!

8:36 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Aí está o problema Knox... tenho sempre muito para falar sobre o filme. Corria o risco de me tornar (ainda mais) enfadonho.

Por muito que escreva sobre este filme, não consigo redigir em palavras os sentimentos trancendentais que me transmite. Nunca faria jus à grandiosidade que a obra representa para mim. Sou pequeno demais.

Abraço!

9:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu por mim adoraria ler um artigo seu, caro Francisco, sobre o 2001, mais que não fosse para eu poder comentar. ;)

9:50 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Caro Thanatos, para quem diz que "2001" lhe é «completamente indiferente», tem sempre muito para falar sobre o respectivo. ;)

Quem sabe... talvez um dia consiga organizar verbalmente os múltiplos e majestosos sentimentos que esta obra gerou em mim.

8:26 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Pessoalmente, como deve ter lido, também considero o rótulo algo rebuscado. Contudo, aceito relativamente a opção do caro Thanatos, quer na evocação do cientista louco, Dr. Rotwang (através da personagem Dr. Strangelove), desse clássico da Ficção Científica da autoria de Fritz Lang ("Metropolis"); quer nas cogitações finais do brilhante argumento, meritoriamente aclamado como um dos melhores da História do Cinema.

O que é certo é que tais espasmos de Ficção Científica, não bastam para carimbar "Dr Strangelove..." em praticamente todos os sites e livros cinéfilos, na categoria de Ficção Científica.

Aceito (em parte) a escolha do Thanatos, só espero é que isto não pegue moda. Senão qualquer dia ainda classificam "Dr. Strangelove..." como um Romance, lá porque aparece uma única mulher que apaga a labareda de desejo de militares libidinosos.

Deuses do Cinema nos livrem!

2:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro levelion, talvez me tenha passado ao lado mas em que altura da nossa história ocorreu a aniquilação nuclear patente nas imagens finais do Dr. Strangelove ao som da maravilhosa Vera Lynn cantando "We'll Meet Again"?

Se tal não basta para caracterizar o filme como FC será porque o levelion ainda pensa que FC é apenas Flash Gordon e Star Wars?

9:51 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Helena: Hanks mencionou obras pelas quais nutro imenso fascício.

Thanatos: Partilho da tua observação dos momentos finais, apesar da sexualidade patente na enorme carga irónica.

Um pormenor interessante é o facto do retrato do Dr. Strangelove, também ser baseado na função exercida por políticos e cientistas como Herman Kahn, o verdadeiro idealizador da «Máquina do Juízo Final».

9:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

"iga-me UM único livro da história do cinema que incorpore DOUTOR ESTRANHO AMOR na categoria de ficção científica."

Com certeza meu caro levelion, remeto-o para Ciclo de cinema de ficção científica : 1984 : o futuro é já hoje? / apresentado por Cinemateca Portuguesa, Fund. Calouste Gulbenkian ; nota de abertura e dir. lit. Joäo Bénard da Costa ; colab. Maria José Horta Paletti, John Baxter,...[et al.]

Lá pelo meio descobrirá que Dr. Strangelove foi incluído no Ciclo e poderá até ler as considerações de Bénard da Costa sobre o mesmo. Poderá então argumentar que tanto Bénard da Costa omo eu andamos em tornados psicológicos de devaneios mas isso é outra questão.

Se acaso necessitar de mais bibliografia (apenas indiquei este visto apenas me perguntar por um) terei todo o prazer em, nos intervalos dos meus devaneios psicológicos, lhe indicar mais umas quantas obras.

12:55 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Levelion e Thanatos, a vossa querela reveste-se de uma ironia quissá inspirada em Kubrick. Mas neste «debate» tomo o partido do caro Thanatos. Jamais me esquecerei da brilhante cena em que Dr. Strangelove sai da penúmbra dos recantos da War Room para anunciar como a humanidade se irá perder. Mesclando a cadeira de rodas, a suposta prótese e a voz no limite do verosímil, obteremos o seu carácter simbiótico de homem-máquina.

Além do mais, reitero que as sublimes cogitações finais vibram ficção científica além da brilhante vertente satírica.

Cumprimentos a ambos.

1:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pelo menos por uma vez caro Francisco estamos em acordo. :)

E se essa cena que relembra é assaz emblemática do satirismo que perpassa por todo o filme eu também gostaria de recordar uma das minhas favoritas em que o presidente dos EUA (Sellers em magnífica recriação, pois claro) se dirige ao General "Buck" (George C Scott) e ao embaixador da Rússia (Peter Bull) numa das tiradas mais hilariantes do filme: "Senhores, isto é a Sala de Guerra, não podem lutar aqui".

1:37 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Essa tirada é emblemática e a interpretação de George "Túrgido" Scott ainda hoje me faz sorrir (recorda-se da queda que ele dá na Sala de Guerra, p.e.?). Mas o retrato do Dr Strangelove (Sellers triplamente em grande) é aquele que considero mais fascinante. A batalha com a sua irrefreável mão é hilariante.

6:23 da tarde  
Blogger RPM said...

2001 Odisseia no Espaço é, de certeza, um estrondoso filme.

vejo-o, revejo-o e mostro-o aos meus alunos. Muito se pode retirar para o real....

mas lista é lista e eu coloco outro que, em nada se pode comparar a 2001. A Escolha de Sofia e a excelente Meryl Streep, minha actriz. Outro filme, outra estória, outra situação, outra realização....

RPM

1:25 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

"Sophie's Choice" possui uma das melhores interpretações femininas de sempre (excelsa Meryl Streep). Pakula construiu uma película memorável e acutilante, atingindo o seu pináculo pungente quando nos apercebemos do significado do título.
É caso para dizer: excelente, a escolha de Rui.

"2001" trancende a experiência verbal, salientando a famosa citação: «Uma imagem vale mais que mil palavras». É um épico sobre o nascimento, condição e evolução Humana. O derradeiro exemplo no qual os efeitos visuais são realmente: Arte! Delimitando-se dos padrões convencionais vigentes num género subvalorizado, "2001" é um objecto artístico emocional e intelectualmente multidimensional.

9:28 da manhã  
Blogger Pedro_Ginja said...

Mais uma prova...

44 comentários a uma notícia.

O filme é mesmo amado e odiado.

Achei uma discussão bastante saudável e claro fora da minha liga.

Realmente o Thanatos tinha muito a dizer sobre o 2001.
Eu tenho muito pouco por isso não me quis meter. Apenas o vi uma vez.

Mas agora envio outra que falei no meu comentário.

Alguem tem filmes embaraçantes que quando estão a dar na televisão não consegue evitar nunca vê-lo???

Era bom saber...

11:11 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Quando existe um filme que não me interessa, não me custa nada ignorá-lo.

Abraço Pedro!

12:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nem de propósito a IROSF (apenas disponível a assinantes) tem um ensaio sobre filmes do período da Guerra Fria onde mais uma vez se argumenta que Dr. Strangelove é de facto um filme de FC. Deixo aqui algumas passagens do ensaio da autoria de Daniel Kimmel:

"There are a lot of Cold War era films that will make as much sense to younger audiences as Shakespeare's histories. Fail Safe. Seven Days in May. The 27th Day. The Bedford Incident. Are these films doomed to be forgotten or, worse, treated as "nostalgia," or can they transcend the concerns of their time and still speak to modern audiences? Of particular interest are two classic SF films that I've used in college courses, Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964) and Colossus: The Forbin Project (1970)."

"This [Dr. Strangelove] is black comedy about bureaucracy out of control. Director Stanley Kubrick would dabble in satire again, but he would never go for laughs the way he does here. It helps to have Peter Sellers in three roles—not only as the Adlai Stevenson-like president, but as Lionel Mandrake, a British officer temporarily assigned to work with Ripper, and as ex-Nazi scientist Dr. Strangelove himself. Kubrick moves effortlessly back and forth between three locations: Burpelson Air Force Base, which Ripper has cut off from the outside world; one of the attacking war planes, led by Major "King" Kong (Slim Pickens in a role originally intended for Sellers, who couldn't master the Texas accent); and the top secret War Room at the Pentagon. Everyone is working at cross purposes. Ripper is intent that there be no turning back, leading to American troops firing upon each other when the president orders that communications be re-established with Burpelson. The president invites Soviet ambassador DeSadeski (Peter Bull) into the War Room to demonstrate to the Russians that this is a horrible accident and not an attempt to start World War III. Meanwhile Kong and his crew (including a young James Earl Jones in his first film role) "show initiative" by doing whatever it takes to complete their mission, not knowing that it will set off the Doomsday Device that will end life on Earth as we know it."

"Quite apart from the Cold War trappings, this is a film in which irony abounds. Indeed, someone looking for an illustration of irony need look no farther than the scene where the president breaks up a scuffle between DeSadeski and Turgidson (who found the ambassador taking photos with a hidden camera) with the immortal words, "Gentlemen, you can't fight in here—this is the War Room!" There's also DeSadeski's explanation of why the Russians built the Doomsday Device, which will enshroud the planet in a radioactive cloud should their country come under attack. Tired of the arms race and with a population demanding consumer goods, the Soviet leadership saw this as a comparatively cheap way out. The deciding factor, though, was learning that the US was developing the same technology. When the president claims to have no knowledge of any such research, DeSadeski's reply is withering: "Our source was the New York Times.""

"Dr. Strangelove is also filled with unexpected sexual humor, starting with the names of the characters. Most are easy to decode, all suggesting potency, fertility or, in Ripper's case, sexual violence, but those looking for a challenge should try to explain the derivation of the president's name to a roomful of college students."

"Dr. Strangelove remains a potent brew for modern audiences, which should have no trouble relating to self-serving officials, wars built on lies, and the fact that plain reason and logic seem to have no effect against those hell-bent on death and destruction. The enemy in Dr. Strangelove only seems to be the Russians. As with other Kubrick films, our real problem is ourselves."

Peço desde já perdão pelo longo «comentário» mas penso que a sua relevância à discussão que se tem gerado é permissível dentro do contexto.

11:53 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Tem toda a relevância e agradeço o facto de teres utilizado este espaço para divulgares esse fabuloso excerto. "Dr. Strangelove..." representa Kubrick no topo da sua sensibilidade.

12:53 da tarde  

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