terça-feira, abril 24, 2007

O Sorriso


Le Notti di Cabiria”, de Federico Fellini

Acompanhamos as noites e os dias de Cabiria com o coração na boca e a alma vidrada no olhar. Envergonhada com sua profissão, Cabiria desespera pela redenção nos braços de um homem rico. Mas não existe cinismo na sua demanda. Ela procura o Amor. O agasalho da Felicidade. Pois a vida açoita-a. Fustiga-a. Trata-a literalmente abaixo de cão. Mas num dos melhores finais da História do Cinema, Fellini projecta na tela um optimismo pesaroso. Contundida, momentos após ter sido novamente espezinhada, Cabiria caminha pela estrada da vida lavada em lágrimas e vislumbra a alegria passar-lhe à ilharga, sob a forma de jovens almas cantarolando e dançando. Lampejando num inesperado estado de graça, Cabiria dirige o olhar para a câmara… para nós espectadores… para mim… e brinda-me com o sorriso mais expressivo da criação artística italiana, desde La Gioconda. Depois de uma vida de padecimentos que assistimos num carpido silencioso, é ela quem nos acaba confortando com um sorriso. Glorioso!

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