terça-feira, junho 07, 2005

“The Lord Of The Rings” (Trilogia), de Peter Jackson

Class.:

Antes do lançamento dos três filmes já me encontrava familiarizado com a obra de J.R.R. Tolkien e quando soube que haviam encetado um mega projecto destinado à adaptação cinematográfica da Trilogia do Anel fiquei deliciosamente atordoado. Quando soube que Peter Jackson era o timoneiro, fiquei curioso para verificar a resposta de alguém que havia lidado com projectos interessantes de menor dimensão (“Bad Taste”, “The Frighteners”). O resultado foi avassalador. O filme é a visão superiora de um fã da obra, alguém que criou uma adaptação cinematográfica monumental e colocou um marco na História do Cinema. Alguém que respira profusamente o mundo criado pelo génio de Tolkien. Alguém que não defraudou ou feriu os fãs inveterados do livro (apesar da liberdade que Jackson tomou, olvidando alguns aspectos importantes do livro, no entanto é preciso distinguir Cinema de Literatura numa adaptação) e acima de tudo, alguém que não tornou como pré-requisito a leitura obrigatória do livro.

Neste filme soberbo senti-me embarcar numa viagem avassaladora, numa aventura mágica. As criaturas, as batalhas, a mitologia do mundo criado por Tolkien são inesquecíveis. A Obra é extraordinária como um todo, detentora de um peso equitativo nos seus pequenos e portentosos momentos. "The Fellowship Of The Ring" é emocionalmente belo, "The Two Towers" é um prodígio visual, e “The Return Of The King” é a compilação sublime do ambiente deslumbrante com a sumptuosidade cabal das batalhas e com o enternecimento da união entre as personagens.

As sequências de batalha são únicas na história do Cinema, repletas de momentos nos quais me senti parte integrante. Criaturas brotadas da imaginação de Tolkien às quais Jackson dá vida e movimentos que apenas habitam nos nossos sonhos. Vemos homens, elfos, anões, um exército de mortos amaldiçoados, águias enormes contra Orcs, Nâzgul, criaturas negras aladas, uma manada de Olifantes servindo de plataforma ambulante para máquinas de guerra, enormes Trolls manejando gigantescas catapultas e por aí adiante.

The Lord Of The Rings” é de uma extrema inteligência visual, explorando o lúdico e o mágico em jogos de perspectivas, alterações de pontos de vista, câmaras que tiram a imagem dos eixos convencionais, onde a variação e criação de cenários é tão importante quanto a acção. O filme oscila entre cenários luminosos como a terra dos elfos, de beleza clássica, perfeita, intocável e feitos para a contemplação, com cenários igualmente monumentais e carregados de maus presságios, com penhascos escarpados, vermelho cor-de-sangue, montanhas esmagadoras cobertas de neve e esculpidas pelo vento, minas sombrias com abismos subterrâneos, labirintos de pedra, despenhadeiros, enfim, toda uma iconografia que faz referência ao Classicismo, Expressionismo, passando pelo Paisagismo Romântico Alemão.

Algo que impressiona igualmente neste filme é a sua violência sensorial, produzida pelo som avassalador e pela montagem das cenas de luta. As imagens são esquartejadas de tal forma numa edição frenética, o batimento perceptivo, milhões de estímulos produzidos pela montagem vertiginosa, a presença do som, quase uma barreira sonora que bate/envolve o espectador, traduzindo a acção numa engenhosa experiência sensorial, capaz de petrificar na cadeira, produzir enjoo, fazer desviar ou hipnotizar o olho, numa potente experiência audiovisual.

The Lord Of The Rings” explora no meu entender todas as potencialidades da Sétima Arte, irrompendo uma majestade visual, sonora, fotográfica, escrita, interpretativa, de caracterização, de efeitos visuais, de realização. Etiquetar “The Lord Of The Rings” como colossal ou monumental é redutor. Esta película mexeu com o meu âmago. Quando a contemplo sinto-me a atravessar a Terra Média. Peter Jackson ofereceu ao mundo cinematográfico uma das mais belas e harmoniosas construções cinematográficas de todos os tempos. Particularmente, fui siderado por esta arrebatadora, deslumbrante, empolgante e extasiante Obra-Prima.

13 Comments:

Blogger Carlos M. Reis said...

Eu vou tentar resumir o porquê de não gostar da triologia:

Lord of the Rings para mim é um filme de computador, com fracas/médias representações (nomeado para tudo o que era Óscares menos os de actores/actrizes).

Pode ter sido o primeiro passo para uma mudança no cinema radical. E eu não queria que essa mudança digital ocorresse. Gostos de filmes baratos, originais e baseados nas representações e no elenco.

Um abraço, boa critica de qualquer maneira!

1:02 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Compreeendo a tua posição e gostos não se discutem...

Tb adoro filmes baratos e com bom elenco (alguns são dos meus predilectos), mas pagar 5euros por um filme que não aproveita o imenso potencial de uma sala de cinema é no mínimo algo para reflectir.

Mais: qd os irmãos Lumiere inventaram o cinematógrafo o seu intuito era entreter, e este filme é entretenimento cabal com imensa substância!
"Lord Of The Rings será sempre para mim uma experiência avassaladora, a utilização completa e total das potencialidades da Sétima Arte.

Abraço!

7:58 da manhã  
Blogger Hitler said...

Concordo plenamente com o critica aqui publicada. O filme é muito mais do que apenas algo computorizado, e para quem conhece a obra de Tolkien sabe que só seria possível transpor esse mundo dessa forma.
E desde quando ser nomeado ou mesmo ganhar oscares mostra a qualidade de um filme, actor ou realizador?
Lord of the Rings é uma obra magistral e não nos podemos esquecer que nasceu da mente de um homem durante a primeira guerra mundial criando todo um mundo novo.

E como o Francisco disse e bem os filmes devem entreter, nos devemos sair da sala de cinema contentes. E acho que muitas pessoas são demasiado facciosas em relação a grandes produções, mas estão lá sempre!!

Muito boa crítica!

12:01 da tarde  
Blogger David Santos said...

Não sei porque, também não acho nada de trascendente.
Não me atingiu...
Muitos efeitos especiais, bons efeitos especiais.
O primeiro não me supreendeu, e depois no segundo falaram de uma batalha épica no final e fiquei destroçado com o que vi...

Venha o Conan do John Millius.

Mas isto sou eu que digo...e quem sou eu :)

Um Abraço e boa critica
David (Matiné)

2:19 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Obg Ana e David.

Gostos....

Abraço.

2:34 da tarde  
Blogger Mussolini said...

Os filmes são soberbos. O teu post está magnifíco. Equilibra objectividade de informação com subjectividade de opiniões bem fundamentadas Quer o senhor Tolkien, quer o senhor PJ ficariam corados se se vissem retratados deste modo.
Sem sombra de exagero, estamos perante uma das mais notáveis obras do cinema. A vivíssima imaginação de Tolkien, todo o mundo que criou de raíz, uma nova cosmogonia arquitectada por inteiro, é-nos mostrada através do sopro genial de Jackson . Acima de tudo, o realizador é um exímio contador de histórias, não fosse ele próprio fã da obra.

Francisco, faço das tuas palavras minhas.

11:14 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Obg Pedro.

"The Lord Of The Rings" é realmente uma obra literária imponente e a sua adaptação é uma obra cinematográfica igualmente imponente. O génio de Jackson materializou parte do génio de Tolkien.

Saudações.

7:51 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Esperar e ansiosamente... por mim, pelo menos...

4:03 da tarde  
Blogger Hitler said...

André, o que eu escrevi foi "...e para quem conhece a obra de Tolkien sabe que só seria possível transpor esse mundo dessa forma." Não me estava a referir a Tolkien mas a quem conhece a obra. Devias ler melhor as coisas antes de criticar o que está escrito!

1:13 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Sabes Ana, qd inicialmnt li o comentário do André, julguei que ele estava a sublinhar o teu comentário... agr analisando melhor, se realmnt foi uma crítica ao teu comentário, o André não leu bem o k disseste.

Então André?

Bem... não nos exaltemos ;)

7:03 da tarde  
Blogger Spaceboy said...

Uma das maiores obras-primas que o cinema já viu brotar. Já adorava os livros, mas com esta trilogia a obra de Tolkien subiu de patamar. É uma obra avassalodara!

1:53 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

O meu filme preferido de sempre!

9:29 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

É o meu filme favorito! Colossal!!

8:58 da tarde  

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