terça-feira, junho 28, 2005

“Madagascar”, de Eric Darnell e Tom MacGrath

Class.:


“They’re cute. They’re cuddly. They’re deranged.”

Sou um profundo admirador de cinema de animação e é com regalados olhos que verifico o reconhecimento da crítica neste género cinematográfico, com a Academia a dispensar finalmente em 2001 o Óscar para Melhor Filme de Animação. Ultimamente produtos animados de enorme qualidade têm surgido, tais como “Toy Story”, “Shrek”, “Sen to Chihiro no kamikakushi”, “Finding Nemo” ou “The Incredibles”. Com a infeliz e lamentável morte da animação tradicional na Disney e a proliferação de títulos de animação computorizada um certo decréscimo de qualidade é inevitável. Daí apreciar tanto a obra do mestre Hayao Miyasaki que privilegia a animação tradicional e mantém estável e duradoura a magia. Mas isso é outra matéria.

Dos criadores do excelente “Shrek” e do entediante “Shark Tale” surge “Madagascar”. Esta película não eleva o género, no entanto o seu propósito também não é esse. O filme não funciona como acutilante sátira, mas cria um sólido filme familiar que se foca na boa disposição de uma forma admirável. Apesar da DreamWorks ser completamente eclipsada pela fabulosa Pixar, não significa que os seus filmes não sejam bons à sua maneira. Não existe nada de desprezível com uma boa gargalhada e a DreamWorks fá-lo como ninguém.

No Central Park Zoo de New York, o leão Alex (Bem Stiller), a zebra Marty (Chris Rock), a girafa Melman (David Schwimmer) e o hipopótamo fêmea Gloria (Jada Pinkett Smith) são autênticas estrelas e grandes amigos. Marty anda deprimido pela vida em cativeiro e sonha correr livre na selva. Quando a oportunidade surge, a zebra abandona a sua jaula e os seus amigos tentam demovê-la, perseguindo-a por Manhattan. Os animais são capturados e após serem considerados demasiado perigosos são deportados para África. No caminho, o barco é tomado por Pinguins que actuam como uma elite de comandos que anseiam alcançar Antártica, e o quarteto de amigos nado e criado em cativeiro é abandonado no reino selvagem de Madagáscar, liderado pelo jocoso rei lémure Julien XIII (Sacha Baron Cohen, aka Ali G).

“Madagascar” não é um prodígio da animação. A apresentação visual do filme enfatiza a simplicidade encantadora acima de uma elaborada complexidade. Algumas ambiências são detalhadas, as cores garridas e as formas são básicas. É um fantástico filme para miúdos que negligencia o universo graúdo, apesar de incluir referências da cultura pop orientada para adultos, através de vozes célebres ou gags (“Planet of the Apes” na cena em que Charlton Heston cai sobre joelhos, “American Beauty”, “Chariots of Fire”, “The Twilight Zone”, “Cast Away”). Não existe um vilão bem desenvolvido, e se o filme tivesse alongado acima dos oitenta minutos, tornar-se-ía sensaborão… o que não acontece.
As equipas que constroem filmes animados continuam a incluir uma data de personagens secundárias com o cínico objectivo de fortalecer o marketing. Por exemplo a girafa e a hipo são perfeitamente dispensáveis no filme e não acabarão sendo a personagem favorita de ninguém (criança ou adulto), mas acabam modelando uma boa simbiose e particularmente nesta película não retiram nada, funcionando como bom entretenimento.

As crianças identificar-se-ão com a ingenuidade e inocência dos animais e a fuga inicial será apreendida como uma escapadela infantil numa aventura inofensiva. Nesta obra temos animais falantes e aqui surge o contraste com a glória de filmes como “Toy Story”, onde uma porção da subliminar magia era evidenciada ao observar os brinquedos quedarem inanimados quando os humanos entravam no quarto.

Uma enorme fatia dos melhores momentos humorísticos pertence ao quarteto de Pinguins liderados por Skipper (a voz do realizador McGrath) pois os momentos nos quais participam são cirúrgicos na delicada arte de extorquir boas gargalhadas. As frases de Skipper “Just smile and wave boys. Smile and wave.” e “Remember, cute and cuddly, boys. Cute and cuddly.” são memoráveis e hilariantes.

Na versão dobrada para português vozes famosas dão o seu contributo, tais como os elementos do "Gato Fedorento". Tiago Dores, José Diogo Quintela e Miguel Góis dão voz aos pinguins Skipper, Kowalski e Private, respectivamente. Ricardo Araújo Pereira dobra o rabugento conselheiro da tribo de lémures, Maurice. Rui Oliveira interpreta a utopista zebra Marty, Leonor Alcácer dá voz à hipo Gloria, Pedro Laginha será o leão Alex, e a girafa Melman terá a voz do peculiar Bruno Nogueira.

“Madagascar” é bem-humorado e detentor de uma agradável confecção. O elenco secundário liderado pelos “cute and cuddly” Pinguins, chimpanzés amantes de literatura, e a tribo de lémures tecno-dançarinos resulta numa alegre eficácia. A tirada do pinguim Skipper ao desembarcar na Antártica (This sucks!) é brilhante. Quando a nossa existência irrompe na mutação que nos lança na fase adulta, deveríamos preservar intacto o singelo lado infantil. O filme desperta o lado ingénuo que não permiti ser filtrado na adolescência, com um ambiente relaxado e extremamente divertido. Tal como diria Skipper: “Smile and wave boys. Smile and wave”.

9 Comments:

Blogger Carlos M. Reis said...

A ver. Primeiro em português com as manas pequenotas no cinema, mais tarde em casa na versão original.

Nem fico muito chateado com este... esse quarteto dos Gato Fedorento e o Bruno Nogueira prometem diversão na caracterização de voz.

Um abraço.

9:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Foi realmente um filme que me fez soltar boas gargalhadas (daquelas mesmo AHAHAHAHAHAH):X Entreteu miúdos e graúdos.
Quanto às vozes, sinceramente, o contributo do Bruno Nogueira não me surpreendeu, sendo a que menos gostei e a do Ricardo Araújo fez me um pouco de confusao ..
É um filme que nao se perde nada em ver ..
:)

10:07 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Knoxville: e k diversão! Abraço.

Vidinha: Tb não apreciei mt o Bruno Nogueira, mas a personagem é muito irritante.

11:22 da manhã  
Blogger gonn1000 said...

Parece engraçadote, mas pouco mais. De qualquer forma tenciono ir ver...

2:04 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

gonn1000: sim, nada mais é k uma boa catadupa de gargalhadas. E k mal haverá em rir? Vale a pena, Gonçalo. Abraço!

André: O Chris Rock é melhor quando dobra do que a representar... LOL
Abraço!

3:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Também já vi o filme em casa de um amigo e tenho a dizer que me desiludiu um pouco :|...Promete muito, mas nem sempre cumpre.

Cumps. cinéfilos

4:23 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Sinceramente o filme não me prometeu nada, mas foi um extraordinário momento relaxante e libertador. Linhas inteligentes e uns pinguins memoráveis. Adorei-os!

Cumprimentos cinéfilos

4:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

oi..eu prefiro sempre ouvir as vozes originais.mas isso não ker dizer que os portugueses não façam uma boa dobragem.eu gostei muito do shrek e do shark tale por isso vou ver este filme.possivelmente não é tão bom quanto os outros mas pelo menos passo um bom tempo.

12:04 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Boas portuguese_girl!

Eu não gostei nada do "Shark Tale", até o achei bem chatinho.
Quanto ao "Madagascar"... não é um marco na animação, mas entretem e proporciona um óptimo momento relaxante. Ri-me imenso.

12:17 da tarde  

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