Filmar Acção, segundo Greengrass
Na minha humilde opinião, a trilogia de Jason Bourne, baseada no bestseller de Robert Ludlum, é um marco do Cinema de Acção contemporâneo. Neste plano prodigioso de “The Bourne Supremacy”, uma câmara em punho filma o vidro traseiro do interior de um carro. Vislumbrando o subjectivo na relação espectador-imagem, somos sugados para o interior do veículo, participando na perseguição. Paul Greengrass preserva aqui a integridade de espaço.
Com um movimento Chicote (Whip Pan), a câmara faz-nos percepcionar a nossa localização. Encontramo-nos no banco do passageiro. Somos o Passageiro.
Bourne atenta pelo vidro retrovisor o movimento dos carros que o perseguem, ignorando a estrada que intersecta à sua frente e que surge no nosso campo de visão enquanto passageiros.
Subitamente, vemos um carro policial em plena derrapagem, no exacto momento em que Jason tenta olhar para trás, pois a sua atenção prende-se na acção que decorre na cauda do veículo.
O impacto é súbito, imediato e o choque resulta de forma lógica e natural, como o movimento de agitação da câmara que traduz a reacção do passageiro (nós), magnificando a experiência. Tudo isto numa fracção de 3 segundos!
Brilhante!
15 Comments:
E está quase aí o Ultimato... :)
(Também sou grande apreciadora dos dois primeiros filmes da trilogia)
É já na próxima semana :)
Ainda não vi nenhum deles, tenho de confessar... Mas a sequência parece mesmo excelente! Despertaste-me a curiosidade! :D
Estive para vê-lo em Paris, mas acabei por só ir ver o "Planet Terror"!
Eu adorei os dois primeiros filmes e estou em pulgas para ver este 3º - já devia ter estreado há um mês...
Francis ainda não te disse mas sempre que ouço a minha pedilecta Lateralus, lembro-me sempre do The Fountain. Seria óptimo que os Tool pudessem usar cenas do filme para dar imagem à música. A simbiose é magnífica.
Betty: Nem imaginas a qualidade cinemática que esta trilogia encerra ;)
Wasted: Vias os dois. Tal como o saber, o Cinema não ocupa lugar ;)
Izzi: Sofre espectador português... sofre :(
Refugee: Não poderia estar mais de acordo.
é o chamado ponto de vista do espectador. e sem cortes funciona em pleno. abraço
Sublime!
Abraço!
Este plano é, de facto, bastante interessante. E acho que é por se tratar disso mesmo: um plano; e um plano onde, de certa forma, há uma montagem no seu interior. Mas não invalida a minha desilusão com o filme. Gostei da tus desconstrução.
Não é um trabalho de fácil assimilação. Aliás, a sua câmara em riste provoca enjoos em muito boa gente. Todavia, o engenho de Greengrass surpreende-me (pela positiva) cada vez mais.
amigo Francisco....
cá estou no Continente Portuuês a trabalhar e por isso este filme que apresentas neste texto vai contar com a minha presença.
um abraço e se passares por Coimbra, apita.
abraço amigo e cumprimentos à tua deusa
RPM
Olá Rui!
Prepara-te para uma experiência bem intensa de filme :)
Enorme abraço, caro amigo!
Fui ver o Ultimato esta semana e confesso que fiquei enojado com o estilo próprio de Greenglass. Gostei e compreendi oa escolha de câmara ao ombro nos seus primeiros filmes, tal como em Voo 93, e é verdade que adorei o Bloody Sunday... Mas usar regularmente o efeito para TODOS os filmes que ele realiza chama-se de inflexível. Percebo o porquê de achocalhar tudo nuam cena de acção, mas não percebo o porquê de fazer o mesmo num diálogo sereno entyre duas pessoas. Aqui para os meus lados chama-se de vídeo-amador, há outros que chamam de efeito-Blairwitch... Eu não gosto, principalmente quando tremem a câmara propositadamente para tal efeito. Esperemos por outras alternativas deste senhor.
Não se pode agradar a gregos e a troianos ;)
Pessoalmente, acho que a utilização da sua peculiar assinatura visual é mais do que adequada para o tumulto que envolve a demanda de Bourne.
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