Revisitando "Tropical Malady"
«Concedo-te meu Espírito, meu Corpo e minhas Memórias. Cada gota do meu sangue entoa uma melodia. Uma música de Felicidade. Consegues escutá-la?»
Em “Blissfully Yours”, a selva era uma das principais personagens do extraordinário cineasta Apichatpong Weerasethakul. Com “Tropical Malady”, molda novamente um universo assombroso onde a flora emana vibrações mágicas, mas desta feita, a selva é mais reflexiva, reagindo à mente da personagem principal: um homem enamorado, vinculado a outro homem que poderá ser real ou ilusório. Os ritmos do vocabulário cinematográfico de Joe (como prefere ser chamado no Ocidente) desafiam o alcance perceptivo da audiência, expressando poeticamente a qualidade transformadora do Amor, numa intensidade que outro meio não conseguiria alcançar. Nas cenas nocturnas, força-nos a VER no escuro, a esquadrinhar individualmente as imagens que revolvem a nossa mente. As seduções pictóricas geram imagens geminadas de Universos antagónicos, de Homem e Animal, Escuridão e Luz, Amor e Loucura, Realidade e Sonho. É justamente a mutação de quotidiano para mítico que carbura o filme, dilatando os sentidos na absorção desta obra profunda. Uns consideram Weerasethakul mágico. Outros consideram-no hipnotizador. Pessoalmente, coloco-me ao lado dos que o consideram um dos maiores poetas audiovisuais do nosso tempo.
5 Comments:
E para quando a sua estreia em sala(s) portuguesa(s)? A ATALANTA anteriormente o tinha anunciado, mas por agora nem anda, nem desanda (e espero q nao)...
1 ABRAÇO
Sem dúvida, belíssimo este "Tropical Malady", sobretudo aquela pouco convencional "segunda parte" com uma forte envolvente mistica e que quase sem palavras nos deixa verdadeiramente admirados!
Mesmo assim e apesar de uma estrutura semelhante, achei o seu último filme ainda mais ousado, visual e narrativamente! Uma pequena maravilha!
ja viste? concordas?
grande abraço!
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Cumprimentos, virtual-Rock
Esta cena faz-me lembrar dois filmes, o Apocalypto e o Apocalypse now. é verdade Francisco vais a algum festival este verão?
Miguel Louro: As distribuidoras nacionais movimentam-se de forma enigmática... sim, isto é um eufemismo.
Abraço!
tf10: Infelizmente ainda não vi o "Syndromes...".
Abraço!
Virtual Rock: Aqui fica a publicidade.
Cumprimentos.
Refugee: A partir de hoje, não devo marcar presença em mais nenhum Festival de Música até ao final do ano. Avizinham-se concertos mais intimistas, a começar pelo brilhante Jorge Cruz no aconchego do Passos Manuel.
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