“Nochnoi Dozor”, de Timur Bekmambetov
Class:
Salada Russa
A adaptação cinematográfica do primeiro capítulo da trilogia literária fantástica de Sergei Lukyanenko, cujo conceito central assenta no princípio do Maniqueísmo (Doutrina que defende o Bem e o Mal com forças igualmente poderosas), pega em interessantes elementos de horror e fantasia e chafurda-os em diálogos insípidos, patéticas posturas heróicas e efeitos visuais delirantes, mas por vezes improfícuos.
Decorrido numa Moscovo contemporânea, "Nochnoi Dozor" revela a disputa entre as forças da Luz e das Trevas, que teve uma trégua de mil anos. Durante séculos, disfarçados, os Guardiões da Noite vigiaram os membros das Trevas (vampiros e afins), enquanto estes, vigiavam as forças da Luz durante o dia. O destino da humanidade, que depende desse delicado equilíbrio entre o Bem e o Mal, está ameaçado... Uma antiga profecia prevê que um dia surgirá o “Iluminado” para desequilibrar a balança e acabar definitivamente com a Guerra entre a Luz e as Trevas. Esse dia chegou… que lado irá ele escolher?
Tendo em conta que “Nochnoi Dozor” foi filmado com um orçamento de 4 milhões de dólares, o resultado final é visualmente esplendoroso . O menor momento CGI do filme, suplanta qualquer cena de um “Fantastic Four” inteiro. A câmara deambula de elevadas altitudes e distâncias, para níveis microscópicos. É um exemplo criativo sobre como aproveitar ao máximo a disponibilidade financeira.
O filme abrange diversos elementos inspirados em “The Matrix”. Indivíduos percorrendo cidades modernas (com óculos de Sol) e batalhando com criaturas invisíveis ao ser humano comum. Ambos os filmes procuram delinear complexos universos do irreal, partilhando paixão pelos cenários negros e sombrios. Pululam pelo filme interessantes referências cinematográficas, mas as referências pop arreliam, assemelhando-se à tese de final de curso de um desajeitado fã de Tarantino, aludindo ao Nescafé e à Playstation.
A adaptação cinematográfica do primeiro capítulo da trilogia literária fantástica de Sergei Lukyanenko, cujo conceito central assenta no princípio do Maniqueísmo (Doutrina que defende o Bem e o Mal com forças igualmente poderosas), pega em interessantes elementos de horror e fantasia e chafurda-os em diálogos insípidos, patéticas posturas heróicas e efeitos visuais delirantes, mas por vezes improfícuos.
Decorrido numa Moscovo contemporânea, "Nochnoi Dozor" revela a disputa entre as forças da Luz e das Trevas, que teve uma trégua de mil anos. Durante séculos, disfarçados, os Guardiões da Noite vigiaram os membros das Trevas (vampiros e afins), enquanto estes, vigiavam as forças da Luz durante o dia. O destino da humanidade, que depende desse delicado equilíbrio entre o Bem e o Mal, está ameaçado... Uma antiga profecia prevê que um dia surgirá o “Iluminado” para desequilibrar a balança e acabar definitivamente com a Guerra entre a Luz e as Trevas. Esse dia chegou… que lado irá ele escolher?
Tendo em conta que “Nochnoi Dozor” foi filmado com um orçamento de 4 milhões de dólares, o resultado final é visualmente esplendoroso . O menor momento CGI do filme, suplanta qualquer cena de um “Fantastic Four” inteiro. A câmara deambula de elevadas altitudes e distâncias, para níveis microscópicos. É um exemplo criativo sobre como aproveitar ao máximo a disponibilidade financeira.
O filme abrange diversos elementos inspirados em “The Matrix”. Indivíduos percorrendo cidades modernas (com óculos de Sol) e batalhando com criaturas invisíveis ao ser humano comum. Ambos os filmes procuram delinear complexos universos do irreal, partilhando paixão pelos cenários negros e sombrios. Pululam pelo filme interessantes referências cinematográficas, mas as referências pop arreliam, assemelhando-se à tese de final de curso de um desajeitado fã de Tarantino, aludindo ao Nescafé e à Playstation.
Bekmambetov decresce, quando ombreia com os maus hábitos hollywoodescos: música metal inserida a martelo e uma acção atrapalhada, repleta de cortes frenéticos executados à velocidade da luz. Limita-se a sacudir a imagem numa tentativa sofisticada, mas a audiência fica sem qualquer noção do que está a acontecer.
As personagens são interessantes, mas melindrosamente desenvolvidas. A linha que separa as figuras centrais e secundárias é demasiado fina. Konstantin Khabensky (Anton Gorodetsky) oferece uma interpretação magnífica, vagueando atormentado pelo seu passado, pela sua obrigação e pela hipocrisia latente no pacto entre os pólos do poder.
Quando Bekmambetov se preocupa com Anton, acedemos ao caótico desenvolvimento dos eventos. Sentimos de perto o que afecta Anton, a empatia forma-se e o vórtice suga-nos para aquele mundo. Até as criaturas mais bizarras possuem um potencial de ressonância vívida que poderá transcender a premissa. Fica a noção (confirmada com os leitores da obra literária de Lukyanenko) que muitos elementos primordiais do livro são olvidados. Existe muita substância por explorar, mas a mitologia não é desenvolvida, ou seja, imaginem “The Lord Of The Rings” sem explanar o poder e importância do Anel. Ainda existem dois capítulos para a redenção (“Day Watch” e “Dusk Watch”), mas esta introdução funciona como um artificioso, entediante e longo trailer.
Os efeitos especiais são criativos e belos (e algumas imagens ficarão retidas na memória), contudo não geram a perfeita simbiose com o argumento. O sentido de estilo de Bekmambetov revela enorme potencial, mas necessita ser refinado. É um estilo noir que deriva de um David Fincher ou Jean-Pierre Jeunet da era “Delicatessen”, mas sobrepõe-se à substância. O potencial místico é vasto, mas não existe profundidade alegórica. Timur Bekmambetov terá de sair da escuridão da Sombra e começar a imortalizar a sua narrativa com o pensamento focado nos seus protagonistas e nunca na fútil artificialidade pirotécnica que desvanece o enredo à medida que desponta na tela.
As personagens são interessantes, mas melindrosamente desenvolvidas. A linha que separa as figuras centrais e secundárias é demasiado fina. Konstantin Khabensky (Anton Gorodetsky) oferece uma interpretação magnífica, vagueando atormentado pelo seu passado, pela sua obrigação e pela hipocrisia latente no pacto entre os pólos do poder.
Quando Bekmambetov se preocupa com Anton, acedemos ao caótico desenvolvimento dos eventos. Sentimos de perto o que afecta Anton, a empatia forma-se e o vórtice suga-nos para aquele mundo. Até as criaturas mais bizarras possuem um potencial de ressonância vívida que poderá transcender a premissa. Fica a noção (confirmada com os leitores da obra literária de Lukyanenko) que muitos elementos primordiais do livro são olvidados. Existe muita substância por explorar, mas a mitologia não é desenvolvida, ou seja, imaginem “The Lord Of The Rings” sem explanar o poder e importância do Anel. Ainda existem dois capítulos para a redenção (“Day Watch” e “Dusk Watch”), mas esta introdução funciona como um artificioso, entediante e longo trailer.
Os efeitos especiais são criativos e belos (e algumas imagens ficarão retidas na memória), contudo não geram a perfeita simbiose com o argumento. O sentido de estilo de Bekmambetov revela enorme potencial, mas necessita ser refinado. É um estilo noir que deriva de um David Fincher ou Jean-Pierre Jeunet da era “Delicatessen”, mas sobrepõe-se à substância. O potencial místico é vasto, mas não existe profundidade alegórica. Timur Bekmambetov terá de sair da escuridão da Sombra e começar a imortalizar a sua narrativa com o pensamento focado nos seus protagonistas e nunca na fútil artificialidade pirotécnica que desvanece o enredo à medida que desponta na tela.
25 Comments:
Tenho mesmo que ir ver este 'Os Guardiões da Noite'... see ya
Não morri de amores...
Tenho que admitir que não é um filme fácil... Eu próprio adormeci várias vezes (as circunstâncias não ajudaram) nas diversas tentativas de ver o filme, MAS, só pela originalidade e inovação eu dava-lhe 3 estrelas :)
Aliás, só por não ser americano e ter tanta qualidade já devia levar 3 estrelas ;)
Existe muita criatividade visual, mas apesar de ser russo o filme decresce imenso quando engloba más influências americanas.
Aliás um facto curioso é a crítica Russa ter sido um pouco demolidora. O filme teve uma óptima máquina promocional, mas os russos detestaram a forma como o realizador denegriu e olvidou os mais importantes elementos do livro.
O filme é um poderoso exercício de estilo, mas falta-lhe qualidade narrativa para fazer jus à potencialidade mística do conto.
Fiquei surpreendido com a classificação que lhe atribuiste (esperava mais!). Este "Nochnoi Dozor" não era um filme que eu aguardasse ansiosamente, mas muitos amigos meus (des)esperavam ah longos meses! Pelos vistos a espera vai-lhes saber a pouco! :P
Quanto a mim, este é daqueles filmes que, quando chegar a altura, vejo em DVD!
Um abraço! :)
Esperava muito, muito mais... apesar de um amigo russo me ter avisado que as potencialidades da história não haviam sido exploradas.
Visualmente é cativante, mas sabes... Romero utiliza fogo de artifício para distrair zombies nos seus filmes. Em "Nochnoi Dozor" Bekmambetov utiliza efeitos especiais muito bem conseguidos, mas explana muito pouco a magia inerente à Obra literária de Lukyanenko.
Abraço André!
Parece curioso, vou dar uma espreitadela...
Talvez seja um filme para ver em DVD... Tarantino falou maravilhas... mas o homem deve é fazer filmes :D
Não sei até que ponto me agrade, até porque tu proprio o dizes que esperavas mais... eu quando vi o poster, fiquei a pensar que iria ser mais um, depois ouvi e li maravilhas e agora têm chegado opinioes menos boas... nem sei o que fazer :D
Cumps
gonn1000: Parecer, parece...
Ne-To: Tal como Tarantino, Danny Boyle também disse maravilhas, mas por vezes andam um pouco enganados... Se pretendes visuais imaginativos e criativos, espreita... se pretendes uma introdução a um universo místico, então prepara-te para um longo trailer...
Cumprimentos.
Simplesmente detestei... Já vi este filme faz um bom tempo e na altura diziam que era uma obra prima de terror russo. Estava eu todo contente uma noite para ver o filme quando de repente pareciam os estudantes de blair witch a filmar aquilo tudo... os tiques com a camera ao inicio pareciam engraçados, quando me apercebi que iam durar o filme todo comecei a ficar com dores de cabeça, além do mais a história está muito mal desenvolvida. Não gostei mesmo nada. Os efeitos especiais estão em algumas fases brutais, mas infelizmente não são eles que fazem o filme, tem de ser tudo junto...
Abraço!
Pelo contrário, este foi um daqueles em que adorei o trailer! Mas agora deixaste-me apreensivo... Será um videoclip de 2 horas?
E..... 4 milhões de dólares, disseste tu????! Contenção de despesas, Contenção de despesas! Portugueses, se querem fazer blockbusters, ponham os olhos nestes gajos!
Hoje estou para falar: Parece que o teu "The Descent" vai mesmo estrear em Portugal, a 27 de Outubro! Felizardo...
Se há filmes que valem a pena ver em cinema por causa dos efeitos especiais este É um deles. Em DVD perdes metade da magnitude.
Apenas a minha modesta opinião ;)
Coutinho: Ora nem mais... um filme é muito mais do que sumptuosos efeitos digitais... mesmo que sejam alcançados com um baixo orçamento.
Abraço!
Brain: É verdade 4,2 milhões. É um longo videoclip com o autor a oscilar a imagem para parecer cool.
"The Descent" está previsto estrear a 27 de Outubro segundo a Castello Lopes, mas já me constou a forte possibilidade de eliminarem a estreia e passá-lo directamente para DVD. Só espero até dia 27... depois arranjo-me noutros locais... if you know what i mean... :)
JTC: Sem dúvida, tal como já disse num comentário anterior, quem pretender visuais imaginativos e criativos, deverá espreitá-lo... mas pouco mais é oferecido.
É tudo uma questão de opções ;)
não vi o filme, só o trailer. confesso que continuo a ter alguma expectativa: mas estética. é que ao tempo que corre eu já só escolho determinados filmes pelos bons efeitos visuais e outras razões afins.
movidos pela qualidade integral de um filme, saímos contentes de uma sala de cinema não mais de uma dúzia de vezes por ano ;)
Infelizmente é verdade... :\
infelizmente não gostei mesmo, apesar de todo o delírio visual e todo o argumento e desenvolvimento dos personagens algo espalhafatoso pareceu-me que o realizador ainda têm muito para aprender.
A confirmar em "Day Watch" o possível amadurecimento de Bekmambetov... material e actores asseguram-lhe qualidade.
Talvz se esteja a guardar para a continuação, como referes?
Hum...e ao que parece vai ser uma triologia! Não sei se isso será bom :|...
Cumps.
Brain: Torço para que seja essa a verdade!
s0lo: Isto é o primeiro capítulo da trilogia literária fantástica de Sergei Lukyanenko.
Cumprimentos
Eu pessoalmente adorei o filme. A história pareceu-me bem estruturada, e visualmente estava espectacular.
Foi um dos melhores filmes de 2005, na minha opinião.
É uma questão de gostos. Eu considerei-o bastante inconsistente, utilizando alguns mecanismos do pior Cinema-pipoca hollywoodesco.
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