“Donnie Darko”, de Richard Kelly
Class.:
Dark. Darker. Darko.
No horizonte surge o Sol, brilhando sobre as árvores frondosas pinceladas com gotas de orvalho. Prostrado no alcatrão de uma estrada embutida na montanha, jaz um corpo inanimado junto a uma bicicleta derrubada. Acidente? Morte? Qual a ocorrência? De repente, o corpo manifesta movimento e é revelada a silhueta de um adolescente erguendo-se lentamente. Ele contempla o horizonte, monta na sua bicicleta e pedala pela estrada abaixo. Este é apenas mais um amanhecer, na vida bizarra de Donnie Darko.
Imaginem que são sonâmbulos, e num dos vossos devaneios nocturnos deparam-se com um coelho gigante de aspecto demoníaco chamado Frank, que vos diz que o mundo acabará em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. Quando acordam e voltam a casa, deparam-se com uma turbina de avião encaixada no vosso quarto. Porque sobreviveram?
“Donnie Darko” foi escrito e realizado pelo estreante Richard Kelly. Com apenas 26 anos, Kelly criou com visuais deslumbrantes um original filme dark. A obra foi filmada com o típico baixo orçamento associado a filmes indie, no entanto, os efeitos especiais são de topo (com uma saliente influência de “The Abyss”, de James Cameron). Kelly apoderou-se de técnicas consideradas antiquadas e criou um filme com efeitos especiais eficazes e convincentes, usados em prol de uma brilhante narrativa. “Donnie Darko” incorpora referências aos anos 80, denunciando a sociedade monótona, conservadora, pútrida e hipócrita. Exibe uma harmoniosa fusão de ficção científica, thriller psicológico, comédia negra explosiva, drama, suspense, fantasia e evidencia igualmente um dos mais poderosos gritos da juventude. Tudo bem aconchegado num convincente e atraente ambiente ameaçador.
No horizonte surge o Sol, brilhando sobre as árvores frondosas pinceladas com gotas de orvalho. Prostrado no alcatrão de uma estrada embutida na montanha, jaz um corpo inanimado junto a uma bicicleta derrubada. Acidente? Morte? Qual a ocorrência? De repente, o corpo manifesta movimento e é revelada a silhueta de um adolescente erguendo-se lentamente. Ele contempla o horizonte, monta na sua bicicleta e pedala pela estrada abaixo. Este é apenas mais um amanhecer, na vida bizarra de Donnie Darko.
Imaginem que são sonâmbulos, e num dos vossos devaneios nocturnos deparam-se com um coelho gigante de aspecto demoníaco chamado Frank, que vos diz que o mundo acabará em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. Quando acordam e voltam a casa, deparam-se com uma turbina de avião encaixada no vosso quarto. Porque sobreviveram?
“Donnie Darko” foi escrito e realizado pelo estreante Richard Kelly. Com apenas 26 anos, Kelly criou com visuais deslumbrantes um original filme dark. A obra foi filmada com o típico baixo orçamento associado a filmes indie, no entanto, os efeitos especiais são de topo (com uma saliente influência de “The Abyss”, de James Cameron). Kelly apoderou-se de técnicas consideradas antiquadas e criou um filme com efeitos especiais eficazes e convincentes, usados em prol de uma brilhante narrativa. “Donnie Darko” incorpora referências aos anos 80, denunciando a sociedade monótona, conservadora, pútrida e hipócrita. Exibe uma harmoniosa fusão de ficção científica, thriller psicológico, comédia negra explosiva, drama, suspense, fantasia e evidencia igualmente um dos mais poderosos gritos da juventude. Tudo bem aconchegado num convincente e atraente ambiente ameaçador.
O alucinante filme evoca o universo de David Lynch, num formato original e inovador. “Donnie Darko” por vezes excrucia com uma lentidão que possibilita penetrar na mente aluada de Donnie. Senti-me hipnotizado, fascinado, sem fôlego e atemorizado. Desta forma, a atmosfera sonhadora do filme é maravilhosamente assimilada.
A trilha sonora de Michael Andrews é fascinante e a música popular da década de oitenta pontua de forma perfeita momentos arrepiantes. As brilhantes cenas são adornadas com canções dramáticas da época: Tears for Fears – “Head Over Heels”, Duran Duran – “Notorious”, Joy Division, Psychedelic Furs e até uma magnífica cover de Gary Jules para “Mad World” de Tears For Fears. Donnie Darko é nome de super-herói e de jovem esquizofrénico. Jake Gyllenhaal fornece uma soberba interpretação como adolescente brilhante, rebelde, perdido, confuso e atormentado. Gyllenhaal consegue alternar entorpecimento com efervescência (gerada pela súbita auto-confiança) em assombrosos segundos.
“Donnie Darko” apresenta inolvidáveis diálogos e cenas. Tais como o debate ao jantar entre Donnie e a irmã Elizabeth (Maggie Gyllenhaal, que também é irmã de Jake na vida real), o colóquio da cidade, os anúncios comerciais de Jim Cunningham (Patrick Swayze) e a forma como Donnie rebate as teorias dos amigos sobre as orgias dos Smurfs (Estrunfes). O filme é magistralmente representado, filmado, editado, detentor de uma exímia montagem final e maneja de forma impecável uma miríade de referências culturais.
“Donnie Darko” é uma Obra-Prima, um meritório Filme de Culto de sublime execução. Embora congemine elementos aparentemente desconexos, Richard Kelly imbuiu cada cena com um brutal sentido de finalidade. Apesar de existir uma camuflada solução para o enigmático filme, este actua como uma verdadeira obra de Arte: a pura imagem artística surge dentro de cada um. Atormenta, cativa e revolve o inconsciente. A partir daí despontam múltiplas interpretações, pois a obra atinge individualmente a alma do observador e sussurra-lhe de forma sedutora e pessoal.
“Donnie Darko” é perturbador e estimulante. É um poema audiovisual construído de forma excelsa. “Donnie Darko” expõe os mais abstrusos pesadelos, medos e fantasmas que vagueiam no nosso inconsciente. No final do filme atentem bem nesta linha da música “Mad World”: «The dreams in which i’m dying, are the best i‘ve ever had». Sublime deus ex-machina.
A trilha sonora de Michael Andrews é fascinante e a música popular da década de oitenta pontua de forma perfeita momentos arrepiantes. As brilhantes cenas são adornadas com canções dramáticas da época: Tears for Fears – “Head Over Heels”, Duran Duran – “Notorious”, Joy Division, Psychedelic Furs e até uma magnífica cover de Gary Jules para “Mad World” de Tears For Fears. Donnie Darko é nome de super-herói e de jovem esquizofrénico. Jake Gyllenhaal fornece uma soberba interpretação como adolescente brilhante, rebelde, perdido, confuso e atormentado. Gyllenhaal consegue alternar entorpecimento com efervescência (gerada pela súbita auto-confiança) em assombrosos segundos.
“Donnie Darko” apresenta inolvidáveis diálogos e cenas. Tais como o debate ao jantar entre Donnie e a irmã Elizabeth (Maggie Gyllenhaal, que também é irmã de Jake na vida real), o colóquio da cidade, os anúncios comerciais de Jim Cunningham (Patrick Swayze) e a forma como Donnie rebate as teorias dos amigos sobre as orgias dos Smurfs (Estrunfes). O filme é magistralmente representado, filmado, editado, detentor de uma exímia montagem final e maneja de forma impecável uma miríade de referências culturais.
“Donnie Darko” é uma Obra-Prima, um meritório Filme de Culto de sublime execução. Embora congemine elementos aparentemente desconexos, Richard Kelly imbuiu cada cena com um brutal sentido de finalidade. Apesar de existir uma camuflada solução para o enigmático filme, este actua como uma verdadeira obra de Arte: a pura imagem artística surge dentro de cada um. Atormenta, cativa e revolve o inconsciente. A partir daí despontam múltiplas interpretações, pois a obra atinge individualmente a alma do observador e sussurra-lhe de forma sedutora e pessoal.
“Donnie Darko” é perturbador e estimulante. É um poema audiovisual construído de forma excelsa. “Donnie Darko” expõe os mais abstrusos pesadelos, medos e fantasmas que vagueiam no nosso inconsciente. No final do filme atentem bem nesta linha da música “Mad World”: «The dreams in which i’m dying, are the best i‘ve ever had». Sublime deus ex-machina.
19 Comments:
“Donnie Darko” teve direito a um Director’s Cut contendo 20 minutos de cenas inéditas, efeitos especiais melhorados e novas músicas.
A versão não substitui o original, complementa-o. Prefiro a versão original, mas esta contém matéria digna de visualização.
Posso até afirmar, que é um dos melhores filmes do género a surgir nestes últimos anos. Espero que a director's cut passe por cá no Algarve :) Irei ver com certeza.
Para mim é o melhor filme de ficção científica dos últimos 22anos!
Segundo vi no "Público", só Lisboa e Setubal terão o privilégio de receber a "Director's Cut". Vergonhoso!!
"Donnie Darko" rulezzz! :D
Definitivamente tenho que ver isto :D!
Cumps. cinéfilos
Num videoclube perto de si :> ou então numa Lisboa/setubal perto de si... :(
Feira Nova Barreiro em Setubal e Quarteto e Cine-estudio Ericeira em Lisboa.
É uma vergonha!!!!
Óptimo filme, não é uma obra-prima mas anda lá perto...
Opiniões... quanto a mim o filme é claramente uma Obra-Prima do cinema contemporâneo e tende a ganhar notoriedade e reconhecimento com o acumular de anos.
Quanto mais escarafunchamos no filme, maior número de relíquias são descobertas... "Donnie Darko" é uma indubitável obra-prima.
Cinema moderno é Donnie darko. Não há muito a dizer, este fim de semana vi o Director's Cut, e a magia continua lá.
Cumprimentos
rollcamera.blogspot.com
Sem dúvida.
Abraço.
Também adorei o filme, um dos meus preferidos dos últimos tempos. Tenho curiosidade para ver o Director's Cut.
Fenomenal fusão de géneros.
sem dúvida um dos meus filmes preferidos, muito inspirador, é daqueles filmes que me apresenta a mim própria e me faz comichões na barriga o tempo todo :-)
A palavra que utilizaste é suprema: Inspirador! Nem mais.
Descobri este blog por acaso quando procurava uma crítica para o filme Oliver Twist.
Fiquei surpreso pela qualidade que o Francisco coloca em cada análise que faz - Os Meus Parabéns!
Quanto ao Donnie Darko, chamem-me louco, mas é o meu filme preferido.
Muitos amigos meus não conseguem compreender porque gosto tanto, mas talvez seja porque não compreenderam o filme...
E a versão do Realizador está magnifica.
Estarei atento aos próximos trabalhos de Richard Kelly.
Cumprimentos!
"Donnie Darko" é um dos meus filmes de culto.
Também aguardo impacientemente o próximo passo de Kelly ("Southland Tales") apesar das críticas menos favoráveis.
Cumprimentos.
Penso que para o entendimento integral do filme é preciso alguns conhecimentos físicos, como essa coisa toda da volta no tempo. No final, na verdade as coisas se esclarecem por si mesma. Donnie prefere morrer (sabendo da existência da turbina), pois também sabe que se continuar vivo conhecerá uma garota se apaixonará, e ela morrerá. No meio de cenas estranhas e utópicas, o filme na verdade é a representação de um romance. Recomendo esse filme pra quem gosta de refletir após assistir, devem existir outras visões para o filme, por isso acho-o tão interessante.
É justamente nesse choque de interpretações que o filme emana o seu enorme poder.
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