quarta-feira, junho 06, 2007

Revisitando "Tropical Malady"



«Concedo-te meu Espírito, meu Corpo e minhas Memórias. Cada gota do meu sangue entoa uma melodia. Uma música de Felicidade. Consegues escutá-la?»


Em “Blissfully Yours”, a selva era uma das principais personagens do extraordinário cineasta Apichatpong Weerasethakul. Com “Tropical Malady”, molda novamente um universo assombroso onde a flora emana vibrações mágicas, mas desta feita, a selva é mais reflexiva, reagindo à mente da personagem principal: um homem enamorado, vinculado a outro homem que poderá ser real ou ilusório. Os ritmos do vocabulário cinematográfico de Joe (como prefere ser chamado no Ocidente) desafiam o alcance perceptivo da audiência, expressando poeticamente a qualidade transformadora do Amor, numa intensidade que outro meio não conseguiria alcançar. Nas cenas nocturnas, força-nos a VER no escuro, a esquadrinhar individualmente as imagens que revolvem a nossa mente. As seduções pictóricas geram imagens geminadas de Universos antagónicos, de Homem e Animal, Escuridão e Luz, Amor e Loucura, Realidade e Sonho. É justamente a mutação de quotidiano para mítico que carbura o filme, dilatando os sentidos na absorção desta obra profunda. Uns consideram Weerasethakul mágico. Outros consideram-no hipnotizador. Pessoalmente, coloco-me ao lado dos que o consideram um dos maiores poetas audiovisuais do nosso tempo.

5 comentários:

  1. E para quando a sua estreia em sala(s) portuguesa(s)? A ATALANTA anteriormente o tinha anunciado, mas por agora nem anda, nem desanda (e espero q nao)...

    1 ABRAÇO

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  2. Sem dúvida, belíssimo este "Tropical Malady", sobretudo aquela pouco convencional "segunda parte" com uma forte envolvente mistica e que quase sem palavras nos deixa verdadeiramente admirados!
    Mesmo assim e apesar de uma estrutura semelhante, achei o seu último filme ainda mais ousado, visual e narrativamente! Uma pequena maravilha!
    ja viste? concordas?


    grande abraço!

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  3. Passa pelo Virtual-Rock, pois temos aí novas análises, singles e muito mais. Participa também na Jukebox.

    Cumprimentos, virtual-Rock

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  4. Esta cena faz-me lembrar dois filmes, o Apocalypto e o Apocalypse now. é verdade Francisco vais a algum festival este verão?

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  5. Miguel Louro: As distribuidoras nacionais movimentam-se de forma enigmática... sim, isto é um eufemismo.

    Abraço!

    tf10: Infelizmente ainda não vi o "Syndromes...".

    Abraço!

    Virtual Rock: Aqui fica a publicidade.

    Cumprimentos.

    Refugee: A partir de hoje, não devo marcar presença em mais nenhum Festival de Música até ao final do ano. Avizinham-se concertos mais intimistas, a começar pelo brilhante Jorge Cruz no aconchego do Passos Manuel.

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